terça-feira, 25 de novembro de 2008

A mídia e as eleições na Venezuela

Altamiro Borges

Na entrevista coletiva em que reconheceu os resultados das eleições e enalteceu a vitalidade da democracia na Venezuela, o presidente Hugo Chávez aproveitou para criticar a cobertura da rede estadunidense CNN. Lembrou que de apoiadora do golpe de abril de 2002, a emissora ianque se transformou no principal cabo eleitoral da oposição direitista no país, manipulando informações para desqualificar o governo venezuelano. A crítica de Chávez serve perfeitamente para analisar a cobertura da mídia brasileira das eleições deste domingo.

Antes do pleito, Folha, Estadão e TV Globo, entre outros veículos, tentaram vender a imagem de que o processo eleitoral seria viciado e de que o governo apelaria à truculência contra a oposição. O correspondente da Folha em Caracas, Fabiano Maisonnave, ex-petista que virou um rancoroso antichavista, pinçou trechos dos discursos de Chávez, descontextualizando-os, para mostrar um governo autoritário, violento, ditatorial. “Chávez usa ameaças para tentar conquistar estado mais rico”, foi uma das manchetes do cínico jornal, que apoiou o golpe militar e as torturas no Brasil.

Sucursal rastaqüera da CNN
Concluída a apuração, a mesma mídia venal passou a festejar a “vitória da oposição”. Os âncoras do Jornal Nacional da TV Globo saudaram, alegremente, “a derrota do presidente Chávez”. O correspondente antichavista da Folha, guindado agora ao posto de colunista e puxa-saco oficial da famíglia Frias, vaticinou o declínio da revolução bolivariana. “Chávez sai desta eleição mais parecido com o caudilhismo rural do século 19”, escreveu o postulante a intelectual da direita.

A manipulação da mídia nativa, sempre tão servil às opiniões do “império do mal”, uma sucursal rastaqüera da CNN, é grosseira. Ela não deu manchetes para os resultados objetivos do pleito, realçando apenas os êxitos da direita. Um jornalismo mais imparcial noticiaria que os chavistas venceram em 17 dos 22 estados; em 233 prefeituras, contra 57 dos oposicionistas; que o PSUV, o partido recém-fundado do presidente Chávez, conquistou 5,6 milhões de votos – no referendo de dezembro passado, o governo teve 4,4 milhões de votos. A mídia seria obrigada a reconhecer que o Chávez continua com invejável força e prestígio, após 10 anos de governo e 14 eleições.

Quadro político mais complexo
Uma análise mais nuançada, menos envenenada pela mídia, aponta certo equilíbrio no resultado eleitoral deste domingo. Indica que a direita oligárquica, que sabotou as eleições de 2004 e que agora decidiu se dobrar às regras democráticas, ainda tem força no país. Ela está fora do governo central, mas mantém seu poder econômico e midiático; conta com o ostensivo apoio dos EUA; e aproveita-se também das limitações da própria “revolução bolivariana”, inclusive das suas falhas administrativas. A oposição passa a governar cinco estados, entre eles o de Zulia, maior produtor de petróleo do país, Miranda e Carabobo. Também dirigirá a estratégica prefeitura de Caracas.

Como raciocina Gilberto Maringoni, autor do livro “A Venezuela que se inventa”, o resultado do pleito torna mais complexa a disputa política no país vizinho. “O governo segue com o apoio da maioria da população, mas a situação do país apresenta nuances... Esta nova oposição, assentada nas mesmas bases sociais da anterior – meios de comunicação, poder econômico e governo dos EUA –, ao que tudo indica, muda qualitativamente o panorama político do país. Possivelmente, o discurso chavista terá de se reciclar”. A direita não venceu, como difunde a mídia, mas o quadro político do país sofreu alterações, o que exigirá muito firmeza de princípios e habilidade tática.

Na entrevista coletiva, o presidente Hugo Chávez parece já ter assimilado o resultado da eleição. Após criticar os setores oposicionistas mais raivosos, ele convocou os vencedores a defenderem a democracia e a Constituição. “Ninguém mais pode dizer que não há democracia na Venezuela. O povo se manifestou de maneira livre e contundente. O que os oposicionistas que venceram em alguns estados e municípios devem fazer agora é reconhecer o triunfo da revolução bolivariana como nós reconhecemos as suas vitórias... Oxalá que se dediquem a governar com transparência, dignidade e respeito à Constituição. Oxalá que não voltem aos velhos caminhos do golpismo”.

Altamiro Borges é colunista do portal Vermelho

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Venezuelanos comparecem em massa às eleições regionais

O chamado feito tanto pelos governistas quanto pela oposição para que os venezuelanos votassem nas eleições regionais deste domingo (23) foi atendido e milhões de eleitores lotaram as zonas eleitorais. Na última votação, ocorrida em dezembro de 2007,mais de 53% dos eleitores deixaram de comparecer. A abstenção tem sido historicamente alta na Venezuela, onde o voto não é obrigatório. Mas neste domingo, o histórico de grandes abstenções deverá mudar.

Às 19 horas (horário de Brasília) as eleições já haviam terminado, mas vários locais de votação permaneceram abertos para que os eleitores que estavam na fila pudessem votar, informou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, citada pela AFP. No entanto, os resultados só serão conhecidos quando todos os votos forem apurados.

A justiça eleitoral proibiu os meios de comunicação social de divulgarem sondagens de boca de urna ou quaisquer projeções de resultados. O CNE também já anunciou que não vai emitir resultados parciais.

Cerca de 17 milhões de eleitores venezuelanos puderam escolher entre 22 governadores, 328 presidentes de câmara e 233 deputados regionais.

O presidente Hugo Chávez votou no bairro de 23 de Enero, no oeste de Caracas. "Honra ao vencido e glória ao vencedor e, amanhã, a Venezuela segue a sua marcha", disse ao votar.

Eleições regionais de importância crucial
Estas eleições não têm um caráter apenas regional, uma vez que serão uma espécie de "referendo" às políticas de Chávez e do seu partido, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que deverá vencer na maioria dos estados, ainda que a oposição tenha boas hipóteses nos estados mais povoados.

O processo é considerado vital pelo presidente da Venezuela para avançar seu projeto socialista. Desde o amanhecer, centenas de eleitores começaram a formar longas filas nas imediações das sessões eleitorais, à espera da abertura dos locais.

Após as 7 horas da manhã, representantes do Conselho Nacional Eleitoral ordenaram a abertura das 34.899 sessões eleitorais em todo o país.

Já na madrugada, simpatizantes de Chávez estouraram rojões nos bairros da periferia, para acordar a população e motivá-la a ir votar.

Enquanto aguardava a abertura da sessão eleitoral, em um bairro central de Caracas, Aquiles Vera, empregado de uma construtora com 47 anos de idade, disse que decidiu votar para garantir a "permanência do presidente" e dos seus programas sociais.

Isabel Cepeda, uma comerciante de 52 anos, disse na fila de votação perto de uma escola em Maracaibo, segunda maior cidade do país, que votaria na oposição, porque deseja "que continue a democracia em nosso país. A democracia foi seqüestrada na Venezuela".

Correndo atrás do prejuízo
Decidido a se recuperar do revés eleitoral no referendo de 2007, Chávez teve uma participação ativa durante os quase dois meses de campanha e transformou as eleições em um tipo de plebiscito.

Cerca de 8 mil candidatos de mais de 786 organizações políticas disputam as eleições.

Dezenove dos 23 estados e unidades administrativas da Venezuela estão nas mãos do governo, após terem sido conquistadas em 2004, em um sufrágio que foi em grande parte boicotado pela oposição. A oposição controla atualmente os estados de Zulia - o maior do país - e Nueva Esparta, enquanto grupos dissidentes do governo governam os estados de Aragua, Sucre e Guárico.

A oposição pretende se manter no poder em Zulia e Nueva Esparta e conquistar o governo de alguns dos principais estados, como Miranda e Carabobo.

Conforme a BBC, pesquisas apontam vitória dos chavistas na maioria dos estados.

Chávez: respeito aos resultados
Seja qual for o resultado, Chávez disse neste domingo que o acatará, mesmo que seu governo não saia vencedor das urnas.

"Sempre estamos preparados para reconhecer qualquer resultado. Sempre reconhecemos nossa derrota, inclusive grandes derrotas, como a do ano passado, [do referendo] da reforma constitucional", afirmou Chávez, segundo a BBC Brasil.

Chávez pediu que a oposição também respeite os resultados. "Se não reconhecerem [os resultados], pior para eles, morte política. Mas o Estado está preparado para fazer cumprir a vontade do povo, a decisão do povo que será anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral", disse.

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CRISE ECONÔMICA: “Quem pariu Mateus .... nunca embala”

José Carlos Trizotti

Por mais que muitos propaguem a falência da teoria marxista sobre o capitalismo e sobre quem padece de seus males – sem querer ignorar as mudanças e transformações por que o sistema capitalismo passou e passa – a atual crise financeira que abala as principais potências econômicas está a mostrar a atualidade do que foi pensado a mais de um século.

O trabalhador e classe média, quando necessitar vender algum bem ou produto já está a ouvir: o preço caiu devido à crise; Quando necessita adquirir algo, a resposta é inversa: o preço está alto, por causa da crise econômica, por causa da alta do dólar, dos aumentos dos preços das importações, da diminuição dos créditos, do aumento das taxas de juros e assim por diante.

Porém e os produtos que independem do dólar, dos juros, das importações? O produtor rural ao vender sua safra de feijão, receberá como resposta que os preços estão mais baixos por causa da crise. O assalariado quando for ao supermercado comprar o mesmo feijão, encontrará a resposta de que o preço aumentou por causa da crise.

A classe média ao buscar vender um veículo usado, receberá a informação de que o preço dos automóveis caiu por causa da crise. Quando for adquirir o mesmo veículo, a resposta é inversa: o preço aumentou por que o crédito está menor, o juro está alto, porque as vendas caíram, os salários aumentaram.

Quando o sindicato busca aumento de salários, a resposta é que a crise afetou a produção, os custos, etc., etc.. Alegam que estão concedendo até férias coletivas como reflexo da crise. Ocorre que nesta época do ano as principais empresas sempre concederam férias coletivas, com ou sem crise, mas em decorrência da sazonalidade da produção industrial em determinados setores.

E quem ganha com a crise? Os mesmos que a provocaram, ou seja, os grandes grupos econômicos, grandes comerciantes e especuladores e principalmente o setor financeiro.

E não só os trabalhadores e a classe média que estarão pagando o preço da crise econômica. O mesmo ocorrerá com os paises menos ou em fase de desenvolvimento. Ou seja, a máxima de quem “pariu Mateus que o embale” não serve para este caso. Esperemos para ver e conferir.

José Carlos Trizotti é Sociólogo Especialista em Economia do Trabalho, Assessor da Força Sindical PR e Colaborador do Bóia Quente.

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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Os caminhos da recessão

Luis Nassif

A recessão tornou-se global. Na verdade, o que houve esta semana foi apenas a comprovação estatística do que já se sabia. Os dados mostraram o segundo trimestre do chamado “crescimento negativo” (eufemismo para queda) da economia japonesa, alemã, britânica, americana.

A maneira como a recessão se transmite para outras economias é através de dois canais. O primeiro, o canal do comércio. Uma grande economia entra em recessão. Cai o consumo interno e, com ele, as importações – isto é, as vendas de outros países.

O segundo canal é o do crédito. Com menos dinheiro disponível, são afetados o financiamento das exportações e também o crédito interno das economias mais abertas.

No caso brasileiro, a economia será afetada da seguinte maneira:
1. Com menos crédito, haverá menos consumo. Menos consumo resultará em menor produção. Menor produção levará a menor emprego. Menor emprego a menor consumo.

2. Parte da queda de consumo interno será compensada pela desvalorização do real. As importações ficarão mais caras e haverá alguma substituição por produção interna. Ou seja, a queda das importações deverá ser maior do que a queda do consumo, amenizando um pouco a queda da produção interna.

3. Do lado das exportações, a desvalorização cambial aumentará a competitividade das exportações brasileiras. Mas haverá uma redução substancial na renda agrícola – por conta da redução das cotações e do consumo internacionais; e pelos efeitos da interrupção do crédito. E levará algum tempo para que haja uma reação das exportações de manufaturados, justamente pela crise mundial e pelo tempo que leva para recuperar mercados perdidos no período de apreciação do real.

Na outra ponta, as forças anti-cíclicas (anti-recessão) se concentrarão nos seguintes pontos:
1. Manutenção dos gastos públicos, tanto nos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) quanto na política de transferências – Bolsa Família e Previdência Social. O setor privado investe e produz quando há garantia de mercado. O PAC garante investimentos em equipamentos e as políticas sociais consumo de bens não-duráveis.

2. Tentativa de recomposição de parte do crédito que evaporou.
Em cima desses pontos, há questões macro-econômicas relevantes, a serem tratadas. A principal delas é a volta dos déficits no balanço de pagamentos.

As transações correntes (tudo o que entra e sai em dólares fora do mercado financeiro) eram positivas. Ficaram gradativamente negativas, mas o rombo era compensado pelas expectativas de entrada de investimentos externos.

Agora, as projeções do mercado (através da pesquisa Focus) indicam gradativamente um aumento no déficit do balanço de pagamentos. Ou seja, o déficit nas transações correntes não serão compensados pelos investimentos externos.

Esse ponto explica, em parte, as pressões sobre o dólar, mesmo depois que as empresas que tinham especulado com derivativos deixaram de pressionar o mercado. Ainda não se sabe o resultado final na balança. Há condições objetivas da crise brasileira ser menor que a dos países centrais.

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Para Dilma, crise deveria levar ricos a privilegiar etanol

FICHA DA DILMA NO DOI-CODI(clique na imagem para ampliar)

Os países desenvolvidos afetados pela crise financeira deveriam privilegiar uma "agenda verde" de investimentos sustentáveis em suas políticas anticíclicas e priorizar, inclusive, aportes em biocombustíveis. A opinião é da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que participou nesta segunda-feira (17) da Conferência Internacional de Biocombustívies, em São Paulo.

"A crise financeira internacional é, sem sombra de dúvida, algo grave pois compromete a a demanda mundial. Mas há um conjunto de países, incluindo Estados Unidos e Europa, cientes da importância de investimento em algumas áreas. No caso dos EUA eles mesmos mencionam o segmento de energia no setor de combustíveis verdes, renováveis ou que não tenham emissão de carbono", comentou a ministra.

Segundo ela, "é cogitado" que o apoio à recuperação da própria indústria automobilística americana seja condicionado ao uso de tecnologias limpas. Em sua exposição, Dilma mencionou a importância do mercado interno de etanol, e da cadeia de produtiva desenvolvida no país nos últimos anos.

Potencial exportador
Ainda assim, a ministra destaca que é preciso aproveitar o potencial exportador deste setor e desenvolver políticas de mercado em conjunto com outros potenciais fornecedores, da África, da América Latina e do Caribe.

A ministra destacou que problemas de crédito no setor estariam sendo sanados por meio do pacote governamental de capital de giro de R$ 10 bilhões e que eventual criação de pacotes específicos para o segmento dependeriam da "necessidade".

Dilma diz que é preciso que haja segurança comercial no fornecimento de biocombustíveis para o sucesso das exportações do produto. Assim, convém ao Brasil que seja parceiro na oferta de experiência e tecnologia em outros países em desenvolvimento para garantir uma produção maior, sem risco para abastecimento da demanda local e externa. Para isso, a diversificação de fornecedores é "muito importante", avalia a ministra.

Outra questão levantada pela ministra é a necessidade de rever a prática de barreiras tarifárias em países desenvolvidos contra biocombustíveis vindos de países emergentes. "Esse mercado precisa de um sopro de ar que acabe com o protecionismo", disse, acrescentando que tal prática é "incompatível" com a criação de um ambiente em que os biocombustíveis tenham relevância internacional.

Zoneamento protegerá Amazônia e Pantanal
Para uma platéia com muitos convidados estrangeiros do setor de biocombustívies, Dilma fez questão de informar que o governo está providenciando um "zoneamento agroecológico do etanol", que terá como objetivo indicar as regiões onde podem ou não ser feitas plantações de cana de açúcar. O objetivo seria não só preservar localidades como Amazônia e Pantanal, por exemplo, mas também levar em conta questões de solo e produtividade do plantio.

Não ficou de fora também o alerta da ministra de que a produção de biocombustível no Brasil não compromete a produção de alimentos e que ambos os mercados têm se desenvolvido bem simultaneamente.

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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

SUCESSÃO ESTADUAL: O Conflito do Coração e o Cérebro


José Carlos Trizotti

Muito se fala e escreve sobre a sucessão estadual, e estamos ainda a dois anos das eleições. Na verdade o que lemos e ouvimos tem mais de desejos e menos de projeção real. É o conflito entre o coração e o cérebro.

O cenário político do Paraná aponta quatro grupos em condições de disputa ao Governo do Estado, sendo o PDT com Osmar Dias, o PSDB com Álvaro Dias ou Beto Richa, o PT com Paulo Bernardo ou Jorge Samec e o PMDB com Orlando Pessuti – único nome cogitado pelo partido até o momento. Uma análise mais simples apontam para a junção dos 4 em dois grupos eleitorais, juntando-se o PSDB com PDT e PT com PMDB – e seus respectivos aliados. No entanto em política tudo é dinâmico e o que hoje parece fato, no amanhã apenas sonhos pós despertar.

O PMDB e PT no Paraná vivem em constantes conflitos. O PDT de Osmar Dias que vive aparentemente em harmonia com o PSDB de Beto Richa, depende de fatores externos. O PDT é aliado nacionalmente da coalizão do Presidente Lula. Acrescente-se isto a chamada verticalização, onde se o PDT coligar-se com uma candidatura do PT, inviabilizaria o apoio do PSDB no Paraná. Isto levaria necessariamente o PSDB a lançar candidato que oferecesse palanque ao Governador José Serra, provável candidato do PSDB.

Assim adversários no Paraná, como o grupo político de Osmar Dias e o PT, que já são aliados nacionalmente, podem estar juntos no Paraná em 2010. O mesmo pode ocorrer com o PMDB e o PSDB, com Álvaro Dias – e não o Beto Richa – ao Governo do Estado. Então as quatro maiores forças políticas eleitorais do Estado, podem mesmo fundir-se em duas, porém diferente das que visualizamos neste período pós-eleições municipais.

Quando digo que o que ouvimos e lemos está mais no campo dos desejos do coração é exatamente pela dependência de todas estas variáveis.

Evidentemente que desejos influenciam, quando provenientes de lideranças com capacidade de intervenção e modificação da realidade política. Mas concretamente é cedo para podermos traçar um quadro real do que virá em 2010, cabendo tão somente neste momento, a especulação propriamente dita por muitos que sonham com projetos pessoais, ou aos que representam grupos sociais e políticos, externar projeções do quadro político com a clara – e legítima – intenção de ir moldando a realidade aos seus projetos eleitorais.

José Carlos Trizotti é Sociólogo, Especialista em Economia do Trabalho, Assessor da Força Sindical do PR e colaborador do Bóia

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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Supremo decide manter regras do TSE para punição de infidelidade partidária

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram ontem pela manutenção da resolução 22610/07 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que traz diretrizes para o processo de perda de mandato por infidelidade partidária.

Por nove votos a dois o Supremo decidiu pela improcedência das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins) 3999 e 4086, movidas pelo Partido Social Cristão (PSC) e pela Procuradoria Geral da República (PGR), respectivamente.

No seu voto, o relator da matéria, ministro Joaquim Barbosa, ressaltou que o reconhecimento da fidelidade partidária como princípio constitucional pelo STF e a constatação da ausência de mecanismos para sua manutenção criam um quadro de exceção. Por isso, ele considera “válidas as resoluções do TSE até que o Congresso disponha sobre a matéria”.

O presidente do TSE e ministro do STF, Carlos Ayres Britto, foi um dos que acompanharam o relator ressaltando que a infidelidade partidária é um “ultraje à democracia” uma vez que é, necessariamente por meio do partido que um candidato se elege, “não sendo facultado ao eleito podar esse tempo [do mandato] a golpes de infidelidade partidária”.

O ministro Marco Aurélio de Mello, ex-presidente do TSE, votou pela procedência das Adins argumentando que caberia ao STF se pronunciar no silêncio do Poder Legislativo. “Não tem sequer o TSE competência para expedir instruções à execução da Constituição”, afirmou.

Também votaram com o relator os ministros Menezes Direito, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Ellen Gracie, Cezar Peluso, Celso de Mello e o presidente do STF, Gilmar Mendes.

Fonte: Agência Brasil

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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Contra a crise, economistas defendem distribuição de renda

Companheiros do Brasil no Bric, grupo que reúne as maiores economias emergentes, Rússia, Índia e China têm as atenções mundiais voltadas ao desempenho de suas economias nesse período de crise financeira global. A análise da situação desses três países por economistas locais foi um dos pontos altos do simpósio internacional “Perspectivas para o Desenvolvimento no Século 21”, organizado pelo Centro Internacional Celso Furtado e realizado nos dias 6 e 7 de novembro no Rio de Janeiro.

Professor da Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, o chinês Dic Lo afirmou que a atual crise servirá para que seu país resolva o paradoxo constituído pelas graduais transformações econômicas iniciadas há três décadas sob o comando da direção do Partido Comunista Chinês: “Existe uma pressão para a China aderir ao Consenso de Washington, como se esse fosse um caminho natural para o seu crescimento econômico. Por outro lado, a corrente anti-globalização defende as reformas capitalistas, mas não admite que a China assuma uma política neoliberal, no que se refere à desigualdade social e a má distribuição de renda”, disse.

Lo propõe uma alternativa, que é “trabalhar com o mercado, mas adotar políticas sociais para corrigir os excessos”. O governo chinês, segundo o economista, demonstra ter essa percepção: “Houve preocupação em aliar o crescimento econômico com políticas de proteção ao trabalho e um forte processo de sindicalização”, disse. Frente à crise atual, Lo acredita que a China vá se portar como na crise asiática, iniciada em 1999: “Na ocasião, o governo chinês aumentou seus gastos com investimentos e optou pela expansão do PIB”.

Um fator específico que, segundo Lo, dá segurança à China em momentos de crise financeira é o fortalecimento de sua economia doméstica: “A distribuição igualitária da renda foi fundamental para alavancar o consumo de massas e fortalecer a economia doméstica nesses anos de crescimento acelerado. Houve uma revolução de consumo da população chinesa como um todo”, disse.

O recente e fantástico crescimento da China, na explicação do economista, conhece duas etapas. Na primeira, que durou do fim dos anos oitenta até 1995, o governo investiu maciçamente no crescimento da indústria pesada, o que provocou a transformação da mão-de-obra agrícola em mão-de-obra industrial e ocasionou uma grande migração da população rural para as cidades.

A segunda fase, que dura até hoje, marca a gradual abertura da China para o capital externo e o mercado financeiro: “A liberalização, acentuada a partir de 2000, já trouxe conseqüências macroeconômicas sérias, como a demissão de 65 milhões de trabalhadores das empresas estatais ou coletivas”, afirma Lo. A atual crise, espera o economista, servirá para enfraquecer o setor da elite política chinesa que defende uma maior adesão ao Consenso de Washington: “A crise mostrou a todos que o aumento das atividades ligadas à especulação não pode continuar”.

China sobe, Rússia desce
Ao contrário de um governo comunista que se abre gradualmente ao capitalismo, o caso da Rússia é exemplo de uma abertura radical realizada em poucos anos, fato que faz com que a situação atual do país seja bem diferente da situação chinesa. Essa demonstração foi feita pelo economista russo Vladimir Popov, que é professor da Nova Escola Econômica de Moscou: “China e Vietnã fizeram reformas que não trouxeram redução da economia. Na Rússia, e nos países do Leste Europeu, ocorreu o oposto”, disse.

Segundo Popov, até hoje o PIB russo se encontra abaixo dos níveis registrados em 1989, ano da queda do regime comunista. O estresse social causado pelo desmantelamento do estado soviético e a apropriação do aparato bélico e industrial russo por uma nova elite dirigente, segundo o economista, está na origem da crise que só permitiu à Rússia voltar a crescer continuamente a partir de 1998. O problema da desigualdade, no entanto, ainda é o mais grave do país na opinião de Popov: “Segundo a revista Forbes, existem 500 bilionários na Rússia. Na Alemanha foram identificados 50”, disse.

Popov afirmou que o sucesso chinês se deve à herança maoísta, que concentrou nas mãos do Estado o sistema bancário, a posse das terras e o acúmulo de reservas: “Por isso, ao contrário da Rússia, a liberalização econômica teve efeito positivo quando chegou à China”, disse. O economista russo afirmou que o atual sucesso da economia chinesa pode servir de inspiração na busca de soluções para a economia global: “O importante do crescimento chinês é que, pela primeira vez, de verdade, um país conseguiu vencer o atraso econômico sem adotar o modelo ortodoxo neoliberal”.

A pobre Índia rica
Colônia britânica até 1950 e país democrático e capitalista desde então, a Índia é um caso a parte, como demonstrou o economista indiano Rayaprolu Nagaraj, que é professor do Instituto Indira Gandhi de Pesquisa sobre o Desenvolvimento. O país ocupa atualmente o 12º lugar no ranking das maiores economias do mundo, mas ainda enfrenta o desafio de promover a distribuição de renda e combater a extrema pobreza que assola parte de sua enorme população, sobretudo os 56% que vivem no meio rural.

A atual posição de força da economia indiana, segundo Nagaraj, se explica pelo fortalecimento do mercado doméstico: “Durante décadas, o crescimento econômico do país não dependeu de poupança externa ou de fluxos financeiros privados internacionais”, disse. Em um primeiro período, que durou até a década de 1980, a Índia cresceu e conseguiu reduzir a pobreza absoluta. A partir da década seguinte, com o aceleramento das reformas e a adesão ao Consenso de Washington, a coisa se modificou: “As reformas fizeram a Índia crescer ainda mais, mas tiveram impacto negativo na redução da pobreza”, disse o economista.

Nagaraj aponta como grandes desafios para a Índia aprofundar a democracia e diminuir a desigualdade social. Algumas medidas já vem sendo tomadas pelo governo indiano, como a adoção de políticas de inclusão positiva e do sistema de cotas nos postos de trabalho e no ensino superior para os membros das castas mais baixas, como os dalits (intocáveis), que representam 15% da população. A crise atual, segundo Nagaraj, também pode servir como momento de reflexão para o governo indiano: “A Índia está numa encruzilhada: ou segue a ortodoxia de Washington ou aprofunda as políticas de investimento interno e combate à pobreza e à desigualdade social”.

Fonte: Agência Carta Maior

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Lula defende na Itália revisão das regras do Consenso de Washington

Roma (Itália) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (10), na Itália, a revisão das regras contidas no Consenso de Washington. Em pronunciamento à imprensa, ao lado do presidente italiano Giorgio Napolitano, Lula enfatizou que o foco da economia deve ser o trabalhador e a produção e não a especulação financeira.

“Penso que essa crise é uma oportunidade extraordinária para fazermos uma reflexão sobre tudo que fizemos de errado a partir do Consenso de Washington. E criarmos um outro consenso em que o ser humano, o trabalhador a produção agrícola, industrial, cultural científica e tecnológica sejam a razão de ser da economia e não a especulação financeira”, disse Lula depois de conversa reservada de 40 minutos com o presidente italiano.

Lula chamou o ex-integrante do partido comunista da Itália de “caro companheiro” e enfatizou que os governos devem “ouvir menos analistas de mercado” e prestar mais atenção nos problemas sociais.

“Meu caro companheiro Giorgio Napolitano, na Assembléia Geral das Nações Unidas eu disse que para resolver a crise era chegado o momento da política. Eu penso que nesse momento os governantes precisam entender que nós precisamos ouvir menos analistas de mercado e mais analistas dos problemas sociais, analistas de desenvolvimento e analistas que conheçam as pessoas humanas”, disse Lula.

Chama-se de Consenso de Washington o conjunto de dez regras de cunho neo-liberal. Formulado em novembro de 1989 por economistas de instituições financeiras baseadas em Washington, essas regras serviram de base para a política oficial do Fundo Monetário Internacional na década de 1990, e eram impostas aos países pobres em dificuldades como condições para receberem recursos. O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado e que a presença estatal na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento.

Entre essas regras algumas adotadas na década de 1990 no Brasil como a abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros, privatizações, redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos e desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas.

A visita à Itália servirá para que Lula também cobre das autoridades italianas apoio para que o Brasil passe a integrar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Lula apontou o cenário de crise mundial como motivo para que os países ricos “não tomem mais sozinhos as decisões” sobre a economia

“Precisamos reformar as instâncias decisórias internacionais e atribuir mais voz, vez e voto aos países em desenvolvimento, sob pena de não dispormos de mecanismos adequados para combater a crise”, disse.

Esse é o tema que Lula pretende abordar no encontro com o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, previsto para amanhã. A visita é estratégica porque no início de 2009 a Itália assumirá a presidência do G8. Hoje, ao ser recebido por Napolitano no Palácio Quirinale, residência oficial de presidente, Lula adiantou o pedido.

“Quando encontrei com o primeiro-ministro Berlusconi, em julho, no Japão, conversamos sobre uma maior participação do Brasil e dos países em desenvolvimento nos debates da cúpula da Ilha Madalena. Amanhã, vamos retomar esse tema. Não faz sentido que os grandes temas que afetam a humanidade sejam debatidos apenas pelos países ricos”, disse Lula.

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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Visões do medo

Alvaro Dias

Os contornos e desdobramentos da crise financeira mundial em curso ainda constituem um enigma até mesmo para os mais abalizados analistas econômicos. Sua extensão e prolongamento são objeto das mais variadas interpretações e proguinósticos. Não se trata de divisar entre otimistas e pessimistas, mas há evidente dificuldade de mensurar os efeitos no médio e longo prazo dos reflexos dessa crise. O que se evidencia é o crescente temor que assola governantes e governados de todo o planeta. Não há vaticínio infalível e só o tempo poderá mostrar os verdadeiros efeitos na economia real.

A postura da oposição no Congresso Nacional é de total apoio às medidas do governo que objetivem enfrentar a travessia difícil que se avizinha. Atribuir qualquer outra motivação seria leviandade. A propósito, não foi outro o comportamento do bloco oposicionista ao longo da gestão do presidente Lula. Jamais foi feita oposição ao Brasil.

Não podemos ignorar a magnitude da crise e, nesse ambiente de incertezas, o medo não deixa de povoar o inconsciente coletivo. A prontidão em prol da defesa dos interesses nacionais não pode ceder à tentação de escamotear a verdade ou transferir responsabilidades e eventualmente tentar capitalizar com fins eleitoreiros. Nesse momento, o palanque não é o lugar adequado para sediar o debate qualificado sobre as alternativas possíveis à crise que infelizmente já bateu a nossa porta.

A ação do Banco Central do Brasil tem sido correta e assegura a cota indispensável de equilíbrio e realismo em meio às turbulências enfrentadas. O pior dos mundos seria ignorar os dados de realidade. Inicialmente, o próprio presidente da República tentou "isolar" o Brasil da crise, a veia onírica sempre presente nas artérias do atual governo. O discurso mudou reconhecendo a gravidade do quadro, mas ainda existe controvérsia nas declarações oficiais. As pastas setoriais emitem sinais contraditórios, principalmente no tocante aos gastos de custeio.

Há sinais preocupantes. Segundo a Abdib - Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base - 324 grandes obras de infra-estrutura podem atrasar por escassez de crédito no País. É um canteiro de obras em construção ou já contratadas que corre o risco iminente de paralisia em razão da falta de crédito advinda da crise financeira internacional. As obras demandam aproximadamente R$ 90 bilhões para serem concluídas nos próximos anos.
Nesse contexto, é inaceitável que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie obras de infra-estrutura no exterior, considerando que aproximadamente 70% do volume de recursos deverão sair desse banco de fomento.

Ratifico, mais uma vez, a nossa disposição de cooperar com o governo federal de forma transparente e sem subterfúgios. A população deve ser informada sobre o andamento da crise. Os esclarecimentos são necessários e qualquer tentativa de camuflar a verdade nessa hora deve ser rechaçada.

As reações humanas esboçadas nos momentos de crise possuem muitas facetas. Os artistas retratam com matizes diferenciados o que percebem no cenário da alma dos homens. Numa serigrafia da "dama das artes plásticas brasileiras", a pintora, gravadora e escultora Tomie Ohtake, intitulada "visões do medo", pertencente ao acervo do Senado Federal e que ornamenta uma das paredes de meu gabinete, o medo é retratado em cores fortes e previsíveis, mas surpreendentemente o verde que simboliza a esperança se sobrepõe e define o cromatismo. A visão da consagrada artista nascida no Japão e que adotou o Brasil como sua pátria nos leva a enxergar que, em meio a tantas dificuldades, há um horizonte de oportunidades a ser descortinado.

O Senador Alvaro Dias é 2º vice-presidente do Senado e vice-líder do PSDB

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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Saramago a Obama: acabe com a base de Guantânamo


José Saramago escreveu no seu blog, horas antes da eleição de Barack Obama como 44.º presidente norte-americano, que lhe proporia, como primeira medida, que desmantelasse a base militar de Guantânamo e pedisse desculpa a Cuba.

"A primeira medida de governo que eu proporia a Barack Obama no caso de ele ser, como tantos andamos a sonhar desde há um ano e meio, o novo Presidente dos Estados Unidos (...) desmontar a base militar de Guantânamo, mandar regressar os marines, deitar abaixo a vergonha que aquele campo de concentração (e de tortura, não esqueçamos) representa, virar a página e pedir desculpa a Cuba", escreveu o prêmio Nobel da Literatura português n'O Caderno de Saramago, num post intitulado "Guantânamo".

O escritor de 85 anos sugeriu ainda a Obama "acabar com o bloqueio, esse garrote com o qual, inutilmente, se pretendeu vergar a vontade do povo cubano".

"Pode suceder, e oxalá que assim seja — prosseguiu — que o resultado final desta eleição venha a investir a população norte-americana de uma nova dignidade e de um novo respeito, mas eu permito-me recordar aos falsos distraídos que lições da mais autêntica das dignidades, das quais Washington poderia ter aprendido, as andou a dar quotidianamente o povo cubano em quase cinquenta anos de patriótica resistência."

"Que não se pode fazer tudo, assim de uma assentada? Sim, talvez não se possa, mas, por favor, senhor Presidente, faça ao menos alguma coisa. Ao contrário do que acaso lhe tenham dito nos corredores do Senado, aquela ilha é mais que um desenho no mapa. Espero, senhor Presidente, que algum dia queira ir a Cuba para conhecer quem lá vive. Finalmente. Garanto-lhe que ninguém lhe fará mal", sublinhou.

Como redigiu este texto antes do encerramento das urnas nos Estados Unidos, Saramago disse ainda que "no caso altamente indesejável de que viesse a triunfar o general McCain", o que escreveu "pareceria obra de alguém cujas idéias sobre o mundo em que vive pecassem por um total irrealismo, por um desconhecimento absoluto das malhas com que se tecem os fatos políticos e os diversos objetivos estratégicos do planeta".

"Nunca o general McCain, sendo, ainda por cima, como a propaganda não se cansa de lhe chamar e um miserável paisano como eu nunca se atreveria a negar, um herói da guerra contra o Vietnã, nunca ele ousaria deitar abaixo o campo de concentração e tortura instalado na base militar de Guantânamo e desmontar a própria base até ao último parafuso, deixando o espaço que ocupa entregue a quem é o seu legítimo dono, o povo cubano", defendeu.

"Porque, quer se queira, quer não, se é certo que nem sempre o hábito faz o monge, a farda, essa, faz sempre o general. Deitar abaixo, desmontar? Quem é o ingênuo que teve semelhante idéia?", ironizou o escritor.

Fonte: Portal Vermelho e RTP Notícias

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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Salve Obama!

Sandro Luiz Querino

"Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!" Trecho do discurso de Martin Luther King feito em 28/08/1963

Pela primeira vez nos EUA (só nos EUA?) um negro chega ao posto mais alto daquele país. E que bom que conseguiu! Vai encontrar sinais de uma terra arrasada: a economia vai mal, o desemprego vem aumentando, o Iraque pode se tornar um novo Vietnam... E a culpa é de quem? O Bóia Quente revela, em primeira mão, quem é o culpado: The guilt is for... Osama Bin Laden!

Sim, pois o maior estrago que Osama fez ao povo estaduinidense não foi a derrubada das Torres Gêmeas, mas sim, ter provocado a reeleição de Bush, que se utilizou do medo provocado pela suposta ação da Al Qaeda para fazer uma lavagem cerebral na população, apoiada, em massa, pelos grandes veículos de comunicação. Saiu de cena a ameaça comunista, entra em cena a ameaça terrorista. Então vem um novo mandato e a idéia da invasão ao Iraque, para que o filho terminasse o serviço sujo que o pai deixou pela metade, até porque o velho perdeu a reeleição para o Democrata Bill Clinton.

Ninguém no mundo, fora os ianques, acreditava que Saddam Hussein pudesse estar gastando dinheiro com armas biológicas ou de qualquer tipo. Sanções econômicas castigavam o povo iraquiano há mais de uma década.

Havia um programa chamado "petróleo por comida" idealizado com o objetivo de amenizar os efeitos do boicote econômico, e previa que a cada seis meses o país podia exportar uma cota de petróleo para adquirir gêneros básicos (alimentos e medicamentos) para a população. Mesmo assim, agências da ONU, como o Unicef e o Programa Alimentar Mundial (PAM) alertaram que o acordo, renovado consecutivamente desde 1996, não estava sendo capaz de contornar as trágicas conseqüências do embargo.

O próprio coordenador do programa "petróleo por comida" admitiu em 1998 que entre 4 a 5 mil crianças morreram a cada mês no país por causa da subnutrição, da contaminação das fontes de água, das péssimas condições sanitárias e da deterioração do sistema de saúde. Relatório da Cruz Vermelha, divulgado em 2000, conclui que a mortalidade infantil iraquiana triplicou desde a imposição das sanções.

A catástrofe humanitária que atingia o país fez crescer o movimento internacional pelo fim do boicote econômico, principalmente nos países árabes. Mas o tema divide o Conselho de Segurança da ONU: França, China e Federação Russa querem a suspensão, enquanto os EUA e o Reino Unido são favoráveis à manutenção. Na seqüência, ignorando a ONU, o Iraque é invadido. O que aconteceu depois, todos sabem.

Mas essa tragédia, grande parte do povo norte-americano ignora. O que está pegando mesmo é o bolso, a economia, é o capitalismo vindo cobrar a conta. A quebradeira dos bancos, a necessidade de estatizar algumas instituições (quem diria!!), o desemprego batendo à porta...

As crianças podem continuar morrendo no Iraque, mas não ouse destruir o “American Way of Life”, algo que Bush quase conseguiu, e por isso, hoje é um dos presidentes com a mais baixa taxa de popularidade de todos os tempos. Que Obama seja um presidente mais ao estilo Democrata de ser, com todas as estagiárias a que tiver direito, deixando o mundo um lugar mais tranqüilo para se dormir.

Sandro Luiz Querino é jornalista e colaborador do Bóia

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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O VÔO TUCANO NO PARANÁ...

Paulo Roberto Aguilera

Observando o quadro político de hoje e tentando vislumbrar "o que vem por aí", em particular em nosso Estado, podemos dizer que temos os seguintes candidatos: Osmar Dias(PDT), Beto (PSDB), Álvaro Dias(PSDB), Pessutti(PMDB), Paulo Bernardo(PT).

Osmar sem alianças, não decola. Beto idem. Tanto Pessutti como Bernardo me parecem padecer da mesma necessidade.

Calma, só pra refletir, o único dos pré-candidatos que numa situação abstrata, não havendo alianças inter-partidárias, teria potencial para a vitória seria o Senador Álvaro Dias.

Unificado o PSDB, Beto garante a Capital e Álvaro goza de prestígio incontestável no Interior. Diria o incauto, inversamente também. Não, Beto não "emplaca" no interior. Mais, o interesse nacional também jogará peso. Mais, seria uma aventura sem volta, abandonar o barco deixando órfãos o eleitorado curitibano, um revés e "tampa do caixão" para uma liderança em ascensão. Mais, olha a presa fácil para as oposições(ao PSDB): “Tucano é assim mesmo, não tem medidas, escrúpulos, onde já se viu? Abandonar um mandato assim...no meio!!” Prato cheio para uma campanha que promete acirramento. Mais, a inegável popularidade do Senador, que será consubstanciada em pesquisas, o colocarão no centro do furacão, deixando o "puleiro" tucano numa situação sui generis. Dois "cabeças de chapa" muito fortes, um na capital outro no interior. Valerá o risco de perder o "mando" já estabelecido, ou a prudência irá se sobrepor, vislumbrando dois puleiros?

Bem, Álvaro prepara seu retorno ao Palácio não é de hoje. Tem relações políticas e trânsito direto com lideranças e população consolidadas.

De toda forma, pode-se considerar que o PSDB será novamente a "bola da vez". Com uma candidatura presidencial que certamente irá ao segundo turno, vem pra valer. Como disse no início, são conjecturas sem alianças inter-partidárias e o “b-a-bá” da política recomenda primeiramente conhecer suas forças. Acertar nesta avaliação, meio caminho andado.

E com as eventuais alianças?

Promete-se a apresentação da proposta de reforma política ainda esse ano. Portanto como estamos a dois anos do pleito, poderão haver então mudanças inclusive no quesito "coligações".

Mas pelo que se vislumbra, as eventuais mudanças, favorecem a tese de que o Senador Álvaro Dias seria o mais viável candidato Tucano.

Isso sem contar que a "reforma" poderá dar um prazo para a "reacomodação" de forças, ou seja, uma porta para "mudanças" de Partido, o que certamente também amplia as possibilidades do Senador.

O Tucanato, não é dado a saculejos, a reflexão mais lúcida apontaria sem sombra de dúvidas para a candidatura de Álvaro.

Por mais incrível que possa parecer, uma leitura crítica da realidade, apontará a candidatura do Senador como a mais forte e em condições de consolidação, entre todos os "postulantes". Caberá ao Tucanato Paranaense a escolha de sua rota de Vôo, céu de brigadeiro ou tribulações de sobre-vôo pelo Triangulo das Bermudas.

Resolvido o dilema "piciforme", é ir tocando a bola, esperando as demais composições, essas sim, de difícil resolução, pois estão, qualquer uma delas, à exceção do DEM, na "base de apoio", sendo muito macaco pra pouco galho. Pelo que consta "oposição" no Paraná tem nome e Bico Grande. Sai na frente com sólida candidatura nacional. Tendo um nome definido, com este perfil aqui no Paraná, voará na frente.

Bem, esta é uma reflexão que a família ranfastídea deverá levar em conta. Quanto as outras forças vamos também na seqüência tentar analisar.


Paulo Roberto Aguilera é jornalista, sociólogo e colaborador do Bóia.

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Obama amplia vantagem sobre McCain

O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, ampliou a liderança a um dia da eleição de 4 de novembro e tem dez pontos percentuais sobre o rival republicano, John McCain. Segundo a mais recente pesquisa do instituto Gallup, Obama tem 52% das intenções de voto contra 42% de McCain. Com dois pontos percentuais de margem de erro, o levantamento consultou 2.847 eleitores registrados.

O instituto aponta ainda que os dois senadores tem mantido o desempenho relativamente estável nas pesquisas, mesmo diante de intensa agenda de campanha, propagandas na TV e cobertura da imprensa. Na pesquisa anterior, o senador democrata por Illinois tinha margem de oito pontos percentuais, 51% a 43% de McCain.

Nas duas últimas semanas, a porcentagem de Obama nas sondagens Gallup tem variado de 50% a 52%, enquanto o republicano McCain marca 41% a 43% da preferência dos eleitores registrados. A nova pesquisa, realizada entre 29 e 31 de outubro, mostra ainda que 27% dos eleitores entrevistados já votaram no processo de votação antecipada.

A margem de eleitores que participaram do processo aumentou significativamente desde a pesquisa realizada entre 17 e 19 de outubro, quando apenas 7% dos entrevistados já haviam declarado seu voto na eleição presidencial. E os eleitores antecipados, aponta o Gallup, favorecem o democrata Obama por uma margem um pouco maior do que o cenário geral.

Moderado
O democrata também lidera, embora com margem menor, na pesquisa diária do Reuters/C-SPAN/Zogby, divulgada neste domingo (2). Segundo o instituto, Obama tem seis pontos percentuais sobre McCain, com 50% da preferência contra 44% do senador republicano.

O resultado mostra uma queda de um ponto percentual em relação à sábado. ''Faltam dois dias antes da eleição e, obviamente, qualquer coisa pode acontecer. Mas é difícil ver onde McCain pode ir daqui'', disse o pesquisador John Zogby.

A sondagem do fim de semana mostra que ambos os candidatos parecem estar consolidando o apoio entre sues tradicionais eleitorados — mulheres e independentes para Obama e eleitores mais velhos e conservadores para McCain. Obama — que pode se tornar o primeiro presidente negro do país — tem ainda 93% de apoio entre o eleitorado negro e 65% entre os hispânicos.

O Zogby apontou também, assim como o Gallup, que Obama foi o mais beneficiado pelo processo de votação antecipada, com 56% contra 49% dos votos entre estes entrevistados. Este resultado pode ser explicado pela intensa campanha democrata para o registro de eleitores e para a mobilização no processo de votação antecipada.

Os candidatos nanicos, independente Ralph Nader e o libertário Bob Barr, receberam 2% e 1% das indicações, respectivamente. Outros 2% permanecem indecisos. A pesquisa Reuters/C-SPAN/Zogby foi realizada entre 29 e 31 de outubro, com 1.201 eleitores e tem margem de erro de 2,9 pontos percentuais para mais ou para menos.

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