Consultor brasileiro que trabalha para o 'Bolsa da Mãe' diz que projeto ajuda Timor Leste, na Ásia, a desenvolver sistema de proteção social
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da PrimaPagina
Programas brasileiros servem de inspiração para o Timor Leste na construção de seu sistema de proteção social. É o que afirma Ricardo Dutra, consultor do PNUD Brasil que está no país asiático desde o início do ano prestando apoio à reformulação do Bolsa da Mãe, projeto inspirado em ações de transferência de renda, como o Bolsa Família.
O projeto timorense disponibiliza dinheiro às famílias chefiadas por mulheres viúvas, separadas ou solteiras em situação de pobreza. Entre as mudanças que o especialista brasileiro está ajudando a implementar incluem-se a expansão do número de pessoas atendidas e a criação de um cadastro para racionalizar a entrega da ajuda, além de alteração nos critérios para escolha de beneficiários.
"A partir de 2011, as famílias serão classificadas de acordo com o seu grau de vulnerabilidade e pobreza. Entre as variáveis que serão observadas estão a presença de pessoas deficientes na família, o nível de defasagem escolar das crianças, o capital educacional dos pais e adultos e o acesso a serviços públicos", explica Dutra.
Segundo ele, o programa, que hoje atende 11 mil famílias timorenses das 150 mil estimadas no país, está tendo grande importância no desenvolvimento local. E o planejamento efetuado para o ano que vem prevê que o atendimento alcance 10% da população.
"O Timor ficou destruído no conflito de independência em relação à Indonésia [em 2002]. Então, o impacto de uma ação como essa é significativo no que se refere ao fortalecimento de uma institucionalidade pública capaz de oferecer benefícios de assistência social e estimular o acesso a serviços públicos essenciais, como educação e saúde", afirma.
Para o consultor do PNUD Brasil, o principal desafio nesse processo de cooperação é coordenar as ações das várias agências internacionais envolvidas.
Além do PNUD, participam o UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) e a IOM (Organização Internacional para as Migrações).
Além disso, há a constante necessidade de se adequar o planejamento do projeto às limitações técnicas do governo timorense. “O que temos observado é que deve haver um considerável grau de flexibilidade das agências para se adequar a esse ambiente de incertezas. Isso implica na necessidade de um monitoramento permanente dos projetos”, diz.
Realidades diferentes
Apesar da contribuição brasileira, o especialista destaca que existem muitas diferenças entre as realidades dos dois países - embora ambos sejam lusófonos -, a começar pela infraestrutura de educação e saúde e pelo acesso à tecnologia.
"O que o Brasil já alcançou em termos de conectividade e comunicação entre os vários níveis de governo é bastante avançado e exige um nível de desenvolvimento econômico e uma estabilidade institucional prévia, o que não é o caso do Timor", afirma.
"O Brasil tem muito conhecimento disponível não apenas no governo, mas também em universidades e no mercado em geral, o que faz do país uma importante fonte na área de desenvolvimento social", conclui Dutra.
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