domingo, 28 de fevereiro de 2010

Queda da vantagem sobre Dilma deve ampliar especulação sobre desistência de Serra

Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha, mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.

No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.

Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.

Esse resultado deve ampliar a especulação sobre a perspectiva de desistência do governador paulista, informa o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete. No entanto, a coluna diz que a porta de saída de Serra "tornou-se minúscula".

O "Painel" diz ainda que a pesquisa ampliará a pressão tucana para que o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), aceite ser vice de Serra.

De acordo com a coluna, os resultados do Datafolha também tiram fôlego da intenção do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) de disputar a Presidência.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.

Dilma cresce em intenção de voto e já encosta em Serra, diz Datafolha

da Folha Online

Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha, mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.

No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.

Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Raul: “Em Cuba não existem torturados. Só em Guantánamo”

"Em Cuba não existem torturados, não houve torturados, não houve execução. Isso só acontece na base (americana) de Guantánamo", disse o presidente cubano Raúl Castro, denunciando a manutenção do enclave estadunidense - localizado no extremo oriental da ilha - famoso pelos abusos e sevícias de prisioneiros, sem provas de nenhum delito e sem direito à defesa.

O presidente cubano falou sobre a morte do preso Orlando Zapata, ocorrida na terça-feira última depois de 85 dias de greve de fome: “Foi condenado a três anos e fez greve de fome. Foi levado aos nossos melhores hospitais, morreu, nós lamentamos muito”. “Isso se deve à confrontação que temos com os EUA, temos perdido milhares de cubanos", acrescentou.

O presidente Lula, em visita a Cuba, inaugurou, ao lado de Raúl, obras do porto cubano de Mariel, reestruturado com financiamento realizado pelo Brasil. Raul Castro voltou a dizer que, apesar da política de ingerência e agressão dos EUA contra o seu país, está disposto a "discutir tudo" com o governo dos EUA.

Avós recuperam 101° neto sequestrado pela ditadura

Sequestrada por militares argentinos, Silvia Mónica Quintela deu à luz no cativeiro e acabou assassinada no centro clandestino de detenção Campo de Maio. Seu marido, Abel Pedro Madariaga, conseguiu sobreviver à ditadura militar e, ao voltar do exílio, incorporou-se ao movimento das Avós da Praça de Maio para procurar seu filho. Encontrou-o há poucos dias. O 101° neto encontrado chama-se Francisco Madariaga Quintela. O responsável pela "adoção" da criança sequestrada, o capitão aposentado e ex-carapintada Victor Alejandro Gallo, foi preso sexta-feira.

A Associação das Avós da Praça de Maio apresentou nesta terça-feira (23) numa coletiva de imprensa, todos os detalhes que permitiram recuperar o neto 101, que durante mais de trinta anos foi privado de sua identidade por seus apropriadores. Francisco Madariaga Quintela é filho de Silvia Mónica Quintela, sequestrada e assassinada no centro clandestino de detenção Campo de Maio. Seu pai, Abel Pedro Madariaga, conseguiu sobreviver e, depois de voltar do exílio, uniu-se à Associação das Avós para iniciar pessoalmente a busca de seu filho, no que constitui um caso inédito neste tipo de investigação. Enquanto isso, o responsável pela "adoção", o capitão aposentado e ex carapintada Victor Alejandro Gallo foi detido na última sexta-feira.

Silvia Quintela foi sequestrada pela ditadura militar na manhã de 17 de janeiro de 1977, em Florida, província de Buenos Aires, quando estava grávida de 4 meses. Às 9 e meia da manhã, enquanto caminhava pela rua Hipólito Yrigoyen em direção à estação de trem para encontrar-se com uma amiga, foi rodeada por três veículos. Um grupo à paisana que pertencia ao Primeiro Corpo do Exército jogou-a-a num dos Ford Falcon e levou-a para um local desconhecido. Silvia era médica e tinha nesse momento 28 anos; dedicava parte de seu tempo à militância na Juventude Peronista e a cuidar de pessoas carentes numa clínica em Beccar, em Buenos Aires. Seu companheiro, Abel Madariaga, secretário de imprensa e difusão da organização Montoneros, foi testemunha, mas conseguiu escapar. Nessa mesma tarde, outro grupo invadiu a casa da mãe de Silvia e lá a comunicaram que ela tinha sido detida.

Exilado primeiro na Suécia, em 1980, e depois no México, Madariaga regressou temporariamente a Argentina em 1983, onde entrevistou vários sobreviventes do centro clandestino de detenção Campo de Mayo. Quando regressou permanentemente, uniu-se às Avós, ocupando o cargo de secretário, para encabeçar pessoalmente a busca pelo local de detenção de sua companheira.

Testemunhas forneceram informações sobre esse local e sobre a data de nascimento de seu filho, que depois foi "adotado". Beatriz Castiglione, sobrevivente do El Campito e companheira de detenção de Silvia, junto a outras grávidas, ratificou que a viu presa no Campo de Maio e lembrou que seu pseudônimo no centro clandestino era “Maria”. Então ela já estava no seu sétimo mês de gestação.

Outro testemunho chave foi o de Juan Carlos Scapati, com quem Quintela esteve detida. Na sua declaração, Scarpati afirmou que foi atendido pela médica numa lugar chamado Las Casitas – dentro do CCD Campo de Maio -, em virtude das feridas que lhe haviam causado quando o detiveram. O mesmo testemunho assegurou que Quintela deu à luz fora da sala de partos do El Campito, quando os partos começaram a se realizar com cesárias programadas no Hospital Militar do Campo de Maio. “Pude ficar algumas horas com ele”, comentou Silvia, ao reincorporar-se no dia seguinte, já sem seu bebê e com a promessa de seus raptores de entregá-lo a sua família.

O capitão do exército aposentado e ex-carapintada Victor Alejandro Gallo foi preso na sexta-feira passada, quando tomava conhecimento do resultado dos exames de DNA. Gallo é acusado agora de apropriação ilegal de um menor de idade; ele também tinha sido condenado a dez anos de prisão, em 1997, pela Câmara Penal de San Martin. Neste caso, foi julgado culpado dos delitos de roubo qualificado, porte de arma de guerra, privação ilegal da liberdade e coação, junto a outras duas pessoas que a Justiça condenou pelo chamado Massacre de Benavidez, ocorrido em 6 de setembro de 1994.

A coletiva de imprensa em que pai e filho se apresentaram juntos pela primeira vez ocorreu nesta terça. As Avós revelaram de que modo conseguiram recuperar a identidade do neto número 101, e a rede de cumplicidades que permitiu sua apropriação.

Leia abaixo o informe das Avós sobre o encontro de Francisco:

“Buenos Aires, 23 de fevereiro de 2010

Encontramos outro neto, o filho do Secretário das Avós da Praça de Maio

As Avós da Praça de Maio queremos comunicar que encontramos outro neto que durante mais de 32 ano viveu privado de sua identidade. Francisco Madariaga Quintela é filho de Silvia Mónica Quintela e Abel Pedro Madariaga, ambos militantes da organização Montoneros. Silvia foi sequestrada em 17 de janeiro de 1977 em Florida, Província de Buenos Aires, grávida de quatro meses. Seu companheiro Abel sobreviveu e partiu para o exílio. Em 1983, de volta a Argentina, empreendeu pessoalmente a busca de seu filho e se incorporou à Associação.

Silvia nasceu em 27 de novembro de 1948, na localidade de Punta Chica, comarca de San Fernando. Estudou medicina na Universidade de Buenos Aires (UBA) e, no momento de seu sequestro, estava terminando sua residência como cirurgiã no Hospital Municipal de Tigre. Foi detida em Florida, zona norte da Grande Buenos Aires, na interseção das ruas Hipólito Yrigoyen e as vias do Ferrocarril Mitre. Militava na Montoneros. Seus companheiros a conheciam como “Maria”.

Segundo testemunhos de sobreviventes, Silvia permaneceu no Centro Clandestino de Detenção “El Campito”, no Campo de Maio, e em julho de 1977 passou por uma cesária no Hospital Militar da dita guarnição. Silvia, de 28 anos, deu a luz a um menino, a quem – como desejava com seu companheiro – chamou de Francisco.

O caso de Silvia Quintela se soma aos de Norma Tato de Casariego e Beatriz Recchia de Garcia, desaparecidas grávidas do CCD “El Campito”, que também deram a luz no Hospital Militar e cujos filhos foram apropriados por repressores. Felizmente, os três casos foram resolvidos pelas Avós e a Justiça determinou a restituição da identidade dos jovens.

Abel nasceu em 7 de fevereiro de 1951, na cidade de Panamá, província de Entre Rios. Cursou agronomia na UBA até que foi expulso, com a intervenção do exército na Universidade. E, assim como Silvia, militava na coluna norte de Montoneros. Pouco depois do sequestro de sua companheira, exilou-se na Suécia, mais tarde no México, até que regressou ao país, em 1983. Desde então, integrou-se às Avós e com os anos se tornou coordenador das equipes técnicas, sendo atualmente secretário da instituição.

A busca familiar

As avós Sara Elena de Madariaga e Ernestina “Tina” Dallasta de Quintela se dedicaram à busca de Francisco durante a ditadura. As avós, junto a suas companheiras, escreveram e se aproximaram do Ministério Público o quanto puderam, mas, como em todos os casos, lhes fecharam as portas. Em 1983, de volta do exílio, Abel empreendeu a busca pessoalmente, então se incorporou ativamente às avós e foi encarregado de desenvolver grande parte das estratégicas de difusão das Avós para convocar os jovens que, como seu filho, tivessem dúvidas sobre sua identidade.

A Busca de Francisco

Francisco se aproximou das avós em 3 de fevereiro último, com o nome de Alejandro Ramiro Gallo, dizendo que acreditava ser filho de desaparecidos. Desde há muito tempo tinha dúvidas sobre sua identidade, e por isso decidiu perguntar à mulher que dizia ser “sua mãe” se tinha informações sobre sua origem. Foi então que a senhora Inés Susana Colombo confessou que o tinham trazido do Campo de Maio e que havia a possibilidade de ele ser filho de desaparecidos.

Com essa informação, Francisco decidiu aproximar-se das Avós para começar a sua busca. O jovem se apresentou acompanhado por Colombo, que disse que seu ex-marido, chamado Victor Alejandro Gallo, era oficial da inteligência do Exército argentino e que, no ano de 1977, lhe disse que havia um bebê abandonado no Hospital Militar do Campo de Maio, ao que ela teria respondido: “como ia deixar um bebê abandonado, que o tragam “(sic).

Colombo relatou que finalmente Gallo levou o bebê para a sua casa em 10 de julho de 1977, e acrescentou que o bebê ainda tinha o cordão umbilical, o que indicava que tinha nascido havia muito poucos dias.

Tanto Francisco como Colombo indicaram que Victor Gallo dispensava um trato violento a ambos, relatando minuciosamente diversas agressões físicas e psicológicas. Gallo, que trabalhava como oficial do exército durante a última ditadura, também conta na sua história ter sido membro do batalhão 601. Já na democracia participou do roubo de uma empresa financeira, na década de 80, e de um ato criminoso, no qual assassinou a uma família, que ficou conhecido como “O Massacre de Benavidez”, pelos quais foi condenado e esteve preso. A ficha corrida desse homem traz também sua participação nos “levantes carapintadas” ocorridos nos anos 80, entre outras coisas. Atualmente, até a sua detenção na última sexta-feira, trabalhava como empresário de uma empresa de segurança privada, sendo “dono” da empresa Lince Seguridad”.

Na entrevista, Colombo assinalou que, apesar de estar divorciada e de não guardar vínculo com Gallo, antes de ir às Avós da Praça de Maio ela o chamou para que lhe dizer que “Ramiro” estava duvidando de sua identidade. Casualmente, depois disso Francisco sofreu dois incidentes que vinculou às circunstâncias de que Gallo tinha se inteirado da busca iniciada.

O relato de Francisco e de Colombo fazia com que se suspeitasse de que se tratava de um filho de desaparecidos, pelo que, de imediato solicitaram à Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (CONADI) que lhes concedessem uma agenda para a realização do exame de DNA. No dia seguinte, 4 de fevereiro, Francisco foi ao Banco Nacional de Dados Genéticos para deixar as primeiras mostras que lhe devolveram sua verdadeira identidade.

O Encontro

Na quarta-feira, 17 de fevereiro, a juíza Sandra Arroyo, do Juizado Federal N° 1 de San Isidro, chamou a Associação para que comunicasse ao secretário da instituição que tinham encontrado seu filho. Abel não se encontrava na capital, de modo que fomos atrás dele para contar-lhe; neste mesmo dia companheiros e pessoas queridas o esperavam na sede das Avós para abraçá-lo e acompanhá-lo neste momento que ele esperou por mais de 30 anos. Enquanto isso, Francisco se encontrava com integrantes das Avós, com quem desde que se aproximou da organização esteve em contato, para contê-lo e acompanhá-lo. Nesse momento, comunicaram-lhes o resultado e Francisco quis conhecer seu pai nas Avós.

Desde então, pai e filho não deixam de estar juntos, compensando os anos roubados de vida e emocionando a todos os que participaram dessa luta. “Não podiam”, disse Francisco quando abraçou seu pai pela primeira vez. Esse é o ensinamento que nos traz cada restituição e nos enche de energia e esperanças para encontrar a todos os que faltam”.

Tradução: Katarina Peixoto

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Futebol: Eu tô voltando pra casa!

Sandrão Bhar

É, foram 84 dias longe de casa, e só quem passa um longo período fora do lar sabe como é bom voltar. Neste domingo, 28/02, o Coxa volta pra casa após um exílio forçado pelas atitudes desvairadas de um bando de aloprados que, naquela fatídica tarde de 6 de dezembro de 2009, transformaram o Estádio Major Antonio Couto Pereira em algo parecido com o que os romanos faziam no Coliseu no início da era cristã.

O resultado todos já conhecem, o nada egrégio STJD aplicou três vezes a mesma pena máxima, que é de 10 jogos, somando 30 mandos a serem cumpridos no campeonato da Série B deste ano, cabendo recurso, que alguns acreditam que será julgado nos próximos dias.

Porém, mesmo com a punição valendo somente para a segundona, só agora, na décima rodada do estadual, é que o “pode” para a utilização do estádio foi conquistado. Aconteceria o mesmo com qualquer outro grande clube do Brasil, garante o presidente do STJD, ilustríssimo senhor Rubens Approbato Machado, com o aval do Coelho da Páscoa e do bom velhinho, vulgo Papai Noel.

Bom, melhor deixar a política para o Aguilera e vamos ao que interessa e àquilo que sou pago, que é falar do couro rolando no capim.

A RODADA
Líder do campeonato com 22 pontos, 4 na frente do rival Atlético, o Coritiba encara o Nacional de Rolândia, sendo que uma simples vitória poderá garantir o supermando para a próxima fase do torneio. A diretoria do coxa, em material divulgado pela assessoria do clube, informa que neste jogo será lançado uma campanha que se propõe a promover a paz no futebol(ainda que tardia), além de trazer de volta o orgulho de torcer pelo time alviverde. O slogan da campanha é "Sou Coxa Com Muito Orgulho".

Já o Atlético Paranaense, embalado pela impressionante goleada imposta perante o glorioso Vilhena de Rondônia, sobe a serra e enfrenta, também no domingo, o Rio Branco de Paranaguá, 8º colocado, no Gigante do Itiberê, com TV aberta, e em busca de mais um resultado positivo, desta vez fora de casa, o que não tem sido o forte da equipa rubro negra neste campeonato.

Outro que está embalado pelos últimos resultados positivos, vitória magra no clássico contra o Coritiba e goleada histórica pela copa do Brasil num time chamado Cerâmica, estando em 10º lugar na tabela, é o Paraná Clube, que pega o Cascavel, 4ª melhor campanha até o momento. A peleja acontece sábado, e o horário, acreditem, 20h30min.

Bom, já avisei minha mulher que vou assistir ao jogo do Paraná, e, como na saída do estádio, o trânsito vai estar uma loucura devido ao enorme fluxo de paranistas no local, estarei chegando em casa apenas por volta de meia-noite. Beijo amor. Fui!!

Sandrão Bhar é titular do blog Papo de Bhar e tomador de Antarctica

Blog diz que Fernanda Richa não acredita na vitória do marido

deu no blog do Esmael

“Você vai perder, Beto”, diz Fernanda Richa

É muito tenso o clima não só no ninho tucano. O prefeito de Curitiba, Betinho Lerner, que pensa disputar o Palácio Iguaçu, também tem uma crise danada para resolver dentro da própria casa casa.

Uma fonte do PSDB informou ao blog nesta sexta-feira (26) que a primeira-dama do município, Fernanda Richa, tem sido lacônica nesses últimos dias: “você vai perder, Beto”.

Nas discussões domésticas, dona Fernanda, que é quem manda em casa e quem sabe fazer política na família, tem analisado a conjuntura política como poucos.

“Não nos preparamos para assumir o governo. Você não foi eleito para deixar a prefeitura”, analisa a primeira-dama.

Cana-de-açúcar: altos impactos socioambientais


Da Agência Envolverde

A safra 2008/09 da cana-de-açúcar terminou com uma série de impactos socioambientais negativos, como violações aos direitos trabalhistas, degradação ambiental e desrespeito aos direitos de populações indígenas. Essas são algumas conclusões do último relatório do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil.

O estudo faz uma análise dos vetores que puxaram a produção de cana no país em 2009. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira atingiu 612,2 milhões de toneladas em 2009, alta de 7,1% em relação ao período anterior. O estado de São Paulo concentrou 57,8% da produção e colheu 354,3 milhões de toneladas, 2,5% a mais do que em 2008.

Além do preço do açúcar, que estimulou o setor em 2009, o etanol também serviu de motivação para os usineiros. A venda de veículos flex, ou seja, que podem utilizar gasolina ou etanol, representaram 92,3% do total de unidades negociadas no país em 2009. Foram 2,6 milhões de veículos novos vendidos ao longo de 2009, uma alta de 13,9% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O grande problema, segundo o relatório do CMA, é que o aumento a produção de cana-de-açúcar e de etanol tende a ser feito sobre bases pouco comprometidas em termos socioambientais. Uma análise das condições trabalhistas do setor é reveladora. Em 2009, 1.911 trabalhadores escravos foram libertados no setor da cana nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, e Rio de Janeiro.

Em São Paulo, onde está a maior parte da produção, os problemas trabalhistas se concentram no excesso de jornada e em más condições de segurança, higiene e alimentação. As violações em termos laborais não envolvem apenas pequenos produtores. Vale lembrar que a Cosan, maior grupo sucroalcooleiro do país, foi inserido em dezembro de 2009 na "lista suja" do trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego – e saiu em seguida, após liminar obtida na Justiça.

Propostas para enquadrar o setor sucroalcooleiro em 2009, o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE) e o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar permanecem no papel. Enquanto o ZAE depende de avaliação pelo Congresso Nacional, os gestores do "Compromisso" ainda não definiram como será feito o monitoramento das usinas signatárias.

Estimativas dão conta de que 600 mil hectares de Cerrado nativo poderão ser convertidos diretamente em cana até 2035 e outros 10 milhões, hoje com outras atividades agropecuárias, correm o risco de se tornarem grandes canaviais. Estados com áreas de expansão, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, tiveram em 2007 e 2008 áreas de floresta convertidas em cana.

O estudo do CMA também faz uma alerta sobre a segurança alimentar do país. A tese do governo e do setor sucroalcooleiro de que a expansão da cana se dará, sobretudo, sobre pastagens degradadas pode ser uma tendência para o futuro, mas não é em todo verdadeira. De acordo com o Canasat, sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos estados de Minas Gerais, Goiânia, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso foram principalmente as culturas alimentares que perderam área para a cana nos últimos anos.

O relatório também traz análises sobre os impactos causados pela cana a populações indígenas. Problemas fundiários entre produtores de cana e indígenas são graves no Mato Grosso do Sul. Entre as 42 Terras Indígenas já reconhecidas no Estado, grande parte se concentra na região da expansão canavieira no Cone Sul do Estado. De acordo com o Ministério Público Federal, 16 usinas estão localizadas nos municípios sul-mato-grossenses onde há terras já identificadas e delimitadas pela

Operação Satiagraha investigou Bernardo Figueiredo, o parceiro de Paulo Bernardo

do blog do Fábio Campana

A moçada do PMDB decidiu por em panos limpos a vida e a obra de Bernardo Figueiredo, o homem da ANTT que acompanhou o ministro Paulo Bernardo à Granja do Canguiri para a reunião que Requião denuncia como tentativa de aliciá-lo para um superfaguramento em obra ferroviária. A turma de Requião distribui por aí textos publicados em revistas nacionais como os que seguem:

No rastro dos supostos lobistas do Grupo Opportunity que tentavam se aproximar da ministra Dilma Rousseff, agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) chefiados pelo delegado Protógenes Queiroz levantaram números de telefone da Casa Civil para saber quem eram os contatos de investigados pela Operação Satiagraha dentro do Palácio do Planalto.

A informação consta de um relatório extraído do computador de Protógenes, apreendido pela Corregedoria da PF. Os arquivos, criptografados, mostram que os agentes seguiram e fotografaram pessoas não investigadas oficialmente pela Satiagraha, entre elas o deputado federal José Carlos Araújo (PR-BA), atual presidente do Conselho de Ética.

Na Casa Civil, a Abin levantou dados sobre Bernardo Figueiredo, homem de confiança de Dilma que deu expediente no Planalto até junho de 2008, quando virou diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Como assessor da Subchefia de Articulação e Monitoramento, gerenciava projetos de rodovias e ferrovias do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Bernardo Figueiredo foi assessor do José Dirceu e depois da Dilma:
…”Em conversa reservada com os deputados Raul Jungmann (PPS-PE), Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Vanderlei Macris (PSDB-SP), Protógenes disse estar disposto a contar detalhes sobre um alegado tráfico de influência patrocinado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante as negociações para a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar). Disse também que um dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís, o Lulinha, foi cooptado pela “organização criminosa” de Dantas. Sob os holofotes da CPI, porém, o delegado negou que o filho do presidente e a ministra Dilma Rousseff tenham sido alvo de investigação. Ele não respondeu às perguntas sobre a tal cooptação de Lulinha nem sobre o interesse de Lula na operação. Também se calou a respeito das suspeitas que lançou sobre a ministra, registradas em relatórios encontrados em seu computador pessoal. “Ele nos disse que detalharia tudo isso na CPI. Não dá para entender”, lamentou o deputado Fruet.

É fácil entender por que o delegado preferiu o silêncio diante das suspeitas que o cercam. Por que ele armazenava investigações clandestinas sobre Dilma Rousseff, o ex-ministro José Dirceu, o presidente do Supremo Tribunal Federal, entre outras autoridades? Por que ele guardava gravações ilegais de jornalistas? Sem respostas, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, o delegado preferiu se calar porque os arquivos, encontrados em seus computadores, são provas materiais de seus crimes. E elas não param de surgir. Em um arquivo protegido por senha, mas já desbloqueado pela PF, há um relatório de arapongas da Abin com os números telefônicos de Bernardo Figueiredo, então assessor de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.”…

Os ”homens meigos” da ministra
Pré-candidata ao Planalto, em 2010, a chefe da Casa Civil já tem um time com afinidades técnicas e políticas

Vera Rosa, BRASÍLIA

Dona de sobrenome búlgaro, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ganhou um apelido. Nas viagens que faz com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela é a “Vilma do chefe”. Sem saber pronunciar Rousseff, eleitores mais humildes simplificam para “do chefe”, numa demonstração de que “Vilma” é vista como a candidata de Lula ao Palácio do Planalto.

Mas a mulher que continua sendo o braço direito do presidente já começa a montar um time de sua absoluta confiança para 2010. Da Dilma durona à Vilma popular, a chefe da Casa Civil vestiu o figurino de candidata e, pragmática, aproximou-se dos políticos – do PMDB do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) ao PR de Alfredo Nascimento (Transportes). Mesmo assim, o perfil técnico domina a lista de seus interlocutores preferidos, como Bernardo Figueiredo, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Nelson Hubner, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que não se incomodam nem mesmo de levar pito.

“Sou uma mulher dura, cercada por homens meigos”, afirma Dilma, irônica, ao rechaçar a fama de durona. “Esse estereótipo é uma coisa fantástica: as mulheres fazem plástica; os homens dormem bem à noite”, emenda ela, numa referência às críticas que recebeu por ter passado pelo bisturi.

Quem convive de perto com Dilma sabe que ela quer tudo pronto para “ontem”. Mas os “meigos” do time aprenderam a driblar seu temperamento. “Vamos falar francamente: o presidente joga muita responsabilidade nas costas da Dilma. Se ela falhar, o governo fica engarrafado. Então, todo mundo tem de se virar”, diz o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, um dos mais próximos colaboradores nas fileiras do PT.

Licitação deixa tudo como está

Só as empresas de ônibus que já dominavam o sistema de Curitiba e região apresentaram propostas. Agora, elas só perdem o contrato se não cumprirem pré-requisitos

A licitação para os ônibus de Curitiba demorou 55 anos desde que as primeiras linhas passaram a circular na cidade; 21 anos desde que a Constituição passou a exigir concorrência pública para concessões deste tipo; sete anos desde que o Ministério Público exigiu que a prefeitura seguisse a lei; e três anos e meio desde que o processo de licitação começou a ser deflagrado. Ontem, quando as empresas interessadas em operar o sistema entregaram os envelopes com suas propostas, descobriu-se o resultado de toda essa espera: muito pouca coisa mudou.

Os mesmos grupos empresariais que já exploram o serviço em Curitiba há décadas devem continuar a operar o sistema. Nenhuma empresa de fora apresentou proposta ontem à Urbanização de Curitiba (Urbs). Apenas os consórcios Pontual, Transbus e Pioneiro, que reúnem 11 empresas de ônibus da capital e região metropolitana, candidataram-se para operar os três lotes da licitação. Cada um apresentou proposta para um dos lotes em que a cidade foi dividida para a licitação. Consequen­te­mente, não terão de disputar a oferta de melhor preço e técnica com ninguém.

Com isso, a Comissão de Lici­tação tende a confirmar, em cerca de três meses, o direito dos três consórcios de explorarem o serviço de ônibus. O valor total dos contratos é de R$ 8,6 bilhões pelos próximos 15 anos, prorrogáveis por mais 10 anos. Eles só serão eliminados caso não cumpram as exigências do edital ou alguma ação judicial paralise a escolha.

Fonte: Gazeta do Povo

Cuba já não é uma estrela solitária na América

Por Cláudio Fajardo

Cuba foi a primeira estrela socialista a brilhar na América. Desde os primeiros anos da vitória da Revolução -1959-, o brilho daquela estrela tornou-se referência para a juventude do mundo todo, mas especialmente para toda uma geração de jovens generosos da América Latina. Cuba experimentou as virtudes e as vicissitudes de seu pioneirismo. Iniciou uma inédita trajetória de construção de uma sociedade mais justa e, por isso mesmo, despertou o ódio doentio das privilegiadas oligarquias tradicionais e dos ricos e opulentos proprietários e capitalistas norte-americanos.

Com entusiasmo, a construção do socialismo empolgou a população cubana. Sob a liderança dos revolucionários, dentre eles Fidel e Che, foi-se delineando uma estratégia de transformações sociais para o bem-estar da população da Ilha e, aí residia a ousadia, para o levante de todos os oprimidos, da América e também do continente negro da África. O impulso ideológico e a solidariedade daí decorrentes estão agora exibindo a sua fecundidade no desabrochar de uma nova era: a Cúpula de Cancún.

Depois de suportar quatro décadas de isolamento diplomático no continente americano e um bloqueio econômico cruel, Cuba se reúne com todos os países da América (América Latina e Caribe) exceto EUA e Canadá. Aquele isolamento na OEA (Organização dos Estados Americano) imposto pela hegemonia dos EUA é hoje página virada. Quem agora está amargando o isolamento -imaginem!- são justamente os Estados Unidos da América.

É muito bom estar vivendo estes dias, durante décadas de sofrimento, resistência e luta, somente nos melhores sonhos, socorridos pelo vigor ideológico, éramos capazes de encontrar o conforto ao imaginar que um dia isso pudesse acontecer.

http://blogdofajardo.wordpress.com/

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

PSDB do Paraná tira quase 2 milhões de votos de Serra

por Hélio Fernandes da Tribuna de Imprensa

O PSDB do importante Paraná, veta Álvaro e Osmar Dias. Tira quase 2 milhões de votos de Serra, dá vários palanques para a candidata oficial. E entrega as duas vagas de senador a Requião e à mulher do Ministro. Serra fica em silêncio?


O estado sempre teve grandes lideranças. Mais recentemente, (depois da ditadura) eram Requião e os irmãos Alvaro e Osmar Dias. Agora, apenas numa decisão, o partido dito de oposição, tira o que se calcula em 1 milhão e 800 mil votos, da possível candidatura Serra e favorece nesse total, a também possível candidatura Dilma. Vejamos as informações irrespondíveis.

1 – O PSDB escolhe como candidato a governador, o prefeito Beto Richa. 2 – Este sai agora, assume o prefeito do PSB de Ciro. (Palanque para Dilma). 3 – A reunião do diretório regional do PSDB foi fraudada, metade, pelo menos, não pôde votar. (Não haverá mudança, a não ser com intervenção do diretório nacional, o que não acontecerá).

4 – Com isso, o senador Osmar Dias, que pretendia disputar a reeleição, tem que concorrer ao governo. (Palanque para Dilma). 5 – O senador Álvaro Dias, que apoiava (ou apoia?) Serra, ficará com o irmão, embora isso só em junho. (Mais reforço para Dilma).

6 – Como a luta, estado por estado, é por palanque, o PSDB, mais “dilmista do que serrista”, entrega tudo aos governistas. 7 – Com Serra fica apenas (se ficar) o prefeito Beto Richa, eleito e reeeleito. 8 – Com a credencial de ser filho de José Richa, o que tem lhe valido no plano municipal.

9 – Mas no plano estadual, (governador) vai precisar muito mais do Serra do que este dependerá dele. 10 – E no plano nacional, o candidato de oposição perde personagens e personalidades como Requião, Alvaro Dias, Osmar Dias, que nos últimos 20 anos, foram governadores, senadores, novamente governadores.

11 – Alvaro Dias é senador até 2014, o mandato de Osmar termina agora. 12 – Obrigado a disputar o governo, Osmar é um candidato fortíssimo, por ele e pelos apoios que acumula. 13 – Requião, que desde 1994, se apresenta para presidente, é sempre vetado pelo PMDB, que tem pânico de ser governo, de ir para o Planalto-Alvorada.

14 – Requião mostrava ao PMDB, em varias oportunidades, que tinha cacife. Tanto que não podendo disputar a presidência, se elegia governador, senador, outra vez governador em 2002 se reeelegendo em 2006.

15 – Paraná é importante nessa luta “por mais palanques”.

(O único que apavorado com os adversários, “quer palanque único”, é Serginho Cabralzinho. Mas levou uma tal “espinafração”, que perdeu até o caminho de casa, onde encontraria a mulher, “se Dilma apoiar Garotinho não terá nem o voto dela”.

***

PS – Esse é o quadro rigorosamente verdadeiro do estado, com Serra praticamente perdendo o apoio (e o palanque no qual tanto falam) de três personalidades nacionais. Dois são senadores, o outro já foi tudo e continuará sendo.

PS2 – Dona Dilma está vibrando, basta manter o que lhe deram prazerosamente. Quanto a Serra tem que recitar, mesmo contrariado: “o mundo gira e a lusitana roda”. E com isso fará a reviravolta palanqueira?

PS3 – Os candidatos, sejam quais forem, fazem as alianças mais esdrúxulas, os acordos mais disparatados, juntam canguru com galinha d’angola, como se fosse a coisa mais natural.

PS4 – Nenhum compromisso, proposta, projeto, só querem saber de palanques e tempo de televisão. Na Primeira Republica até 1930, os candidatos lançavam suas “plataformas” no Clube dos Diários, na Rua do Passeio. A tecnologia mudou muito, a mentalidade não mudou nada.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Falta verba para projeto social no Haiti

Programa de frentes de trabalho precisa 'urgentemente' de mais recursos, segundo PNUD; dinheiro já recebido é 34% do necessário

MINUSTAH/Marco Dormino
da PrimaPagina

O programa de frentes de trabalho no Haiti, considerado fundamental para a geração de renda e para a reconstrução após o terremoto, está com um “déficit” de US$ 52,9 milhões. O PNUD, que administra o projeto, divulgou um comunicado em que alerta que “um apoio significativo dos doadores é urgentemente necessário” para garantir que a iniciativa chegue a mais haitianos.

Até sexta-feira, o PNUD havia recebido US$ 27,3 milhões de várias fontes, 34% do necessário (US$ 80,2 milhões) para implantar o programa, que consiste em pagar haitianos para fazerem serviços ligados à recuperação do país. Atualmente, 35 mil pessoas (40% das quais mulheres) estão inscritas, mas o PNUD pretende aumentar esse número para 52 mil “nas próximas semanas”. A meta original é dar trabalho a 100 mil, e depois expandir a ação para mais 100 mil haitianos. Os recursos recebidos até agora são suficientes para pagar os salários de março.

O programa consiste no pagamento de 180 gourdes (equivalentes a US$ 4,50) por seis horas de serviço — no Haiti, o salário mínimo é de 200 gourdes por oito horas. O trabalho consiste em remoção de entulhos de construção civil das nas ruas, separação e compactação de material reciclável e limpeza dos destroços deixados pelo terremoto que atingiu a região da capital, Porto Príncipe, em 12 de janeiro. O objetivo é restabelecer serviços públicos como iluminação, consertar a infraestrutura e dar acesso a água, para viabilizar a recuperação do país no médio prazo.

“Prover os sobreviventes do terremoto com emprego dá a eles um senso de esperança e de participação na recuperação. Também ajuda a injetar um dinheiro tão necessário para impulsionar a economia local”, afirma o diretor do Escritório do PNUD para Prevenção e Recuperação de Crises, Jornan Ryan.

O apelo por recursos foi feito após as Nações Unidas apresentaram nova estimativa sobre a verba necessária para a reconstrução do país. A ONU avalia que é necessário US$ 1,4 bilhão (150% a mais do que a quantia originalmente informada). Desse total, US$ 103,9 milhões são pleitos do PNUD, que se referem ao programa de frentes de trabalho e a outras atividades no Haiti, como apoio na gestão e formulação de projetos ministeriais, mitigação ambiental e proteção de haitianos que migraram para a fronteira com a República Dominicana.

ODM deveriam incluir qualidade do ensino

Pesquisador africano diz que foco dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio restrito a quantidade é errado e pode ter efeito negativo

Divulgação
BRUNA BUZZO
da PrimaPagina

A adoção de metas unicamente quantitativas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio relacionados a educação é equivocada e pode produzir efeitos negativos, afirma um artigo publicado na última edição daPoverty In Focus, uma revista do CIP-CI (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), um órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro.

“É a qualidade, não apenas a quantidade, da educação que importa”, afirma o autor do texto, o pesquisador Yehualashet Mekonen, do African Child Policy Forum. “E a educação de baixa qualidade afeta negativamente os pobres”, ressalta.

Mekonen estuda o problema apena nos países da África Subsaariana, embora ele se manifeste também em outros locais. No Brasil, por exemplo, a proporção de pessoas de 7 a 14 anos matriculadas no ensino fundamental passou de 81,4%, em 1992, para 94,5%, em 2005, segundo dados citados no Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2007. Paralelamente, caiu a nota média dos estudantes no SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) tanto na rede pública quanto na privada, de acordo com o mesmo estudo.

Em seu artigo, intitulado “Uma agenda de 2015 para a África”, Mekonen observa que várias nações africanas vão alcançar ou ficar muito próximas de alcançar a meta de universalizar o ensino fundamental. Em 2005, 66% das pessoas em idade de frequentar a escola básica estavam matriculadas. No entanto, outros indicadores pioraram — o número de alunos por professor, por exemplo, aumentou. A média mundial é d 25 estudantes por docente, mas na África Subsaariana é de 43 e, em alguns casos, superior a 50, como Congo (83) e Chade (69), conforme o artigo.

“É relativamente mais fácil aumentar a matrícula nas escolas; é muito mais difícil elevar a qualidade do ensino”, comenta o pesquisador. “Muitos países da região não têm a infraestrutura básica necessária para assegurar educação de qualidade”, acrescenta. O problema é especialmente importante porque, como nota Mekonen, a educação é crucial para o crescimento econômico e a redução da pobreza.

O texto faz outra crítica à formulação dos ODM de educação: eles se restringem à educação fundamental. Esse foco, afirma, deixou de lado a educação secundária, negligenciando-a. “Centrar-se em metas de curto prazo, como matrículas no ensino fundamental, pode levar a negligenciar as necessidades de médio prazo de um país, como as matrículas no secundário”, aponta.

O pesquisador sugere quatro mudanças no modo de se lidar com os Objetivos do Milênio e repensar os objetivos até 2015: 1) criar um conjunto de metas variáveis de acordo com as necessidades de cada país, e não baseadas em um conjunto de metas universais; 2) instituir também parâmetros qualitativos para o desenvolvimento; 3) criar parâmetros que levem em conta a dinâmica populacional e a pobreza infantil; e 4) enfatizar programas de longo prazo direcionados a ciência e tecnologia.

Avanço econômico ameaça mangaba em SE

Estudo aponta que expansão de turismo, cana, eucalipto e cultivo de camarão afeta 2.500 famílias em Sergipe, maior produtor da fruta

Embrapa/Divulgação
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MARCELO OSAKABE
da PrimaPagina

A agricultura, o cultivo de camarão e o turismo estão prejudicando a coleta de mangaba no Sergipe — maior produtor do Brasil — e, com isso, afetando cerca de 2.500 famílias que trabalham com a extração da fruta. Essa é uma das conclusões de um estudo realizado pela EMBRAPA, com o apoio do PNUD. Segundo um dos pesquisadores envolvidos com o trabalho, Josué Silva Júnior, da EMBRAPA Tabuleiros Costeiros, essas atividades econômicas estão também destruindo áreas de vegetação nativa.

"São muito poucas as áreas de vegetação nativa no estado, e a mangabeira só existe nessas áreas ou em áreas devastadas, mas que estão em recuperação", afirma. O avanço ocorre nos tabuleiros costeiros (área plana, próxima à costa, em que predomina Mata Atlântica) e na restinga (próxima à praia, com solo arenoso).

O estudo, chamado “Mapa do Extrativismo de Mangaba no Estado de Sergipe”, aponta que na restinga — cuja vegetação é considerada área de preservação permanente pelo Código Florestal — os maiores problemas são o turismo, a especulação imobiliária e as fazendas de camarão. No caso dos tabuleiros, a ameaça é a agricultura, que desde a década de 60, quando se descobriu que a correção do solo e o uso intensivo de fertilizantes tornavam aquela área plana excelente para o plantio, começou a ser utilizada para cana-de-açúcar, eucalipto, coqueiros ou mesmo pastagens.

Silva Júnior estima que, nos últimos três anos, foram desmatados 450 hectares em razão do cultivo de cana-de-açúcar, eucalipto, produção de camarão e avanço imobiliário — 1% da área total de coleta de mangaba.

O foco inicial do levantamento da EMBRAPA era a conservação das áreas naturais de ocorrência da mangabeira. Porém, os pesquisadores perceberam que há uma relação direta entre as áreas que as famílias usavam para a coleta da mangaba e as áreas de cobertura original. "Então nós decidimos mudar de estratégia. Começamos a pensar em meios para fazê-las conservar essas áreas", diz o agrônomo.

Conflitos

Os 38.921 hectares onde as catadoras de mangaba retiram a fruta são manchas esparsas no Mapa do Extrativismo de Mangaba no Estado de Sergipe . Nele, estão demarcadas áreas em que se pode coletar mangaba, outras aonde o acesso é proibido, áreas em que as catadoras precisam pagar um “pedágio” e outras onde elas entram sem permissão.

O levantamento detectou que está ficando mais tensa a relação entre catadoras de mangaba e donos de terra onde ficam as mangabeiras. A crescente importância econômica da fruta, cuja produção nacional vem basicamente do extrativismo, aliada à criação do Movimento das Catadoras de Mangaba, que vem reivindicando acesso irrestrito às áreas de extração, tem feito com que os fazendeiros tomem atitudes que vão desde a proibição do acesso, para que eles mesmo colham a fruta.

Para contornar a situação, a EMBRAPA tem proposto a desapropriação de áreas para fins de reforma agrária ou criação de reservas extrativistas (resex). "Isso [a desapropriação] ainda está num estágio inicial. Estamos tentando organizar as catadoras de forma que elas possam reivindicar ao governo e aos órgãos responsáveis a conservação dos recursos ambientais ", afirma Silva Júnior.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

BARRACO NA PREFEITURA!

O Bombado, fisiculturista vaidoso e destaque carnavalesco de outrora, Mister Barbosa Neto, levou um sopapo, um cruzado nos "corneos" e foi a nocaute nos corredores da Prefeitura.

O repórter Futrica que presenciou a cena nos conta a versão preferida de Antonio Casemiro Belinati(que elegeu o destaque carnavalesco como prefeito), segundo ele, Rubens Caldarelli, filho de Oswaldo Caldarelli, conhecido boleiro e ex-vereador em Londrina, é também um dos que mancomunou-se com Barbosa Neto no antigo programa policial do "Cadeia". Foi "cabo-man" e assessor direto no programa da TV Tropical onde o atual prefeito se sentia uma verdadeira estrela.

A divergência entre os dois decorre do grotesco atropelamento de um dos irmãos de Rubinho, nunca perdoado, que resultou em morte e absoluto descaso com a viúva da vítima.

Rubinho, que foi demitido da assessoria de Sergio Malucelli(dono do Iraty Futebol Club) a pedido de seu "amigo da onça" o Prefeito Alegórico Barbosa Neto, fez questão de "tirar a limpo" essa tempestuosa relação.

Entre outras intrigas, Rubinho tem um irmão que foi demitido da prefeitura e outro que foi precessado(Marcelo) no escândalo do repasse de verbas a vereadores para "acertar" a posse de um terreno no Lago Igapó.

Seguiu bufando para a prefeitura, ao acaso encontrou o filho de Mister Barbosa, já o chamou de filho da outra mãe, já que Ana Laura Lino (Que também responde processo criminal no Miniatério Público Federal e Estadual, pelo envolvimento na Operação Gafanhoto da Assembléia Legislativa do PR) não seria sua verdadeira mãe(meu Deus quanto barraco). O garoto ligou para a "mãe" que como gaúcha e filha de militares, casca grossa, partiu pra cima de Rubinho com insultos e palavrões.

Estupefatos os funcionários morrendo de vergonha estavam apavorados com tamanho barraco! Os palavrões já dominavam os corredores e o chegavam ao gabinete do Prefeito(dizem que ele estava embaixo da mesa) aconselhado por assessores foi tirar satisfação com Rubinho, pronto, aí foi a desgraça.

Rubinho berrou :- Assassino! e ato - contínuo - desferiu um cruzado no "queixo-de-vidro" de Mister Barbosa que deve estar vendo estrelas até agora!

Um direto, no meio da fuça, Barbosa Neto perdeu os sentidos, estatelou-se no chão. Foi um corre-corre danado, paninho com álcool, respiração boca-a-boca, massaginhas, abanação enfim , os primeiros socorros.

A madame recolheu-se ao gabinete e Rubinho, no meio da confusão, se mandou. Ficou mais este exemplo para toda população de Londrina refletir.

Imagem do dia

Guardas municipais de Curitiba em greve
foto: paranaonline

Ciro Gomes desconhece apoio a Beto Richa

O deputado federal Ciro Gomes, candidato à presidência da República pelo PSB, por meio da assessoria dele, em Brasília, afirmou que desconhece que o partido em Curitiba irá apoiar o tucano Beto Richa na disputa pelo Palácio Iguaçu.

O gabinete do presidenciável disse ainda que não tem como checar essa informação porque o presidente nacional do partido, governador Eduardo Campos, está no Canadá desde o final de semana.

As especulações acerca do apoio socialista ao projeto eleitoral do PSDB ocorreram em virtude de o vice-prefeito, Luciano Ducci, do PSB, assumir a prefeitura a partir de abril caso realmente Richa renuncie ao mandato para disputar o governo do estado.

fonte

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Alvaro bate abaixo da medalhinha

Do blog Paçoca com Cebola

O senador Álvaro Dias, em entrevista à rádio Paiquerê de Londrina, deu uma de zagueiro de várzea. Bateu na altura da medalhinha.
Ele disse que a reunião em Curitiba não passou de "um convescote de luxo sem qualquer valor legal". "Eles afrontaram a lei com desonestidade, afastando convencionais proibindo de votar e indo contra o projeto nacional do PSDB. Há um certo deslumbramento de algumas pessoas em prejuizo da candidatura nacional do PSDB a presidência da República", disse Dias. Mas ele garante que não vai abaixar a guarda.

Artigo mostra quem é Henrique Meirelles, indicado por Michel Temer para redigir programa do PMDB

Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, indicado por Michel Temer para redigir o Programa Econômico do PMDB, tem seu histórico e suas relações políticas, submetidos a análise no texto de Michel Chossudovsky, em artigo publicado originalmente pelo 'CMI BRASIL' Centro de Mídia Independente (www.midiaindependente.org). Brasil: Neoliberalismo com um "Rosto humano" (MC) - A posse de Luís Ignácio da Silva (Lula) como Presidente do Brasil é historicamente significativa porque milhões de brasileiros viram no Partido dos Trabalhadores uma genuína alternativa política e económica à agenda dominante (neoliberal) do "livre mercado". A eleição de Lula corporifica a esperança de toda uma nação. Constitui um voto esmagador contra a globalização e o modelo neoliberal, o qual redundou na pobreza em massa e no desemprego em toda a América Latina... (.) - Ironicamente, enquanto aplaudiam a vitória de Lula, ninguém parecia ter percebido que o governo já havia entregue as rédeas da reforma macro-económica à Wall Street e ao FMI. (.) - Ao indicar Henrique Meirelles, o presidente e director-executivo do Boston Fleet, como chefe do Banco Central do país, o governo entregou essencialmente a condução das finanças e da política monetária à Wall Street. O Boston Fleet é o 7º maior banco nos EUA. Após o Citigroup, o Boston Fleet é a segunda maior instituição credora do Brasil. Na reunião de Porto Alegre em fins de Janeiro, por ocasião do Fórum Social Mundial, a postura anti-globalização de Lula foi aplaudida por dezenas de milhares de delegados de todo o mundo. O debate no FSM 2003, verificado menos de dois meses antes da invasão do Iraque, foi efectuado sob a bandeira: "Outro mundo é possível".

Ironicamente, enquanto aplaudiam a vitória de Lula, ninguém — entre os eminentes críticos do "livre comércio" e da globalização conduzida pelas corporações — que tenha falado no FSM 2003 parecia ter percebido que o governo PT do presidente Luís Ignacio da Silva já havia entregue as rédeas da reforma macro-económica à Wall Street e ao FMI.

Enquanto era abraçada em coro por movimentos progressistas de todo o mundo, a administração de Lula estava a ser aplaudida pelos principais protagonistas do modelo neoliberal. Nas palavras de Heinrich Koeller, Managing Director do FMI: Sou entusiasta [em relação à administração Lula]; mas é melhor dizer que estou profundamente impressionado pelo presidente Lula, na verdade, e em particular porque penso que ele tem a credibilidade que muitas vezes falta um pouco a outros líderes, e a credibilidade está em que é sério para trabalhar afincadamente a fim de combinar política orientada para o crescimento com equidade social. Isto é a agenda certa, a direcção certa, o objectivo certo para o Brasil e, para além do Brasil, para a América Latina. Assim, ele definiu a direcção certa. Segundo, penso que o governo, sob a liderança do presidente Lula, demonstrou nos seus primeiros 100 dias que também é impressivo e não apenas de intenções aéreas pois elas funcionam ao longo do processo desta enorme agenda de reformas. Entendo que a reforma das pensões e reforma fiscal é prioritária na agenda e isto é correcto. O terceiro elemento é aquilo que o FMI ouve do presidente Lula e da equipe económica, e é a nossa filosofia, naturalmente, para além do Brasil. (IMF Managing Director Heinrich Koeller, Press conference, 10 April 2003).

LULA INDICA UM FINANCEIRO DE WALL STREET

PARA A DIRECÇÃO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL


Logo no princípio do seu mandato, Lula reassegurou os investidores estrangeiros que "o Brasil não seguirá a vizinha Argentina no default " ( Davos World Economic Forum, January 2003). Mas se esta é a sua intenção, então porque indicou ele para o Banco Central um homem que desempenhou um papel directo (como presidente do Boston Fleet) na ruína argentina e cujo banco estava envolvido em actividades fraudulentas?

Ao indicar Henrique de Campos Meirelles, o presidente e director-executivo do Boston Fleet, como chefe do Banco Central do país, o presidente Luís Ignácio da Silva entregou essencialmente a condução das finanças e da política monetária à Wall Street.

O Boston Fleet é o 7º maior banco nos EUA. Após o Citigroup, o Boston Fleet é a segunda maior instituição credora do Brasil.

O país está numa camisa de força. As posições chave nas finanças e no sistema bancário da administração Lula são detidas por indicados da Wall Street.

O Banco Central está sob o controle do Boston Fleet,

Um antigo executivo senior do Citigroup, sr. Casio Casseb Lima, foi posto como responsável do gigante estatal Banco do Brasil (BB). Cassio Casseb Lima, que trabalhou para as operações do Citigroup no Brasil, foi inicialmente recrutado para o Banco de Boston em 1976 por Henrique Meirelles. Por outras palavras, o cabeça do BB tem ligações pessoais e profissionais com os dois maiores credores comerciais do Brasil: o Citigroup e o Boston Fleet.

A continuidade será mantida. A nova equipe PT no Banco Central é uma cópia a papel químico daquela indicada pelo presidente (cessante) Fernando Henrique Cardoso. O presidente cessante do Banco Central, Armínio Fraga, era um antigo empregado do Quantum Fund (Nova York), de que é proprietário George Soros, o financeiro (e especulador) de Wall Street.

Em estreita ligação com Wall Street e com o FMI, o indicado de Lula para Banco Central do Brasil, Henrique de Campos Meirelles, manteve a orientação política do seu antecessor (que também era um indicado de Wall Street): política monetária dura, medidas generalizadas de austeridade, altas taxas de juro e regime de câmbios externos desregulamentado. Este último encoraja ataques especulativos contra o Real brasileiro e a fuga de capitais, resultando numa dívida externa crescente.

É desnecessário dizer que o programa do FMI no Brasil será dirigido para o desmantelamento final do sistema bancário estatal no qual o novo chefe do Banco do Brasil, um antigo responsável do Citibank, desempenhará sem dúvida um papel crucial.

Não é de admirar que o FMI seja "entusiástico". As principais instituições da administração económica e financeira estão nas mãos dos países credores. Sob estas condições, o neoliberalismo está "vivo e activo": uma agenda macro-económica "alternativa", modelada no espírito de Porto Alegre, é simplesmente impossível.

"COLOCANDO A RAPOSA COMO RESPONSÁVEL PELO AVIÁRIO"

O Boston Fleet era um dos vários bancos e instituições financeiras que especulou contra o Real brasileiro em 1998-99, conduzindo ao espectacular colapso (meltdown) da Bolsa de Valores de São Paulo na "Quarta-feira Negra" 13 de Janeiro de 1999. Estima-se que o BankBoston, o qual posteriormente fundiu-se com o Fleet, tenha ganho uns 4,5 mil milhões de dólares no Brasil no decorrer do Plano Real, principiando com um investimento inicial de US$ 100 milhões. (Latin Finance, 6 August 1998).

Por outras palavras, o Boston Fleet é antes a "causa" do que "a solução" para as desgraças financeiras do país. Indicar o antigo presidente executivo do Boston Fleet a chefia do Banco Central do país é o equivalente a "colocar a raposa como responsável pelo aviário".

A nova equipe económica declarou que se compromete a resolver a crise da dívida do país e conduzir o Brasil rumo à estabilidade financeira. Contudo, as políticas que adoptou provavelmente terão exactamente os efeitos opostos.

REPLICANDO A ARGENTINA

Acontece que o presidente do Banco Central de Lula, Henrique Meirelles, era um firme apoiante do controverso ministro das Finanças da Argentina Domingo Cavallo, que desempenhou um papel chave sob o governo Menem, ao afundar o país numa crise económica e social arraigada.

Segundo Meirelles, numa entrevista de 1998, quando era presidente e director-executivo do Banco de Boston:

O acontecimento mais fundamental [na América Latina] foi o lançamento do plano de estabilização na Argentina [sob Domingo Cavallo]. Foi uma abordagem diferente, no sentido de que não era um controle de preços ou um controle do fluxo de moeda, mas sim um controle da oferta monetária e das finanças governamentais. (Latin Finance, 6 August 1998).

Vale a pena notar que o chamado "controle da oferta monetária", referido por Meirelles, significa essencialmente o congelamento da oferta de crédito aos negócios locais, levando ao colapso da actividade produtiva.

Os resultados, como evidenciado pela ruína da Argentina, foram uma cadeia de bancarrotas, levando à pobreza em massa e ao desemprego. Sob o choque das políticas do ministro das Finanças Cavallo, ao longo da década de 1990, a maior parte bancos nacionais e provinciais de propriedade do Estado, que forneciam crédito à indústria e à agricultura, foi vendida a bancos estrangeiros. O Citibank e o Fleet Bank of Boston foram os receptadores finais destas malfadadas reformas patrocinadas pelo FMI.

"Outrora, bancos nacionais e provinciais de propriedade do governo apoiavam as dívidas da nação. Mas em meados dos anos 90 o governo de Carlos Menem vendeu-os ao Citibank of New York, ao Fleet Bank of Boston e outros operadores estrangeiros. Charles Calomiris, um antigo assessor do Banco Mundial, descreve estas privatizações bancárias como uma "história realmente maravilhosa". Maravilhosa para quem? A Argentina sangrou até 750 milhões de dólares por dia em divisas duras" (The Guardian, 12 August 2001)

Domingo Cavallo foi o arquitecto da "dolarização". Actuando por conta (on behalf) de Wall Street, ele foi o responsável por atar (pegging) o Peso ao dólar americano num sistema de currency board em estilo colonial, o que resultou numa espiral de dívida externa e na ruptura final de todo o sistema monetário.

O sistema de currency board implementado por Cavallo foi promovido activamente pela Wall Street, com o Citigroup e o Fleet Bank na liderança.

Sob um sistema de currency board , a criação de moeda é controlada pelos credores externos. O Banco Central cessa virtualmente de existir. O governo não pode empreender qualquer forma de investimento interno sem a aprovação dos seus credores externos. A US Federal Reserve toma o controle do processo de criação de moeda. O crédito só pode ser concedido a produtores internos pela elevação da dívida externa (denominada em dólar).

ESTELIONATO FINANCEIRO

Quando a crise da Argentina atingiu o seu clímax em 2001, os maiores bancos credores transferiram milhares de milhões de dólares para fora do país. Uma investigação lançada no princípio de 2003 apontou não só para o alegado envolvimento do antigo ministro argentino das Finanças, Domingo Cavallo, mas também para o de vários bancos estrangeiros incluindo o Citibank e o Boston Fleet do qual Henrique Meirelles era presidente e director-executivo.

"Batalhando para ultrapassar uma crise económica profunda, a Argentina [Janeiro de 2002] apontou para a fuga de capitais e evasão fiscal, com a polícia a investigar escritórios de bancos americanos, britânicos e espanhóis e autoridades a pedirem explicações a um ex-presidente acerca das origens da sua fortuna suíça. Afirmações de que até 26 mil milhões de dólares deixaram ilegalmente o país só no último ano estimularam acções da polícia. À tarde a polícia foi ao Citibank, ao Bank Boston [Fleet] e a uma subsidiária do Santander da Espanha. (...) Os vários processos ligados à transferências ilegais de capitais citam, entre outros, o antigo presidente Fernando de la Rua, que se demitiu em 20 de Dezembro [2001]; seu ministro Domingo Cavallo; e Roque Maccarone, que abandonou a chefia do banco central..." (AFP, 18 January 2003).

Os mesmos bancos envolvidos no estelionato financeiro argentino, incluindo o Boston Fleet sob o leme de Henrique Meirelles, estavam também envolvidos em sombrias operações semelhantes de transferências de dinheiro em outros países, inclusive a Federação Russa:

"Até 10 bancos americanos podem ter sido utilizados para desviar da Rússia uma quantia de US$ 15 mil milhões, disseram as fontes, citando investigadores federais. O Fleet Financial Group Inc. e outros bancos estão a ser investigados porque eles têm contas que pertencem ou estão ligadas ao Benex International Co. o qual está no centro de uma alegado esquema de lavagem de dinheiro russo". (Boston Business Journal, 23 September 1999)

AS REFORMAS FINANCEIRAS DO BRASIL

Tudo indica que a agenda oculta de Wall Street é finalmente replicar o cenário argentino e impor a "dolarização" ao Brasil. A preparação do terreno para este desígnio foi estabelecida sob o Plano Real, no início da presidência de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).

Henrique Meirelles, que integrou o PSDB, o partido de FHC, desempenhou um papel chave nos bastidores quanto à preparação do palco para a adopção de reformas financeiras mais fundamentais:

"No início da década de 1990 eu [Meirelles] era membro da direcção da Câmara Americana de Comércio e estava encarregado de fazer um esforço para começar a pressionar (lobbying) por uma mudança da Constituição brasileira. Ao mesmo tempo, era também presidente da Associação Brasileira de Bancos Internacionais e estava encarregado do esforço de abrir o país aos bancos estrangeiros e abrir o fluxo de moeda. Comecei uma vasta campanha de abordagem de pessoas chaves, incluindo jornalistas, políticos, professores e profissionais da publicidade. Quando principiei, toda a gente me dizia que não havia esperança, que o país nunca abriria os seus mercados, que o país deveria proteger as suas indústrias. Durante um par de anos falei com cerca de 120 pessoas representativas. O sector privado estava ferozmente contra a abertura dos mercados, particularmente os banqueiros. (Latin Finance, op cit)

EMENDANDO A CONSTITUIÇÃO

A questão da reforma constitucional era central para os desígnios financeiros de Wall Street. Isto era exigido para levar até ao fim o processo de desregulamentação económica e financeira.

No início da presidência de Fernando Collor de Melo, em 1990, o FMI havia exigido uma emenda à Constituição de 1988. Havia um alvoroço no Congresso Nacional, com o FMI acusado de "grosseira interferência nos assuntos internos do Estado".

Vários artigos da Constituição de 1988 entravavam o caminho para atingir os objectivos orçamentais propostos pelo FMI, os quais estavam sob negociação com a administração Collor. Os objectivos do FMI quanto a despesas não podiam ser alcançados sem um maciço despedimento de empregados do sector público, exigindo uma emenda a uma cláusula da Constituição de 1988 que garantia segurança de emprego para servidores civis federais. Também estava em causa a fórmula de financiamento (estabelecida na Constituição) dos programas nível de estados e municípios a partir de fontes do governo federal. Esta fórmula limitava a capacidade do governo federal para cortar despesas sociais e mudar o destino das receitas para o serviço da dívida.

Bloqueada durante a curta vida da administração Collor, a questão da reforma constitucional foi reintroduzida logo após o impedimento do presidente Collor de Mello. Em Junho de 1993 Fernando Henrique Cardoso, que naquele tempo era ministro das Finanças no governo interino do presidente Itamar Franco, anunciou cortes orçamentais de 50 por cento na educação, saúde e desenvolvimento regional enquanto apontava para a necessidade de revisões na Constituição de 1988.

As exigências do FMI respeitantes à reforma constitucional foram posteriormente incorporadas na plataforma presidencial de Fernando Henrique Cardoso. A desregulamentação do sector bancário era uma componente chave do processo de reforma constitucional, à qual naquele tempo opunha-se o Partido dos Trabalhadores tanto na Câmara como no Senado.

Enquanto isso, Henrique Meirelles, que na altura estava à frente das operações do Banco de Boston na América Latina (com um pé no partido de FHC, o PSDB, e o outro em Wall Street), estava a fazer lobby nos bastidores em favor da reforma constitucional.

"Finalmente alcançámos um acordo que se tornou parte da reforma constitucional. Quando se supunha que a Constituição fosse reformada, em 1993, isto não aconteceu. Não houve votos suficientes. Contudo, depois de Fernando Henrique Cardoso ser empossado, ela foi reformada. Aquele acordo particular pelo qual eu trabalhei era um dos primeiros pontos na Constituição, que foi realmente alterada. Eu [Meirelles] estive pessoalmente envolvido numa mudança que, pensei no fim do dia, significava o começo da abertura dos mercados de capitais brasileiros. No Brasil havia restrições ao fluxo de capitais, à aquisição de bancos brasileiros pelo capital estrangeiro e à abertura de sucursais de bancos internacionais de acordo com a Constituição de 1988, tudo isso impedia o desenvolvimento dos mercados de capitais". (Latin Finance, 6 August 1998).

O PLANO REAL


O Plano Real foi lançado uns poucos meses antes das eleições de Novembro de 1993, enquanto FHC era ministro das Finanças. A ligação fixa (fixed peg) do Real ao dólar americano, sob certos aspectos, emulava o modelo argentino, sem contudo instalar um sistema de currency board .

Sob o Plano Real foi alcançada estabilidade de preços. A estabilidade da divisa era, sob muitos aspectos, fictícia. Era sustentada pelo crescimento da dívida externa.

As reformas conduziram à morte de um grande número de instituições bancárias internas, as quais foram adquiridas por um punhado de bancos estrangeiros sob o programa de privatização lançado sob a presidência FHC (1994-2002).

Um dívida externa galopante precipitou finalmente um crash financeiro em Janeiro de 1999, levando ao colapso do Real (para mais pormenores ver Michel Chossudovsky, The Brazilian Financial Scam, http://www.globalexchange.org/campaigns/brazil/economy/financialScam.html , October 1998. Este artigo foi publicado três meses antes do colapso financeiro de Janeiro de 1999. Ver também Michel Chossudovsky, Brazil's IMF Sponsored Economic Disaster, 12.February 1999, http://www.heise.de/tp/english/special/eco/6373/1.html )

QUE PERSPECTIVAS SOB A PRESIDÊNCIA LULA?


Enquanto o novo governo PT apresenta-se como "uma alternativa" ao neoliberalismo, comprometido com o alívio da pobreza e a redistribuição da riqueza, sua política monetária e fiscal está nas mãos dos seus credores de Wall Street.

Fome Zero, descrito como um programa "para combater a miséria", em grande parte conforma-se às orientações do Banco Mundial acerca "redução da pobreza eficaz em termos de custos". Esta última requer a implementação dos chamados programas "dirigidos" ("targeted") , ao mesmo tempo que corta drasticamente orçamentos do sector social. As directivas do Banco Mundial em saúde e educação exigem redução de despesas sociais tendo em vista cumprir as obrigações do serviço da dívida.

O FMI e o Banco Mundial têm louvado o presidente Luís Ignacio da Silva pelo seu comprometimento com "fortes fundamentos macro-económicos". Tanto quanto preocupa o FMI, o Brasil "está na trilha" em conformidade com os seus padrões de medida. O Banco Mundial também tem elogiado o governo Lula. "O Brasil está a prosseguir um amplo programa social com responsabilidade fiscal".

A LÓGICA CRUEL DO FMI PARA RESGATAR EMPRÉSTIMOS

Os empréstimos do FMI são em grande medida destinados a financiar a fuga do capital. De facto, esta foi a lógica do pacote de empréstimo multibilionário concedido ao Brasil após as eleições de Outubro de 1998 que conduziram à reeleição de FHC para um segundo mandato presidencial: apenas uns poucos meses antes do colapso (meltdown) financeiro de Janeiro de 1999:

As reservas de divisas externas do Brasil caíram de US$ 78 mil milhões em Julho de 1998 para US$ 48 mil milhões em Setembro. E agora o FMI ofereceu-se para "emprestar o dinheiro de volta" ao Brasil no contexto de uma operação de resgate "estilo coreano" a qual finalmente exigirá a emissão de grandes quantias de dívida pública nos países do G-7. As autoridades brasileiras têm insistido em que o país "não está em risco" e que aquilo que estão a procurar é "financiamento preventivo" (e não a "salvação de um perigo" — "bail-out" ) para guarnecer-se contra os "efeitos contagiantes" da crise asiática. Ironicamente, a quantia considerada pelo FMI (US$ 30 mil milhões) é exactamente igual ao dinheiro "retirado" ("taken out") do país (durante um período de 3 meses) sob a forma de fuga de capitais. Mas o banco central não será capaz de utilizar o empréstimo do FMI para tornar a encher as suas reservas de divisas duras. O dinheiro do bail-out (incluindo uma grande parte dos US$ 18 mil milhões da contribuição americana para o FMI aprovada pelo Congresso em Outubro) está destinado a permitir que o Brasil cumpra as actuais obrigações do serviço da dívida — ou seja, reembolsar os especuladores. O dinheiro do bail-out nunca entrará no Brasil. (Ver Michel Chossudovsky, The Brazilian Financial Scam, op cit.)

A mesma lógica fundamenta o empréstimo cautelar de US$ 31,4 mil milhões concedido pelo FMI em Setembro de 2002, apenas um par de meses antes das eleições presidenciais. (Ver IMF Approves US$30.4 Billion Stand-By Credit for Brazil at http://www.imf.org/external/np/sec/pr/2002/pr0240.htm ) Este empréstimo do FMI constitui "uma rede de segurança social" para especuladores institucionais e investidores de curto prazo (hot money) .

O FMI despeja milhares de milhões de dólares para dentro do Banco Central, as reservas de divisas externas são reabastecidas com dinheiro emprestado. O empréstimo do FMI é garantido sob a condição de que o Banco Central mantenha um mercado de divisas externas desregulamentado a par de taxas de juros internas em níveis muito altos.

Os assim chamados "investidores externos" são capazes de transferir (em dólares) os rendimentos dos seus "investimentos" em dívidas internas a curto prazo (a taxas de juro muito elevadas) para fora do país. Por outras palavras, as reservas de divisas externas emprestadas do FMI são reapropriadas pelos credores externos do Brasil.

Devemos entender a história das sucessivas crises financeiras no Brasil. Com credores de Wall Street como responsáveis, os níveis da dívida externa continuaram a ascender. O FMI tem vindo "resgatar" com novos empréstimos em dólares multibilionários, os quais são sempre condicionados à adopção de medidas de austeridade abrangentes e à privatização de activos do Estado. A principal diferença é que este processo está agora a ser empreeendido sob um presidente que apregoa opor-se ao neoliberalismo.

Deve-se notar, contudo, que o novo multibilionário "empréstimo preventivo" do FMI concedido em Setembro de 2002 foi negociado por FHC, uns poucos meses antes das eleições. O empréstimo do FMI e as condicionalidades ligadas ao mesmo preparam o cenário para uma dívida externa galopante durante o mandato presidencial de Lula. (Ver Brazil — Letter of Intent, Memorandum of Economic Policies, and Technical Memorandum of Understanding, at http://www.imf.org/external/np/loi/2002/bra/04/index.htm#mep , Brasília, August 29, 2002.)

DOLARIZAÇÃO

Com o Banco Central e o Ministério das Finanças sob o controle da elite de Wall Street, este processo no fim das contas levará o Brasil a uma outra crise financeira e cambial. Enquanto a lógica subjacente é semelhante, baseada nas mesmas manipulações financeiras tal como em 1998-99, com toda a probabilidade será muito mais sério do que o colapso de Janeiro de 1999.

Por outras palavras, as políticas macro-económicas adoptadas pelo presidente Luís Ignácio da Silva podem bem resultar, no futuro previsível, em default da dívida e na morte da divisa do país, levando o Brasil ladeira abaixo para a "dolarização". Um sistema de currency board , semelhante àquele da Argentina, poderia ser imposto. O que isto significa é que o dólar americano tornar-se-ia a divisa de substituição (proxy currency) . Isto representa a perda da soberania económica do país. O seu Banco Central está defunto. Tal como no caso da Argentina, a política monetária seria decidida pelo US Federal Reserve System.

Apesar de oficialmente não fazer parte das negociações do Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA), a adopção do dólar americano como a divisa comum para o Hemisfério Ocidental está a ser discutida por trás de portas fechadas em Wall Street a fim de estender o seu controle por todo o hemisfério, acabando por deslocar ou apoderar-se das instituições bancárias internas remanescentes (inclusive aquelas do Brasil).

A nota verde já foi imposta a cinco países latino-americanos, incluindo Equador, Argentina, Panamá, El Salvador e Guatemala. As consequências económicas e sociais da "dolarização" têm sido devastadoras. Nestes países, Wall Street e o sistema da US Federal Reserve controlam directamente a política monetária.

O governo PT do Brasil deveria retirar as lições da Argentina, onde os remédios económicos do FMI desempenharam um papel chave na precipitação do país numa arraigada crise económica e social.

A menos que a actual direcção da política monetária seja revertida, a tendência no Brasil é rumar para o "cenário da Argentina", com devastadoras consequências económicas e sociais.

"UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL"?

Que espécie de "Alternativa" é possível quando um governo comprometido a "combater o neoliberalismo" torna-se um firme apoiante do "livre comércio" e dos "remédios económicos fortes"?

Abaixo da superfície e por trás da retórica política do Partido dos Trabalhadores, sob Lula a agenda neoliberal permanece funcionalmente intacta.

Os movimentos de base que conduziram Lula ao poder foram traídos. E os intelectuais brasileiros "progressistas" dentro do círculo próximo de Lula arcam com um pesado fardo de responsabilidade neste processo. E o que faz esta "acomodação da esquerda" é no fim das contas reforçar o domínio da elite financeira de Wall Street sobre o Estado brasileiro.

"Um outro mundo" não pode ser baseado em slogans políticos vazios. Nem resultará de uma mudança de "paradigmas" que não sejam acompanhados por mudanças reais nas relações de poder dentro da sociedade brasileira, dentro do sistema estatal e dentro da economia nacional.

Mudanças significativas não podem resultar de um debate acerca de "uma alternativa ao neoliberalismo" que acima da superfície parece ser "progressista", mas que tacitamente aceita o direito legítimo dos "globalizadores" a dominar e pilhar o mundo em desenvolvimento.

Copyright Michel Chossudovsky 2003. For fair use only/ pour usage équitable seulement .

[*] Professor de Económicas na Universidade de Ottawa; Director do Centre for Research on Globalisation ; autor de "A globalização da pobreza" (traduzido em 11 línguas) e de "Guerra e globalização: A verdade por trás do 11 de Setembro".

Guardas municipais deflagram greve

Os guardas municipais de Curitiba iniciaram a greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (22), mesmo com a liminar da Justiça proibindo a paralisação.

Para marcar o início da greve, aproximadamente 600 guardas fizeram um protesto na manhã de hoje na Praça Tiradentes. Com apitos, carros de som e faixas, os manifestantes também pediram a saída do secretário municipal da Defesa Social, Itamar dos Santos.

A principal reivindicação dos trabalhadores diz respeito ao piso salarial: atualmente o salário é de R$ 410,00. A categoria exige R$ 1,3 mil, correspondente ao salário base mais 50% de gratificação.A paralisação da categoria havia sido proibida pela Justiça na última sexta-feira (19). Em seu despacho, o juiz Roger Vinicius Pires de Camargo Oliveira, da 3ª Vara da Fazenda Pública, considerou o serviço essencial e determinou a manutenção integral das atividades de todos os guardas municipais.

Em caso de descumprimento, o juiz estipulou multa diária de R$ 10 mil ao Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) e autorizou o desconto de salários e vantagens funcionais relativos aos dias em que houver paralisação. O sindicato anunciou que vai entrar com recurso contra a decisão.

A greve foi deflagrada de acordo com a lei, que estipula que 30% do efetivo de 1.750 guardas permaneçam no cumprimento das funções. Ainda não há um levantamento oficial sobre a paralisação e quais serviços serão prejudicados.

Álvado Dias: Por que não irei à reunião do PSDB em Curitiba

“A decisão a ser tomada na segunda-feira (22) não surtirá qualquer efeito legal junto ao TRE, sendo que a escolha do candidato só ocorrerá na convenção (em junho).” (Dr. Rogério de Assis, juiz da 21a. Vara Cível de Curitiba)

RAZÕES LEGAIS
Até pensei em ficar calado. Não devo em respeito aos que me indagam e até me desejam sorte na reunião do diretório do PSDB-PR, convocado para escolher o candidato ao Governo do Estado, “ad referendum” da Convenção Estadual. Não, não irei . A chamada “pré-convenção” que se realiza amanhã em Curitiba, com a ausência da maioria dos convencionais , proibidos de opinar sobre os destinos do seu partido nas eleições deste ano, é absolutamente ilegal e não surtirá qualquer efeito, como sentencia o Dr. Rogério de Assis. A reunião afronta a legislação ao desrespeitar o calendário eleitoral estabelecido. Se combato a ilegal antecipação da campanha eleitoral, como poderia compactuar com essa ilegalidade?

RAZÕES POLÍTICAS
Há também inquestionáveis razões de natureza política. O colégio eleitoral constituído para a ilegal escolha é um prêmio à desonestidade política. Muitos sabemos em que circunstâncias e de que forma foi eleito o atual diretório. Com quais condições teve seu mandato prorrogado em agosto passado. Uma delas: “A escolha do candidato se daria por pesquisa de opinião pública com aval da direção nacional”. Outra: “O comando partidário deixaria de ser comitê eleitoral de um só candidato”. Nenhuma delas foi respeitada. Agora o mais grave: a escolha por esse processo espúrio subtrai os direitos dos convencionais não convidados e sobretudo da candidatura concorrente .

AS CONSEQUÊNCIAS
A imposição do nome do prefeito Beto Richa, de forma antecipada e ilegal, arma o palanque adversário.
a) A Prefeitura de Curitiba passa para as mãos do PSB, do candidato à presidência Ciro Gomes.
b) O palanque de Dilma Rousseff passa a existir com a força da candidatura de Osmar Dias.
c) O PMDB certamente passará a ser a oportunidade desperdiçada.
d) O PSBD reduzirá expressivamente sua bancada de eleitos para a Assembléia e Câmara dos Deputados.
e) A renúncia do prefeito, sem cumprir os compromissos com a população de Curitiba, é afronta que redundará em desgaste irreversível
f) O partido passa a percorrer itinerário de dificuldades para a imprevisível conquista do Governo Estadual. A primeira perda é a da prefeitura de Curitiba, depois pode vir a do governo estadual.

CONCLUSÃO
Não estou me posicionando contra quem quer que seja dos meus companheiros. Estou a favor de um projeto de Nação que é a prioridade do povo e responsabilidade nossa também. As eventuais e legítimas ambições pessoais devem ficar à margem. O que vale mesmo é o interesse coletivo. Devemos buscar a estratégia que mais nos aproxime da vitória e não dela nos distancie como alguns querem, ignorando a importância do projeto nacional. O Partido é nossa ferramenta de luta e o Paraná e o Brasil devem ser as razões de nossas preocupações. Nunca me omiti nos momentos mais importantes da história política contemporânea. Na luta pela redemocratização, no combate à corrupção, na defesa da Anistia e da Constituinte, das eleições diretas, etc. A omissão não é boa companheira, por isso assumo a responsabilidade pelas consequências de minhas atitudes. Aliás, é bom que cada um assuma a sua responsabilidade pelas consequências inevitáveis da imprudência.

Ilhas Malvinas, colonialismo e soberania

Por Gilson Caroni Filho - do Rio de Janeiro

A política internacional costuma ser uma estranha combinação de
dramaticidade e de tédio, deslocando-se de uma excitante promessa de
mudança para uma triste perspectiva de monotonia. De forma recorrente,
trafega-se de conhecidas petições sobre “sinceros desejos de uma nova
ordem mundial sustentável" para reiterações de hegemonismos e Destinos
Manifestos. Enquanto analistas buscam fornecer conceitos atualizados
de Estado e soberania, a realidade continua sendo moldada pelo antigo
conceito de imperialismo: aquele que era definido como expressão de
uma fase monopolista do capital.

A decisão do governo britânico de explorar petróleo e gás nas Ilhas
Malvinas, reavivando tensões entre a Argentina e o Reino Unido, 28
anos depois da guerra travada entre os dois países por esse
arquipélago do Atlântico Sul, reafirma o léxico colonialista que faz
tábua rasa das resoluções da ONU. A conhecida virulência do antigo
império, sempre amparado no apoio dos Estados Unidos, não afronta
apenas o povo argentino. Para além das fortes evidências de uma rica
província de hidrocarbonetos na região, o que está em xeque é a
soberania da América Latina. Elaborar estratégia para suas riquezas
energéticas, como o pré-sal brasileiro, é imperativo e inadiável.

Como denunciou a presidente Cristina Kirchner, “não é aceitável que as
regras do mundo não sejam iguais para todos. As Nações Unidas podem
tomar medidas, inclusive de força, contra países que não cumprem
certas normas, mas quando são os poderosos que não as cumprem, nada
acontece. A permanência de um enclave colonial não tem sentido".
Afirmar que tudo não passa de “um assunto de política interna tanto
para Cristina quanto para Gordon Brown" é jogar cortina de fumaça
sobre questões mais profundas. Trata-se de, agindo com má-fé,
estabelecer paralelos equivocados entre o passado e o presente.

Se, em 1982, o desespero foi o conselheiro que inspirou a ditadura
militar a um salto no vazio, isto é, a ocupação das Malvinas, o que
hoje move o governo argentino é a preservação de um espaço político
soberano. Não há um general Galtieri tentando abrir um caminho para
escapar do beco sem saída, mas uma presidente eleita reivindicando
legítimos direitos nacionais. Um país renascido diante da recuperação
de suas liberdades e consciente da importância da autodeterminação.

Não há solução de "meio-termo" quando a ofensiva imperialista não
esconde mais seus objetivos. O golpe em Honduras, a ofensiva dos
grandes proprietários na Argentina, a ação desestabilizadora da
direita paraguaia, e as bases militares na Colômbia e no Panamá são
fatos por demais suficientes para afastar a perigosa inércia
analítica. Aquela que ignora, entre outras coisas, a crescente
militarização das relações dos Estados Unidos com a América Latina.

As Ilhas Malvinas e suas adjacências são argentinas. Devem ser
descolonizadas e reintegradas ao país. Têm que ser liberadas da
ocupação estrangeira que se propõe a explorar suas riquezas e,
provavelmente, instalar bases militares apontando para toda a América
Latina e seu projeto de integração regional.

A luta deve prosseguir no plano político, diplomático, e em todos os
terrenos apropriados, até a definitiva recuperação do arquipélago. È
preciso afrontar todas as responsabilidades exigidas para o
cumprimento de um programa de ação democrática e antiimperialista.

Não nos iludamos. Os piratas ingleses fazem parte de uma missão
precursora no Atlântico Sul. A gravidade da situação obriga a
coordenação no esforço de todos os partidos democráticos e populares
para uma ação em conjunto com as correntes militares dispostas a não
abdicar na luta contra o colonialismo.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades
Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta
Maior e colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Acesso a água alivia carga horária feminina

Com fonte de recurso próxima de casa, mulher perde menos tempo buscando água e dedica-se a outras atividades, remuneradas ou não

Governo do Piauí/Divulgação
Leia mais
Íntegra do estudo do IPC-IG

Resumo
MARCELO OSAKABE
da PrimaPagina

A oferta de serviços públicos básicos pode ajudar a diminuir a carga de trabalho das mulheres, ainda que não necessariamente implique melhoria de renda, aponta um artigo divulgado pelo CIP-IG (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro. Baseado em extensa pesquisa sobre a rotina em lares no Gana, país do oeste da África, o paper indica que o acesso a água encanada e diminui o tempo gasto pelas mulheres em afazeres domésticos e as libera para outras atividades — nem sempre remuneradas como (lazer e estudos, por exemplo).

Intitulado Oferta de água da Gana rural: as mulheres se beneficiam? , o texto parte de um estudando de 11 meses sobre a rotina de trabalho de 3.799 lares da zona rural de Gana. Os dados mostram que, nas comunidades que têm acesso a água, as mulheres passam menos tempo em trabalhos domésticos, e as que já exercem tarefa remunerada dedicam mais horas para isso.

Não é difícil entender a razão disso. Os autores do estudo — Joana Costa, Degol Hailu, Elydia Silva e Raquel Tsukada, todos do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo — observam que em sociedades tradicionais cabe às mulheres cuidar da casa, dos filhos e de outros membros da família. E tarefas como buscar água em locais distantes, carregá-la e torná-la potável são parte considerável desse esforço. Nos lares pesquisados, 66% das mulheres fazem isso, muitas das quais despendem até 15 horas semanais com essa atividade — contra 16,5% dos homens. A dupla jornada de trabalho (atividades domésticas e remuneradas) somava pelo menos 84 horas semanais (12 horas diárias) de 37% das mulheres analisadas no estudo — metade delas trabalhava mais de 112 horas por semana (16 horas diárias).

O estudo verificou que o acesso mais fácil à água reduz o fardo doméstico e, portanto, o total de horas trabalhadas. Ao mesmo tempo, as mulheres que já exercem atividade remunerada fazem isso por mais tempo. No entanto, a oferta do benefício não aumenta a proporção de mulheres trabalhando.

“O total de horas trabalhadas pelas mulheres é menor nas comunidades com acesso a água, e menor para as que moram perto de uma fonte de água. Logo, ter acesso a água pode reduzir a carga de trabalho das mulheres. Isso não implica, todavia, que o tempo que as mulheres economizam coletando água seja direcionado a atividades remuneradas”, constatam os autores. “Para atingir essa meta, são necessárias políticas públicas adicionais, especialmente políticas relacionadas a incremento do capital humano e oferta de creches”.

A versão mais ampla do estudo também avalia o impacto do acesso a eletricidade. Esse benefício aumenta as horas dedicadas a serviços remunerados, em especial para aquelas que já participam do mercado de trabalho. Nesse caso, o fato de a luz elétrica poder alongar o dia de trabalho também contribui para a mudança.