As políticas públicas para promoção de valores importantes para o desenvolvimento devem incluir as pessoas — não só como alvo, mas também como participantes na elaboração e na implantação dessas ações, afirma a versão inicial do terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2009/2010, publicada nesta terça-feira pelo PNUD.
Intitulado “Políticas de Valor”, o estudo defende a adoção de estratégias “com o cidadão”, não apenas para ele. O texto propõe “processos de formação de políticas nos quais os indivíduos possam ver estimuladas suas habilidades de participação ativa e autônoma na construção das soluções”.
Essa participação é importante porque estimula as pessoas a traçarem metas e se esforçarem para obtê-los, como parte de suas aspirações e da liberdade que têm para realizar seus objetivos. A eficiência dos programas também tende a aumentar, pois os técnicos e os governantes têm conhecimento limitado sobre as condições do momento da implementação das políticas. “Somente uma política com o cidadão pode chegar a processos decisórios que levem em conta obstáculos, interesses e realidades diversas”, diz o relatório.
Além disso, o estudo destaca que “a participação das pessoas é importante para o entendimento de conflitos, aparentemente insolúveis, decorrentes de interesses locais, que muitas vezes entravam os planos de desenvolvimento e que somente o diálogo pode resolver”.
Assim, ao contrário do que ocorre em relatórios desse tipo, o leque de recomendações não é voltado apenas a governos. O caderno também apresenta propostas para famílias, escolas e no trabalho. O objetivo é discutir as melhores soluções para promover valores de vida na sociedade e, assim, contribuir para a redução da violência e a melhoria da educação — as duas maiores prioridades dos brasileiros, como apontou a pesquisa Brasil Ponto a Ponto, abordada no primeiro caderno do relatório.
Para as famílias (entendidas como redes de cuidado e afeto, não necessariamente uma estrutura formada por pai, mãe e filhos), o estudo propõe a reorganização do tempo e do espaço, para gerar mais chances de que haja vivências que criem valores. “A políticas com as famílias devem oferecer suporte a elas para que seus membros se sintam mais capazes de estimular o diálogo, a criticidade, a escuta ativa e o respeito mútuo”, sugere o documento.
Nas escolas, o desafio principal é melhorar a convivência — dentro da instituição de ensino e entre professores e pais de alunos. Entre as recomendações nesse sentido estão o aumento do envolvimento dos estudantes na formulação de atividades e projetos, a abertura da escola para a comunidade, o incentivo a práticas esportivas e da leitura. “A tarefa de humanização das escolas através do estímulo a práticas e experiências de valor está longe de ser uma panaceia aos desafios da educação básica no país. Mas pode ser uma ajuda e uma contribuição à ambição da busca por justiça social através da educação”.
Para os governos, a tarefa mais importante, segundo o texto, é o investimento em espaços públicos que propiciem experiências que geram valores — como parquinhos em escolas infantis, projetos habitacionais que privilegiem a sociabilidade e projetos de transporte que facilitem a circulação das pessoas.
No trabalho, um dos objetivos deve ser incentivar a cooperação, defende o relatório. “as práticas de gestão têm de ir “além das metas de produtividade e do controle do absenteísmo, ocupando-se de políticas que possibilitem a criação de mecanismos de mobilização e participação, resgatando assim, o valor humano do trabalho para melhoria da qualidade de vida da sociedade”.
é o bóia!
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