Esse estranho do título é ambíguo: pode ser um moreno alto, bonito e sensual (o encontro com o amor) ou aquele senhor da foice que ninguém quer encontrar (a morte). Na coletiva de imprensa, o UOL Cinema perguntou a Allen: como anda sua relação com a morte? Ele lançou uma de suas grandes tiradas: “Minha relação com a morte continua a mesma: sou radicalmente contra”, respondeu, arrancando risos e aplausos. Gostaria de chegar aos 101 anos, como Manoel (de Oliveira)? “Não, de jeito nenhum. Pelo menos não babando e doente num hospital. Mas se for para chegar como Manoel, cheio de saúde, claro que sim”.
Não envelheçam
Hoje com 74 anos, Allen não esconde de ninguém que odeia a velhice – durante a entrevista, ele não conseguia se lembrar de alguns nomes de personagens e atores com quem trabalhou em outros filmes e culpou-a pela perda da memória. “Envelhecer é um péssimo negócio. Você não fica mais sábio, nem mais amável, nada. Aconselho vocês a não fazerem isso”, brincou. “É muito melhor ser jovem e conquistar a garota. Vocês não sabem como é frustrante fazer todos esses filmes com Scarlet Johansson e Naomi Watts e não poder beijá-las. Os atores olham pra trás das câmeras e comentam: tá vendo aquele velhinho ali? É o diretor.”
Assim como em “Poderosa Afrodite” e “Tudo Pode Dar Certo”, em cartaz no Brasil, “You Will Meet a Tall Dark Stranger” traz um homem de mais de 60 (Anthony Hopkins) que se apaixona por uma moça bem mais jovem, uma garota de programa (Lucy Punch). Sua ex-mulher (Gemma Jones) consulta o tempo todo uma clarividente que lhe diz coisas sobre o futuro. A filha (Naomi Watts) vive um casamento instável com um escritor frustrado (Josh Brolin) e começa a se envolver com seu chefe, um marchand de arte (Antonio Banderas).
O medo da morte, o plágio de uma obra, os casais que se juntam e se separam, um toque de misticismo ou magia – todos os elementos da filmografia de Woody Allen estão lá, condensados de uma nova maneira e sempre interessantes.
Filme-terapia
Naomi Watts arrumou uma boa maneira de dizer que aprendeu muito com Woody Allen no set: “Eu deveria ter pago você por ter sido meu terapeuta durante esse trabalho”, disse a ele.
Josh Brolin já havia feito uma participação em “Melinda e Melinda”, mas Allen decidiu chamá-lo de novo depois de vê-lo como George W. Bush em “W”, que o diretor considera uma das melhores performances que já viu no cinema. “Woody não fala muito no set, e isso pode ser assustador. Uma expressão de decepção no rosto dele e já ficamos aterrorizados. Acho que preferia que ele gritasse comigo”, brincou.
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