terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Não mexerei um palito pela blogueira cubana, diz Fernando Morais

Não mexerei um palito pela blogueira cubana, diz Fernando Morais.

No Fórum Social, jornalista e escritor especialista em Cuba diz que ajudar Yoani Sánchez é ficar contra revolução. Segundo ele, conquistas sociais do regime importam mais que liberdade para criticar, o que só interessa ao ‘inimigo’ EUA. Cético com política externa americana, Morais não vê chance de distensão entre Cuba e EUA sob Obama, pois não haveria diferença entre democratas e republicanos. Dilma vai a Cuba segunda.

carta maior

Porto Alegre – Jornalista e escritor, e portanto defensor e dependente da liberdade de expressão, Fernando Morais, reconhecido especialista em Cuba, não pretende se envolver no caso da blogueira cubana Yoani Sánchez, cuja tentativa de vir ao Brasil virou notícia nestes dias que antecedem viagem da presidenta Dilma Rousseff à ilha de Fidel Castro.

Morais quer distância do assunto por um motivo simples: política. Amigo da revolução castrista, cujo saldo considera positivo ao povo de lá, o escritor acredita que críticas públicas ao país – e ele diz que também teria razões para criticar – só “ajudaria o inimigo”, os Estados Unidos e seu bloqueio à ilha. Yoani discorda do regime e o critica via blog. Para Morais, ajudá-la é ficar contra a revolução.

“Sou defensor da liberdade de expressão. Mas, em primeiro lugar, defendo o direito de 11 milhões de cubanos que estão sendo espezinhados pelos americanos”, afirmou o escritor nesta sexta-feira (27), durante um debate sobre livro que lançou no segundo semestre de 2011 sobre a prisão e a condenação de cinco cubanos nos Estados Unidos, chamado “Os últimos soldados da guerra fria”.

“Em nome das minhas convicções, não posso apoiar uma moça que vem dedicando a vida a combater a revolução”, disse Morais no debate, que fez parte das atividades do Fórum Social Temático, grande encontro de esquerda. “Eu não vou mexer um palito para que essa moça venha ao Brasil.”

Quando começou a correr a notícia de que Dilma irá a Cuba – será na próxima segunda-feira (30), a primeira viagem internacional da presidenta em 2012 -, Yoani anunciou no Twitter que queria um visto brasileiro, para vir ao país. Depois, escreveu uma carta a Dilma com o mesmo pedido.

Com dificuldade para obter visto no governo Lula, a blogueira teve mais sorte agora. Quarta-feira (25), o ministério das Relações Exteriores informou que daria um visto especial de 90 dias para ela. Mas ela ainda precisa de autorização do governo cubano para deixar o país, e Morais, que tem contato com as autoridades de lá, não pretende interceder a favor dela.

Para ele, apesar do tipo de crítica que Yoani faz – a falta de liberdade é a principal -, o saldo da revolução cubana não justificaria tentar derrubar o regime. No debate, o escritor disse que não se vê crianças pedindo desnutrição infantil por lá, a taxa de mortalidade infantil é metade da vista nos EUA.

Tudo isso foi conquistado, lembrou, apesar do bloqueio norte-americano, que atrapalha o desenvolvimento cubano. O boicote começou nos anos 60 e foi reforçado nos anos 90 no governo do ex-presidente Bill Clinton, que pertencia ao Partido Democrata, em tese, mais à esquerda, dentro daquilo que pode ser considerado “esquerda” nos EUA.

“Já perdi a inocência com os Estados Unidos. Na política externa, não faz a menor diferença se é democrata ou republicano”, afirmou Morais. “Quem meteu os americanos nas piores aventuras externas foram os democratas. E quem tirou, foram os republicanos”, completou o escritor.

Para Morais, governo Obama “não mudou absolutamente nada” na política externa americana, apesar da expectativa inicial que foi criada. Por isso, ele não acredita que haja qualquer distensão na relação entre Cuba e EUA sob o comando do atual candidato à reeleição.

Yoani Sánchez: blogueira ou mercenária?

Por Altamiro Borges

Nas vésperas da visita da presidenta Dilma Rousseff a Cuba, a mídia colonizada tem feito grande alarde em torno do nome da blogueira cubana Yoani Sánchez. Ela é apresentada como uma “jornalista independente”, que mantém um blog com milhões de acessos e que enfrenta, com muitas dificuldades materiais, a “tirania comunista”, que a persegue e censura.

Na busca pelo holofote midiático, líderes demotucanos e, lamentavelmente, o senador petista Eduardo Suplicy têm posado de defensores da blogueira. Eles se juntaram para pressionar o governo a conceder visto para que Yoani venha ao Brasil assistir a pré-estréia do filme “Conexões Cuba-Honduras”, do documentarista Dado Galvão – que, por mera coincidência, é membro-convidado e articulista do Instituto Millenium, o antro da direita que reúne os barões da mídia nativa.

A falsa “jornalista independente”

Mas, afinal, quem é Yoani Sánchez? Em primeiro lugar, ela não tem nada de “jornalista independente”. Seus vínculos com o governo dos EUA, que mantém um “escritório de interesses” em Havana (Sina), são amplamente conhecidos. O Wikileaks já vazou 11 documentos da diplomacia ianque que registram as reuniões da “dissidente” com os “agentes” da Sina desde 2008.

Num deles, datado de 9 de abril de 2009, o chefe da Sina, Jonathan Farrar, escreveu ao Departamento de Estado: “Pensamos que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode desempenhar papel a longo prazo em Cuba pós-Castro”. Ele ainda aconselha o governo dos EUA a aumentar os subsídios financeiros à blogueira “independente”.

Subsídios e “prêmios” internacionais

Anualmente, o Departamento de Estado destina cerca de 20 milhões de dólares para incentivar a subversão contra o governo cubano. Nos últimos anos, boa parte deste “subsídio” é usada para apoiar “líderes” nas redes sociais. A própria blogueira já confessou que recebe ajuda. “Os Estados Unidos desejam uma mudança em Cuba, é o que eu desejo também”, tentou justificar numa entrevista ao jornalista francês Salim Lamrani.

Neste sentido, não dá para afirmar que Yoani Sánchez padece de enormes dificuldades na ilha – outra mentira difundida pela mídia colonizada. Pelo contrário, ela é uma privilegiada num país com tantas dificuldades econômicas. Além do subsídio do império, a blogueira também recebe fortunas de prêmios internacionais que lhe são concedidos por entidades internacionais declaradamente anticubanas. Nos últimos três anos, ela foi agraciada com US$ 200 mil dólares de instituições do exterior.

O falso prestígio da blogueira

Na maioria, os prêmios são concedidos com a justificativa de que Yoani é uma das blogueiras mais famosas do planeta, com milhões de acesso, e uma “intelectual” de prestígio. Outra bravata divulgada pela mídia colonizada. Uma rápida pesquisa no Alexa, que ranqueia a internet no mundo, confirma que seu blog não é tão influente assim, apesar da sua farta publicidade na mídia e dos enormes recursos técnicos de que dispõe – inclusive com a estranha tradução “voluntária” para 21 idiomas.

Quanto ao título de “intelectual” e principal dissidente de Cuba, a própria Sina realizou pesquisa que desmonta a tese usada para projetar a blogueira. Ela constatou que o opositor mais conhecido na ilha é o sanguinário terrorista Pousada Carriles. Yoani só é citada por 2% dos entrevistados – ela é uma desconhecida, uma falsa líder, abanada com propósitos sinistros.

O “ciberbestiário” de Yoani Sánchez

A “ilustre” blogueira, inclusive, é motivo de chacota pelas besteiras que publica e declara em entrevistas à mídia estrangeira. Vale citar algumas que já compõem o “ciberbestiário” de Yoani Sánchez:

- [Sobre a Lei de Ajuste Cubano, imposta pelos EUA para desestabilizar a economia cubana, ela afirmou que não prejudica o povo] porque nossas relações são fortes. Se joga o beisebol em Cuba como nos Estados Unidos;

- Privatizar, não gosto do termo porque tem uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.

- Não diria que [os chefões da máfia anticubana de Miami, sic] são inimigos da pátria;

- Estas pessoas que são favoráveis às sanções econômicas [dos EUA contra Cuba] não são anticubanas. Penso que defendem Cuba segundo seus próprios critérios;

- [A luta pela libertação dos cinco presos nos Estados Unidos] não é um tema que interessa à população. É propaganda política;

- [A ação terrorista de Posada Carriles contra Cuba] é um tema político que as pessoas não estão interessadas. É uma cortina de fumaça;

- [Mas os EUA já invadiram Cuba, pergunta o jornalista] Quando?;

- O regime [de Fulgencio Batista, que assassinou 20 mil cubanos] era uma ditadura, mas havia liberdade de imprensa plural e aberta;

- Cuba é uma ilha sui generis. Podemos criar um capitalismo sui generis.

Mentiras sobre censura e perseguição

Por último, vale rechaçar a mentira midiática de que Yoani Sánchez é censurada e perseguida em Cuba. Participei no final de novembro de um seminário internacional sobre “mídias alternativas e as redes sociais” em Havana e acessei facilmente o seu blog. Segundo o governo cubano, nunca houve qualquer tipo de bloqueio à página da “jornalista independente”.

Quanto às perseguições sofridas, Yoani Sánchez tem se mostrado uma mentirosa compulsiva e cínica. Em 6 de novembro de 2009, ela afirmou à imprensa internacional que havia sido presa e espancada pela polícia em Havana, “numa tarde de golpes, gritos e insultos”. Em 8 de novembro, ela recebeu jornalistas em sua casa para mostrar as marcas das agressões. “Mas ela não tinha hematomas, marcas ou cicatrizes”, afirmou, surpreso, o correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.

O diário La República, da Espanha, publicou um vídeo com testemunhos dos médicos que atenderam Yoani um dia após a suposta agressão. Os três especialistas disseram que ela não tinha nenhuma marca de violência. Diante dos questionamentos, ela prometeu apresentar fotos e vídeos sobre os ataques. Mas até hoje não apresentou qualquer prova.

Dilma chega a Cuba e é destaque de primeira página do Granma

Jornal oficial do Partido Comunista de Cuba noticia presença de Dilma Rousseff na ilha para encontro com Raúl Castro e traz biografia dela. Presidenta chega a Havana sem dar declarações, para agenda nesta terça (31). Trajeto aeroporto-hotel é repleto de propaganda nacionalista e ideológica, característica do regime.

carta maior

Havana – A visita oficial da presidenta Dilma Rousseff a Cuba foi destaque na primeira página da edição desta segunda-feira (30) do jornal Granma, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba. Referindo-se a ela como “presidenta”, no feminino, como Dilma quer ser chamada mas não costuma sê-lo pela imprensa brasileira, o Granma noticiou o encontro que a presidenta terá com o “General de Exército Raúl Castro Ruz”, líder do governo cubano.

Numa página interna, traz a biografia de Dilma, com registro para a participação dela no combate à ditadura militar, os três anos em que esteve presa - sem menção a torturas - e os cargos que ocupou na prefeitura de Porto Alegre, no governo gaúcho e na gestão Lula, até ser eleita a primeira mulher presidenta do Brasil.

Dilma chegou por volta das 17h desta segunda-feira (30) a Havana, cidade que está três horas atrás do fuso oficial brasileiro (hora de Brasília). Ela pousou no aeroporto internacional que leva o nome de um grandes heróis da independência cubana, José Martí, cujo memorial Dilma visitará nesta terça-feira (31), no primeiro compromisso oficial em Cuba.

Do aeroporto até o hotel em que está hospedada com ministros e assessores, a presidenta viu pelo caminho uma série de demonstrações do nacionalismo e da propaganda ideológica que caracterizam o regime castrista, que entra no ano 54.

Próximo à saída do aeroporto, um outdoor traz uma mensagem de Raúl Castro sobre a crise econômica global: “Ante a crise econômica capitalista, não temos outra opção que não nos unirmos para enfrentá-la”.

Mais à frente, um outro outdoor diz que “as ideias são essenciais nas lutas da humanidade”, como a anunciar o jorro de ideias que se verá no caminho até a região central de Havana. “Tudo pela revolução”, diz um cartaz, apontando “estudo, trabalho e fuzil” como instrumentos do seria o “tudo”. “Pela sua pátria, devem trabalhar todos os homens”, diz um cartaz a reproduzir uma frase de José Martí. “Mulheres unidas pela pátria”, afirma um outro outdoor.

O histórico inimigo norte-americano também é alvejado durante o trajeto pelo qual se veem casas coloridas e pequenas, geralmente de dois andares, estudantes voltando para a casa com mochilas às costas, trabalhadores a esperar por ônibus antigos, como em geral é a frota automobilística cubana.

“Liberdade não se pode bloquear. Aqui não há medo”, diz um velho cartaz, a pregar contra o “plano Bush”, presumivelmente uma referência aos ataques norte-americanos no Iraque e no Afeganistão.

“Cinco heróis prisioneiros do império voltarão”, lê-se na parede de um restaurante, aludindo aos cubanos presos e condenados nos EUA por ajudarem a impedir ataques terroristas contra Cuba, mas que para os norte-americanos estavam espionando e preparando atentados.

A história dos “cinco heróis” está contada em português num livro lançado em 2011 pelo escritor Fernando Morais, amigo da revolução cubana. O livro será publicado ainda este ano em Cuba, nos EUA e em alguns outros países para, de acordo com o escritor, contar às pessoas “essa indecência”.

O hotel de Dilma fica próximo à embaixada americana em Havana, e os cubanos também dedicam “homenagens” à repartição diplomática do “inimigo”. Em frente ao prédio, há dezenas de mastros nos quais tremulam bandeiras cubanas.

Na chegada ao hotel, Dilma cumprimentou os jornalistas brasileiros que a esperavam no saguão, mas não deu entrevistas. Estava acompanhada dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde) e pelo assessor de assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

A ida da presidenta a Cuba neste momento faz parte de um plano dela de se aproximar um pouco da esquerda, segundo Carta Maior apurou. Não por acaso, a viagem foi incluída praticamente na sequência da ida dela ao Fórum Social Mundial.

No Fórum, Dilma teve uma reunião como movimentos sociais sobre a Rio+20 que, na verdade, serviu para distensionar um pouco o clima dela com aquelas entidades, ainda hoje saudosas da era Lula, quando tinham mais acesso aos ouvidos presidenciais para externas seus pontos de vista.

Google homenageia, hoje, descoberta das cataratas

O Google preparou uma homenagem em sua página inicial para lembrar de Álvar Núñez Cabeza de Vaca, o espanhol que descobriu as Cataratas do Iguaçu.

A arte na página do buscador traz uma ilustração de Álvar Núñez Cabeza de Vaca de costas, “descobrindo” as Cataratas do Iguaçu.

Álvar Núñez Cabeza de Vaca é historicamente conhecido como o primeiro europeu a achar as Cataratas do Iguaçu, no ano de 1542.

Boselli “redescobriu” as cataratas no final do século XIX, e uma das quedas da Argentina é nomeada com seu nome. As quedas podem ser alcançadas a partir das duas principais cidades dos dois lados das cataratas, Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, no Brasil, e Puerto Iguazú, na província de Misiones, Argentina, bem como a partir de Ciudad del Este, no Paraguai, do outro lado do rio Paraná. As quedas são compartilhados pelo Parque Nacional Iguazú (Argentina) e pelo Parque Nacional do Iguaçu (Brasil).

Os dois parques foram designados Patrimônio Mundial da UNESCO em 1984 e 1987, respectivamente.

As Cataratas do Iguaçu já estiveram presentes de diversos filmes entre eles está “007 Contra o Foguete da Morte”, “Miami Vice” e “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”.

Voltamos!