terça-feira, 31 de agosto de 2010

Última edição impressa do "JB" circula hoje

A última edição impressa do "Jornal do Brasil", um dos mais antigos diários do país, circula hoje. A partir de amanhã, o jornal terá apenas uma versão on-line.

Criado em abril de 1891 pelo escritor Rodolfo Dantas, o "JB" ajudou a definir os rumos da imprensa brasileira.

Por sua Redação passaram jornalistas como Janio de Freitas, Marcos Sá Corrêa e Zózimo Barroso do Amaral, além de escritores que assinavam colunas regulares, a exemplo de Manuel Bandeira, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade.

O jornal vivia há décadas em crise financeira, com dívidas trabalhistas crescentes e queda na circulação.

Atualmente, na gestão do empresário Nelson Tanure, que arrendou o uso da marca por 60 anos, tinha dificuldade para manter seu custo operacional (cerca de R$ 3 milhões por mês) diante da queda na circulação e de um passivo estimado em R$ 100 milhões em dívidas.

Tanure já tinha feito outras incursões pela mídia. Em 2002, comprou os direitos de publicação da revista "Forbes", no Brasil, que um ano depois rompeu o contrato.

Em 2003, arrendou o jornal econômico "Gazeta Mercantil", que também tinha grande passivo e deixou de funcionar no ano passado.

Em 2008, o "Jornal do Brasil" tinha uma tiragem média de 95 mil exemplares diários. Este ano, caiu para 20 mil.

Tanure não quis comentar o fim da circulação.

Para a versão digital, o jornal pretende manter uma equipe de 150 jornalistas e profissionais da área comercial e administrativa.

Em comunicado a seus leitores, o jornal diz que se tornará o primeiro veículo 100% digital do país. A versão on-line para assinantes custará R$ 9,90 mensais.

Hoje, ao meio-dia, no centro da cidade, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro fará um ato contra o fim da versão impressa, com a participação de ex-funcionários do "JB".

HISTÓRIA
O jornal nasceu como um veículo monarquista em pleno regime republicano. Chegou a ser empastelado no primeiro ano por sua cobertura favorável a D. Pedro 2º. Nessa época, tinha em seus quadros nomes como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa.

Em 1959, realizou uma revolucionária reforma gráfica e editorial. Além da diagramação mais limpa e moderna, passou a trazer um noticiário claro e objetivo.

fonte: folhaonline

Em entrevista, Fidel Castro diz sentir-se 'ressuscitado'

HAVANA (Reuters) O ex-presidente cubano Fidel Castro chegou a perder a vontade de viver, mas hoje se sente "ressuscitado" e com muito por fazer, disse o líder ao diário mexicano La Jornada, em uma rara entrevista sobre a enfermidade que o afastou do poder em 2006.

Fidel, que acaba de completar 84 anos, reapareceu em público no início de julho após quatro anos de convalescença.

"Cheguei a estar morto. Já não desejava viver...Me perguntei várias vezes se essa gente (seus médicos) iria me deixar viver nessas condições ou iria deixar que eu morresse. Depois, sobrevivi, mas em condições físicas muito ruins", disse ao La Jornada.

"Quero lhe dizer que está na frente de uma espécie de ressuscitado", acrescentou na entrevista, publicada na segunda-feira.

Fidel nunca revelou qual foi a enfermidade intestinal que o obrigou a transferir o poder ao irmão Raúl Castro em 31 de julho de 2006, o que classificou no ano passado como um segredo de Estado.

Desde que rompeu seu isolamento, o veterano comandante tem participado de pequenos atos públicos e até mesmo pronunciou um discurso perante o Parlamento.

No entanto, permanece à margem da política doméstica, a cargo do irmão Raúl, general que o sucedeu formalmente na presidência em fevereiro de 2008.

Fidel disse ao La Jornada que está conseguindo construir um "movimento antiguerra nuclear".

Há algumas semanas o líder revolucionário dedica suas energias a alertar sobre a sua teoria de uma iminente hecatombe nuclear, caso EUA e Israel ataquem o Irã por causa do programa de energia atômica daquele país.

"Não quero estar ausente estes dias. O mundo está na fase mais interessante e perigosa de sua existência e estou bastante comprometido com o que vai acontecer. Tenho coisas a fazer", disse.

Fidel revelou que, após a doença, chegou a pesar 66 quilos. Para ilustrar sua recuperação disse que hoje pesa 86 quilos e caminha diariamente 600 passos sem apoio.

Questionado pelo La Jornada sobre o que encontrou após "ressuscitar", afirmou: "Com um mundo como o de loucos...Um mundo que aparece todos os dias na televisão, nos jornais e que não há quem entenda, mas que eu não gostaria de perder por nada do mundo."

Álvaro na estrada por Freut e Serra

do Política em Debate

O senador Alvaro Dias (PSDB) avisa aos navegantes que na próxima sexta-feira cumprirá agenda de campanha ao lado do candidato tucano ao Senado Gustavo Fruet. Juntos, visitarão Cianorte,Campo Mourão e Paranavaí. Ele ressalta que está em campanha somente por Fruet e por José Serra na corrida presidencial.

Pessuti reúne 238 prefeitos do interior na capital

O governador Orlando Pessuti promoveu um grande encontro político entre Osmar Dias, Gleisi Hoffmann e exatos 238 prefeitos e demais lideranças políticas de todo o Paraná na noite desta segunda-feira (30), em Curitiba. O encontro teve como objetivo alinhavar as ações nos municípios para o restante da campanha.

Pessuti fez uma convocação aos deputados da coligação e aos prefeitos para trabalhar dobrado nos próximos dias pelas campanhas de Osmar, Dilma e Gleisi, para que o pleito majoritário seja finalizado ainda no primeiro turno. Segundo o governador, ninguém deve se espantar com números de pesquisas de intenção de voto. “Mais importante que as pesquisas são as reuniões que serão feitas em seus municípios”, avaliou. “Vocês sabem melhor do que ninguém como se deve fazer campanha em suas cidades”, disse Pessuti aos prefeitos.

“Sempre disse ao Osmar que os prefeitos do Paraná não faltariam com ele nesta campanha eleitoral”, disse Pessuti. “Estamos trabalhando para que chegássemos ao dia de hoje com este número fantástico de lideranças que, certamente trabalhando em sua região, nos darão a vitória no dia 3 de outubro”, afirmou.

“Não tenho dúvidas que vocês sairão daqui e farão o melhor para o Paraná. Vamos virar e ganhar esta eleição no primeiro turno”, afirmou Osmar. Ele disse ainda aos prefeitos que dará continuidade as obras que estão sendo realizadas no Estado e, com certa irreverência, disse que a saúde pública no Paraná não será resolvida colocando apenas cinco helicópteros rodando o Estado. “A saúde pública não é brincadeira, então onde for necessário construirmos mais algum hospital regional o faremos”, explicou. Osmar afirmou também que o programa de construção de Clínicas da Saúde da Mulher e da Criança será ampliado e que, somado a isso, o Paraná receberá Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) que serão implantados por Dilma Rousseff em todo o país.

Gleisi reafirmou os compromissos com os municípios paranaenses e salientou a importância para o Estado do alinhamento entre o governo federal e estadual para os municípios. “Teremos um resultado muito bom com essa proximidade entre os governos, na execução dos programas sociais”, disse.

Prefeitos – Lauir de Oliveira (PT), o Lauzinho, prefeito de Imbaú, disse que nesta noite foi dado o passo para virada na campanha de Osmar Dias. “Se Deus quiser vamos dar continuidade no trabalho feito por Pessuti, precisamos continuar com os programas, principalmente para os municípios menores”, disse. “Osmar é a melhor opção para o nosso Paraná”, afirmou.

Para o prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Cezar Bovino (PDT), a grande virada se dará a partir desta semana. “Precisamos que os prefeitos, vices-prefeitos e demais coordenadores se concentrem em nosso objetivo”, disse.

“Sabemos do apoio do Pessuti ao Osmar e é isso que nos faz ir de peito aberto para a campanha vencedora de Osmar Dias”, disse o prefeito de Alvorada do Sul, Marcos Antonio Voltareli (PMDB).

fonte: Gazeta de Novo

Discurso sobre o colonialismo

Escrito por Duarte Pereira

A editora catarinense Letras Contemporâneas acaba de publicar o ensaio do poeta, historiador e militante antilhano negro Aimé Césaire, ‘Discurso sobre o colonialismo’, em tradução do professor Anísio Garcez Homem e com apresentação do advogado paranaense Cláudio Antonio Ribeiro.

Escrito na primeira década posterior à Segunda Guerra Mundial, quando se intensificava a luta pela emancipação das colônias européias na Ásia, na África, no Oriente Médio e nas Antilhas, o ensaio poderia parecer desatualizado. Com a vitória da maioria dessas lutas emancipadoras, a dominação colonial e direta deixou de ser a principal forma de opressão nacional, embora ainda persista até mesmo em nossa fronteira amazônica com a permanência da Guiana Francesa, ou na proximidade marítima da Argentina com a ocupação das Ilhas Malvinas reafirmada pela Grã-Bretanha.

É indiscutível, porém, que a opressão imperialista assumiu novas configurações nas últimas décadas do século XX, privilegiando formas dissimuladas de domínio indireto, através da dependência econômica e financeira, das pressões diplomáticas e militares, da invasão cultural e tecnológica e da aliança com frações das classes dominantes locais.

Apesar dessa mudança na forma principal da dominação imperialista, com o trânsito do colonialismo para o neocolonialismo, a denúncia erudita e indignada de Aimé Césaire lida com a atenção que merece, conserva sua terrível atualidade. Oferece, inclusive, uma perspectiva iluminadora para a compreensão de tragédias recentes, como as invasões do Iraque e do Afeganistão, a nova cruzada contra as nações árabes e islâmicas ou a ocupação e devastação do Haiti – neste caso com a participação brasileira. Leia mais

domingo, 29 de agosto de 2010

ALVARO DIAS SE SOLIDARIZA COM ESMAEL MORAIS

do Boca Maldita

O senador Alvaro Dias é do PSDB, mas não precisa necessariamente concordar com as atitudes de todos os integrantes de seu partido. Neste ponto, Alvaro tem se mantido fiel ao livre arbítrio. Vejam o caso do blogueiro Esmael Morais, tirado do ar por uma liminar conseguida pelo tucano Beto Richa, candidato ao Governo do Estado e do mesmo partido do senador.

Alvaro não concorda com qualquer tipo de censura e neste sábado (28), em dois posts pendurados em seu twitter, manifestou solidariedade ao blogueiro paranaense. Esmael foi obrigado a retirar do ar 10 notas que supostamente abalariam o "emocional" de Beto Richa e ainda ficou proibido de fazer qualquer citação envolvendo o nome do tucano, que lidera a corrida para a sucessão estadual.

Confiram os posts de Alvaro:

A liberdade humana não se concretizaria na prática se não fosse dado ao homem o direito da liberdade de expressão.!” Blog do @EsmaelMorais

O blog do Esmael Morais está censurado e fora do ar. Não discuto a causa. A censura é sempre deplorável. Minha solidariedade ao @esmaelmorais

Em tempo: O boia através desta postagem, também se manifesta contra qualquer tipo de censura!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Política: Modelo? Que modelo?

Escrito por Gilvan Rocha

Há cerca de oitenta anos, a esquerda convencional, de matriz stalinista, abdicou da bandeira anticapitalista para aderir ao velho social-patriotismo da Segunda Internacional degenerada.

Com a burocratização da Revolução Russa, os interesses do Estado Soviético passaram a sobrepujar os interesses da Revolução Socialista. Nos países mais desenvolvidos, a esquerda convencional passou a defender a política de co-gestão do sistema capitalista através das famosas Frentes Populares, coligações eleitorais que reuniam partidos pretensamente de esquerda com setores de uma dita burguesia progressista.

Nos países retardatários, a esquerda convencional assumiu uma política nacional-reformista cujo esteio era a luta patriótica pela soberania e a consecução de algumas reformas que possibilitariam, num momento posterior e indefinido, que se chegasse a uma segunda etapa, a etapa da Revolução Socialista.

Assim, por longos anos, deixou-se de lado o anticapitalismo para centrar as energias contra o "inimigo comum" ao proletariado e à burguesia, que seria o imperialismo. Num primeiro momento, o imperialismo era representado pelos países centrais do capitalismo. Depois, deu-se um passo atrás no processo de degeneração política e reduziu-se a expressão antiimperialista aos yanques, supondo-se que eram eles a causa dos males sociais, e não o capitalismo.

Posteriormente, a esquerda convencional passou a denunciar um capitalismo selvagem, pretendendo que houvesse um modelo civilizado de capitalismo. Por fim, chegou a era do neoliberalismo. Tratava-se do modelo mais cruel de espoliação e isso motivou uma campanha exacerbada contra esse modelo.

Essa campanha deixava distante a necessária denúncia do capitalismo e passava-se a reivindicar outro modelo, que fosse menos cruel, e promovesse um pretenso desenvolvimento sustentável nos marcos do próprio sistema. Mas a questão não é trocar um modelo por outro. A questão é centrar a luta contra o capitalismo, independente do modelo que ele apresente.

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

Dublê de espião, Ricardo Barros causa constrangimentos ao tucanato do PR

Deputado federal e ex-vice-líder do governo Lula na Câmara, Ricardo Barros (PP) transformou-se em um enorme incômodo no PSDB do Paraná. Sem espaço para concorrer ao Senado Federal na chapa encabeçada por Osmar Dias, candidato ao Palácio Iguaçu, Barros desembarcou à sorrelfa na seara político-eleitoral do tucano Beto Richa, ex-prefeito de Curitiba e candidato ao governo do Paraná.

Desde a sua chegada, Ricardo Barros tem patrocinado entreveros e desentendimentos, com direito, inclusive a opinar sobre os suplentes do outro candidato ao Senado na chapa de Richa, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB).

Sem em nenhum momento ter balbuciado o nome do presidenciável José Serra em suas andanças pela terra das araucárias, Ricardo Barros agora causa constrangimentos nos bastidores tucanos, pois tem se dedicado de maneira clara e escandalosa a fazer campanha para Dilma Rousseff, candidata palaciana à sucessão de Lula da Silva.

Flagrado pela Lei da Ficha Limpa, mas com a candidatura confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Barros está com o caminho livre para continuar traindo o PSDB do seu estado e começar a cobiçar algum cargo em eventual governo da neopetista Dilma Rousseff, a outrora companheira Estela.

O pífio espetáculo protagonizado por Ricardo Barros mostra que, diferentemente do que pensa a maioria, nem todo tucano tem massa cinzenta em abundância. De acordo com alguns caciques do partido, a massa cerebral anda em baixa no aviário político.

fonte: Ucho.info

Dublê de espião, Ricardo Barros causa constrangimentos ao tucanato do PR

Deputado federal e ex-vice-líder do governo Lula na Câmara, Ricardo Barros (PP) transformou-se em um enorme incômodo no PSDB do Paraná. Sem espaço para concorrer ao Senado Federal na chapa encabeçada por Osmar Dias, candidato ao Palácio Iguaçu, Barros desembarcou à sorrelfa na seara político-eleitoral do tucano Beto Richa, ex-prefeito de Curitiba e candidato ao governo do Paraná.

Desde a sua chegada, Ricardo Barros tem patrocinado entreveros e desentendimentos, com direito, inclusive a opinar sobre os suplentes do outro candidato ao Senado na chapa de Richa, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB).

Sem em nenhum momento ter balbuciado o nome do presidenciável José Serra em suas andanças pela terra das araucárias, Ricardo Barros agora causa constrangimentos nos bastidores tucanos, pois tem se dedicado de maneira clara e escandalosa a fazer campanha para Dilma Rousseff, candidata palaciana à sucessão de Lula da Silva.

Flagrado pela Lei da Ficha Limpa, mas com a candidatura confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Barros está com o caminho livre para continuar traindo o PSDB do seu estado e começar a cobiçar algum cargo em eventual governo da neopetista Dilma Rousseff, a outrora companheira Estela.

O pífio espetáculo protagonizado por Ricardo Barros mostra que, diferentemente do que pensa a maioria, nem todo tucano tem massa cinzenta em abundância. De acordo com alguns caciques do partido, a massa cerebral anda em baixa no aviário político.

fonte: Ucho.info

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Taxa de desemprego medida pelo IBGE cai para 6,9% em julho

da Agência Brasil

A taxa de desemprego em julho foi de 6,9%, a menor para este mês desde março de 2002, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (26/8). Em relação a junho, quando a taxa foi de 7%, o índice de julho ficou praticamente estável, e na comparação com o mês de julho de 2009, a queda foi de 1,1 ponto percentual.

De acordo com a pesquisa do IBGE, a população desocupada, calculada em 1,6 milhão de pessoas, ficou estável em julho e recuou 11,3% na comparação anual. Já a população ocupada, estimada em 22 milhões, manteve-se estável no mês e cresceu 3,2% em relação a julho de 2009.

Os dados de julho também apontam estabilidade no número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada (10,2 milhões), que registrou um crescimento de 5,9% em relação a julho do ano passado. O rendimento médio real dos trabalhadores em julho cresceu 2,2%, ficando em R$ 1.452,50.

Na análise das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre), a variação mais significativa na taxa de desocupação foi registrada na capital pernambucana (8,6% em junho para 10% em julho).

TSE barra primeiro candidato com base na ficha limpa

do Congresso em Foco

Decisão sobre candidato do Ceará define, na prática, que, para o tribunal, condenações anteriores servem para indeferir candidaturas

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram nesta quarta-feira (25) que a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10) vale para condenações por órgãos colegiados ocorridas antes da sanção da norma, em 4 de junho. Por maioria dos votos - cinco a dois - venceu a tese de que as novas regras de inelegibilidade não são pena, mas sim critério para aprovar a candidatura.

Ficha limpa não é punição, diz presidente do TSE

Ficha limpa: uma lei e várias interpretações

Destino da ficha limpa começa a ser definido hoje

A decisão ocorreu quando os ministros retomaram o julgamento do recurso do candidato a deputado estadual no Ceará Francisco das Chagas Rodrigues Alves (PSB). Por maioria dos votos, o TSE barrou hoje a candidatura do primeiro recurso de um candidato com registro indeferido com base nas novas regras de inelegibilidade. Ele foi barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral local (TRE-CE) por ter condenação por compra de votos em decisão transitada em julgada em 2006. Sua defesa argumenta que ele já cumpriu as sanções determinadas na época do julgamento em 2004. Na oportunidade, ele foi condenado a perder o mandato de vereador e a pagamento de multa.

Na última terça-feira (17), o julgamento foi interrompido por um pedido de vista da ministra Carmen Lúcia. Após analisarem uma preliminar - se a Ficha Limpa vale para 2010 -, os integrantes começaram a julgar se a lei atinge ou não condenações anteriores. O relator do caso, ministro Marcelo Ribeiro, entendeu que não pode. Já Arnaldo Versiani manteve a posição dada em junho durante os julgamentos de duas consultas pela corte. Por conta da complexidade da nova legislação, Carmen Lúcia decidiu pedir vista.

Para ela, não há motivo para se falar em retroação da lei. No entendimento da ministra, a inelegibilidade é decorrente da prática de ilícito eleitoral. "Não é punição, é reconhecimento de que o candidato não cumpre requisitos para se ter elegível. Não há vedação para aplicação neste momento", afirmou Carmen Lúcia. Acompanharam a ministra os colegas Arnaldo Versiani, Aldir Passarinho Junior, Hamilton Carvalhido e o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski.

O ministro Marco Aurélio Mello acompanhou o relator ao entender que não é possível aplicar a Lei da Ficha Limpa neste caso. "Talvez eu tenha que retornar aos bancos da faculdade de direito. Não estamos aqui a julgar apenas os interesses do recorrente, mas para preservar a ordem jurídica, portanto a ordem. Este é o ato jurídico perfeito aperfeiçoado", disse Marco Aurélio. O relator ainda acrescentou que Francisco das Chagas já cumpriu suas sanções, ao ficar três anos inelegível.

Esta foi a segunda vez que o julgamento foi retomado. Ele entrou na pauta do TSE pela primeira vez em 12 de agosto. Na oportunidade, o presidente do TSE pediu vista logo após Marcelo Ribeiro sinalizar que seu voto seria pela concessão do registro para o candidato barrado pela Lei da Ficha Limpa.

A decisão desta quarta-feira tem um significado maior do que barrar o primeiro candidato na corte superior. A partir de agora, todos os julgamentos de casos similares devem seguir o que foi definido hoje.

Israel foge de 'vistoria' da AIEA acusando programa nuclear do Irã

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU chegou na última segunda-feira a Israel com a missão de discutir com o governo local uma resolução, tomada por países árabes, que coloca o reator nuclear de Dimona sob inspeção internacional.
Para escapar da pressão internacional, o governo israelense evitou ao máximo a incômoda visita, além de pressionar para que a Agência apontasse o Irã como "ameaça" à não proliferação de armas nucleares no Oriente Médio.

O Estado judeu está na mira da organização chefiada por Yukiya Amano por causa do seu arsenal atômico. A resolução deverá ser debatida novamente no mês que vem na assembleia da AIEA em Viena.

Nestes três dias de visita os israelenses não fizeram menções à capacidade nuclear do país, procurando evadir-se da questão acusando o Irã.

Tentando rebater as críticas da AIEA contra as políticas de Israel, as autoridades locais disseram a Amano que "não permita tentativas tendenciosas de desviar a atenção da comunidade internacional dos reais desafios à (não) proliferação nuclear do Oriente Médio".

Países árabes e alguns outros membros da AIEA defendem a assinatura por parte de Israel do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), de 1970, o que faria com que o país abrisse mão do seu arsenal nuclear para ter direito a assistência na produção de energia nuclear civil.

Mantendo-se fora do TNP, Israel foge de qualquer responsabilização sobre o seu programa nuclear militar. O país é considerado como o único a possuir arsenal atômico no Oriente Médio, o que causa mais instabilidade à região.

Uma resolução da AIEA em setembro de 2009 pediu a Amano que consulte os "Estados envolvidos" a respeito de como fazer Israel aderir ao TNP, e que apresente um relatório na próxima assembleia.

O presidente Shimon Peres, durante encontro com Amano, chegou a cometer uma gafe, afirmando que a AIEA deveria preocupar-se com Teerã, "que ameaça em usar armas nucleares".

O comentário ocorreu ao mesmo tempo que a AIEA confirmava que o Irã não possui armas nucleares. Em recentes relatórioas, a agência disse que jamais encontrou evidências de que materiais nucleares civis do Irã estavam sendo utilizados com fins militares.

Vermelho

Os perigos da euforia

Escrito por Wladimir Pomar

As recentes pesquisas eleitorais continuam apresentando Dilma em processo de ascensão. Aparentemente, a continuar nessa rota, a candidata do PT estaria em condições de obter a vitória no primeiro turno. Porém, essa aparência, como já reiteramos em comentário anterior, pode ser fatal para a campanha petista, por vários motivos.

Se olharmos as pesquisas com mais atenção, veremos Dilma em crescimento, Serra em queda e Marina, assim como os demais candidatos, em situação estável. A queda de Serra está associada à subida de Dilma, devendo significar que a natureza direitista e reacionária da candidatura do PSDB-DEM está vindo à luz, e que seu falso discurso de continuidade do governo Lula não colou.

Portanto, podemos deduzir que Dilma ganhou pontos principalmente entre os indecisos, entre os que estavam acreditando no discurso continuísta de Serra, e entre aqueles setores da classe média que ainda acreditavam que o PSDB é um partido social-democrata. No entanto, a candidatura Dilma ainda não abalou a candidatura Marina, onde se encontra uma parte da esquerda, embora Marina também esteja em dificuldade para manter seu discurso de continuidade do governo Lula.

Nessas condições, talvez seja a primeira vez, nas campanhas eleitorais presidenciais desde 1989, que o PT tem chances não só de vencer, mas de vencer no primeiro turno. Isto, que apresenta um aspecto positivo, por não obrigar o partido a rebaixar ainda mais seu programa eleitoral, também apresenta o aspecto negativo de levar os candidatos dos partidos de sustentação da candidatura Dilma - a governador, senador e deputado - a suporem ganha a parada presidencial e se voltarem totalmente para suas próprias campanhas.

Aliás, quem quer que se dê ao trabalho de acompanhar o horário eleitoral na televisão pode notar que até mesmo muitos candidatos do PT tiraram a imagem de Dilma de suas apresentações. A preocupação maior vem sendo colocar Lula ao lado, a fim de angariar votos para suas próprias candidaturas. Se a leitura das últimas pesquisas eleitorais levar à euforia do ‘está ganha a presidência’, mesmo que teoricamente isto seja negado, o ritmo da campanha presidencial tende a baixar, abrindo a possibilidade de subida da Marina e recuperação ou estabilidade de Serra.

Em tais condições, se a campanha Dilma pretender manter o ritmo de crescimento, ela terá de fazer ajustes, principalmente nas relações com o seu PT. É esquisito que candidatos desse partido, seja aos governos estaduais, seja aos legislativos federal e estadual, não mostrem apoio explícito à candidatura presidencial do PT. Deve haver algum desajuste entre a campanha da coligação de apoio à Dilma e a campanha petista.

Além disso, as informações de que a campanha Dilma pretende realizar maior ofensiva na conquista dos indecisos e dos ‘não-sabe’ pode ser positiva, mas talvez não baste para consolidar a perspectiva de sua vitória no primeiro turno. Talvez seja necessária uma ofensiva complementar, tratando com mais propriedade alguns temas que se tornaram cavalos de batalha na campanha Marina.

Marina vem concentrando seu fogo e ataques ao governo em temas como reforma tributária, proteção ambiental, jornada de trabalho, segurança e liberdade de comunicação. É essa crítica que a fez conquistar parte do eleitorado de esquerda, e também tem carreado apoios a candidatos de outros partidos desse espectro político. Somados, eles representam mais de 15% das intenções de voto. Assim, como é nos detalhes que o diabo se apresenta, se a campanha Dilma desprezar o trato de tais temas, pode ser por aí que ela seja surpreendida.

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A guerra no Afeganistão: ecos do Vietnã

Escrito por Noam Chomsky

O War Logs (bússolas da guerra), um arquivo de documentos militares confidenciais que abarcam seis anos da guerra do Afeganistão, publicados na internet pela organização Wikileaks, relatam uma luta inflamada e cada dia mais encarniçada, na perspectiva dos Estados Unidos. E, para todos os afegãos, um horror crescente.

Os War Logs, por mais valiosos que sejam, podem contribuir para a doutrina prevalente de que as guerras são algo mau só se não são exitosas – algo assim como o que os nazis sentiram depois de Stalingrado.

No mês passado ocorreu o fiasco do general Stanley A. McChrystal, obrigado a se retirar do comando das forças dos Estados Unidos no Afeganistão e substituído por seu superior, o general David H. Petraeus. Uma provável conseqüência é um relaxamento das normas de combate, de forma que se torne mais fácil matar civis, e um prolongamento da guerra à medida que Petraeus use sua influência para conseguir este resultado no Congresso.

O Afeganistão é a principal guerra em curso do presidente Obama. A meta oficial é nos proteger da AlQaeda, uma organização virtual, sem base específica – uma rede de redes e uma resistência sem líderes, como foi chamada na literatura profissional. Agora, ainda mais do que antes, a AlQaeda consiste em facções relativamente independentes, associadas frouxamente ao redor do mundo.

A CIA calcula que entre 50 e 100 ativistas da AlQaeda talvez estejam no Afeganistão, e nada indica que os talibãs desejem repetir o erro de dar refúgio à AlQaeda. Por outro lado, o talibã parece estar bem estabelecido em seu vasto e árduo território, uma grande parte dos territórios pashtun. Leia mais

ONU vai debater igualdade com jornalistas

Em parceria com a federação dos profissionais do setor, agências preparam oficinas sobre gênero e etnia; primeira será em Porto Alegre

Reprodução
BRUNO MEIRELLES
da PrimaPagina

A ONU e a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) estão preparando cursos e seminários para estimular o debate, entre profissionais da imprensa, de temas ligados a igualdade racial e de gênero. A primeira série de oficinas será dada no 34º Congresso Nacional dos Jornalistas, que começa nesta quinta (19) e vai até sábado (21) em Porto Alegre, com apoio do UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e do PNUD.

A edição 2010 do encontro, realizada no Hotel Plaza São Rafael, marcará a assinatura de um acordo entre a FENAJ e o fundo para levar oficinas semelhantes a outros cinco estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Alagoas e Bahia) e ao Distrito Federal.

As oficinas vão funcionar como uma roda de conversa com os jornalistas, em que serão apresentados conceitos de igualdade usados pelo UNIFEM e exemplos de ações desenvolvidas pelo PNUD, destacando casos de cobertura que indicam as formas como a mídia aborda o assunto.

“Quando apresentamos os dados do Índice de Valores Humanos [IVH], por exemplo, havia estatísticas que comparavam gêneros, indicando, entre outras coisas, que as mulheres possuíam mais experiências de sofrimento no trabalho. Porém, quase nenhum veículo de comunicação deu destaque a isso. Queremos discutir o que pode ser feito para que esse tipo de assunto receba maior atenção”, diz o assessor de imprensa do PNUD, Daniel de Castro, um dos palestrantes.

Para Isabel Clavelin, assessora do UNIFEM e também palestrante nas oficinas, a questão não se restringe a um maior espaço na imprensa para as questões raciais e de gênero. Segundo ela, é necessária também uma mudança na abordagem. “Há números que apontam que 2% dos formandos em universidades são negros, e a proporção deles na população é de 51%. Essa discrepância não é por diferença intelectual. É porque as condições, na prática, não são iguais para todos. Falta, então, uma cobertura que mostre como esses problemas funcionam na vida real”, explica.

Além da discussão editorial, a Fenaj vai propor uma discussão sobre a igualdade no mercado jornalístico. “Um levantamento nosso mostra que as mulheres negras recebem menos em comparação a outros jornalistas. Além disso, têm menos visibilidade. Em uma TV, por exemplo, raramente aparecem no vídeo”, diz José Carlos Torves, diretor da entidade.

O congresso contará com a participação de representantes de outros quatro países da América Latina (Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai), além do Marrocos. A partir do contato com a experiência brasileira, eles poderão realizar seminários semelhantes em seus países.

Sem ajuda, pobreza em Gaza subiria 42%

Mesmo com apoio externo, proporção de pobres cresce em razão do bloqueio israelense, que limita livre movimentação, aponta relatório
UN Photo/Stephenie Hollyman


da PrimaPagina

Os maiores obstáculos enfrentados pelos palestinos, que nesta semana retomam as negociações de paz com Israel após 20 meses de interrupção, são a divisão política interna e a ocupação israelense — em especial os obstáculos à livre movimentação entre a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Esses fatores têm sido decisivos para aumentar a pobreza nos últimos anos e para que boa parte da população local dependa de ajuda externa para sobreviver, afirma o Relatório de Desenvolvimento Humano dos Territórios Palestinos Ocupados, elaborado por acadêmicos da região e publicado pelo PNUD.

A porcentagem de palestinos abaixo da linha nacional de pobreza na Cisjordânia subiu de 19,8% em 2004 para 23,6% em 2007, de acordo com dados do Escritório Central de Estatísticas da Palestina apresentados no documento. Na Faixa de Gaza, a proporção saltou de 37,2% para 55,7% no mesmo período. A situação é em parte aliviada pela ajuda externa: segundo levantamento do Banco Mundial, sem contar a assistência internacional, a parcela de pobres sobe para 79,4% em Gaza e 45,7% na Cisjordânia.

Essa tendência à dependência se reflete nos números do PIB (Produto Interno Bruno, soma dos bens e serviços produzidos na localidade ): a economia palestina vem crescendo por causa das ajudas externas, mas os investimentos caíram para níveis alarmantes, deixando uma pequena base produtiva na região. Em 2007, as doações representaram 5% do PIB, contra 30% no ano seguinte.

A deterioração das condições na região tem impacto na fome, que afetava 34% da população em 2006 e 38% em 2008. Um levantamento do Programa Mundial de Alimentação da ONU apontou que metade dos palestinos dos territórios ocupados sobrevive graças à diminuição de suas despesas com alimentação, e 89% das pessoas tiveram de abrir mão do consumo de frutas frescas, vegetais e proteínas animais por razões financeiras. Os palestinos estão comendo menos, aponta o documento, com os pais reduzindo sua alimentação para sustentar os filhos.

Ainda assim, a taxa de mortalidade de crianças abaixo dos 5 anos, que vinha caindo desde a década de 90, voltou a subir. Em 2006 e 2007, foram 27 mortes por 1.000 nascimentos, assim como em 1990. Em 2008, o número aumentou para 28,2.

“Muitos palestinos recebem ajuda alimentar suficiente para se sustentar (isto é, seu direito à alimentação é cumprido), mas, como eles são incapazes (em razão de obstáculos econômicos) de ganhar dinheiro suficiente para se alimentar, continuam em estado de dependência”, analisa o relatório. “Não se trata de uma pobreza provocada por insuficiência, mas por perda de autonomia.”

Ocupação israelense

O relatório vê na forma de ocupação israelense o grande obstáculo para o desenvolvimento humano dos territórios. “Até que os palestinos possam ter controle total sobre a economia e o meio ambiente, especialmente controle sobre a política macroeconômica, o comércio, os meios de vida, as fontes de água e as fronteiras, o desenvolvimento sustentado continuará sendo ilusório”, afirma o relatório.

Israel controla espaço aéreo, águas territoriais, recursos naturais, movimentação e instrumentos macroeconômicos na região. O texto alerta que, se os direitos dos trabalhadores continuarem a ser reduzidos por causa da ocupação, o mercado de trabalho vai se retrair continuamente em todos os setores — incluindo agricultura e pesca, que atualmente empregam uma significativa parcela da população, mas estão sofrendo um declínio em razão do acesso restrito à terra e à água.

Antes do bloqueio à Gaza, em 2007, a agricultura empregava 40 mil pessoas. A produção era direcionada para a demanda doméstica, mas uma pequena parte era exportada. Porém, a restrição de acesso a fertilizantes paralisou esse tipo de atividade desde 2007.

Já o setor industrial ocupava cerca de 35 mil pessoas. Porém, o controle das importações, necessárias para a aquisição de 95% das matérias-primas e 80% das maquinarias, faz com que 98% das operações industriais na região estejam hoje inativas. As transações bancárias em Gaza, que representavam 40% do montante palestino, hoje correspondem a 7%.

A fragmentação do território palestino e os obstáculos ao trânsito de pessoas — decorrência diretas da ocupação israelense — colaboram para enfraquecer a Autoridade Palestina e, por tabela, intensificar os conflitos políticos internos. “Um território dividido em enclaves pequenos e desconectados, sujeitos ao cerco econômico e militar de Israel, incapazes de prover justiça à sua população dispersa, e sem seus mais sagrados símbolos religiosos e de identidade, dificilmente será viável ou funcional”, aponta o texto. “Quanto mais a autoridade central e as instituições centrais de governança estão desgastadas, maior o potencial para a polarização política. A consequência é que as diferenças políticas não são resolvidas democraticamente, mas por meio da força.”

Equador troca petróleo por preservação

Acordo com PNUD prevê que país não explore poços em reserva na Amazônia e, como compensação, receba recursos de países ricos
PNUD/Divulgação


da PrimaPagina

O governo do Equador e o PNUD assinaram um acordo que prevê não explorar um campo de petróleo em uma área de proteção ambiental na Amazônia. Como compensação por deixar intacto o equivalente a 13% de suas reservas de óleo, o país pretende receber pelo US$ 3,5 bilhões de nações ricas.

O acordo engloba um dos campos petrolíferos do Parque Nacional Yasuní, o ITT, que abriga 846 milhões de barris de petróleo. As reservas totais do país somam 6,5 bilhões de barris, segundo dados da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Sem produzir petróleo, principal item da pauta de exportação equatoriana, o ITT deixará de emitir mais de 400 milhões de toneladas de carbono. Em troca, o Equador buscará junto com o PNUD contribuições da comunidade internacional para proteger o parque, prevendo receber ao menos metade dos US$ 7 bilhões que obteria caso o petróleo fosse explorado. O país pretende reverter o dinheiro para desenvolvimento de energias renováveis.

“Estamos assistindo à inauguração de novos instrumentos de cooperação que servirão de base para o apoio a outros esforços nacionais e internacionais voltados para a busca de economias que estão em harmonia com a sociedade, a natureza e o planeta.”, afirmou a administradora associada do PNUD, Rebeca Grynspan, que esteve presente na assinatura do termo, em Quito.

O Parque Nacional Yasuní, onde ficam os campos de petróleo, está localizado no vale do Napo Superior da Amazônia Ocidental e abrange 982 mil hectares. A região possui uma enorme biodiversidade (150 espécies de anfíbios, 120 de répteis e 4 mil plantas por hectare)e abriga a tribo indígena tagaeri-taromenane. O parque é considerado Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO desde 1982.

Evento celebra cumprimento de ODM no PR

Movimento Nós Podemos Paraná realiza congresso em Curitiba para destacar cumprimento estadual de metas da ONU e focar municípios

Fonte: Nós Podemos Paraná/Divulgação
3º Congresso Nós Podemos Paraná
Onde: CIETEP - Avenida Comendador Franco, 1341 - Jardim Botânico - Curitiba (PR)
Quando: De 17 a 19 de agosto
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DANIELLE BRANT
da PrimaPagina

Para celebrar o cumprimento estadual dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que prevê ainda para este ano, o movimento Nós Podemos Paraná realiza o 3º Congresso Nós Podemos Paraná, que começa nesta terça (17) e termina na quinta (19), no Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores do Estado do Paraná (Cietep).

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, participa da abertura do encontro, às 19h desta terça. O ministro Luiz Dulci, chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, marcará presença, por sua vez, no encerramento do congresso, na quinta, às 16h30.

Segundo o Nós Podemos Paraná, o estado será o primeiro do Brasil a cumprir todas as metas das Nações Unidas, bem antes do prazo estipulado, que expira em 2015. "O terceiro congresso é importante. Nós lançamos, quando começamos a trabalhar no movimento Nós Podemos Paraná, em 2006, um desafio para o Paraná alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2010", afirma a coordenadora da entidade, Maria Aparecida Zago Udenal.

Além de apresentar os projetos que já foram implementados no estado para alcançar os ODM e apontar os avanços que ocorreram, o encontro busca pensar os desafios para os próximos cinco anos. No congresso também serão divulgadas as práticas que possibilitam ao Paraná alcançar, na média, cada um dos ODM.

Os organizadores convidaram ainda os candidatos ao governo estadual a explicar suas propostas para dar continuidade ao bom trabalho em favor das metas da ONU.

"Estamos trazendo pessoas dos diferentes municípios do Paraná. A gente vai sair com um planejamento, um roteiro de ações para serem desenvolvidas, para serem trabalhadas nos municípios, dando continuidade ao trabalho de municipalização que já fazemos neste ano de 2010", afirma a coordenadora do movimento.

Desafios

Embora o estado tenha, no geral, bons indicadores quanto às metas do milênio, alguns municípios tiveram desempenho melhor do que outros. Por isso, o movimento busca, agora, municipalizar os ODM, conforme explica Maria Aparecida. "A média não significa que todos os municípios do Paraná estão alcançando. Então, o nosso propósito agora é que todos os municípios do Paraná alcancem", afirma.

O ODM 5, que busca melhorar a saúde materna, é outro desafio no estado, que já implementou ações para alcançar esta meta. No final de 2008 foi criado o projeto Rede de Saúde da Gestante Paranaense, que elaborou planos para cumprir esse objetivo junto a instituições de ensino superior da área da saúde, organizações não governamentais do mesmo segmento e ao lado das secretarias municipais e estaduais de saúde.

No ano passado, o governo lançou o programa Nascer no Paraná: Direito à Vida, que visa reduzir o índice de mortalidade materno-infantil dos atuais 10,4 para menos de 10. "Toda a sociedade do Paraná, tanto governamental quanto a sociedade civil, já estão fazendo um esforço", ressalta a coordenadora do Nós Podemos Paraná.

Proposta das centrais sindicais ao Ministério Público do Trabalho sobre custeio sindical

No dia 10, as centrais sindicais entregaram ao Procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Otávio Brito Lopes, propostas orientadas ao aperfeiçoamento da liberdade e da autonomia sindical no País.

Em comunicado divulgado aos sindicatos da Central, João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da entidade, explica que estas propostas deverão nortear as negociações do movimento sindical com o Ministério Público do Trabalho no tocante a compreensão de temas que visem erradicar práticas e condutas antissindicais.

Entre os temas estão: o custeio das entidades sindicais; a utilização do interdito proibitório no movimento de greves; prática de atos atentatórios à atividade sindical e, a organização dos trabalhadores nas empresas.

A Força Sindical informou ainda aos associados que em julho passado, o Ministério Público do Trabalho/Procuradoria-geral do Trabalho distribuiu orientações em relação a Contribuição Assistencial, aprovadas na 2ª Reunião Nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical, documento que não foi negociado com o movimento sindical.

A íntegra da proposta das centrais é a seguinte:

Considerando que o Grupo de Trabalho, instituído pela Portaria PGT/MPT nº 78, de 05.02.2010, é o resultado da reunião das Centrais Sindicais acima qualificadas e a Procuradoria Geral do Trabalho;

Considerando que o Grupo de Trabalho, apesar do propósito inicial em estabelecer critérios uniformes que envolvam o custeio do Sistema Sindical, ao longo do processo de negociação, as Centrais Sindicais unificaram o entendimento que devido à importância do assunto debatido, não comporta apenas o critério de custeio, mas também a representação sindical nos locais de trabalho, ação conjunta contra os interditos proibitórios, estabilidade dos dirigentes sindicais e práticas antissindicais;

Considerando a natureza deste Grupo de Trabalho e seus possíveis efeitos ou desdobramentos, as Centrais mantêm a queixa formulada na Organização Internacional do Trabalho, autuada sob o nº 2.739 e já em tramitação, sem qualquer efeito de modificação ou renúncia;

Considerando que ainda não estão envolvidos no debate o Judiciário e o Executivo, poderes que se articulam em diversas ações relacionadas ao objeto do presente GT;

As Centrais Sindicais alvitram e unificam o entendimento:

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As Centrais Sindicais entendem que o Ministério do Trabalho e Emprego e o Tribunal Superior do Trabalho devem participar das discussões do Grupo de Trabalho, objetivando ampliar o rol de temas a serem debatidos e equacionados.

De outro lado é importante salientar que mesmo no âmbito do M.P.T. ha necessidade de se estabelecer com maior clareza a natureza do Grupo de Trabalho, buscando levantar, para fins de avaliação e reflexão, o numero de procedimentos investigatórios em curso e de ações civil publicas ajuizadas e em tramitação que envolva os temas postos em pauta para a discussão do GT.

CUSTEIO DAS ENTIDADES SINDICAIS
As Centrais Sindicais consignam o entendimento de que a interpretação acerca da dotação do custeio das entidades sindicais deve ser àquela prevista nos julgados do Comitê de Liberdade Sindical da Organização Internacional do Trabalho, cujos princípios são pautados pela autoregulamentação e autonomia. O que não sugere desregramento e legalização da má-fé do processo de negociação coletiva (art. 422, do Código Civil).

As Centrais Sindicais consideram o respeito à decisão da assembléia geral, órgão máximo e deliberativo dos trabalhadores , como princípio básico para o custeio das entidades sindicais.

Por outro lado, sugerem que o instrumento contenha menção expressa sobre o que as Centrais Sindicais consideram e que é necessária a existência de um “teto” contributivo razoável.

As Centrais Sindicais lembram a tempo aos interessados que qualquer vinculação contratual das entidades de trabalhadores, aos olhos da OIT, pode se revelar um atentado á liberdade sindical e ao art. 7. XXVI, da Constituição Federal.

O sistema de custeio deverá ser aprovado em Assembléia Geral, que será precedida de ampla divulgação no âmbito da representatividade, convocado os trabalhadores sócios e não sócios, que poderão exercer o direito de oposição nessa oportunidade.

O custeio pressupõe a realização do processo de negociação coletiva, independentemente do resultado. O desconto e o repasse deverão ser procedidos pelas empresas, sob pena de configurar descumprimento de obrigação de fazer ou, conforme o caso, o crime de apropriação indébita.

UTILIZAÇÃO DO INTERDITO PROIBITÓRIO NOS MOVIMENTOS DE GREVE
A greve é direito universal e fundamental dos trabalhadores.

A legitimidade para instaurar inquérito na hipótese de ocorrer ilícito em paralisações é do Ministério Público, que deve exercê-lo, logo, faz-se necessário substituir a aberração da Ação Possessória – Interdito Proibitório - para obstruir movimento de greve – pela aplicação da própria lei de greve (lei 7783/89), que em seu artigo 15 regulamenta:

“A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal”.

Parágrafo único. Deverá o Ministério Publico, de oficio, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver indicio de prática de delito.”

ESTABILIDADE DOS DIRIGENTES SINDICAIS
Proteção contra dispensa arbitrária a partir do registro da candidatura e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, de acordo com o estatuto de cada entidade.

O número de dirigentes sindicais deverá considerar os critérios dos estatutos sociais de cada entidade sindical e, especialmente, ser ratificado em norma coletiva.

PRÁTICA DE ATOS ATENTATÓRIOS À ATIVIDADE SINDICAL
Estabelecer um procedimento padrão para que as entidades sindicais apresentem ao Ministério Publico os atos atentatórios à atividade sindical e o compromisso da instauração do inquérito civil e penal.

Configura conduta anti-sindical todo e qualquer ato do empregador que tenha por objetivo impedir ou limitar a liberdade ou a atividade sindical, consoante o seguinte rol não exaustivo:

"« subordinar a admissão ou a preservação do emprego ao desligamento de uma entidade sindical;

"« despedir ou discriminar trabalhador em razão de sua filiação a sindicato, participação em greve ou em assembléias, atuação em entidade sindical ou em representação sindical nos locais de trabalho;

"« desrespeitar a estabilidade de dirigentes eleitos para mandato sindical;

"« interferir nas organizações sindicais de trabalhadores;

"« recusar-se à negociação coletiva ou a utilizar-se de meios que impeçam a realização do processo negocial.

ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES NAS EMPRESAS
Estabelecer um procedimento uniforme para a aplicação da regra constitucional em “Acordo ou Convenção Coletiva” de critérios que garantam a representação dos trabalhadores nas empresas, inclusive para aquelas que possuam menos que 200 empregados, estabelecendo-se em qualquer caso, como critério essencial, a estabilidade do representante e de seu suplente.

O Ministério Público Trabalho e as Centrais Sindicais atuarão de forma conjunta com o escopo de dar cumprimento ao disposto no artigo 11 da Constituição Federal, bem como as previsões sobre o tema constantes em normas coletivas.

CONCLUSÃO
O DEBATE DESSES TEMAS terá prosseguimento com o Ministério Publico do Trabalho, fazendo gestões em conjunto para agendar “debate” ou “encontro” com os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho e com o Ministério do Trabalho e Emprego, objetivando ampliar a discussão e possibilidade de procedimento futuro.

No âmbito de articulação e autonomia das entidades que participam do GT, há a necessidade de se aprofundar esses temas com o fim de se construir guias de boas práticas sindicais nos moldes recomendado pela OIT, preservando-se a autonomia sindical e conferindo à liberdade sindical o status constitucional que ela adquiriu.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Tomaram a vaga ao senado e deixaram o Osmar pelado na candidatura ao governo

Deu no Celso Nascimento:

Queixoso, Osmar pede mais empenho do PT

Duas novas pesquisas sobre a corrida ao governo estadual devem ser divulgadas nesta semana. Datafolha e Ibope já estão medindo os reflexos da primeira semana da campanha massificada via horários gratuitos de rádio e televisão. Antes desse período, Beto Richa distanciava-se do oponente Osmar Dias por diferença que já chegava a dois dígitos. A propaganda eletrônica já teria sido capaz de alterar este quadro, de modo a aumentar ou diminuir a diferença ou, até mesmo, a inverter as posições?

O fato de antes do horário gratuito vir se ampliando, pesquisa após pesquisa, sua diferença negativa em relação ao adversário, fazia com que Osmar apostasse suas fichas na reversão dos índices, sobretudo no poder de convencimento da televisão. Por meio da tevê, propôs-se a projetar a imagem de um político sério, de poucos sorrisos, mas conhecedor profundo das realidades paranaenses e administrador de comprovada competência num setor vital para a economia estadual, o da agropecuária. Tudo em contraposição ao que se supõe seja a imagem que o adversário Beto Richa projeta – homem urbano, aristocrata e pouco afeito aos problemas do campo.

Osmar Dias ainda não tem segurança de que tal estratégia lhe tenha trazido benefícios – mas já sabe que ela, por mais eficaz, não basta. É preciso empenho, muito empenho, dos políticos e militantes em geral que se dispuseram a fazer parte da aliança partidária que sustenta sua candidatura.

Mesmo utilizando-se de linguagem diplomática, não consegue mais esconder uma queixa: o PT, um dos partidos que compõem sua coligação e o que mais esforço fez para disputasse o governo para dar palanque a Dilma Roussef no Paraná, não está lhe dando suficiente apoio.

Ele deixou claro este sentimento no último sábado, em Londrina, quanto participou da inauguração de comitê de uma candidata petista local. Osmar aproveitou a ocasião para apelar para que a militância petista abrace sua campanha, lembrando que o inverso é verdadeiro: “Só sei dar um abraço por inteiro. Abracei a política do presidente Lula desde que o PDT foi para a base do governo. Quando Lula me pediu para ser candidato, para representar no Paraná o projeto de continuidade das políticas sociais, a única coisa que pedi foi que o PT me abraçasse por inteiro, me apoiasse.”

Pelo jeito, Osmar não estaria percebendo reciprocidade à altura do compromisso que firmou: “Faltam 40 dias para as eleições – disse – e preciso que vocês abracem minha candidatura, pedindo votos de casa em casa, multiplicando os pedidos de votos para os companheiros, amigos e familiares”. Afirmações que só ganham sentido se o candidato não tivesse sido tomado pela percepção de que o PT e os petistas da base não estão fazendo o que haviam prometido.

Se, por um lado, se sente abandonado pelas bases petistas, Osmar também não sentiu efeitos positivos quanto à suposta transferência de prestígio e votos que Lula e Dilma proporcionariam à própria campanha. Enquanto a presidenciável dispara nas pesquisas, antevendo-se uma decisão já no primeiro turno, as pesquisas para o governo do Paraná traçam uma curva em sentido oposto para o aliado Osmar.

Após horário eleitoral, Dilma dobra a vantagem sobre Serra

Se a eleição fosse hoje, petista venceria no primeiro turno com 54% dos votos válidos

A primeira pesquisa Datafolha realizada após o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV mostra que a candidata do PT, Dilma Rousseff, cresceu seis pontos percentuais na última semana, alcançando 47% das intenções de voto para presidente da República. O levantamento, feito integralmente hoje, dia 20 de agosto, aponta ainda queda de três pontos no apoio ao tucano José Serra, que fica agora com 30%. Marina Silva apresenta oscilação negativa de um ponto percentual e obtém 9%. A taxa de indecisos é de 8% e a dos que pretendem votar em branco ou anular o voto é de 4%

A diferença de Dilma para o ex-governador fica em 17 pontos percentuais. A petista alcança 54% dos votos válidos, o que garantiria sua vitória já no primeiro turno, caso a eleição fosse agora. O cálculo dos votos válidos considera apenas as menções a candidatos. As taxas de indecisos e a dos que votam em branco e nulo não são excluídas, mas sim distribuídas proporcionalmente entre os candidatos, de acordo com os percentuais de intenção de voto obtidos por cada um.

Depois do início da propaganda eletrônica oficial, o apoio à candidatura da ex-ministra de Lula cresceu em quase todos os segmentos sociais, a exemplo do que já havia acontecido na semana anterior. Mas a ascensão é mais expressiva entre os moradores do Nordeste (11 pontos), entre as mulheres (oito pontos), entre os mais jovens (nove pontos), entre os menos escolarizados (nove pontos) e entre os que têm de 45 a 59 anos (12 pontos).

Na intenção de voto espontânea, Dilma subiu de 26% para 31%. Serra oscilou positivamente um ponto percentual (de 16% para 17%) e Marina ficou estável com 5%. A taxa de entrevistados que não sabem opinar sem a apresentação do cartão com os nomes dos entrevistados caiu seis pontos após o início do horário eleitoral. Era 43% há uma semana e hoje corresponde a 37%.

Quanto ao grau de decisão sobre a escolha do candidato, 74% se dizem totalmente decididos sobre o voto. Entre os eleitores de Dilma Rousseff, essa taxa é de 78% e entre os de José Serra, ela é de 74%. Na pesquisa anterior, esses índices correspondiam a 80% e 70%, respectivamente. Com a inversão do líder nas intenções de voto, inverte-se também o candidato que figura como segunda opção. Nesse caso, entre os que não estão convictos, Serra alcança 29%, Dilma 19% e Marina também 19%.

Na simulação de segundo turno entre Dilma e Serra, a petista também ganhou pontos. No levantamento anterior, a ex-ministra tinha 49% da preferência do eleitorado em um eventual confronto direto contra o tucano. Na ocasião, o ex-governador de São Paulo aparecia com 41%. Agora, essas taxas são 53% e 39%, respectivamente.

A expectativa de vitória da petista também disparou. Há uma semana, antes do início do horário eleitoral, 49% achavam que Dilma seria eleita presidente. Agora, 57% acreditam na vitória da ex-ministra de Lula.

No total da amostra, é interessante notar que a maioria dos eleitores brasileiros sabe apontar o PT como o partido de Dilma Rousseff (65%). Em relação a Serra e Marina Silva, acontece o contrário – a maioria dos entrevistados desconhece os partidos dos dois candidatos.


Petista é a melhor avaliada no horário eleitoral
34% já assistiram aos programas


No total, 34% dos eleitores brasileiros já assistiram a pelo menos um dos programas de TV dos candidatos a presidente da República no horário eleitoral gratuito. Como o campo da pesquisa foi realizado no dia 20 de agosto e o horário eleitoral começou no dia 17 do mesmo mês, são dois os dias de propaganda dos presidenciáveis (17 e 19) que correspondem à audiência declarada pelos entrevistados. Assistiram à propaganda de Dilma Rousseff 29% e à de Serra 25%. Viram o programa de Marina (PV) 17%.

Questionados sobre qual dos candidatos se saiu melhor nos primeiros programas da campanha na TV, a maior parte da audiência (49%) respondeu Dilma. Outros 27% citaram José Serra e 8% Marina Silva. As menções positivas sobre o desempenho de Dilma são mais freqüentes entre os que viram os programas no Nordeste (57%), entre os que têm menor renda (55%) e entre os mais jovens (53%).

fonte: Datafolha

Bancos acumulam lucros recordes no segundo trimestre: R$ 10 bi

Os bancos constituem o ramo da economia nacional que mais lucrou no segundo trimestre deste ano. Abocanharam 10,1 bilhões de reais, 18,38% a mais do que os R$ 8,5 bilhões obtidos em 2009, segundo estudo da consultoria Economática divulgado nesta 2ª feira (23). O resultado reflete as altas taxas de juros e caríssimas tarifas cobradas aos clientes.
Prisioneiro de uma política monetária conservadora, há anos o Brasil exibe o desonroso título de campeão mundial dos juros reais altos. A Selic, taxa básica de juros usada como indexador de títulos públicos, foi fixada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em 10,75% ao ano, depois de três aumentos sucessivos. A mera aplicação em papéis do governo garante um bom rendimento, além de fácil e seguro. Mas, os banqueiros não se contentam com pouco.

Agiotagem


Os juros cobrados pelas 25 instituições do sistema financeiro brasileiro acrescentam uma diferença (spread) arbitrária e abusiva, a título de risco, que eleva os juros efetivamente cobrados aos indivíduos e empresas a percentuais bem superiores ao da taxa básica, próprios de agiotas. Os juros sobre cheque especial e cartões de crédito são até 15 vezes superiores à Selic.

As tarifas sobre os serviços prestados (emissão de cheque, saldos, extratos, cartões, pagamento de contas, entre outros) são outra fonte generosa de lucros. Além disto, os banqueiros remuneram mal seus funcionários e exigem o máximo de esforço e produtividade.

Petróleo em 2º

O levantamento da Economática foi feito com base nos demonstrativos financeiros apresentados pela empresas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Depois do ramo bancário, no ranking dos lucros, aparece o de petróleo e gás, representado por quatro empresas, com lucro de R$ 8,5 bilhões contra R$ 7,7 bilhões registrados no mesmo período de 2009 (crescimento de 10,9%).

Dos 23 ramos econômicos analisados pela Economática, sete apresentam queda do lucro no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, entre eles alimentos e bebidas e veículos e peças.

fonte: Vermelho

Mercado eleitoral

Escrito por Frei Betto para o Correio da Cidadania

O jogo é um vício nefasto. Ao contrário da bebida e da droga, a pulsão pela aposta não altera o estado de consciência e arrisca os recursos financeiros do jogador. Dostoiévski que o diga.

A fantasia de ganho fácil faz naufragar a razão na emoção. O jogador dobra apostas, blefa, convicto de que a sorte, mulher apaixonada, jamais o abandona.

O processo eleitoral, tal como ocorre hoje, não seria um jogo? A maioria dos candidatos é motivada pelo ideal de servir ao bem comum ou pela ambição de ocupar uma função de poder e, assim, assegurar melhor futuro para si e os seus?

Já no século IV a.C., Aristóteles, que defendia a rotatividade no poder como predicado da democracia, observava na Política (livro III) que as coisas mudavam porque, "devido às vantagens materiais que se tira dos bens do Estado ou que se alcança pelo exercício do poder, os homens desejam permanecer continuamente em funções. É como se o poder conservasse em permanente boa saúde os que o detêm...".

Hoje, isso se acentua. Os candidatos, salvo exceções, não têm programas (exceto no papel), mas performance; nem objetivos, mas compromissos com aliados; nem princípios ideológicos, mas o pragmatismo que ignora a ética mais elementar. A política se tornou a arte de simular e dissimular.

Os marqueteiros têm mais poder sobre os candidatos que o partido. Não se trata mais de divulgar um projeto político, e sim um produto capaz de seduzir o mercado eleitoral. O perigo, adverte Umberto Eco, é o político se tornar um produto semiótico, teatralizado.

Muitos políticos rezam pelo Breviário do cardeal Mazarin, escrito no século XVII, onde se multiplicam conselhos deste quilate: "Arranja-te para que teu rosto jamais exprima nenhum sentimento particular, mas apenas uma espécie de perpétua amenidade". Ou: "O importante é aprender a manejar a ambigüidade, a pronunciar discursos que possam ser interpretados tanto num sentido como no outro, a fim de que ninguém possa decidir".

Os marqueteiros são, hoje, os verdadeiros artífices das candidaturas. Os eleitores, o alvo mercadológico. A diferença com os produtos do supermercado é que estes são adquiridos para uso do consumidor. No caso da política, o eleitor é "consumido" para uso do candidato. Meses depois, o eleitor nem se recorda dos nomes a quem deu seu voto, embora se queixe dos políticos e da política.

A roleta eleitoral ainda não conseguiu eliminar do processo um fator incômodo: a entrevista. A mídia exerce poderosa mediação entre o candidato e o eleitor, daí as concessões feitas pelos partidos para ampliar suas alianças e garantir maior tempo de exposição midiática de seus candidatos.

A entrevista incomoda porque impede o candidato de manter-se nos estreitos limites da retórica recomendada pelos marqueteiros. Surgem perguntas indesejadas, questionamentos éticos, e as contradições que o candidato tanto gostaria de ocultar.

Sem entrevista, programa político e amor ao bem comum a democracia é mera farsa.

Os “nanicos” da política e do povo

Escrito por Waldemar Rossi para o Correio da Cidadania

As eleições deste ano, especialmente a presidencial, vão ganhando corpo e, sem mais nem menos, entrando nos lares através da invasiva e desrespeitosa televisão. Muda a rotina dos lares como se fosse a dona absoluta de todos e todas nós. Somos forçados a suportar horas e horas de desfilantes, candidatos/as aos cargos eletivos (deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República), cada um trazendo a sua "mensagem de felicidade" para o povo. Todos e todas têm a receita para a felicidade do povo em geral e, portanto, o povo não será feliz se não quiser.

Mas o que mais chama a atenção é o fato de a imensa maioria não se indignar com essa quebra da privacidade dos lares, essa indevida invasão. Não falo aqui dos programados debates, com dia e hora marcados. Falo da propaganda gratuita que nos força a engolir sapos (barbudos ou não) a cada momento – através das pequenas entradas – e durante intermináveis minutos do "direito" a que os partidos dispõem por força de lei. Aliás, lei criada pelos parlamentares que dela se beneficiam.

E, assim, o sistema dominante vai nos impondo suas escolhas feitas anos antes, porém, colocadas como se fossem a vontade soberana dos cidadãos e cidadãs que pagam pesados impostos durante os 365 dias (mais seis horas) do ano. E vamos engolindo essa escolha como se fosse realmente a nossa. Como já nos prevenia Pe. Alfredo Gonçalves, em um dos seus belos artigos: "vamos escolher quem vai nos trair futuramente" (referindo-se ao controle que o poder econômico exerce sobre as estruturas políticas do país e sobre a maioria dos políticos).

Há, ainda, uma agravante que não vem sendo analisada pelos eleitores e que a mídia tenta esconder. A tal lei da propaganda eleitoral gratuita, que foi feita e é mantida pelos políticos de plantão, cria verdadeiro monstrengo em termos de justiça e democracia. Essa lei privilegia os grandes partidos que vêm sendo mantidos no poder com vultuosas verbas fornecidas pelas grandes empresas nacionais e multinacionais.

Assim, cada partido tem "direito" a encher a paciência dos telespectadores conforme o número de parlamentares que tiver conseguido eleger. Com isto, impede que novos partidos possam de fato se apresentar ao eleitorado. É o que a burguesia – e seus meios de comunicação - sacanamente chama de partidos "nanicos", uma expressão depreciativa, que leva o povo a ignorá-los, e por isso a não terem a mínima chance de se apresentarem ao eleitorado como alternativa de poder. E assim vão sendo mantidos perpetuamente nanicos pelo poder explorador. Porém, com um discurso bem concatenado, fazendo-nos engolir que este sistema é realmente democrático.

Da mesma forma como o fazem com mais de 70 milhões de brasileiros e brasileiras, que vêm sendo excluídos da vida econômica, social e cultural do país. São milhões de seres humanos, com direitos iguais segundo a lei, mas que vêm sendo colocados e mantidos à margem de um padrão de vida segundo as exigências legais e da própria dignidade humana. Partidos e povo vão se tornando cada vez mais "nanicos", cada vez mais marginalizados, segundo a lógica desse sistema burguês de dominação e exploração total.

Alguém poderá discordar do que vai acima escrito apelando para um exemplo de ruptura com tal lógica: o nascimento, crescimento e afirmação nacional do PT (Partido dos Trabalhadores). Isto é fato. Mas há que analisar que este PT que está no poder nasceu do momento histórico possivelmente de maior crescimento do movimento social que o país viveu, tendo como base a ascensão das lutas operárias. O PT foi fruto de um amplo movimento social ativo e consciente do seu protagonismo.

Mas o PT de hoje não é mais o PT da época de sua fundação. Sua direção e corrente majoritária foram cooptadas pelo poder neoliberal. Passou a ser um dos grandes, mas a custa da renúncia à missão para a qual foi criado e atuando contrariamente aos seus discursos históricos. Sua política é a mesma dos tradicionais "currais eleitorais" criados e mantidos pelos famigerados "coronéis" do nosso interior.

As chances de que os partidos e o povo "nanicos" deixem de sê-lo dependem exclusivamente do desenvolvimento da consciência crítica, da politização, organização da ação coletiva de todos e todas nós. E isto só irá acontecer na medida em que sobretudo as gerações jovens se apropriarem do conhecimento e assumirem o seu protagonismo.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

População não aguenta mais pagar tantos impostos, afirma Hauly

A carga tributária é considerada elevada por 97,1% da população quando comparada com a qualidade dos serviços prestados pelo governo. Os dados fazem parte de pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com moradores das seis principais regiões metropolitanas do país. E ao mesmo tempo em que os cidadãos reclamam que o dinheiro público é mal aplicado, a arrecadação de tributos federais voltou a bater recorde em julho: R$ 67,9 bilhões, o maior resultado da história para o mês.

“A pesquisa está correta. A população brasileira não aguenta mais pagar tantos impostos. O governo do PT é o que mais arrecada no mundo e, ao mesmo tempo, é o que mais gasta mal”, destaca o deputado Luiz Carlos Hauly (PR).

A percepção do brasileiro é de que o dinheiro não é bem usado, o que pode ser comprovado, por exemplo, pela inoperância do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até a última terça-feira (17), apenas 9,7% de toda a dotação autorizada para o programa em 2010 havia sido efetivamente paga.
Para o tucano, os gastos do governo são “vergonhosos”, principalmente em saúde, assistência social e educação. “Nas estradas nem se fala, pois estão todas esburacadas”, criticou o parlamentar.
De acordo com a pesquisa da Firjan, de maneira geral, sem a comparação com os serviços prestados pelo governo, 95,6% das pessoas consideram a carga tributária brasileira alta ou muito alta, enquanto 89,2% acreditam que a redução dos tributos traria melhorias para a população.

O deputado parananense acredita que só é possível reverter a percepção da sociedade em relação ao assunto quando houver uma redução e uma melhor aplicação dos tributos. “Nos últimos anos os únicos impostos reduzidos foram com o Simples e o Super Simples para os pequenos e micros empresários. E foi o PSDB que trabalhou muito para isso”, ressaltou.
O tucano apresentou há cerca de dois meses uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que isenta a cobrança de impostos sobre alimentos e medicamentos. O fim dos tributos sobre esses produtos deve gerar, segundo o deputado, uma economia de cerca de 40% no orçamento das famílias de baixa renda.

Menos impostos, mais poupança:
→ De acordo com a pesquisa, um aumento de 10% na renda decorrente da redução tributária significaria uma injeção anual de R$ 108 bilhões no mercado consumidor. O levantamento apurou que, com esse aumento na renda, 48% das pessoas poupariam, 35,5% gastariam o excedente com consumo e 16,5% quitariam dívidas. → O estudo realizado pela Firjan ouviu 2.482 moradores de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo

domingo, 22 de agosto de 2010

JORNALISTA JOSIAS DE SOUZA DA FOLHA DE SÃO PAULO, DESESPERADO, PEIDA!

Desespero, covardia, sujeira, vergonha.
Assim podemos considerar o artigo de Josias de Souza da FSP.
O Bocó, revelou-se!
Esperneando, já empalado, ROSNA contra a Presidente Dilma!
Arrombado, tenta botar a culpa na patuléia.
Josias, seu camundongo de sarjeta...
Ajoelha e Chora Vagabundo!

Paulo Aguilera

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Novo indicador do RDH retrata vivências no trabalho, na educação e na saúde

IVH (Índice de Valores Humanos), calculado para o Brasil e as cinco regiões do país, é inédito no mundo e tem escala igual à do IDH
Reprodução
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Versão inicial do RDH Brasil 2009/2010
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Foi divulgado nesta terça-feira um indicador inédito no mundo, o IVH (Índice de Valores Humanos), que retrata as vivências dos brasileiros nas áreas de saúde, educação e trabalho. Ele faz parte da versão inicial do terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2009/2010.

O IVH indica o grau de respeito a valores nas áreas de saúde, conhecimento e padrão de vida — as mesmas categorias levadas em conta no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), criado em 1990 e calculado para mais de 180 países. Assim como o indicador divulgado anualmente pelo PNUD, ele varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior).

“O novo índice busca dar materialidade à discussão sobre a importância dos valores para o desenvolvimento humano”, afirma o coordenador do RDH Brasil 2009/2010, Flávio Comim. “O IDH concentra-se nos resultados. O IVH desloca a atenção para os processos que levam a um pior ou melhor desenvolvimento humano. Os dois índices são complementares”, acrescenta.

Os dados foram coletados em pesquisa feita no início deste ano com parceria do Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, com 2.002 entrevistados em 148 municípios de 24 unidades da Federação. Os valores abordados estão entre os destacados na pesquisa Perfil dos Valores dos Brasileiros, que fez parte do segundo caderno do relatório: respeito, liberdade, reciprocidade e convivência.

A elaboração do IVH partiu do conceito de que os valores são formados a partir das experiências das pessoas — por isso, o índice capta a percepção dos indivíduos sobre situações vivenciadas no dia a dia.

Subíndices

O IVH do Brasil é 0,59, valor que equivale à média dos três subíndices que o compõem. O maior é o ligado a trabalho (chamado IVH-T): 0,79. Isso indica que as pessoas têm mais vivências positivas nessa área do que nas outras duas, segundo Comim.

O IVH-T abrange principalmente questões ligadas a liberdade e reciprocidade. Um IVH próximo de 1 aponta que, no ambiente de trabalho, as pessoas experimentam mais situações positivas (como realização profissional, cooperação entre os colegas, liberdade para expressar opiniões, motivação) do que negativas (frustração, estresse, discriminação, falta de reconhecimento e indignação, por exemplo).

Na dimensão de educação (IVH-E), o índice é 0,54. Ela destaca os valores de convivência e aborda três aspectos. Um deles capta o que os entrevistados acham que a educação escolar deve priorizar: conhecimento para ser uma boa pessoa, um bom cidadão, para ter uma boa vida ou conseguir emprego. Quanto mais respostas indicando os conhecimentos que tendem a gerar mais benefícios públicos (como ser uma boa pessoa e um bom cidadão), maior o IVH-E. Outro aspecto incluído no IVH-E é a avaliação dos entrevistados sobre os estudantes (se têm interesse pelos estudos, respeito aos professores e honestidade, por exemplo). O terceiro é uma avaliação dos professores (semelhante à dos alunos: se respeitam os alunos, se têm interesse pelo alunos, honestidade e liberdade para expressar suas ideias).

O indicador em que o Brasil se sai pior é o de saúde (IVH-S): 0,45. Este subíndice sintetiza a opinião dos entrevistados sobre três aspectos relacionados aos serviços do setor: tempo de espera por atendimento, facilidade de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde e interesse que a equipe médica tem pelo paciente.

Os resultados da pesquisa mostram que mais da metade da população (51,1%) julga que a espera por atendimento em serviço de saúde é demorada (não foi feita distinção entre setor público ou privado). Apenas 27,1% acham fácil a compreensão da linguagem dos profissionais do setor, e 30,7% avaliam que eles têm pouco interesse em ajudar os pacientes.

Diferenças

O IVH foi calculado não apenas para o Brasil, mas também para as regiões. Sudeste e Sul, justamente as regiões com maior IDH, lideram o ranking do Índice de Valores Humanos, com 0,62. Em seguida, vêm Centro-Oeste (0,58), Nordeste (0,56) e Norte (0,50).

No IVH-S, a média brasileira é superada por Sudeste (0,51), Centro-Oeste (0,48) e Sul (0,47). O Norte é, novamente, a região com menor valor (0,31), seguido do Nordeste (0,36). Mais de dois terços (66,9%) dos moradores do Norte avaliam, por exemplo, que o tempo de espera por atendimento de saúde é elevado, e quase metade (44,6%) considera que a linguagem dos profissionais da área é muito difícil (44,6%).

Na dimensão educação, as diferenças são um pouco menores, com exceção da região Norte. A média brasileira do IVH-E (0,54) é superada por pouco no Sudeste (0,55) e no Sul (0,55), coincide com a do Centro-Oeste e fica pouco acima da do Nordeste (0,53). No Norte, o valor é 0,47. Nessa região, “a maior parte da população (40,4%) considera que o mais importante a ser ensinado às crianças são conhecimentos para obter um bom emprego”, destaca o relatório.

No IVH-T, o Sul é que se saiu melhor (0,84), seguido do Sudeste (0,80). Nordeste (0,78) e Norte (0,74) não ficam muito longe da média brasileira (0,79). O pior nessa dimensão é o Centro-Oeste (0,68), região em que há mais relatos de vivências no trabalho relacionadas a sofrimento.

Calculado para diferentes grupos de renda e de nível de escolaridade, o IVH contraria a desconfiança de que os mais pobres ou menos escolarizados tendem a ser mais condescendentes. Pelo que sinaliza o índice, há uma tendência, ainda que nem sempre linear, de que as vivências positivas sejam mais frequentes nos grupos com mais renda e educação. “As pessoas mais pobres e com menos educação não indicaram que tudo está bem. Pelo contrário, elas confirmaram a hipótese de que a pobreza e a exclusão impõem penalidades dobradas a elas”, afirma o relatório.

Perguntas e respostas sobre o IVH

Tire dúvidas sobre o Índice de Valores Humanos, que avalia
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1) O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) indica o grau de desenvolvimento de uma localidade. O IVH (Índice de Valores Humanos) indica o quê?

O IVH traz relatos de vivências nas quais os valores têm um papel-chave para o desenvolvimento humano. Pode-se dizer que ele trata do grau de respeito a valores na saúde, na educação e no trabalho — que espelham as áreas privilegiadas pelo IDH (longevidade, educação e renda).

2) Quais as principais diferenças entre o IDH e o IVH?

O IDH capta resultados: expectativa de vida das pessoas, renda ou Produto Interno Bruto (PIB) per capita, alfabetização e matrículas nas escolas. O IVH trata de aspectos mais qualitativos do desenvolvimento. Especificamente, detecta alguns processos que levam a um pior ou melhor IDH. Nesse sentido, são índices complementares. Além disso, o IDH trata de números que são muito importantes, mas que não dizem diretamente respeito à realidade de cada indivíduo. Uma taxa de alfabetização de 90% é um dado abstrato para a maioria dos brasileiros. Já o IVH não é um indicador só para governos: ele aborda experiências vividas pelas pessoas cotidianamente: esperar por uma consulta ao médico, prazer ou sofrimento no trabalho, vivências de valores nas escolas...

3) Por que o IVH leva em conta saúde, educação e trabalho?

Porque essas são áreas que os brasileiros consideram importantes, como mostrou a pesquisa Perfil dos Valores dos Brasileiros, uma das etapas do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil (RDH) 2009/2010. E também porque ele se inspira no IDH, que abrange dimensões similares.

4) Como o IVH é calculado?

Cada uma das três dimensões do IVH varia de 0 a 1. Para obter o IVH, somam-se as dimensões e divide-se por três. O resultado também vai variar de 0 a 1 — quanto mais próximo de 1, maior a indicação de que as experiências são melhores, de que possuem mais valores.

5) O que é considerado em saúde?

A dimensão de saúde do IVH, chamada IVH-S, enfatiza os valores de respeito. Esse indicador sintetiza a percepção dos brasileiros em relação: 1) ao tempo de espera para atendimento médico ou hospitalar; 2) à facilidade ou dificuldade de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde; e 3) ao interesse que a equipe médica tem pelo paciente. Para cada questão apresentada aos entrevistados havia quatro possibilidades de resposta. Essas respostas são colocadas em uma escala de 0 a 1, de modo que 1 representa o melhor relato de vivências de saúde e zero, o pior. O Índice de Valores Humanos–Saúde equivale ao valor médio obtido nos três pontos abordados.

6) O que é considerado em trabalho?

A dimensão de trabalho do IVH (IVH-T) destaca valores de liberdade e reciprocidade. É baseada em um questionário que apresenta 32 experiências no trabalho — 17 relacionadas ao prazer (liberdade com a chefia para negociar o que precisa, orgulho do que faz, realização profissional, solidariedade entre os colegas etc.) e 15 ao sofrimento (estresse, insatisfação, falta de reconhecimento, discriminação etc.).

O valor do índice é baseado no número de vezes (de zero a mais de seis) em que o trabalhador experimentou essas vivências nos seis meses anteriores à aplicação do questionário, ou no último emprego, caso a pessoa esteja desempregada.

Para cada experiência de prazer mencionada, foi atribuído um valor de 0 a 6 (assim, se uma pessoa se sentiu reconhecida por seu trabalho cinco vezes, essa resposta recebeu valor 5). Depois, foi feita uma média das 17 situações de prazer. Para cada menção ligada a experiências de sofrimento, foi atribuído um valor de 0 a -6. Se o pesquisado sentiu-se sobrecarregado quatro vezes, por exemplo, essa resposta recebeu valor -4. Também foi feita uma média das 15 vivências negativas.

O IVH-T é calculado de acordo com o tipo de vivência predominante. Quando o número de vivências de prazer no trabalho é superior ao de sofrimento, o IVH-T é igual a 1. Quando há mais experiências de sofrimento, o IVH-T é igual a 0.

7) O que é considerado em educação?

No caso da educação, sublinham-se os valores de convivência. O subíndice dessa área (IVH-E) mescla avaliações sobre os valores que os entrevistados atribuem ao ensino, aos alunos e aos professores.

O primeiro componente averiguou se as famílias consideram mais importante, na formação escolar, aquisição de conhecimento para: a) ser uma boa pessoa; b) ser um bom cidadão; c) ter uma boa vida; ou d) conseguir um emprego. As respostas a e b representam conhecimentos que geram maiores benefícios públicos, enquanto as repostas c e d representam maiores benefícios individuais. Desse modo, foram atribuídos valores de 1 a 4 para as opções de resposta, sendo o valor 4 para a opção a, 3 para b, 2 para a opção c e 1 para a opção d.

Outro componente do IVH-E é formado a partir de respostas de todos os entrevistados com a opinião deles sobre os alunos (se têm interesse pelos estudos; respeito pelos professores; tolerância com os colegas; responsabilidade com as tarefas escolares; liberdade para expressar suas idéias; honestidade). Para cada um desses aspectos foram atribuídos valores de acordo com a frequência em que são observados: 5 se esses pontos são sempre observados; 4 se freqüentemente; 3 se às vezes; 2 se raramente; e 1 caso esses pontos nunca sejam observados. A média de frequências dos 6 aspectos compõe o indicador de valores dos alunos no IVH-E.

O componente relacionado aos professores é similar. Foram também captadas as opiniões dos entrevistados sobre seis aspectos relacionados aos docentes (interesse pelos alunos; respeito aos alunos; tolerância com os pais dos alunos; responsabilidade com o planejamento das aulas; liberdade para expressar suas idéias; honestidade). O sistema de pontuação, entre 5 e 1, é igual ao do item anterior, para cada um dos seis aspectos.

O valor final do IVH-E na dimensão de educação é calculado a partir da combinação dos indicadores relacionados a famílias, alunos e professores. Cada um desses indicadores foi transformado em uma escala de 0 a 1, de modo que, quanto maior for o indicador, melhor a será avaliação dos valores relacionados à educação. A soma desses indicadores, dividida por três, resulta no IVH-E.

8) De onde vêm os dados do IVH?

De uma pesquisa de campo feita pelo RDH em parceria com o Instituto Paulo Montenegro/Ibope em janeiro e fevereiro deste ano com 2.002 pessoas, em 148 municípios de 24 unidades da Federação. Foram aproveitados 1.887 questionários.

9) Uma pesquisa por amostragem tem confiabilidade suficiente para refletir os valores dos brasileiros?

Sim. Valores são diversos, mas quando falamos de valores para o desenvolvimento é correto sugerir que muitos problemas que vivemos, para cuja solução os valores tornam-se fundamentais, são, de algum modo, comuns. Isso é o que garante que possamos dizer que a vida no mundo do trabalho e a provisão de alguns bens públicos devem seguir padrões mínimos de valores. A amostra usada na pesquisa é suficiente para obter resultados confiáveis para o Brasil como um todo, as cinco grandes regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e algumas unidades da Federação.

10) Não é um problema os números do IVH serem baseados na opinião das pessoas?

Um dos pilares do conceito de desenvolvimento humano é o de que as pessoas devem ser agentes de seu próprio desenvolvimento. São elas que vivem o desenvolvimento, e, portanto, estão em condições de falar e tratar dos problemas e desafios que as afligem. O IVH incorpora essa visão de que as pessoas são o centro do desenvolvimento, dando a elas a avaliação sobre os valores que julgam importantes. Alguns estudiosos consideram que indivíduos mais pobres ou com menos escolaridade tendem a ser mais “conformistas” na avaliação de suas próprias condições — é o que se chama, no jargão do setor, de “preferência adaptativa”. Os resultados do IVH mostram o contrário: essas pessoas não indicaram que tudo está bem. Pelo contrário, confirmaram a hipótese de que a pobreza e a exclusão impõem penalidades dobradas a elas.

11) O IVH será divulgado todo ano?

Isso inda não está definido. Pode-se dizer que o IVH é um processo em construção, como todo indicador inovador. O futuro do índice vai depender, em boa parte, do modo como for apropriado pela sociedade brasileira nos próximos meses.