quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Baixos salários para comissionados

política em debate

Funcionários com cargos de comissão — os de confiança — no governo do estado serão mantidos por pelo menos dois meses. A falta de qualificação dos profissionais no mercado e a baixa remuneração são as grandes barreiras para a montagem dos organogramas das secretarias.

Durante as últimas semanas, muitos dos novos secretários conversaram com diversos coordenadores, diretores e assessores das secretarias do atual governo e garantiram a permanência da maioria deles pelo menos até o final de fevereiro. Segundo fontes ligadas à equipe de transição, um dos problemas é a falta de profissionais qualificados para certos cargos dentro das secretarias. Outro problema é a remuneração oferecida aos diretores, coordenadores e assessores especiais que estariam abaixo do padrão atual do mercado.

Há secretários que não conseguiram nem mesmo recrutar diretores de secretarias por conta do salário baixo.

De acordo com o Portal do Servidor do Governo do Estado do Paraná, os diretores, reitores, diretores-geral podem receber salários da símbologia DAS-1 até DAS-5. O mesmo ocorre com assessores técnicos, chefes de núcleos regionais e técnicos. Ainda de acordo com o portal, a remuneração mais baixa para esses cargos, incluso a gratificação de representação e auxílio gasolina, é de R$ 3.559,53 para funcionários sem vínculo com o estado e de R$3.001,20 para funcionários que já trabalham no estado.

Ou seja, os funcionários com vínculo recebem o salário da sua função concursada mais o salário em que foi denominado. Já o maior salário com vínculo ao estado é de R$ 5.348,74. Para quem é nomeado para um cargo DAS-1, mas sem vínculo, a remuneração será de R$ 6.294,30, o que é geralmente pago aos diretores de secretarias de Estado, por exemplo. Como comparação, na Prefeitura de Curitiba, os diretores de secretarias ganham pouco mais de R$ 10 mil, quase R$ 4 mil a mais que o mesmo cargo no governo do Estado.

O salário de diretor de secretaria de Estado é um pouco maior do que os R$ 5.942,11 recebidos pelos funcionários comissionados na Câmara Municipal de Curitiba, com a sigla de CC-1. Esses cargos são utilizados geralmente para a chefia de gabinete dos vereadores. Caso a comparação seja feita entre cargos de mesma responsabilidades, como diretorias, a diferença aumenta ainda mais. Hoje, o diretor geral da Câmara de Curitiba recebe R$ 7.843,89, como cargo de comissão. Já um assessor Jurídico de carreira têm, como referência final, uma remuneração de R$ 12.532,10.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Nome para Itaipu poderá ser anunciado entre hoje e amanhã

Após o descanso de Natal, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, chegou a Brasília ontem e passou o dia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o governo de transição, despachando com seus novos ministros.

A assessoria de Dilma informou que a presidenta se reuniu com o futuro ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e a nova titular do Desenvolvimento Social, Tereza Campelo. Há quem garanta que o nome do novo presidente da Itaipu saia entre hoje e amanhã.

A nomeação tem sido debatida por Dilma com vários integrantes do novo governo, integrantes do PT e de outros partidos também.

Junto com a Itaipu, a presidente pode divulgar a composição de Ele citou a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Diretoria de Crédito Agrícola do Banco do Brasil.

Lula teria decidido não extraditar o italiano Battisti

portal terra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria decidido manter o ex-ativista italiano Cesare Battisti no Brasil, segundo informações da Globonews. De acordo com a emissora, a motivação do presidente é a manutenção da "integridade física" do italiano. Em um parecer, a Advocacia Geral da União (AGU) teria dado argumentos legais para que o ex-ativista não fosse extraditado.

Se confirmada, a decisão vai contra o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em novembro de 2009, aprovou a extradição, mas concedeu ao presidente a palavra final sobre o caso. A Justiça italiana condenou Battisti à revelia à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Foragido de seu país desde os anos 80, o italiano foi preso no Brasil em 2007. Em janeiro do ano passado, o então ministro da Justiça, T

30 anos de “Blade Runner”

Quando a ficção científica se transforma em realidade. O filme de Riddley Scott se transformou num ícone de um futuro terrível e, hoje, muito do que ele registrou em forma artística passou a fazer parte do cotidiano de uma sociedade globalizada, empobrecida e ameaçadora.

vermelho

Quase 30 anos depois de sua filmagem, em 1981, Blade Runner – produção norte-americana dirigida pelo britânico Ridley Scott estreada em junho do ano seguinte – é um filme que resistiu à passagem de três décadas “sem despentear-se” e tem sido considerado ela melhor crítica do gênero de ficção científica como uma obra prima em toda a extensão do termo, por muito que a Academia de Hollywood não tenha pensado o mesmo ao não lhe conceder nenhum dos Oscars de 1982 (teve apenas duas indicações no ano da estreia).

Sem dúvida, para a imensa maioria dos cinéfilos e aficionados do gênero, muitos dos quais seguramente perderam a conta das vezes que o assistiram, Blade Runner não é apenas um filme a mais de ficção científica, e inclusive vai além do clichê de filme “cult”: é “o filme”. Sem esquecer, claro, 2002 Uma Odisseia no Espaço, a obra prima de Kubrick de 1968 e verdadeiro ponto de inflexão de uma nova época na sétima arte.

O roteiro de Blade Runner é um trabalho coletivo inspirado – embora não baseado em estrito senso – no romance publicado em 1968 (o mesmo ano da estreia de 2001 Uma Odisseia no Espaço) – Sonham os androides com ovelhas elétricas? (Do androids dream of electric sheep?, no título original) do escritor norte-americano Philip Dick que, infelizmente, não chegou a assistir ao filme pois faleceu apenas três meses antes da estreia nos EUA.

A trilha sonora é de Vangelis, o conhecido e magistral compositor grego de música eletrônica. Os cenários e a ambientação estão baseados nos trabalhos da excelente geração de autores de histórias em quadrinhos dos anos 70 e 80, entre os quais se destaca Jean Giraud, desenhista francês reconhecido internacionalmente como Moebius e um dos principais autores da revista cult Métal hurlant (Heavy Metal em sua versão em outros países, como Espanha, Alemanha, Grã Bretanha, Brasil ou EUA).

É um filme de contrastes. A estética, as roupas e a ambientação de Blade Runner criaram tendência e ainda hoje parece “moderna”... ou pós-moderna. Uma mistura explosiva de vintage, afterpunk e futurismo... Brilhante arquitetura de vanguarda do século 21 sobre uma camada “sedimentar” de avantajados edifícios de cortiços de princípios do século 20. Elegantes trajes e penteados que homenageiam a moda da década de 1940 junto a quinquilharias póspunkies. Sofisticados veículos aero terrestres desviando-se de massas de pessoas que só podem deslocar-se a pé em uma macroconurbação onde não há transporte público... Tudo isso manchado de uma obscuridade nevoenta provocada pela contaminação de poços de petróleo que esgotam as últimas reservas californianas em pleno solo urbano desta cidade fundada pelos espanhóis como Nossa Senhora de Los Ángeles em 1781. Os detalhes nos adereços e na decoração beiram à perfeição.

Sem necessidade de recorrer ao abuso de efeitos especiais (enfeites baratos usados para esconder a debilidade do argumento na maioria dos fracos filmes que estreiam na atualidade) apenas com profissionalismo e boa qualidade cinematográfica, Blade Runner consegue deslumbrar e surpreender cena após cena.

A direção desta grande produção da Warner esteve a cargo, como já dissemos, do britânico Ridley Scott (Inglaterra, 1937), um verdadeiro virtuose da telona que não precisa de apresentação e que também foi autor de filmes imperecíveis com Alien (1979, outra obra prima de referência obrigatória no pouco prolífico gênero da ficção científica), Thelma & Louise (1991) ou Gladiador (2000), entre outras.

Sob suas ordens atuou em Blade Runner um conjunto de atores encabeçado pelo protagonista Harrison Ford no papel de Rick Deckard (trabalho responsável pela consagração definitiva de Ford como estrela internacional) e o “holandês errante” Rutger Hauer, que fez o papel do líder dos androides replicantes Roy Batty; junto ao lado de outros de carreiras mais ou menos irregulares: uma jovem e belíssima (beirando os cânones da perfeição) Sean Young no papel da glamourosa Rachael, a também jovem e linda Daryl Hannah no papel da replicante Pris, e Edward James Olmos, representando o misterioso, sinistro e intrigante detetive Gaff do LAPD.

O contexto social e “histórico” é verossímil porque hoje ele já não parece ficção científica. Não nos estenderemos sobre o argumento de Blade Runner. A ação se desenrola na obscura, caótica, empobrecida e contaminada grande metrópole californiana de Los Angeles no final de 2019 ou princípios de 2020, centro de poder de grandes multinacionais privadas que se converteram, substituindo o Estado, em donas e senhoras da vida (humanas ou humanoides), fazendas e tudo de tudo o que acontece... No início da década de 1980, quando o filme foi rodado, era um futuro distópico, ou utopia perversa (na época a correlação de forças econômicas e sociais globais era certamente diferente da de hoje). Hoje, é mais verossímil, menos distópico e em boa medida descritivo do mundo atual.

As ineficientes e hostis, embora muito lucrativas e onipotentes grandes multinacionais privadas já superam com folga a metade do PIB planetário e também o de muitas nações e também – em consequência – detém o poder real em grande parte deles. As chamadas democracias ocidentais e seus empobrecidos países satélites, sejam vassalos ou submetidos à ocupação e à guerra, como podemos constatar dia a dia.

Deixando de lado os avanços nos campos científicos e tecnológicos que se refletem o 2019 de Blade Runner, e é altamente improvável que os vejamos chegar na próxima décadas, esse mundo empobrecido cujos desígnios dirigem oligopólios privados dominados por um punhado de criminosos a partir de suas torres de cristal opaco (que este filme descreveu tão bem como ficção científica na época em que foi rodado) se parece muito ao mundo atual, nesta etapa de retrocessos sociais globais que teve início no final dos anos 80 e início dos 90 como acontecimentos históricos europeus de consequências nefastas para o planeta e para nossas gerações.

Certamente é por isso que Blade Runner não envelheceu com a passagem de praticamente três décadas desde sua estreia. Sem esquecer, claro, sua excelência desde o ponto de vista artístico, algo que não deixa de surpreender por mais que revisitemos esta obra prima... É por isso que, para terminar, deixamos uma pergunta no ar: por que já não se fazem filmes como este?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Deputados federais do PR apresentaram 584 proposições

Número equivale a 6,37% de todas as proposições da Câmara dos Deputados, que chegaram a 9.160 neste ano

Bem Paraná

A bancada dos 30 deputados paranaenses e mais dois suplentes fez 584 proposições de todos os tipos durante o ano de 2010. O valor equivale a 6,37% de todas as proposições apresentadas na Câmara dos Deputados, que foram 9.160. Porém, se for levado em conta os 26 estados mais o Distrito Federal e feito uma média proporcional, o Paraná estaria acima da média de 339,25 proposições por Estado.
Ao todo, o Congresso Federal permite 126 tipos diferentes de proposições. Desde projeto de leis, medidas provisórias, votos em separado, pareceres, relatórios, atos convocatórios, autógrafos, entre outros.

Entre os deputados, três não apresentaram nenhum requerimento ou projeto de lei neste ano. Affonso Camargo (PSDB), Reinhold Stephanes (PMDB) e Takayama (PSC). Entre os três, Stephanes é o único que ficou menos de um ano no cargo, pois assumiu o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 22 de março de 2007 e deixou o cargo no dia 31 de março de 2010, quando começou de fato a atividade como deputado federal.

Já os recordistas são os deputados Ratinho Junior (PSC), Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Hermes Parcianello (PMDB), com 136, 128 e 75 proposições e requerimentos. Porém, a maioria das proposições se refere a sugestões aos ministérios, principalmente o da Saúde, novas redações às medidas provisórias, votos de pesar, votos como relator e solicitações de informações. Ou seja, poucos projetos de lei inéditos.

Em média, contando com Andre Zacharow (PMDB) e Íris Simões (PR) que tiveram proposições protocoladas em 2010, a média de cada deputado paranaense foi de 18,25 proposições neste ano. O levantamento foi feito de acordo com dados disponibilizados pelo site www.camara.gov.br.

A partir de fevereiro — A bancada federal do Paraná na Câmara de Deputados teve uma renovação de 33% na eleição de outubro. Das 30 cadeiras em disputa, vinte serão ocupadas por parlamentares reeleitos, enquanto dez ficarão nas mãos de novos eleitos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Consumo de álcool pode estar associado a menores índices de depressão

De acordo com pesquisa publicada no periódico Ciência & Saúde Coletiva, indivíduos que consomem álcool regularmente podem estar menos expostos à depressão, assim como podem se considerar mais saudáveis que os demais. O trabalho é da autoria de Marcelo Carlos Bortoluzzi, da Faculdade de Odontologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina e colegas, e foi disponibilizado na edição de maio de 2010 da publicação.

Os pesquisadores afirmam que, para coleta de dados, foi realizado estudo com amostra representativa da população adulta entre 20 a 59 anos de idade do município de Joaçaba (Santa Catarina) no ano de 2005. Foram selecionados 575 participantes voluntários, aos quais foi submetido questionário que continha questões que visavam identificar aspectos demográficos e socioeconômicos, identificar condições relacionadas aos processos ecológicos do ambiente residencial e de trabalho, identificar a ocorrência de fatores de risco selecionados à saúde derivados de hábitos, condutas e estilo de vida, estimar a prevalência de afastamento do trabalho por problemas de saúde, estimar a prevalência de problemas de saúde mental e insatisfação com aparência corporal, estimar a prevalência de problemas respiratórios e descrever as necessidades autorreferidas de serviços de saúde.

Entre os resultados do levantamento, os autores destacam que "do total da amostra, 45,5% (322) relatam consumir álcool frequentemente. Os entrevistados que declararam usar álcool frequentemente (322) afirmam ter feito uso desta substância ao menos uma vez no último mês e, desta forma, foram classificados como 'consumidores regulares'" e que "o percentual daqueles que declararam a ingestão de álcool mais de 25 dias no último mês foi de 0,6% (2)". Eles acrescentam: "considerar sua saúde como regular, boa ou muito boa mostrou uma relação significante na população que consome álcool ao menos uma vez ao mês". Além disso, eles atestam que "os níveis de depressão medidos pelo Inventário de Beck para Depressão (BDI) mostraram menores índices de depressão para aqueles que consomem álcool ao menos uma vez ao mês".

Marcelo e colegas concluem que o estudo "demonstrou que aproximadamente 45% da população adulta de Joaçaba (SC) consome álcool regularmente e esta população caracteriza-se por estar trabalhando, ser jovem e do sexo masculino, independente do estado conjugal, ter uma renda acima da mediana encontrada (1.738,00 reais) e ter escolaridade superior a oito anos. Ainda, este consumo regular de álcool de ao menos uma vez ao mês mostrou-se mais frequentemente associado naqueles que declararam considerar sua saúde como regular a muito boa e, também, observou-se que entre estes consumidores regulares existem menores índices de depressão (BDI) quando comparados com a população que declara não consumir álcool regularmente".

A CABEÇA DE BATTISTI

Em junho de 1982, foi encontrado estrangulado em Londres, embaixo da “Blackfriars Bridge” (“a Ponte dos Irmãos Negros”), o banqueiro italiano Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano, que acabava de quebrar, e tinha como diretores o cardeal Marcinkus, o conde Umberto Ortolani e o chefe da P-2 italiana (maçonaria), Licio Gelli.

Nos dias seguintes, na Itália e na Inglaterra, apareceram assassinados varios outros ligados a Calvi. Não é só na Santo André do ABC petista que se “limpa a área”. No meio da confusão estava o conde papal Umberto Ortolani, um dos quatro “Cavaleiros do Apocalipse” italiano.

O CONDE
Quando, a partir de 90, a “Operação Mãos Limpas” chegou perto deles, o conde Ortolani, banqueiro do Vaticano e diretor do “Corriere de La Sera”, depois de mais um magnífico almoço com Brunello di Montalcino, mostrava-me Roma lá de cima de sua mansão no Gianiccolo e me dizia:
- Isso não vai acabar bem.
Depende o que é acabar bem. Para ele e seus aliados acabou péssimo. Mas para a Itália acabou melhor do que se imaginava. O Ministério Publico e a Justiça italiana enfrentaram a criminosa aliança,que vinha desde 1945, no fim da guerra, entre a Democracia Cristã e seus aliados e a Máfia.

Houve centenas de prisões, suicídios. Nunca antes a Máfia tinha sido tão encurralada e atingida. Responderam com atentados e bombas, detonando carros e assassinando procuradores, juízes e a esquerda radical.

“FORTES PODERES”
Os grandes partidos (a Democracia Cristã, o Socialista e o Liberal) explodiram. O Partido Comunista, conivente, desintegrou-se. E meu velho amigo conde, condenado a 19 anos, morreu em 2002, aos 90 anos.

O banqueiro, o maçon, o cardeal e o conde eram uma historia exemplar do satânico poder dos banqueiros, mesmo quando, como ele, um banqueiro de Deus, vice-presidente do banco Ambrosiano do cardeal Marcinkus que fugiu para os Estados Unidos e nunca saiu de lá.

Os que criticaram, sem conhecer os fatos, o ministro Tarso Genro, por ter dado asilo político ao italiano Cesare Battisti, deviam ler um livro imperdível : “Poteri Forti” (“Fortes Poderes, o Escândalo do Banco Ambrosiano”), do jornalista italiano Ferruccio Pinotti, abrindo as entranhas do poder de corrupção do sistema financeiro, de braços dados com governos, partidos, empresários, Maçonaria e Mafia.

Contam os jornais que o presidente Lula, ainda esta semana, vai assinar o asilo político de Cesari Battisti. Será um ato de dever e de justiça.

"MÃOS LIMPAS"
A “Operação Mãos Limpas” não teria havido se um punhado de bravos jovens, valentes e alucinados, das “Brigadas Vermelhas” e dos “Proletarios Armados pelo Comunismo” (PAC), não tivesse enfrentado o Estado mafioso, naquela época totalmente comandado pela Máfia.

O governo, desmoralizado, usava a Máfia para elimina-los. Eles reagiam, houve mortos de lado a lado e prisões dos principais lideres intelectuais, como o filósofo De Negri (asilado na França) e o romancista Cesare Battisti, tambem exilado na França e agora preso no Brasil.

Eu estava lá, vi tudo, escrevi muito. Quando cheguei a Roma em 90 como Adido Cultural, a luta ainda continuava, sangrenta, devastadora. Foram eles, os jovens rebeldes das décadas de 70 e 80, que começaram a salvar a Italia. Se não se tiivessem levantado de armas na mão, a aliança Democracia Cristã, Partido Socialista, Liberais e Máfia estaria lá até hoje.

BERLUSCONI
Berlusconi é o feto podre que restou e um dia será extirpado. O ex-presidente da França, Jacques Chirac, corrupto com atestado publico, a pedido de Berlusconi retirou o asílo politico de Battisti e o Brasil lhe deu. Tarso Genro estava certo. O problema foi, era, continua político.

O fascista Berlusconi (primeiro-ministro) é apoiado pelos desfrutaveis ex-comunistas Giorgio Napolitano e Massimo d`Alema, que se esconderam quando o juiz Falcone foi assassinado e o procurador Pietro, hoje no Parlamento, comandou a “Operação Mãos Limpas”.

DILMA
Os acusadores de Battisti não têm autoridade nenhuma. Por que não devolveram Caciolla, o batedor de carteira do Banco Central, quando o Brasil pediu? As Salomés de lá e de cá queriam entregar à Máfia a cabeça de Battisti, que não conheço, nunca vi e nunca li um livro dele.

Mas, por acompanhar, de perto, as lutas do ultimo meio século da Itália, posso assegurar que a única diferença entre Battisti e Dilma é que Dilma chegou ao poder e Battisti por enquanto só chegou às livrarias.

A luta armada que os dois fizeram era a mesma. As organizações a que pertenceram tinham os mesmos objetivos e projetos. O que os diferenciou é que Dilma nunca participou de ação armada e Battisti sim. Se tivessem surgido as mesmas situações concretas que Battisti enfrentou também Dilma teria recorrido às armas que ambos usavam, aqui e lá, e não eram para matar passarinho.

LULA
Lula esperava a opinião da Advocacia Geral da União. Agora, que a tem, deve assinar a decisão nos próximos diias. O poder é o exercicio da lei.

Na década de Inter e São Paulo, Palmeiras e Vasco só patinam no Ranking Folha

O clube que mais sucesso teve nesta década no Ranking Folha foi o Internacional, mesmo deixando de somar preciosos pontos ao perder do Mazembe no Mundial de Clubes. O clube gaúcho colecionou títulos internacionais e vices nacionais, acumulando 233 pontos.

O São Paulo, outro time do país que venceu Libertadores e Mundial na década, aparece 21 pontos atrás. Concentrou a imensa maioria dos seus pontos entre 2005 e 2008. Não começou bem nem terminou bem a década.

Os grandes fiascos dentre os grandes clubes ficaram por conta de Palmeiras e Vasco. O alviverde paulista, que usou o Ranking Folha para adotar o slogan de "Campeão do Século", somou apenas dez pontos nesta década, tudo fruto do Paulista de 2008.

O Vasco foi um pouco superior. Além do Estadual de 2003, foi vice outras duas vezes no Rio, além de ter perdido a decisão da Copa do Brasil de 2006 para o rival Flamengo, que, como Santos e Corinthians, pontuou bem por títulos nacionais.

Francisco Viana: Marx, Lênin, Cristo e o espírito da igualdade

De Paris, onde assistiu à missa do Natal na Catedral de Notre Dame, o jornalista Francisco Viana* reflete sobre política, filosofia e religião. Em artigo publicado no site Terra Magazine, Viana diz que "Essa é a saída para a Igreja: admitir que o reino de Cristo é o reino da terra, o mesmo reino de Marx e Lênin. O mesmo reino de todos os profetas, a começar por Cristo".

Terra Magazine

Faz frio, neva. Estou na Catedral de Notre Dame, fundada há mais de 830 anos, assistindo à missa do Natal, o que os franceses chamam de Navité du Seigneur. O celebrante principal é o cardeal André Vingt-Trois, mas são vários os padres que dão assistência à multidão que lota o templo e disputa espaço para se acomodar na nave, para rezar, fotogragrafar ou filmar. É um espetáculo único, mesmo para quem, como eu, não é cristão. Não tem religião alguma, salvo a religião do homem.

Notre Dame tem seus mistérios e suas histórias. Na cota dos mistérios, tem a seu favor o papel que essa construção gótica, de paredes retas e acabamento precioso, desempenhou na história da Idade Média, com seus vitais e orgãos famosos, sua mensagem em torno de uma cristandade que se dividia entre o aristotelismo de esquerda, a favor do homem, e o culto a um aristotelismo oficializado, favorável a um homem decaído. Esse homem agostiniano que Lutero faria a maior da joia da coroa do protestantismo. A parcela das histórias é encarnada pela recuperação de Joana d' Arc e a coroação de Napoleão. Ou a missa que ali assistiu ao general De Gaule após a expulsão dos nazistas da França.

Ouço a missa, os cânticos, vejo a ritualística e não posso deixar de lembrar de um autor socialista, Ernest Bloch, que fala da energia do cristianismo primitivo e, nele, vê a expressão do sonhar acordado, da vontade de transformar o mundo e criar uma sociedade igualitária. Bloch, amante da música, é o maestre dessa jornada natalina.

É meia-noite. O cardeal fala da plenitude da fé, por séculos e séculos. Lembro de Bloch e do seu culto às rebeliões camponesas da Alemanha do início do Renascimento. Lembro das revoluções que dariam origem ao movimento bolchevista liderado por Lênin no alvorecer do século 20. Pura energia. Puro movimento igualitário. Pura expressão da vontade, do sonho acordado e da esperança de que tanto fala Bloch. Há gente se comprimindo para ver e participar da missa. Uns estão contritos, outros falam. Uns filmam, outros fotografam. Muitos filmam e fotogravam. Mas, a verdade, é que todos, à sua maneira, participam. Fico me perguntando: o que ocorreria no mundo se toda essa energia fosse colocada a favor de uma sociedade igualitária? Se Cristo, como Bloch coloca, fosse visto como um homem, um filosófo revolucionário a favor da divindidade humana e não como algo místico, fora do homem? Bloch foi capaz de compreender essa força colossal que é o cristianismo, foi capaz de ver que os pais fundadores da religião cristã possuíam essa vontade de realizar, essa esperança de concretizar a igualdade. Esse sonho de trazer os céus para a terra, de concretizar um mundo igual, sem classes, sem senhores ou escravos, sem operários e burgueses.

Os celebrantes falam da luz, da alegria e do amor universal. O que ambicionava Bloch senão essa luz e esse amor universal condensados numa ética de valorização do homem e da igualdade material de que falava Aristóteles na sua versão à esquerda, na sua versão que favorece o social. Há muitos mitos em torno de Aristóteles, entre eles que desdenhava da democracia, governo de uma única classe, o povo. É um erro ver as coisas por tal perspectiva. E Notre Dame é um emblema dessa realidade ao falar, nos seus vitrais, dos vícios e das virtudes. O que Aristóteles falava senão de homem que não é nada senão aquilo que ele constrói? Se constrói a virtude, é a virtude; se constrói o vício, é o vício. O que acontece hoje, senão a construção do vício? O capitalismo é um vício, uma doença da predação. O capitalismo é essa doença viciante da exploração do homem pelo homem... O cardeal fala, pela voz do apóstolo Paulo, de que a saúde do homem é a saúde de todos os homens, que o povo vive a ardência de fazer o bem. O que é isso senão a igualdade, a justiça, a fraternidade?

A missa prossegue. Os celebrantes falam do Evangelho segundo São Lucas. Falam da paz na terra aos homens de boa vontade. É uma mensagem ética de vigorosa força. Não é a mensagem de Bloch, do aristotelismo de esquerda, daquele que vê o homem não como carente de salvação, um ser decaído, mas, sim, como um ser altivo, sujeito da própria redenção? O que é a redenção do homem? Não é, claro, descobrir a criança que existe em nós no Natal, mas o ser social que precisa ser construído em todas as épocas. Na Idade Média, justamente quando surge Notre Dame, após obras que se arrastaram por 170 anos, é que o conflito entre o ser social e o ser religioso entra em choque definitivo. Aparentemente, vence o ser religioso. A Igreja agostiniana, a Igreja de Tomás de Aquino, a Igreja sem povo.

Não é por acaso que, antes da missa, em Notre Dame se relata a história da Catedral e suas relíquias e não se fala do social, da vontade, do sonhar acordado dos reformadores e dos cristãos revolucionários. Uma única linha. Uma singela palavra. Mas essa é a luta que ganhou vida e fez história. É a luta que permanece abafada no peito de todos que têm esperança num mundo igualitário. A luta que depende da vontade. Essa é a saída para a igreja: admitir que o reino de Cristo é o reino da terra, o mesmo reino de Marx e Lênin. O mesmo reino de todos os profetas, a começar por Cristo. Foi assim no passado, justamente quando começa a ser construída Notre Dame. É assim no presente.

A missa termina por volta da 1 hora da manhã. As pessoas apertam as mãos. Há congraçamento como em todo o mundo cristão. Vejo em Notre Dame a figura de Bloch ganhar corpo. Ele viveu todo o período da revolução leninista, viveu a ascensão e queda do stalinismo, dedicou a vida a escrever sobre a utopia e a esperança. Juntos, esperança e utopia significam o dever ser, o que precisa ser realizado, aquela tarefa que o homem, ao sonhar acordado, ficou de concretizar, precisa concretizar. Soam os sinos, a multidão se dispersa. Há gente de todas as idades, de todas as classes, de todos os sonhos, de todas as vontades. Caminho no frio, na neve que embala aquilo que chamamos do espírito do Natal. Penso em Bloco e na infância, mas não na infância do indivíduo - que é repetitiva -, mas na infância da humanidade, nessa infância que volta sempre lembrando que o homem nasceu igual e vai morrer igual. Que essa é a exigência maior, perdida na idade média quando Aristóteles se bipartiu: uma face foi para a esquerda; outra ficou atrelada à direita. Uma parte afirmou a igualdade, outra negou a igualdade.

Essa bipartição precisa ser solucionada, o homem precisa encontrar sua unidade. É como o Brasil. Em janeiro, teremos uma nova presidente da República. Há esperança de que as reformas saiam do papel para a prática, que o Brasil reencontre sua unidade. Que exista, em especial, uma reforma abrantente do Judiciário porque, existindo reforma do Judiciário, haverá igualdade de verdade, haverá sintonia entre a economia política e o desejo dos cidadãos. Que o homem, por esse caminho, passe a ser sujeito, não objeto do Estado. Havendo Justiça, a reforma política virá naturalmente.

Faz frio, neva. As luzes de Notre Dame se apagam. O Natal de 2010 passou. Ficou o emblema, ficou o símbolo: o Natal é a realização da construção humana. O divino é o homem. Como diria Bloch: Cristo foi um homem. Todos somos homens. Tudo são realizações humanas. O cristianismo somos nós. O materialismo somos nós. O homem, como diria Aristóteles, é um ser material. As necessidades materiais são as necessidades primeiras. A mãe, e também o pai, de todas as necessidades. Somos a divindade humana. Portanto, somos a vontade realizadora, transformadora, criadora de nova realidade. Vontade que descobre novos mundos. Como acontecerá em 2011 com o Brasil.

Fica a lembrança do frio, da neve e dos sinos de Notre Dame. Passou o Natal, não passou a nossa realidade-necessidade de igualdade.

*Francisco Viana é jornalista, mestre em filosofia política pela PUC-SP, consultor de empresas e autor do livro Hermes, a divina arte da comunicação. É diretor da Consultoria Hermes Comunicação estratégica (e-mail: viana@hermescomunicacao.com.br)

sábado, 25 de dezembro de 2010

EXCLUSIVO – A TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA QUE O REPÓRTER DA FOLHA FEZ COM O SENHOR CLOACA NA SAÍDA DO PLANALTO

do cloaca news

- Olá, você é o senhor Cloaca, não é?
-Você, não. Senhor.
-Hãã…o senhor é o senhor Cloaca, não é?
-Até prova em contrário. E enquanto as pragas não pegarem…
-Será que voc…o senhor poderia me dar uma palavrinha?
-Uma só? Pode ser um adjetivo?
-Na verdade, tenho algumas perguntas…
-Então, por que pediu uma palavrinha em vez de perguntar se podia fazer algumas perguntas?
-É que…,como voc…o senhor vê, sou novo nisso.
-Não vi nada. Mas vejo que você tem um crachá da Folha.
-É, pois é.
-É seu mesmo? Deixe-me ver a foto…
(Cara, crachá, cara, crachá, cara, crachá)
-Não repare muito, senhor Cloaca.
-Vem cá, você é sobrinho da Tia Lenita?
-Quem?
- Deixa para lá…
- Mas, senhor Cloaca…as perguntas…
- Ah, sim, claro!
- Voc…o senhor não acha que o Presidente Lula está querendo censurar a imprensa?
- Não, não acho. De onde você tirou essa ideia estapafúrdia?
- É que me mandaram perguntar…
- Você acha isso?
- Sabe, eu sou apenas um operário da mídia…
- Estou vendo. E vamos deixar claro que não tenho nada pessoal contra você, meu caroooo… qual é mesmo seu nome?
- (mostra o crachá) Breno. Breno Costa. E o seu?
- Senhor. Senhor Cloaca.
- Sei. Mas o seu nome verdadeiro…
- Isso não é importante. Sequer sou famoso.
- Mas agora está famoso, não é?
- Quem está famoso é o Senhor Cloaca.
- Mas, essa história de o Presidente Lula querer calar a imprensa…
- Que história, rapaz?
- O Lula atacou a imprensa, oras!
- O que o Presidente Lula fez foi manifestar suas ideias a respeito de como certa imprensa o tem tratado. Isso não é atacar a instituição Imprensa. Aliás, se você viu a entrevista que ele acabou de dar para os blogueiros…
- Uma entrevista chapa-branca, não é?
- Chapa-branca? Pode me citar algum exemplo?
- Bem…veja bem…ãããnnn…
- Escuta, não está na hora do seu Toddynho?
- Que horas são?
- Exatamente, meio-dia e quarenta.
- Então, a censura à imprensa…
- Olha, meu filho, a mesma liberdade que certa imprensa tem de publicar o que quiser contra o Lula tem o Lula de dizer o que pensa daquilo que publicaram contra ele. Ou a Imprensa não pode ser criticada?
- Não é isso…é que…
- Seu jornal, por exemplo, teve toda a liberdade de publicar que o Lula é assassino e estuprador.
- Veja bem…quer dizer…
- Seu jornal chamou a ditadura de ditabranda.
- É, isso é verdade.
- O que é verdade?
- Meu jornal chamou a ditadura de ditabranda.
- E você trabalha lá.
- Como eu disse, sou apenas um operário…
- Objetivamente, o que você saber de mim, que já não saiba?
- Voc…o senhor trabalha onde?
- Você vai publicar exatamente o que eu disser, não é?
- Sim.
- Assessoro políticos do PT-RS, mas vou evitar o assunto.
- É verdade que, na hora da foto, o Lula disse: vem cá, ô Cloaquinha”?
- Sim, é verdade, ele disse.
- E o senhor fez o quê?
- Nada. Apenas fui.
- Não vai se gabar disso?
- Vou, sim. Estou até pensando em botar uma placa no pescoço com os dizeres: O Lula me chamou depois: ‘Vem cá, ô Cloaquinha!’

(Toca o celular. “Alô, mamãe! Como? Acabou??? Tudo bem, pode ser Ovomaltine!” Desliga o celular)

- Bem, obrigado pela entrevista, senhor Cloaca, mas estão me esperando para o almoço.
- Também vou indo. Até a próxima, Breno! E, olha, não aceite doces de estranhos na rua, tá?
.
.
O diálogo acima é 85% verdadeiro. E está gravado.

Evo Morales destaca significado da Revolução Cubana

Durante o ato de homenagem ao 52º aniversário da revolução cubana, o presidente boliviano afirmou que a nação caribenha não está sozinha e rememorou o respaldo majoritário, no seio da Organização de Nações Unidas, à condenação ao bloqueio econômico dos Estados Unidos.

Quanto aos anos de experiência de Cuba no campo da solidariedade, "são inalcançáveis", destacou, ressaltando que a presença dos povos irmãos cubano e venezuelano tem sido vital para a revolução democrática cultural na Bolívia.

"Não tenho palavras para agradecer o que faz Cuba, não só na Bolívia senão no mundo", acrescentou Morales, referindo-se especialmente a saúde e educação.

Na opinião do chefe de Estado, graças a Cuba e ao exemplo de Ernesto Che Guevara,a revolução é implacável na América Latina, porque frente à injustiça e à desigualdade, os povos decidem qual é o melhor caminho.

Morales aludiu à construção de um novo socialismo na região e, de modo particular, na Bolívia, a partir da concepção do viver bem, em harmonia entre os seres humanos e com a Mãe Terra (a que chama de "Patchamama").

Evo disse que a Bolívia jamais esquecerá a solidariedade do povo cubano e disse querer que os dois países continuem juntos, trabalhando para aprofundar suas revoluções e para seguir libertando a outros povos da América Latina.

Por sua vez, o embaixador cubano Rafael Dausá rememorou a trajetória de luta do povo do arquipiélago e estabeleceu as similitudes entre os ataques contra o processo iniciado nesse país, em 1959, e os que agora lançam os Estados Unidos contra Bolívia e seu presidente.

"Nosso pecado tem sido não nos render nunca, ainda nas condições mais difíceis; ser dignos, ser um exemplo, uma referência de liberdade para os países da América Latina e o mundo, dizer não ao imperialismo e ajudar a outros povos de maneira solidária", expressou o diplomata.

Ao ato de homenagem à Revolução Cubana, celebrado em La Paz, assistiram ministros de governo, colaboradores cubanos no território, membros de agrupamentos solidários com a nação caribenha e cubanos residentes em Bolívia, entre outros.

Fonte: Prensa Latina

Estas sinistras festas de Natal

Por Gabriel García Márquez

Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei Davi.

Cerca de 954 milhões de cristãos – quase 1 bilhão deles, portanto – acreditam que esse menino era Deus encarnado, mas muitos o celebram como se na verdade não acreditassem nisso. Celebram, além disso, muitos milhões que nunca acreditaram, mas que gostam de festas e muitos outros que estariam dispostos a virar o mundo de ponta cabeça para que ninguém continuasse acreditando. Seria interessante averiguar quantos deles acreditam também no fundo de sua alma que o Natal de agora é uma festa abominável e não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso, mas social.

O mais grave de tudo é o desastre cultural que estas festas de Natal pervertidas estão causando na América Latina. Antes, quando tínhamos apenas costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Jesus era maior que o boi, as casinhas nas colinas eram maiores que a Virgem e ninguém se fixava em anacronismos: a paisagem de Belém era complementada com um trenzinho de arame, com um pato de pelúcia maior que um leão que nadava no espelho da sala ou com um guarda de trânsito que dirigia um rebanho de cordeiros em uma esquina de Jerusalém.

Por cima de tudo, se colocava uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e um raio de seda amarela que deveria indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era na realidade feio, mas se parecia conosco e claro que era melhor que tantos quadros primitivos mal copiados do alfandegário Rousseau.

A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos – como acontece na Espanha, com toda razão –, mas pelo menino Jesus. As crianças dormíamos mais cedo para que os brinquedos nos chegassem logo e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos.

No entanto, eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém na minha casa decidiu que já era hora de me revelar a verdade. Foi uma desilusão não apenas porque eu acreditava de verdade que era o menino Jesus que trazia os brinquedos, mas também porque teria gostado de continuar acreditando. Além disso, por uma pura lógica de adulto, eu pensei então que os outros mistérios católicos eram inventados pelos pais para entreter aos filhos e fiquei no limbo.

Naquele dia – como diziam os professores jesuítas na escola primária –, eu perdi a inocência, pois descobri que as crianças tampouco eram trazidas pelas cegonhas desde Paris, que é algo que eu ainda gostaria de continuar acreditando para pensar mais no amor e menos na pílula.

Tudo isso mudou nos últimos 30 anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é, ao mesmo tempo, uma devastadora agressão cultural. O menino Jesus foi destronado pela Santa Claus dos gringos e dos ingleses, que é o mesmo Papai Noel dos franceses e aos que conhecemos de mais. Chegou-nos com o trenó levado por um alce e o saco carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve.

Na verdade, este usurpador com nariz de cervejeiro é simplesmente o bom São Nicolau, um santo de quem eu gosto muito e porque é do meu avô o coronel, mas que não tem nada a ver com o Natal e menos ainda com a véspera de Natal tropical da América Latina.

Segundo a lenda nórdica, São Nicolau reconstruiu e reviveu a vários estudantes que haviam sido esquartejados por um urso na neve e por isso era proclamado o patrono das crianças. Mas sua festa é celebrada em 6 de dezembro, e não no dia 25. A lenda se tornou institucional nas províncias germânicas do Norte no final do século 18, junto à árvore dos brinquedos e a pouco mais de cem anos chegou à Grã-Bretanha e à França.

Em seguida, chegou aos Estados Unidos, e estes mandaram a lenda para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes quinze dias de consumismo frenético a que muito poucos nos atrevemos a escapar.

No entanto, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram com elas: esses cartões postais indigentes, essas cordinhas de luzes coloridas, esses sinos de vidro, essas coroas de flores penduradas nas portas, essas músicas de idiotas que são traduções malfeitas do inglês e tantas outras gloriosas asneiras para as quais nem sequer valia a pena ter sido inventada a eletricidade.

Tudo isso em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que erram de porta buscando onde desaguar ou perseguindo a esposa de outro que acidentalmente teve a sorte de ficar dormido na sala.

Mentira: não é uma noite de paz e amor, mas o contrário. É a ocasião solene das pessoas de quem não gostamos. A oportunidade providencial de sair finalmente dos compromissos adiados porque indesejáveis: o convite ao pobre cego que ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há 15 anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a exibir.

É a alegria por decreto, o carinho por piedade, o momento de dar presente porque nos dão presentes e de chorar em público sem dar explicações. É a hora feliz de que os convidados bebam tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho passado.

Não é raro, como aconteceu frequentemente, que a festa acabe a tiros. Nem tampouco é raro que as crianças – vendo tantas coisas atrozes – terminem acreditando de verdade que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas nos Estados Unidos.

Rubem Braga: “É noite de Natal e estou sozinho” (*)

É noite de Natal, e estou sozinho na casa de um amigo, que foi para a fazenda. Mais tarde talvez saia. Mas vou me deixando ficar sozinho, numa confortável melancolia, na casa quieta e cômoda. Dou alguns telefonemas, abraço à distância alguns amigos.

Por Rubem Braga (**)

Essas poucas vozes, de homem e de mulher, que respondem alegremente à minha, são quentes, e me fazem bem, "Feliz Natal, muitas felicidades!"; dizemos essas coisas simples com afetuoso calor; dizemos e creio que sentimos; e como sentimos, merecemos. Feliz Natal!

Desembrulho a garrafa que um amigo teve a lembrança de me mandar ontem; vou lá dentro, abro a geladeira, preparo um uísque, e venho me sentar no jardinzinho, perto das folhagens úmidas. Sinto-me bem, oferecendo-me este copo, na casa silenciosa, nessa noite de rua quieta. Este jardinzinho tem o encanto sábio e agreste da dona da casa que o formou. É um pequeno espaço folhudo e florido de cores, que parece respirar; tem a vida misteriosa das moitas perdidas, um gosto de roça, uma alegria meio caipira de verdes, vermelhos e amarelos.

Penso, sem saudade nem mágoa, no ano que passou. Há nele uma sombra dolorosa; evoco-a neste momento, sozinho, com uma espécie de religiosa emoção. Há também, no fundo da paisagem escura e desarrumada desse ano, uma clara mancha de sol. Bebo silenciosamente a essas imagens da morte e da vida; dentro de mim elas são irmãs. Penso em outras pessoas. Sinto uma grande ternura pelas pessoas; sou um homem sozinho, numa noite quieta, junto de folhagens úmidas, bebendo gravemente em honra de muitas pessoas.

De repente um carro começa a buzinar com força, junto ao meu portão. Talvez seja algum amigo que venha me desejar Feliz Natal ou convidar para ir a algum lugar. Hesito ainda um instante; ninguém pode pensar que eu esteja em casa a esta hora. Mas a buzina é insistente. Levanto-me com certo alvoroço, olho a rua e sorrio: é um caminhão de lixo. Está tão carregado, que nem se pode fechar; tão carregado como se trouxesse todo o lixo do ano que passou, todo o lixo da vida que se vai vivendo. Bonito presente de Natal!

0 motorista buzina ainda algumas vezes, olhando uma janela do sobrado vizinho. Lembro-me de ter visto naquela janela uma jovem mulata de vermelho, sempre a cantarolar e espiar a rua. É certamente a ela quem procura o motorista retardatário; mas a janela permanece fechada e escura. Ele movimenta com violência seu grande carro negro e sujo; parte com ruído, estremecendo a rua.

Volto à minha paz, e ao meu uísque. Mas a frustração do lixeiro e a minha também quebraram o encanto solitário da noite de Natal. Fecho a casa e saio devagar; vou humildemente filar uma fatia de presunto e de alegria na casa de uma família amiga.

(*)Texto extraído do livro "A Borboleta Amarela", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963, pág. 124.

(**) Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913. Como escritor, Rubem Braga teve a característica singular de ser o único autor nacional de primeira linha a se tornar célebre exclusivamente através da crônica, um gênero que não é recomendável a quem almeja a posteridade. Certa vez, solicitado pelo amigo Fernando Sabino a fazer uma descrição de si mesmo, declarou: "Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento."

Foi com Fernando Sabino e Otto Lara Resende que Rubem Braga fundou, em 1968, a editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.

Segundo o crítico Afrânio Coutinho, a marca registrada dos textos de Rubem Braga é a "crônica poética, na qual alia um estilo próprio a um intenso lirismo, provocado pelos acontecimentos cotidianos, pelas paisagens, pelos estados de alma, pelas pessoas, pela natureza."

Rubem Braga morreu no dia 19 de dezembro de 1990. Deixou extensa bibliografia.

Para um caderninho de Natal

por Urariano Mota

Uma adolescente a quem desoriento em aulas de Português vem me pedir algumas palavras sobre o Natal. Diante do meu engasgo, ela me diz que qualquer coisa serve, e sinto que ela pensa em acrescentar, “qualquer coisa, até mesmo o que o senhor me diga”. E para não lhe dizer que procure pessoa mais qualificada, começo:

“O Natal é uma festa comercial, minha filha. É a data magna da hipocrisia universal. Nesse dia as pessoas dizem se amar. No Natal, as autoridades, os que têm boa vida divulgam e querem fazer crer que as diferenças acabaram entre os homens. Os ricos de bens materiais ficam subitamente espirituais, e com o estômago repleto arrotam que a melhor salvação é a da alma. (E penso, enquanto assim lhe falo, na Pequena Vendedora de Fósforos, de Andersen, mas minhas palavras não conseguem a graça dessa claridão.) No entanto, você sabe, os ricos continuam humanos em suas mansões, e os pobres continuam porcos em seus casebres, no mesmo dia 25. No outro dia, você sabe... (E penso nos Estranhos Frutos de Billie Holiday, mas minhas palavras não se iluminam com essa luz de negros enforcados em árvores no Sul dos Estados Unidos .) O Natal, minha filha ...”.

E paro. O seu rosto reflete o desagrado de minhas palavras. Quem ensina a adolescentes aprende a ler nos seus olhos, nas suas bocas, o agrado ou a decepção do que pensa ensinar. Agora, enquanto escrevo, percebo que é uma vitória da sociedade de classes a crença em boas famílias, em belos pais, em generosos sentimentos, essa coisa resistente até mesmo em pessoas que só conheceram da vida a humilhação, a patada e os coices. A jovem com quem falo é uma adolescente pobre, filha natural, com somente esse adjetivo óbvio, natural, da natureza, nada mais. Como um fruto da partenogênese. À primeira vista, ela possuiria todas as condições para entender o que lhe digo. Mas o seu rosto me faz parar. Sinto o grande mal que lhe causo em procurar ser verdadeiro numa data em que todos pedem e esperam e anseiam que sejamos todos absolutamente falsos. Talvez, reconsidero agora ao escrever, o seu desagrado se dê porque sou apenas convencional, comum, de um esquerdismo vulgar, quando queria ser verdadeiro como o leite que chupei em minha própria mãe. E convencional por convencional melhor seria que eu escrevesse no seu caderninho uma frase do gênero “sejamos durante todo o ano como neste dezembro 25”. Quanta besteira, quanta excrescência, quanto excremento!

Por isso eu lhe digo agora esta verdade mais dura, sem bandeira e sem panfleto, com a coragem que só possuímos à distância:

Eu também já acreditei em Natal, minha filha. Antes de saber que os homens se matam e se barbarizam e são feras todos os dias do ano. Antes, bem antes de receber um pontapé nas costas, na bunda, de um marujo norte-americano. Sabe o que é ser expulso do paraíso, do navio, do lugar onde se comia com fartura, sabe o que é ser empurrado e não se voltar para não se ver naquele estado de ser jogado fora como um pária, ou como um pus, um catarro? Sabe o que é baixar a cabeça, morto de vergonha, com medo e com pavor que outros vissem a sua pobre pessoa ser tratada assim aos berros por um marujo ensandecido? Sabe o que é chorar e descobrir sozinho pela primeira vez que Deus não existe, porque se existisse não permitiria que jovens cheios de amor e sentimento e poesia fossem chutados como bons filhos da puta que nunca deixaram de ser? Acredite, acreditei no Natal bem antes dessa boa lição quando eu tinha a sua idade.

Antes disso, minha filha, o Natal para mim foi um par de sapatos, belos, novos e marrons, e belíssimos e lindos e tão perfeitos e artísticos e caros como uma criança pode sonhar. A minha filha sabe o que é ter uns sapatos que vestem a gente até a alma? Pois, eu os ganhei. Quase, melhor dizendo. Porque num dia 25, logo cedinho, eles estavam embaixo da minha cama. Não que eu não tivesse sapatos, sim, eu possuía uns muito velhos, gastos, enrugados, quase sem sola, de cadarços desfiados. Pois, eu quase ganhei esses absolutamente novos. Ganhei-os, digamos, até o meio-dia dos meus 7 anos de idade. E para que todos também partilhassem da minha alegria, eu os exibi ao sol da minha janela, da casinha onde eu morava. Eu pensava que a felicidade se compartilhava. Eu pensava que a felicidade era um bem impossível de ser vivida por um menino só. (E até hoje, às vezes, este velho menino teima em pensar assim. Mas só às vezes.) Pensava. Roubaram-me o par de sapatos, minha filha, num dia 25 de dezembro. E como o meu pai era um homem de lições muito fortes e pedagógicas, deu-me uma surra pela infelicidade que tive em não ter o par de sapatos. Daí talvez me veio esse ar de homem que despreza a felicidade. Esta é a razão, mocinha: ficou em mim a sensação de que a felicidade é um bem que me vão roubar. Daí que dela desconfio, quando dela não tomo segura distância. Não ter felicidade é uma forma de sofrer somente um pouquinho.

A minha filha já vê que eu não lhe poderia dizer tais verdades para um dia de tamanha fraternidade. Então anote, por favor, no seu caderninho esta meia-verdade:

O Natal é a esperança de que algum dia em algum lugar um menino vá receber um par de sapatos marrons e vesti-los até a alma. Antes que alcance a sua idade, mocinha, antes que receba alguns sapatos pelas costas.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Paulinho, da Força Sindical, diz que PDT quer Osmar na presidência de Itaipu

Ontem, o presidente da Força Sindical e deputado federal do PDT, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que o PDT está reivindicando a vaga de presidente de Itaipu para o senador Osmar Dias.

"Nós entendemos que muitas pessoas do nosso partido se envolveram profundamente na campanha da presidente eleita e agora vamos negociar para que ela abra espaço no governo para essas pessoas", disse.

A Itaipu é uma das posições mais cobiçadas nestas negociações já que seu orçamento é maior do que muitos ministérios. Mas está sob o comando do petista Jorge Samek, escolhido pelo presidente Lula há oito anos e cuja permanência no cargo vem sendo reivindicada pelo PT do Paraná.

De acordo com Paulinho, a ideia é que o PDT seja contemplado na direção de empresas do setor elétrico, como Itaipu e Eletrosul. Ele citou os nomes dos candidatos derrotados nessas eleições, Osmar Dias (para o governo do Paraná) e Dagoberto Nogueira (para o Senador por Mato Grosso do Sul).


O deputado pedetista disse que Osmar e Nogueira tinham chances de vitória e, por conta do comprometimento com a campanha de Dilma, foram prejudicados em suas aspirações. No caso de Osmar, alguns pedetistas defendiam que disputa a reeleição ao Senado na chapa com o PSDB, encabeçada pelo governador eleito Beto Richa (PSDB).

"Para Osmar Dias estamos negociando a presidência da Itaipu e para Dagoberto queremos a presidência da Eletrosul", disse Paulinho, acrescentando que as negociações estão caminhando. As declarações de Paulinho foram dadas antes do início da cerimônia com catadores de papel, em Brasília. (redação e paranaonline)

Ex-governador Orestes Quércia morre aos 72 anos em SP

eband

O ex-governador Orestes Quércia morreu na manhã desta sexta-feira em São Paulo. As informações foram dadas pelo hospital Sírio Libanês, onde Quércia estava internado para tratar de um câncer na próstata.

O político estava na UTI há alguns dias, mas a família não permitiu que o hospital divulguasse informações sobre o estado de saúde do paciente. Na última eleição, Quércia desistiu da candidatura ao Senado para tratar da doença.

Vida e Trajetória

Orestes Quércia participou da política ativamente no Brasil. O empresário já foi vereador, deputado estadual, senador, vice-governador e governador do Estado de São Paulo.

Ele nasceu em 18 de agosto de 1938 em Pedregulho (SP), filho de Octávio Quércia e Isaura Roque Quércia. Jornalista, advogado e empresário, iniciou sua vida pública em Campinas, nos anos 1960. Exerceu o mandato de vereador entre 1964 e 1966. Deixou o cargo no ano seguinte, assumindo um assento na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Em 1969, foi eleito prefeito de Campinas. Chegou ao Congresso como senador em 1975, após derrotar o ex-governador paulista Carvalho Pinto na eleição do ano anterior.

Em 1982, foi eleito vice-governador na chapa de Franco Montoro. Candidato governista, ele venceu a eleição para o Palácio dos Bandeirantes no pleito seguinte, em 1987.

Nas eleições presidenciais de 1989, o primeiro pleito direto desde o regime militar, Quércia esteve cotado para disputar o Palácio do Planalto, mas optou por terminar seu mandato de governador.

Após deixar o governo paulista, o peemedebista disputou a Presidência da República em 1994, o governo estadual em 1998, o Senado em 2002 e 2006, porém não venceu em nenhum dos casos. Em 2010, concorreu novamente ao Senado, mas renunciou à candidatura antes do pleito para tratar um câncer de próstata.

Quércia participou da fundação do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Foi presidente nacional da legenda entre 1991 e 1993. Liderou o diretório paulista do partido por quatro vezes, elegendo-se pela última vez em 2009.

Era casado com Alaíde Barbosa Ulson Quércia, com quem teve quatro filhos. Teve ainda outro filho, fruto de um relacionamento anterior com Santa Corsini.

Nas eleições deste ano, o ex-governador, que era candidato a senador, desistiu da competição para tratar de um câncer de próstata que havia sido tratado há mais de dez anos.

Suplente de Requião é preso com munição no Aeroporto de Londrina

Luís Mussi, segundo suplente do Senador Roberto Requião, tentava embarcar com 25 cartuchos de pistola 9 milímetros, arma de uso restrito

jornal de londrina

O segundo suplente do Senador Roberto Requião (PMDB), Luís Guilherme Gomes Mussi, 57 anos, foi preso, no início da noite de quarta-feira (22), no Aeroporto Governador José Richa, em Londrina. Ele estava tentando embarcar com uma caixa de munição para pistola 9 milímetros

Segundo a Polícia Militar (PM), uma equipe da polícia foi acionada pela Infraero. Durante a abordagem, os policiais encontraram com Mussi 25 cartuchos de pistola, que é de uso restrito. Ele ficou detido até por volta das 22h, quando foi liberado.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Osmar e Pessuti ficam sem ministérios

paranonline

O senador Osmar Dias (PDT) e o governador Orlando Pessuti (PMDB) ficaram de fora do seleto grupo de 37 ministros escolhidos pela presidente eleita Dilma Rousseff (PT) que concluiu ontem a composição do primeiro escalão de sua equipe.

O pedetista e o peemedebista eram apontados como possíveis convidados de Dilma já que integraram a aliança que apoiou a sua candidatura no Paraná. Pessuti está deixando o governo no próximo dia 31 e Osmar encerra seu mandato de senador em 31 de janeiro de 2011.

Além da exclusão de Pessuti e Osmar , o espaço do Paraná do time de ministros do futuro governo Dilma também será menor do que no governo Lula. Dos três ministros paranaenses, sobreviveram Paulo Bernardo, que deixa o Planejamento para ocupar Comunicações, e Gilberto Carvalho, que sai da Chefia de Gabinete para a secretaria-geral da Presidência da República.

Marcia Lopes, irmã de Gilberto Carvalho, perdeu o comando do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para a economista Tereza Campello. O presidente estadual do PT, Ênio Verri, avalia que o estado ainda pode ocupar outros espaços no futuro governo.

Ele observou que Dilma ainda não escolheu os dirigentes das principais empresas estatais. E que a direção de muitas delas equivalem a um ministério, tanto em termos de estrutura quanto em orçamento.

É o caso da direção geral da Usina de Itaipu, que o petista Jorge Samek comanda há quase oito anos. Uma das reivindicações do PT do Paraná é a permanência de Samek no cargo.

Verri disse que o PT do Paraná também postulou pelas indicações de Osmar e Pessuti, mas que a sorte dos dois depende mesmo é da articulação dos seus respectivos partidos.

O senador Osmar Dias disse que já sabia que não estaria no ministério desde o momento em que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, foi mantido no Ministério do Trabalho.

O senador disse que a participação no futuro governo não está entre as preocupações atuais. "Fui candidato ao governo e não a ministro. Vamos deixar o ano acabar, dai, verei o que farei em 2011", declarou.

Uma das novas posições para o senador paranaense, comentadas nos bastidores, é a vice-presidência da Carteira Agrícola do Banco do Brasil ou a presidência da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).

O secretário de Comunicação do Diretório Nacional do PT, deputado federal André Vargas, disse que os paranaenses ainda podem entrar na etapa da "repescagem", que começa a partir de janeiro, quando Dilma vai escolher os dirigentes das estatais.

Para Vargas, vários critérios foram considerados pela futura presidente para fazer suas escolhas. O geográfico em alguns casos, mas principalmente perfil e as indicações partidárias.

Vargas acha que a derrota de Dilma no Paraná para o ex-candidato tucano José Serra não interferiu na representação do Paraná no primeiro escalão. "A Márcia, por exemplo, não ficou no governo porque a presidente observou essa questão do parentesco. Se fosse por critério geográfico, eleitoral, competência, ela ficaria. Mas o fato de ser irmã do Gilberto pesou. A presidente fez uma escolha", disse.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sem acordo, setor aéreo mantém greve

folhaonline

Após reunião sem consenso entre trabalhadores e empresas de aviação nesta terça-feira (21) no Ministério Público do Trabalho, está mantida para esta quinta-feira a greve do setor, que pode provocar ainda mais confusão nos aeroportos.

Os trabalhadores aeroviários (que fazem as operações em solo) exigem reajuste salarial de 13%, e os aeronautas (tripulação de voo), de 15%.

As empresas elevaram ontem sua proposta de reajuste de 6,08% para 6,58%. Os trabalhadores recusaram.

O procurador-geral do Trabalho, Otavio Brito Lopes, afirmou que as negociações continuam e que há tempo ainda para evitar a greve.

O consenso, porém, parece distante, nas propostas de reajuste e no sentimento de que a greve vai acontecer.

O sindicato das empresas saiu da reunião confiante de que os trabalhadores não estão articulados o bastante.

"Temos convicção de que não vão fazer paralisação na véspera do Natal. Temos confiança no elevado espírito profissional dos aeroviários", afirmou Odilon Junqueira, consultor do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias).

Para o secretário-geral do SNA (Sindicado Nacional dos Aeroviários), Marcelo Schmidt, há duas opções para amanhã: uma greve ou um atraso dos voos provocado pelos trabalhadores.

"A insatisfação do trabalhador aeroviário é absurda, está muito grande. Mesmo sem greve, o trabalhador da aviação vai, no mínimo, atrasar os voos nesse dia", disse.

O Ministério Público afirma que a greve é um direito constitucional e que vai intervir somente em caso de não atendimento às necessidades básicas de segurança, saúde e vida dos passageiros.

"Durante uma greve, sempre há algum tipo de prejuízo para a sociedade. Essa greve não seria uma exceção", afirmou o procurador.

Segundo o Ministério Público, aeronautas e aeroviários não têm de manter uma cota mínima em atividade.

Não há nenhuma determinação do governo para assegurar as operações aéreas. O Ministério da Defesa também não confirmou se usará algum mecanismo jurídico para impedir uma greve.

Argentina julga Jorge Rafael Videla por crimes da ditadura

Após seis meses de audiências e décadas de espera, a Argentina deverá conhecer, nesta quarta-feira (22/12), o veredito do julgamento oral e público de Jorge Rafael Videla, primeiro presidente da ditadura cívico militar do país, que deixou um saldo estimado de 30 mil mortos e desaparecidos, entre 1976 e 1983.

Opera Mundi

Desde julho deste ano, o ex-general está sendo julgado ao lado de 30 militares e policiais, por assassinatos e torturas na Unidade Penitenciária No 1 (UP1) de Córdoba, crimes cometidos entre abril e outubro de 1976. Um dos destaques do banco de réus é Luciano Benjamín Menéndez, então chefe do Terceiro Corpo do Exército, que comandava as atividades militares de dez províncias do noroeste argentino.

Pela primeira vez, um julgamento de crimes cometidos durante a ditadura reúne tamanha quantidade de acusados, uma das razões pelas quais as organizações de direitos humanos definem esta sentença como um “momento histórico” da luta pela aplicação da justiça aos envolvidos nos crimes cometidos durante a ditadura.

“A imagem inicial deste julgamento foi muito forte, com uma grande quantidade de pessoas no banco dos réus, com Videla na primeira fila. Dos julgamentos atuais, este é o maior do país e o primeiro que conta com a presença do repressor”, afirmou ao Opera Mundi Martín Notarfrancesco, o porta-voz de causas judiciais da organização H.I.J.O.S. (Filhos pela Identidade e Justiça, contra o esquecimento e o silêncio).

Nesta terça-feira (21/12), os acusados terão direito a dar sua última palavra e na quarta-feira (22/12), receberão a sentença. Este será o primeiro veredito escutado por Videla desde 1985, no Julgamento das Juntas Militares que governaram o país durante o período de repressão.

Notarfrancesco confia na condenação do ex-ditador à prisão perpétua. “Esta conquista é o resultado de um caminho de luta que construímos há 15 anos, com um trabalho permanente de conscientização de muitos setores da sociedade sobre a importância do julgamento dos repressores”, afirmou.

Principais momentos

Um dos momentos mais significativos dos quase seis meses de audiências foi a declaração do ex-ditador, que pela primeira vez se pronunciou em um tribunal. Nem em 1985, quando foi condenado à prisão perpétua por numerosos crimes contra a humanidade, o ex-general tinha feito o uso da palavra.

Sem demonstrar indícios de emoção, Videla assumiu plena responsabilidade pela repressão promovida durante seu governo: “Reitero e assumo minhas responsabilidades em todas as ações realizadas pelo exército na guerra interna contra os subversivos”, disse ele, acrescentando ainda que seus “subordinados se limitaram a cumprir” suas ordens.

Outra etapa do processo que marcou tanto testemunhas como querelantes foi a inspeção ocular à unidade penitenciária onde estavam presas as vítimas em questão, realizada em novembro, para situar os fatos nos espaços do edifício. Durante a visita, duas testemunhas colaboraram com detalhes sobre dois crimes ocorridos no local.

Rosário Rodríguez Balustra, uma das querelantes do julgamento, pelo assassinato de seu marido, Pablo Alberto Balustra, contou que um dos momentos mais dolorosos da inspeção foi quando testemunhas descreveram o assassinato de René Moukarzel, cujos braços e pernas foram amarrados em estacas na noite mais fria de 1976. Ele passou horas de tormentos, tendo o corpo queimado com cigarros e molhado com baldes de água fria, entre outras agressões.

Para Claudio Orosz, advogado da associação de Familiares de Desaparecidos e Presos por Razões Políticas e da organização H.I.J.O.S., representante de algumas das famílias querelantes, uma das audiências mais críticas foi quando esperavam um testemunho por teleconferência da Itália. “Esta testemunha se refugiou inicialmente no Brasil e com a ajuda de Dom Paulo Evaristo Arns, foi elaborado um documento com muitos dados fundamentais para a causa, mas que a testemunha nunca ratificou. Confirmar esta declaração, como terminou acontecendo, era muito importante”, revelou.

Outro momento de destaque foi quando o ex-cabo do exército, Miguel Angel Pérez, um dos acusados, pediu perdão por ter “arruinado a vida” da família de Raúl “Paco” Bauducco, assassinado com um tiro na cabeça. “Somente a eles eu devo explicações”, afirmou o ex-militar.

Segundo ele, na época, seus superiores o obrigaram a declarar que o crime ocorreu devido a uma tentativa de roubo de sua arma. “Era a primeira vez que eu tinha ‘terroristas’ tão perto. Depois, soube que se tratava de presos políticos. Responsabilizo o exército argentino por ter arruinado minha vida quando eu tinha 20 anos, por ter me mandado atuar na prisão quando eu não tinha preparação”, relatou em uma audiência.

Repressores

Videla, hoje com 84 anos, deverá ser condenado pela primeira vez desde 1985, quando recebeu a pena de prisão perpétua por homicídios qualificados, 504 privações ilegais de liberdade, torturas, roubos agravados, falsidade ideológica de documentos públicos, usurpações, extorsões, roubo de menores, entre outros crimes contra a humanidade.

O ex-ditador cumpriu, no entanto, apenas cinco anos consecutivos de pena, seguidos por voltas intermitentes à prisão, devido aos benefícios dos indultos de 1990 do então presidente Carlos Menem, que mediante decretos determinou sua liberdade e direitos de prisão domiciliar após sua volta à cadeia em 1998.

Em 2003, o Tribunal Territorial de Nuremberg solicitou sua extradição para a Alemanha, pelo homicídio da alemã Elisabeth Kaesemann na Argentina em 1977. Pela falta de provas, o pedido foi negado. Em 2009, a causa de Nuremberg foi reaberta após a aparição do cadáver do alemão Thomas Stawowiok na Argentina.

Apesar do pedido dos querelantes de que seja condenado à prisão comum, Videla deve cumprir qualquer pena em prisão domiciliar, como garante a lei para réus com idade superior a 70 anos.

Já o réu Luciano Benjamín Menéndez foi o mandante das atividades militares em 10 províncias do noroeste argentino entre 1975 e 1979. Segundo testemunhos, supervisou e dirigiu pessoalmente torturas e fuzilamentos executados nos centros clandestinos de detenção desta área.

Em 1988, foi processado por quatro roubos de bebês, 47 casos de homicídio, 76 de torturas, sendo quatro deles seguidos de morte. Chegou a ficar na prisão por alguns dias, mas terminou beneficiado pela Lei de Ponto Final, que estabelecia um limite para o desfecho da causa, e pelos indultos de Menem.

Menéndez está preso desde julho de 2008 e, se concretizada a condenação, deve bater um recorde e acumular sua quinta prisão perpétua. Devido às precárias condições de saúde, o ex-militar passa períodos intermitentes na cadeia, revezando-se entre o hospital militar e a residência de um de seus filhos.

Bispo cearense recusa comenda oferecida pelo Senado

Durante discurso, dom Edmilson afirmou que, enquanto os parlamentares reajustaram seus salários em 61%, motoristas de ônibus em Fortaleza tiveram 6%

Dom Edmilson recebeu comanda de Inácio Arruda, mas a rejeitou em discurso, logo depois

opovoonline

Em protesto contra o reajuste salarial de 61% autoconcedido pelos parlamentares, no último dia 16, o bispo cearense Dom Manuel Edmilson da Cruz recusou a comenda “Direitos Humanos Dom Helder Câmara”, que lhe foi oferecida pelo Senado por indicação do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

No plenário da Casa, o discurso de Dom Edmilson surpreendeu os senadores, que haviam reservado a manhã de ontem para realizar a sessão de entrega da comenda.

O bispo lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários em 61%, enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza “mal conseguiram” 6%. Ele também mencionou as aposentadorias reduzidas e o salário mínimo que cresce em “ritmo de lesmas”. “Quem assim procedeu não é parlamentar. É para lamentar.”

Autor do projeto da Comenda, o senador José Nery (Psol-PA), que votou contra o reajuste e presidia a sessão durante a homenagem, disse que o Congresso deveria refletir sobre o reajuste após o protesto do bispo. Mais tarde, ao O POVO, Nery afirmou que talvez fosse mais “adequado” o bispo dizer que “simplesmente não ia receber”. “Vir até aqui causou um certo mal-estar. Mas em nada esse fato pode diminuir o gesto e a decisão do Senado em instituir comenda para homenagear Dom Hélder”, afirmou.

Além do bispo, a homenagem foi oferecida a mais quatro autoridades que se destacaram em favor dos direitos humanos: dom Pedro Casaldáliga, Marcelo Freixo, Wagner de La Torre e Antônio Roberto Cardoso.

Quem é o bispo?
Ao O POVO, dom Edmilson afirmou que foi bispo no Estado do Maranhão, sendo em seguida transferido para Fortaleza, onde atuou como auxiliar de Dom Aloísio Lorscheider durante mais de 20 anos. Após esse período, foi transferido por dois anos para o município de Limoeiro do Norte, de onde é, até hoje, bispo emérito.

Por questões de saúde, hoje o bispo reside em Fortaleza. “Eu envelheci e tive que vir morar em Fortaleza”, brincou Edmilson.

Segundo amigos, Dom Edmilson é conhecido pela simplicidade no trato com as pessoas que buscam orientação. Porém, o bispo costuma se mostra “enérgico” ao corrigir o que deve ser corrigido, revela irmã Fátima, que convive com o religioso.

“Ele normalmente se mostra muito forte, sem perder a brandura, ao corrigir e mostrar outros caminhos. É muito inteligente. Acompanha diariamente os jornais, lê muitos livros”, conta Fátima. Atualmente, dom Edmilson atua como orientador espiritual da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, entidade ligada à CNBB. (com agências)

ENTENDA A NOTÍCIA
A Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara foi concedida ontem pela primeira vez. Ela é conferida a personalidades que se destacaram na defesa dos direitos humanos no Brasil. O nome dos homenageados são definidos por um Conselho, hoje presidido pelo senador Marco Maciel (DEM-PE).



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Secretariado promove “dança das cadeiras” no legislativo

Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal de Curitiba terão novos parlamentares

bemparaná

A escolha dos secretários estaduais para o próximo governo promove mudanças no poder legislativo de todas as esferas. As escolhas do governador eleito Beto Richa (PSDB) alteram as cadeiras na Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal de Curitiba. No caso das suas primeiras, pelo menos quatro parlamentares se elegeram deputados, foram diplomados, mas não devem assumir os cargos.

Os deputados federais Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Cesar Silvestri (PPS) foram chamados pro Richa para assumir a Secretaria da Fazenda e a Secretaria do Desenvolvimento Urbano, respectivamente. Em seus lugares, entram o atual deputado federal não reeleito, Luiz Carlos Setim (DEM) e o deputado estadual Luiz Nishimori (PSDB). Nas eleições de outubro, a diferença entre o último eleito da coligação de Richa para o primeiro suplente foi de 2.094 votos. No caso, o deputado federal Abelardo Lupion (DEM) foi o último eleito com 79.704 votos e Setim teve 77.610 votos.

Já na Assembleia Legislativa, dois deputados reeleitos não assumirão. Luiz Claudio Romanelli (PMDB) assumirá a Secretaria do Trabalho e Durval Amaral (DEM) será o chefe da Casa Civil. No lugar de Romanelli, o futuro governador terá um parlamentar que fará oposição, o atual deputado Elton Welter (PT), que assume devido à coligação PT, PMDB e PDT, realizada na última eleição. Para o lugar de Amaral, entra o deputado, não reeleito, Duílio Genari (PP). Assim como ocorreu para a Câmara Federal, os suplentes da Assembleia não foram eleitos por uma diferença média de dois mil votos. Welter teve 41.918 votos, enquanto o último eleito, Stephanes Junior (PMDB), alcançou 43.417. Pela coligação montada por PSDB, PSB, PP, DEM, PPS, PTB, PRB, PRP, PHS, PTC, PSDC, PTN, PSL e PMN, o último eleito foi Pedro Lupion, com 37.304 votos. Genari fez 34.281 votos.

Na Câmara Municipal de Curitiba, onde não houve eleição, quatro suplentes da votação de 2008 assumem a partir de janeiro. Jorge Yamawaki (PSDB) entra para a vaga de Omar Sabbag Filho (PSDB), que assume o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec). O atual líder do prefeito, vereador Mario Celso (PSB), deixa a Casa para ser Secretário Especial para Assuntos da Copa do Mundo. Em seu lugar, assume José Ortiz Lins (PSB), conhecido como Zezinho do Sabará. Dois vereadores deixam a Câmara por se elegeram deputados estaduais. A eleição de Mara Lima (PSDB) abre vaga para a volta de Nely Almeida (PSDB), que empossada, começa o seu sexto mandato como vereadora. Outro parlamentar que volta para começar o sexto mandato é Paulo Salamuni (PV), que foi o terceiro colocado nas eleições para governador do estado. Ele assume devido a eleição para deputado estadual de Roberto Acioli (PV).

Lula defende diálogo com Irã e critica "tutela da paz" dos EUA

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira (20) que não haverá paz no Oriente Médio enquanto os Estados Unidos atuarem como “tutor” na região. Ele defendeu a política externa brasileira e a maior participação de outros países na negociação. Lula participou nesta tarde em Brasília de uma cerimônia de apresentação de generais recém promovidos nas Forças Armadas.

vermelho

"Não haverá paz no Oriente Médio enquanto os Estados Unidos forem tutor da paz. É preciso envolver outros países para negociar. Não é questão dos Estados Unidos, mas é de saber quem pode conversar", afirmou o presidente. Atualmente, os EUA tentam mediar um acordo entre Israel e palestinos que até agora não surtiu nenhum efeito. “É preciso distensionar a mesa de negociação”, comentou o presidente.

Lula defendeu a política externa brasileira e a relação com o Irã. Ele destacou que dez dias antes de viajar para o Irã recebeu uma carta do presidente norte-americano Barack Obama com “condições” sobre o programa nuclear iraniano.

Segundo Lula, todas as condições foram aceitas pelo presidente Mahmoud Ahamadinejad. Mesmo assim, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aplicou sanções àquele país. “As condições aceitas pelo Armadinejad eram exatamente as mesmas propostas pelo Obama. Mesmo assim, os países do Conselho de Segurança da ONU resolveram punir o Irã”, disse Lula.

Na visão de Lula, as sanções ocorreram porque a negociação foi conduzida por Brasil e Turquia e não pelos países do Conselho de Segurança. “A única explicação é de que era preciso punir o Irã porque o Brasil e a Turquia tinham se metido em seara de país desenvolvido”, comentou.

Para ele, o Conselho de Segurança da ONU não pode ser “um clube de amigos”, mas sim uma “instituição ativa”, da qual façam parte outros países. Lula tem defendido um papel mais atuante do Brasil no processo de pacificação do Oriente Médio. Em maio, visitou o Irã para tentar mediar um acordo em relação ao programa nuclear da República Islâmica.

Sem pedir licença

O presidente rebateu ainda as críticas que recebeu pela relação com o Irã. Segundo Lula, as pessoas que recomendaram que o Brasil não se “metesse” no tema preferiam ser tratadas de forma “subalterna” e “inferior”. “O Brasil não tem de pedir licença para fazer o que acredita que tem de ser feito”, disse.

Lula contou ainda que, uma vez, no primeiro ano de mandato, em um evento na França com vários líderes internacionais, quando o então presidente norte-americano, George W. Bush, chegou, todos se levantaram, uma deferência que não tinha sido feita a nenhum outro líder. "Eu segurei no Celso Amorim (ministro das Relações Exteriores) e disse: ninguém levantou quando a gente chegou, por que vamos levantar agora? Então o Bush veio e sentou conosco".

Para Lula, a história mostra que a "subserviência não leva a lugar nenhum". "O ser humano não gosta de lambe-botas, gosta de quem quer ser tratado com igualdade".

Lula também disse que, há poucos dias de deixar o governo, encontra o povo brasileiro com uma autoestima nunca antes vista. E falou sobre as grandes obras que deixará, como a das hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. “As três maiores do mundo”, disse Lula. E citou também as obras em ferrovias.

Outro projeto destacado por Lula foi a transposição do Rio São Francisco. “Levaremos água para o maior semiárido habitado do planeta Terra”. E brincou com as críticas que recebeu no início do mandato quando resolveu adquirir um avião novo para as viagens presidenciais. “Quando compramos o avião, vocês sabem o que passamos. Comprei o avião para não passar vergonha. Disseram que o avião era meu. Chamaram de aerolula. Agora, vai ser o aerodilma”, comentou.

O presidente destacou as ações do governo na área do ministério da Defesa, como o auxílio das tropas nas operações em morros do Rio de Janeiro e a atuação dos militares no Haiti. Lula terminou a fala agradecendo o tratamento “respeitoso” e “leal” que teve das Forças Armadas.

O destino de Itaipu

política em debate

A presidente eleita Dilma Roussef (PT) deve fechar nesta semana as indicações para os cargos mais estratégicos do governo federal. Além dos ministérios, há cargos importantes do segundo escalão, como a Itaipu, que deve ter o “comandante” escolhido agora.

Outra particularidade da empresa é que Dilma não deve somente indicar o presidente da Itaipu, mas todas as outras diretorias. A presidente não quer “panelinhas” na empresa.

E por isso mesmo alguns políticos e administradores que não se dão muito bem podem inclusive ter que se aturar na reunião da diretoria.

Caso Jorge Samek não seja confirmado na presidência da Itaipu, ele deve ser realocado em outro cargo do governo federal, por ser da cota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a verdade é que até sexta nada estava definido ainda sobre a empresa. Para ser ter uma ideia, oorçamento anual de Itaipu é de cerca de US$ 2,5 bilhões.

Eleonora Fruet deixa equipe de Ducci

paranaonline

A secretaria de Educação de Curitiba, Eleonora Fruet, formalizou sua saída do cargo ontem à tarde, mas entregou a carta de demissão há uma semana ao prefeito Luciano Ducci (PSB), conforme antecipou O Estado.

Eleonora anunciou que estava deixando a equipe de Ducci por meio de mensagem no microblog twitter, onde agradeceu "o privilégio de ter convivido com os servidores e contribuído nos avanços da educação de Curitiba".

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), anuncia hoje a substituta de Eleonora. No comando da área de educação do município há seis anos, Eleonora deixa o cargo no mesmo momento em que o irmão, o deputado federal Gustavo Fruet, tenta construir sua candidatura a prefeito de Curitiba. Até ontem, Gustavo ainda não havia respondido ao governador eleito, Beto Richa (PSDB), se aceita compor o governo.

Na semana passada, Beto ofereceu uma nova secretaria a Gustavo, que atuaria nas políticas de desenvolvimento para as regiões metropolitanas. Porém, na lista de secretários divulgada ontem não constava o nome de Gustavo nem a nova secretaria.

Além disso, Beto anunciou o nome do ex-vereador Rui Hara para dirigir a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), uma das áreas que, inicialmente, estaria sob o comando do deputado federal tucano.

Além de um bom espaço no governo, que permita desenvolver um trabalho com visibilidade junto à população, Gustavo também pede um naco de poder na estrutura partidária. A presidência do PSDB de Curitiba agradaria ao deputado federal, que termina o mandato em janeiro de 2011.

Persistência

A saída de Eleonora do secretariado tem um significado político para os tucanos aliados de Gustavo. Ao se retirar da equipe de Ducci que, apesar de ser de outro partido, é o principal obstáculo ao projeto de Gustavo de se candidatar à prefeitura, Eleonora deixa claro que Gustavo pretende ir em frente com o projeto de se candidatar a prefeito. Vice-prefeito de Beto, até abril deste ano, Ducci está certo que terá o apoio do governador eleito e, por extensão, do PSDB, à reeleição em 2012.

Terceiro colocado na disputa ao Senado, Gustavo não pensa em ceder espaço a Ducci. Internamente, há setores que não o desencorajam. Para o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, não há motivos para preocupação se houver duas candidaturas da base de Beto. "Bom para quem tem dois candidatos bons, forte, dentro de sua aliança", afirmou o dirigente estadual tucano.

Rossoni citou a saída encontrada pelo ex-governador José Serra (PSDB) quando, defrontado com duas candidaturas do grupo, a do atual governador eleito Geraldo Alckmin e a do prefeito Gilberto Kassab, do DEM, ficou com ambos. "Há força dos dois lados. É por isso que existe o segundo turno", afirmou o presidente estadual do PSDB.

PIPOCO NO GATO PRETO!!

por Ernesto Aguiar, direto do crime

Chuva de Balas nessa madruga no Restaurante Dançante GATO PRETO.

Como de costume, os seres da noite divertiam-se ouvindo as belas melodias dos músicos da casa.

De repente, os convivas que há muito não sabem oque é luz solar, foram molestados com estampidos de arma de fogo.

A casa noturna, boate falada, lugar de fama, tem segurança, porém entra quem quiser.
De supetão dois indivíduos dirigiram-se a uma mesa onde um pequeno grupo de transviados trocavam impressões sobre desilusões amorosas e sem dó ou piedade descarregaram suas armas.

Foi grito, fedor de pólvora e sangue pra todo lado.

Alta madrugada, três e tanto da manhã, no auge da festa, ocorre essa barbaridade.

Por enquanto o balanço dá conta de três mortes e dois feridos.

Do palco a canção de fundo... "Garçon, olhe pelo espelho, a dama de vermelho..."

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bancários fazem Auto de Natal dos Demitidos em frente ao Palácio Avenida

Um coral de anjos cantou paródias de músicas natalinas em protesto contra as demissões que já ocorreram no banco HSBC neste ano. O Auto de Natal dos Demitidos, organizado pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, contou com a participação de cerca de 15 dirigentes, que cantaram em frente ao Palácio Avenida, na manhã desta segunda-feira (20).

De acordo com dados do sindicato, entre janeiro e novembro deste ano, houve 266 demissões sem justa causa e outros 232 bancários pediram demissão, sendo que a maior parte dos desligamentos ocorre no mês de janeiro. A assessoria do sindicato ressalta que o ato é uma tentativa de pressionar o banco a agir de outra maneira em 2011.

Uma das canções, paródia da música
"É Natal", diz na letra "É Natal, é Natal
passa no RH, tá prontinha a rescisão, pode se mandar".

Outra cantiga que foi parodiada é "Então é Natal".
Na versão dos bancários, os versos são:
"Então é Natal (ai, ai, ai) / Lá vem demissão (ai, ai, ai)
Banqueiro mesquinho (ai, ai, ai) /
Não tem coração (ai, ai, ai)".

MinC compra acervo de Glauber Rocha

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, anunciou a aquisição do Acervo de Glauber Rocha pelo Ministério da Cultura para acesso público. A cerimônia do anúncio será em Salvador, hoje, dia 20, às 20h, no Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha. Haverá uma sessão gratuita, às 21 h, do filme de Glauber, "Leão de Sete Cabeças", restaurado. No conjunto estão os 22 filmes feitos por Glauber, além de 80 mil documentos, que incluem sua correspondência pessoal, roteiros de filmes, peças, poemas e romances. Do total, 223 roteiros e projetos de livro permanecem inéditos. O investimento do Ministério da Cultura na compra do acervo foi de R$ 3 milhões.

Dilma deve limitar poder do PMDB em estatais

Após definir a composição do Ministério, a presidente eleita, Dilma Rousseff, ao assumir o cargo, vai se dedicar à montagem do tabuleiro do segundo escalão mais cobiçado do governo: o comando das estatais, com a promessa de reduzir o poderio do PMDB no setor.

Ela pretende esperar apenas a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, marcada para o início de fevereiro. Nessa fase, vai definir primeiro as empresas da área energética, hoje dominadas pelos grupos do presidente do Senado, José Sarney (AP), de Jader Barbalho (PA) e do deputado Eduardo Cunha (RJ), todos do PMDB.

Dilma quer pôr nos principais postos do setor elétrico pessoas de perfil técnico e de sua confiança. Reconduzido ao Ministério de Minas e Energia, Edison Lobão admitiu recentemente que não terá autonomia para indicar todos os cargos das estatais do setor. "Não há nenhum ministério nessa condição de porteira fechada", disse Lobão.

As empresas do sistema Eletrobras têm R$ 8,1 bilhões de investimentos previstos no Orçamento de 2011. Nos últimos anos, a presidência da holding ficou sob responsabilidade de pessoas indicadas por Sarney. O atual presidente, José Antonio Muniz Lopes, é um fiel aliado do presidente do Senado. Antes de ir para a Eletrobras, presidiu a Eletronorte.

Mas o alvo número um de Dilma é Furnas. Ela avisou aos integrantes da transição que, em fevereiro, quer intervir no comando da empresa. A terceira maior verba das estatais do setor elétrico é destinada a Furnas (R$ 1,256 bilhão), que tem no comando atualmente Carlos Nadalutti, do grupo de Eduardo Cunha.

O comando de Furnas está sendo disputado pelo PMDB mineiro como opção para o senador Hélio Costa (PMDB-MG), derrotado na eleição para o governo estadual, com apoio do deputado Newton Cardoso (PMDB-MG). Dilma, contudo, usará seus próprios critérios para as indicações.

Furnas tem também o cobiçado Fundo de Pensão Real Grandeza, que movimenta um orçamento de cerca de R$ 7,1 bilhões por ano, e cujo comando já foi alvo de duras disputas tendo Cunha à frente.

Blogueira cubana pediu aos EUA para ter acesso a compras na web

Em visita que realizou a Havana, em setembro de 2009, para dialogar sobre o restabelecimento de correspondência direta entre Cuba e os Estados Unidos, a subsecretária de Estado adjunta para a América Latina, Bisa Williams deve ter se surpreendido com a solicitação que lhe fez a blogueira Yoani Sánchez: levantar a restrição que a impede de fazer compras pela Internet.

“Sabe quanto mais poderíamos fazer?”, sugere a blogueira à funcionária norte-americana de mais alto nível que visitou Cuba em décadas, aludindo, com o termo “poder fazer”, à “luta” para derrocar o governo de Cuba através do acesso livre ao mercado on line.

A insólita revelação aparece em um despacho vazado por WikiLeaks, publicado no ultimo domingo (19) pelo sítio norte-americano “Along the Malecon”.

O informe, assinado pelo chefe do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana, Jonathan Farrar, e enviado ao Departamento de Estado da sede diplomática estadunidense em Havana, no dia 25 de setembro de 2009, descreve a “calorosa” acolhida que o governo de Cuba dispensou a Bisa Williams. Diz também que a subsecretária se reuniu com “dissidentes”.

Ao referir-se ao encontro que a funcionária teve com os blogueiros protegidos pelos Estados Unidos, Farrar afirma: “Os blogueiros, que, em parte por sua própria preservação, não querem estar agrupados com a comunidade dissidente, estavam igualmente otimistas com o curso dos acontecimentos. ‘Uma melhora das relações dos Estados Unidos é absolutamente necessária para que surja a democracia aqui’, disse a pioneira dos blogs a Williams em seu modesto apartamento. Segundo a revista Time, a blogueira é uma das cem pessoas mais influentes. ‘As restrições só nos prejudicam’, acrescentando: ‘Sabe quanto mais poderíamos fazer se pudéssemos usar o Pay Pal ou comprar coisas on line com um cartão de crédito?’”

A única blogueira que foi incluída na lista de famosos da revista Time – certamente poucos meses depois que seu blog começou a ser publicado – é Yoani Sanchez. Ela lançou seu blog em abril de 2007 e em março recebia o prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo – dirigido pelo Grupo Prisa da Espanha, também envolvido por essa época em reuniões contra Cuba organizadas por funcionários norte-americanos, de acordo com WikiLeaks. A blogueira Yoani Sanchez foi, assim, premiada menos de um ano depois de seu primeiro post na Internet e sem ter nenhum antecedente como jornalista ou nos círculos literários de Cuba

Desde abril de 2007 até hoje, Yoani Sánchez foi privilegiada não só pela publicidade, recursos técnicos e de tradução para sua visibilidade na Internet, mas com o apoio das autoridades norte-americanas que, de acordo com outros documentos divulgados por WikiLeaks, depositam nela grandes esperanças e a utilizam para dar imagem à retórica contra Cuba.

De acordo com os vazamentos, o chefe do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana assegurou que “é a nova geração de ‘dissidentes não tradicionais’, como (a blogueira) Yoanny Sánchez (sic!), que poderia ter um maior impacto de longo prazo na Cuba da era pós-Castro”.

A partir da data em que esse despacho foi feito, se intensificaram os prêmios em instituições norte-americanas e europeias à pessoa em que os Estados Unidos dizem depositar suas esperanças para o triunfo de sua política na Ilha.

Apesar de tudo isso, as revelações de WikiLeaks não são segredo nem mistério para ninguém. Os EUA não escondiam suas preferências por este setor da “oposição” cubana. A maior partida de fundos públicos que os Estados Unidos destinam a um grupo para promover a mudança de governo em Cuba é enviada aos blogueiros e tuiteiros, com mais de 5 milhões de dólares por ano, de acordo com documentos revelados pelo Senado norte-americano e que qualquer pessoa pode consultar.

O Novo Herald publicou, em 9 de abril deste ano, que o governo dos Estados Unidos enviou a Cuba, até dezembro de 2009, durante todos os meses, de duas a cinco pessoas contratadas para dar “ajuda técnica e financeira” a “dissidentes”, blogueiros e tuiteiros.

Os fundos do governo dos Estados Unidos para os programas de subversão contra Cuba – que somaram 45 milhões de dólares nos anos fiscais de 2009 e 2010 – são administrados através de uma complexa rede de organizações não governamentais e empresas privadas e disfarces da CIA, que organizam a entrega de tecnologia de telecomunicações e dinheiro vivo a supostos oposicionistas cubanos, que se convertem tacitamente em empregados do governo norte-americano.

Jovens na rede, objetivo dos EUA em Cuba

Em outro despacho divulgado no domingo (19) proveniente dos vazamentos de WikiLeaks, datado de 27 de novembro de 2006, o ex-chefe do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana, Michel E. Parmly, descreve uma reunião de funcionários dessa sede diplomática com “jovens ativistas pela democracia”, realizada “no quintal da residência de um diplomata norte-americano em Havana”.

Parmly escreveu que esperava que as autoridades cubanas reagissem a esse encontro com os meios de comunicação e as organizações sociais “para carimbar os jovens líderes como agentes do governo dos Estados Unidos ... (Nós) estaremos trabalhando da mesma maneira que (o governo cubano) para incentivar as ações em outra direção, mais concretamente, articulando um maior e melhor trabalho na rede com os estudantes universitários que se opõem ao regime”.

Em data muito próxima, 1º de junho de 2010, um despacho enviado pelo representante máximo da diplomacia norte-americana na Ilha, Johnatan Farrar, dedica um trecho do seu informe à blogueira e à atenção que seu governo dispensa a ela:

“O pensamento convencional em Havana é que o governo de Cuba vê os blogueiros como seu mais sério desafio, que tem dificuldades para conter como fez com os grupos tradicionais de oposição. Os dissidentes da ‘velha guarda’ têm estado bastante isolados do resto da Ilha . O governo de Cuba não presta muita atenção a seus artigos e manifestos, porque não têm ressonância nacional e possuem um peso muito limitado internacionalmente.

Temporariamente, ignorar os blogueiros também parecia dar certo. Mas a crescente popularidade internacional deles e sua habilidade de estar um passo tecnológico à frente das autoridades causam sérias dores de cabeça ao regime. Os temores de que o problema dos blogueiros está fora de controle (do governo cubano) foram reforçados pela atenção que os Estados Unidos deu, primeiro quando (a blogueira) foi detida e golpeada e posteriormente quando o presidente (Barack Obama) respondeu a suas perguntas".

Apesar disso, os diplomatas em Havana e sua chefa,a secretária de Estado Hillary Clinton, - que dedicou um parágrafo à suposta agressão que a blogueira recebeu na brevíssima nota que divulgou no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em 3 de maio de 2010 – jamais se deram por informados de que Yoani Sánchez nunca conseguiu apresentar as provas da agressão, posta em dúvida tacitamentepor vários correspondentes internacionais em Havana..

O correspondente em Cuba do diário digital espanhol La República entrevistou os médicos que atenderam Yoani pouco depois que ela informou ter sido vítima de uma agressão em 6 de novembro de 2009. Os especialistas que estavam de plantão na noite de 7 de novembro na Policlínica Universitária 19 de Abril, de Havana, para onde se dirigiu a blogueira, asseguraram que “a paciente” não tinha o menor sinal de golpes ou ferimentos em seu corpo, embora tenha chegado com muletas ao local.

La República pendurou no Youtube as entrevistas que deram os médicos da Policlínica Universitária “19 de Abril” de Havana.


Traduzido do site Cuba Debate pela redação do Vermelho. Para ver o texto original, em espanhol, com links para os documentos divulgados por WikiLeaks, clique aqui.