quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ONU vai debater igualdade com jornalistas

Em parceria com a federação dos profissionais do setor, agências preparam oficinas sobre gênero e etnia; primeira será em Porto Alegre

Reprodução
BRUNO MEIRELLES
da PrimaPagina

A ONU e a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) estão preparando cursos e seminários para estimular o debate, entre profissionais da imprensa, de temas ligados a igualdade racial e de gênero. A primeira série de oficinas será dada no 34º Congresso Nacional dos Jornalistas, que começa nesta quinta (19) e vai até sábado (21) em Porto Alegre, com apoio do UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e do PNUD.

A edição 2010 do encontro, realizada no Hotel Plaza São Rafael, marcará a assinatura de um acordo entre a FENAJ e o fundo para levar oficinas semelhantes a outros cinco estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Alagoas e Bahia) e ao Distrito Federal.

As oficinas vão funcionar como uma roda de conversa com os jornalistas, em que serão apresentados conceitos de igualdade usados pelo UNIFEM e exemplos de ações desenvolvidas pelo PNUD, destacando casos de cobertura que indicam as formas como a mídia aborda o assunto.

“Quando apresentamos os dados do Índice de Valores Humanos [IVH], por exemplo, havia estatísticas que comparavam gêneros, indicando, entre outras coisas, que as mulheres possuíam mais experiências de sofrimento no trabalho. Porém, quase nenhum veículo de comunicação deu destaque a isso. Queremos discutir o que pode ser feito para que esse tipo de assunto receba maior atenção”, diz o assessor de imprensa do PNUD, Daniel de Castro, um dos palestrantes.

Para Isabel Clavelin, assessora do UNIFEM e também palestrante nas oficinas, a questão não se restringe a um maior espaço na imprensa para as questões raciais e de gênero. Segundo ela, é necessária também uma mudança na abordagem. “Há números que apontam que 2% dos formandos em universidades são negros, e a proporção deles na população é de 51%. Essa discrepância não é por diferença intelectual. É porque as condições, na prática, não são iguais para todos. Falta, então, uma cobertura que mostre como esses problemas funcionam na vida real”, explica.

Além da discussão editorial, a Fenaj vai propor uma discussão sobre a igualdade no mercado jornalístico. “Um levantamento nosso mostra que as mulheres negras recebem menos em comparação a outros jornalistas. Além disso, têm menos visibilidade. Em uma TV, por exemplo, raramente aparecem no vídeo”, diz José Carlos Torves, diretor da entidade.

O congresso contará com a participação de representantes de outros quatro países da América Latina (Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai), além do Marrocos. A partir do contato com a experiência brasileira, eles poderão realizar seminários semelhantes em seus países.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se não tiver conta no Google, opte por "Comentar como: Nome/URL", sendo que o campo URL não precisa ser preenchido.

Não serão tolerados ataques pessoais.