terça-feira, 17 de agosto de 2010

O movimento negro impulsiona uma luta de classes negra

Escrito por Eduardo Antonio Estevam Santos

No dia 03 de julho, o jornal eletrônico Correio da Cidadania divulgou entrevista realizada com o historiador Mário Maestri, sob o título Estatuto da Igualdade Racial: 'Luta Social ou Luta de Raça?' . A entrevista transcorreu no contexto da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial no Senado Federal. Vou resumir minha crítica às posições do historiador em dois pontos: a primeira refere-se à luta antiracista, que, segundo o historiador, o movimento negro teria abandonado, optando pela política de igualdade racial; e o segundo, a equação raça-classe, onde o entrevistado embute a questão racial numa luta mais ampla, contra a exploração em geral (leia-se, contra o capital).

O antiracismo está inserido na luta pela igualdade racial, o que não pressupõe uma igualdade em termos absoluto, e sim uma valoração entre as culturas. Por exemplo, a posição social do candomblé, religião de matriz africana: sua condição é visivelmente de inferioridade em relação às outras religiões, as pessoas a caracterizam pejorativamente de animista, feiticista e diabólica. Esta postura é radicalmente desrespeitosa com os sujeitos que a praticam e essencializa a figura do negro com o mal.

Quanto ao segundo ponto, nota-se que Maestri enxerga na luta geral o caminho para a extinção das explorações, quer seja de classe, sexual ou étnica, equalizando a luta de classes com a luta antiracista. A noção de classe do historiador está presa a uma conceituação ortodoxa eurocêntrica, sem cor e masculina. Leia mais

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