quarta-feira, 22 de julho de 2009

Após fracassar mediação, Zelaya anuncia retorno a Honduras

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, anunciou, na noite desta terça-feira (21), que pretende voltar ao seu país a partir do fim do dia de hoje (22), quando se encerra o prazo de 72 horas fixado pelo mediador do conflito, o presidente da Costa Rica, Osca Arias, para o fim da crise política. Zelaya também confirmou que enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, solicitando que o país intensifique as sanções contra os golpistas que tomaram o poder.

Sem avanço nas negociações, ele disse que regressará apesar das ameaças de prisão do governo interino. "Creio que não se pode me pedir mais tempo para continuar as negociações. Até agora apoiei tudo que me foi pedido pela comunidade internacional. Tenho que regressar", colocou, se referindo ao fracasso das tentativas de acordo com o governo autoproclamado e instando a comunidade internacional a apoiar sua decisão.

Zelaya não deu detalhes sobre sua volta. Disse apenas que ela se daria por meio de "qualquer um dos pontos fronteiriços de Honduras com Guatemala, El Salvador ou Nicarágua", por via aérea, marítima ou terrestre. "A partir das 72 horas estabelecidas, inicio meu retorno legítimo ao país. Não darei detalhes de como o farei, porque são estratégias que tenho que preservar", justificou.

O governante deposto disse que só falará "o horário e a forma" de seu retorno aos jornalistas que o acompanharem. Assegurou que seu retorno a Honduras tem como objetivo "buscar soluções" e manifestou que será "um retorno pacífico, amparado no direito a resistir à opressão".

O hondurenho responsabilizou o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas hondurenhas, general Romeo Vásquez, caso algo lhe aconteça na empreitada. "Eu responsabilizo, por minha vida, por minha segurança, o general Romeo Vasquez", afirmou Zelaya em entrevista coletiva concedida na embaixada de Honduras em Manágua.

"Se algo me acontecer no caminho para Honduras, o responsável por meu assassinato, minha morte, será o general Romeo Vásquez", insistiu o governante hondurenho, detido e expulso de seu país pelos militares em 28 de junho e destituído pelo Parlamento, que nomeou Roberto Micheletti em seu lugar. O presidente asseverou que, com o seu retorno a Honduras, "a cúpula militar terá que ir embora", dando espaço a uma nova gereção de militares.

Sobre a carta que enviou a Obama, Zelaya informou que teve o objetivo de "pedir que (os EUA) apertem suas medidas diretamente contra os que conspiraram nesse golpe e realizaram este golpe", disse.

De acordo com o La Jornada, o presidnete deposto tem se comunicado com frequência com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, mas questiona o jogo duplo de Washington, onde há legisladores que apoiam o golpe. Zelaya citou como exemplos Otto Reich e Robert Carmona, "que são democratas até os Estados Unidos e fora do país são tiranos".

Enquanto Zelaya tomava a decisão de regressar, seus apoiadores saíram em marcha para cobrar sua restituição. Diversos sindicalistas convocaram uma paralização geral para quinta e sexta-feira. Em Washington também houve protesto de uma delegação hondurenha integrada por legisladores e membros da sociedade civil que exigiram a restituição pacífica do presidente constitucional.

Na Costa Rica, as informações eram as de que Arias trabalhava horas extras na busca de uma saída mediada, após Zelaya ter reafirmado seu propósito de voltar a Honduras.

O prazo de 72 horas foi estabelecido por Arias no domingo, ainda na esperança de buscar uma solução diplomática para o impasse gerado pelo golpe. O governo de facto de Honduras, contudo, fez saber que tem "enorme vontade" para resistir a sanções internacionais e convocou seus partidários a se manifestares nesta quarta-feira.

Com agências

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