terça-feira, 17 de abril de 2012

Entrevista – ‘Obama... Give me Five’: Jornada intensifica pedido de justiça pela liberdade dos Cinco Cubanos detidos nos EUA

Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, Ramón Labañino, Fernando González e René González. Eles são os Cinco Cubanos presos há mais de 13 anos nos Estados Unidos acusados de terrorismo. Eles também são um foco de uma das mobilizações internacionais mais ativas dos últimos anos, envolvendo milhares de pessoas nos mais diversos países do mundo. Hoje, o movimento pela liberdade ‘dos Cinco’, cada vez mais, bate à porta dos Estados Unidos, que não pode mais ignorá-lo, tamanha a dimensão que se tomou o assunto.

Aliado a isso, Cuba hoje é o ponto central das discussões mais importantes e determinantes em âmbito econômico, político, e de relações diplomáticas, envolvendo chefes de Estados. E, mais uma vez, os Estados Unidos da América não têm como ignorar isso.

É neste cenário que o Comitê Internacional pela Liberdade dos Cinco realiza a partir de amanhã (17) o "5 Dias pelos 5 Cubanos em Washington DC”, uma ampla jornada na capital dos EUA. Nesta terça, os/as militantes farão um lobby no Congresso e no Senado estadunidense, ao mesmo tempo em que ao longo dos cinco dias, distribuirão folhetos, falarão sobre o caso dos Cinco, realizarão palestras, entre outras atividades. Vale ressaltar que esta jornada recebeu apoio massivo de diversas nacionalidades.

"Os resultados que esperamos destas jornadas é que mais pessoas conheçam o caso ‘dos Cinco’, que ninguém se esqueça deles apesar de este ser um ano eleitoral, recordar aos membros do Congresso e do Senado que há 4 homens injustamente presos nos EUA e um*quase tão preso como os outros quatros, porque não tem permissão para retornar a Cuba”, falou Alicia Jrapko, coordenadora nos Estados Unidos do Comitê Internacional pela Liberdade dos Cinco Cubanos, em entrevista a ADITAL.

A programação da Jornada pode ser acessada neste link:

http://www.thecuban5.org/wordpress/2012/03/16/agenda-de-los-5-dias-por-los-5-cubanos-17-al-21-de-abril-dc/?lang=es

Para saber mais sobre o movimento de solidariedade: www.thecuban5.org

*René González foi liberado em outubro de 2011, mas ainda estará sobre liberdade supervisionada por três anos nos EUA, o que o impede de voltar a seu país.

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Adital – Hoje o tema sobre os Cinco Cubanos é mundial. Há mobilizações em quase todo o mundo. Que expectativa a senhora tem para esta nova Jornada que começa dia amanhã?

Alicia Jrapko – O movimento de solidariedade com os Cinco tem sido, desde o começo, um movimento internacional justamente pela grande admiração que Cuba desperta em todas as partes do mundo. Por isso este vibrante movimento tem crescido grandiosamente nos últimos anos e dado um salto quantitativo e qualitativo. Para nós, dentro dos EUA, isto é muito evidente, não são só as muitas pessoas que se uniram a esta luta, mas também as sementes que foram plantadas ao longo de todos esses anos que começaram a germinar. As jornadas ”5 Dias pelos 5 Cubanos em Washington DC” são uma prova disso.

Temos atingindo intelectuais, artistas, sindicalistas, advogados, professores, investigadores, religiosos, pacifistas, ativistas, pessoas amantes da justiça. Durante estes cinco dias em Washington, todos esses setores estarão representados, e também contamos com amigos e personalidades de outras partes do mundo, como é o caso de um ex-parlamentar alemão, um investigador francês e vários autores e escritores canadenses, como também os solidários da Itália, Bélgica e Canadá. O que não tem mudado desde a prisão dos Cinco é o silêncio das grandes corporações midiáticas. Portanto, diante da indiferença das mídias corporativas bem como das atividades concretas que estamos planejando, já começamos a pregar cartazes por toda a cidade com a mensagem "Obama Give me Five”, e divulgando a página web www.thecuban5.org. Para que as pessoas tenham uma referência e busquem mais informação, estamos distribuindo folhetos, cartões postais, folhas com informação básica sobe o caso, para chegar a milhares de pessoas às quais as mídias corporativas não permitiram conhecer quem são os Cinco.

Chegaremos também a milhares de pessoas através de programas de rádio de mídias alternativas, as quais já começaram a fazer entrevistas com os organizadores das jornadas. Os cinco dias em Washington também servirão para assegurar os laços de amizade e os projetos vindos com amigos solidários dentro dos EUA e de outras partes do mundo.

Adital – A senhora acredita essas mobilizações mundiais alcancem as autoridades estadunidenses sobre a dimensão das causas dessas prisões? A repercussão em nível mundial tem atingido as autoridades?

Alicia Jrapko – Pensamos que já é impossível para o governo dos EUA ignorar a dimensão da luta pela liberdade dos Cinco. Como foi impossível para os fiscais do caso dos Cinco ignorá-la, quando tiveram que reconhecer durante o julgamento de resentenças a força da campanha internacional e utilizar esse argumento para pedir à Juíza da Corte Federal de Miami a redução das sentenças para três deles. Outro passo importante é que nos últimos anos se começou a coordenar as ações a nível internacional. Por exemplo, no dia 5 de cada mês pessoas de todas as partes do mundo reivindicam a Obama a liberdade dos Cinco fazendo chamados telefônicos à Casa Branca ou enviando cartas, fax ou correios eletrônicos.

Todos os anos começando em 12 de setembro, aniversário de suas prisões, até 8 de outubro se realizam todo tipo de ações coordenadas incluindo manifestações frente a embaixadas estadunidenses, shows, exposições de arte. São feitas várias campanhas de cartões postais que chegam à Casa Branca em italiano, francês, russo, espanhol, inglês, alemão, etc. Obama precisa continuar escutando as demandas de todos os cantos do planeta, mas especialmente de dentro dos EUA. Nesse sentido pensamos que se tem avançado muito, mas somos conscientes que ainda temos muito por fazer.

Adital – Em varios setores (economia, política, saúde) Cuba tem se destacado nos últimos anos, inclusive com o apoio de muitos países. A senhora crê que este cenário seja favorável também para tratar do tema dos Cinco heróis cubanos?

Alicia Jrapko – Sem dúvida é favorável porque um país como Cuba, que sofreu por mais de meio século um bloqueio brutal, unilateral e extraterritorial, tem conseguido compartilhar com outros países o pouco que tem. Esse exemplo permite a Cuba ter cada vez mais amigos no mundo. Cuba não está só, nem isolada. Já não somos mais os solidários que pediam a liberdade dos Cinco, também agora o fazem presidentes de países latino-americanos, e este pedido se faz ainda nos fóruns internacionais diante da presença dos EUA. E Isso vai continuar crescendo, como seguirá crescendo a admiração e o respeito por Gerardo, Ramón, Antonio, Fernando e René, vítimas da política irracional dos EUA contra Cuba.

Adital – Que resultados esperam obter com esta nova jornada?

Alicia Jrapko – Uma das atividades que vamos realizar pela primeira vez são as visitas aos congressistas e senadores. As respostas têm sido positivas, temos nomeações para visitar mais de 25 membros do congresso e do senado durante um dia e meio. Vamos realizar atividades em duas universidades importantes e mostraremos os documentários: "Por Favor, se Coloque de Pé o Verdadeiro Terrorista” e "Essências”. Em 20 e 21 de abril estamos organizando eventos com personalidades incluídos Danny Glover, Dolores Huerta, Wayne Smith, Cindy Sheehan e muitos outros. Além disso, estamos planejando um rally em frente à Casa Branca, onde chegarão ônibus a partir de Nova Iorque e pessoas da área de Washington DC.

Levaremos todo tipo de painéis, cartazes, faixas, bandeiras, etc. Além disso, pediremos para a administração que outorgue vistos para todos os familiares dos Cinco. Também estamos organizando uma importante reunião com representantes de diferentes denominações religiosas, com a presença da reverenda Joan Brown Campbell, ex-secretária geral do Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos. Os resultados que esperamos destas jornadas é que mais pessoas conheçam o caso dos Cinco, que ninguém se esqueça deles apesar de este ser um ano eleitoral, lembrar aos membros do Congresso e do Senado que existem 4 homens injustamente detidos nos Estados Unidos, e um quase tão preso como os outros quatro, pois não se permite seu regresso a Cuba.

Adital – Como as pessoas em seus diferentes países podem participar?

Alicia Jrapko – Para participar dessas jornadas, temos feito um chamado aos amigos de todas as partes do mundo a organizar ações paralelas em 17 a 21 de abril para dar mais força às ações de Washington. Começaram a chegar informações que alguns países da Europa e América Latina já estão organizando ações paralelas.

Muitas pessoas estão enviando suas adesões às jornadas e outros com possibilidades econômicas estão fazendo seus donativos para apoiar os 5 dias pelos 5 em Washington DC. Acreditamos que é importante que a administração Obama escute o clamor mundial pelo retorno definitivo dos Cinco a Cuba. As ações de Washington serão uma contribuição a mais a todo o esforço que se realiza em todas as partes do mundo.

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