domingo, 29 de novembro de 2009

Cuba e o “Bastión 2009”

Por Paulo Aguilera Filho

Quinta-feira passada iniciou-se em Cuba o “Exercício Estratégico Bastión 2009” que mobilizará em torno de um milhão de pessoas em efetivos militares das FAR e Ministério do Interior. Envolverá cerca de 4 milhões de cidadãos diretamente ligados a manobra prestando serviço de infra-estrutura através dos CDR (Comitês de Defesa da Revolução), hospitais, refeitórios de fábricas, meios de comunicação – todas as rádios do país participam da ação, milícias populares além de outros serviços estratégicos de abastecimento.

O objetivo de tal exercício além de qualificar oficiais e tropas realizando inúmeras manobras táticas sincronizadas em todo território nacional é demonstrar a um potencial inimigo imperial que arriscar-se a atacar a ilha seria um erro gravíssimo e fadado ao fracasso. Durante sua execução realizarão-se manobras e exercícios com tropas terrestres, praticas de artilharia, movimentação de material bélico e vôos de uma modesta porém robusta força aérea dotada de potentes caças MIG.

Desde a ELAM pouco posso observar de tais manobras a não ser pelos meios de telecomunicação e por inúmeros professores médicos que foram destacados para participar em distintos pontos do país, o que se observa com clareza é o interesse da população pelo desenvolvimento do exercício e seus resultados. Estando eu nesta posição privilegiada dentro da instituição que pode ser considerada simbolicamente como o coração da integração latino-americana (na ELAM estão representados mais de 20 países da América Latina e Caribe oriundos de camadas populares cursando Medicina totalmente de graça) observo a situação de nosso continente e nas inúmera lições que podemos tomar de Cuba para chegar a uma realidade social mais digna e humana através inclusive da questão militar.

Vivemos um momento em que o atual ocupante da casa branca não passa de um fantoche que segue humilhando povos e matando inocentes em duas guerras inviáveis, apóia o golpe de estado em Honduras e semeia a discórdia entre países irmãos ao instalar bases militares de grande porte na Colômbia cujo fim estratégico é claro: aumentar seu poder de dissuasão sobre a estratégica região amazônica e ameaçar os processos revolucionários em franco desenvolvimento por todo o continente. Obama é um presidente hipócrita e torturador: mantém firme a vergonhosa base/prisão de Guantanamo e serve aos interesses do Pentágono que descaradamente utiliza seu mandato para a sedimentação de futuras investidas a nações pacificas em nosso continente.

A ameaça de agressão militar norte-americana a qualquer país de nossa América sempre foi real e constante, nos próximos anos tende a intensificar-se: subjuga a Colômbia, ameaça a Venezuela e direciona-se, a longo prazo, inclusive ao próprio Brasil. Bastión tem como fim estratégico dissuadir ao inimigo imperial e afirmar a invulnerabilidade territorial de Cuba, comandado por Raúl Castro Ruz que é General do Exercito e atual Presidente do Conselho de Estado e de Ministros, terá duração de três dias e novas tecnologias de mobilização blindada adaptadas ao território cubano estão em teste, técnicas de defesa fronteiriça e guerrilha urbana passam por reciclagem num pequeno país que sofreu décadas de agressões, tentativas de invasão, terrorismo e guerra suja. Armado do modelo de Guerra de Todo o Povo em defesa do socialismo encabeçado pelo Partido Comunista Cubano a ilha nos ensina que a melhor forma de ganhar uma guerra assimétrica é evitando-a com armas em punho!

Paulo Aguilera Filho, Brasileiro residente em Cuba, estudante de medicina cursando o segundo ano na Escola Latino Americana de Medicina

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