quarta-feira, 2 de março de 2011

Chalita, Erundina e Cid Gomes podem deixar PSB para criar partido

Por conta do provável ingresso do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), no PSB, os dois deputados federais mais votados do partido na última eleição — Gabriel Chalita (SP) e Luiza Erundina (SP) — podem se desfiliar da legenda. Eles negociam com o PMDB, que prometeu a Chalita que ele seria candidato a sucessão do próprio Kassab em 2012.

Segundo deputado mais votado no estado, atrás apenas de Tiririca (PR), Chalita chegou a conversar com o vice-presidente Michel Temer, sobre uma eventual mudança de legenda. Outra sigla interessada seria o PTB.

Erundina, por sua vez, está incomodada com a possibilidade de dividir o palanque com nomes como a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e o governador catarinense Raimundo Colombo, apontados como possíveis seguidores de Kassab para fora do DEM. Ela também não quer ser colega de partido do vice-governador Guilherme Afif (DEM).

"Eles representam forças claramente conservadoras, de direita. Se forem aceitos, não terei mais espaço no partido. Não terei razão para estar nele", afirmou Erundina, que tacha a aproximação de "absurda", "inconsequente" e "incoerente". A parlamentar prometeu lutar "até o fim", mas admitiu ter poucas chances de brecá-la. "Já estou isolada no partido há muito tempo. Se isso acontecer mesmo, não vou mais respirar politicamente no PSB.”

Uma saída aventada por Chalita e Erundina é a criação de uma legenda partidária, com nomenclatura e ideário associados à pauta da educação. “Não quero montar um partido só por causa da eleição. Quero um partido com uma bandeira, com projeto na área de educação. Ser candidato é consequência. Saí do PSDB porque me senti sem espaço com o Serra”, diz Chalita.

Deputado mais votado do PT do Rio de Janeiro, com quase 130 mil votos, Alessandro Molon simpatizou com a ideia. Outro político que já demonstrou interesse no projeto é o deputado federal Antonio Reguffe (PDT). Campeão de votos pelo Distrito Federal, Reguffe ganhou visibilidade ao declinar das benesses do mandato na Câmara. Principal conselheiro de Chalita no petismo, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teria manifestado simpatia pela ideia do novo partido.

O governador Cid Gomes (PSB-CE) e seu irmão, o ex-deputado Ciro Gomes, foram convidados a discutir o partido a ser criado. Os Gomes estão descontentes com o comportamento do governador de Pernambuco e presidente da legenda, Eduardo Campos, e estariam propensos a sair do PSB. As conversas começam a ser travadas. Na segunda-feira, Chalita telefonou para Cid, e os dois ficaram de se encontrar nos próximos dias.

“Centralização”

Líderes do PSB em São Paulo intensificaram nos últimos dias as pressões sobre o comando nacional do partido. Além de não economizarem nas críticas a Kasab nos bastidores, alguns socialistas passaram a se queixar também de não terem obtido até agora uma explicação sobre as negociações.

Atribuiu-se a Eduardo Campos uma postura "centralizadora". Até agora, dizem os críticos da negociação, nem mesmo integrantes da cúpula nacional teriam sido consultados. A principal crítica de Chalita a Campos é a forma como ele vem articulando a entrada no PSB de Kassab.

“É estranho o presidente de um partido ir a São Paulo conversar com Kassab e, em nenhum momento, nós do partido sabermos disso. A gente não quer ser vendido. Nós temos um nome a zelar”, dispara Chalita.

Kassab

Alvo da polêmica, Gilberto Kassab viajará para Paris no próximo sábado (5) e só deverá retornar à cidade no domingo (13), às vésperas da convenção nacional dos “demos”, que deve determinar seu futuro na legenda. O prefeito deve criar, até agosto, o Partido da Democracia Brasileira (PDB), para em seguida fundir a legenda com o PSB.

A convenção nacional do DEM será realizada em 15 de março, no hotel Grand Bittar, em Brasília. Kassab afirmou que mantém conversas com o PMDB e o PSB. "Todos sabem que existe avaliação de sair como existe avaliação de ficar. No caso de sair existe de maneira muito respeitosa um convite formulado pelo governador Eduardo Campos, um convite formulado pelo vice Michel Temer e outros partidos."

Na semana passada, a Comissão Executiva Nacional (CEN) do PSB informou que não há definição sobre a filiação de Kassab, bem como de outros políticos nesta legenda. A CEN admite que vem mantendo contatos com o prefeito sobre um eventual ingresso no partido, mas diz que “nada há definido até o presente momento, porquanto perduram dúvidas políticas e jurídicas”.

Da Redação, com agências

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