segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

COP 15 – o último a sair que apague as luzes!

Por Eloy F. Casagrande Jr.*

Sexta-feira (17) é o dia D na COP 15, a Conferência do Clima das Nações Unidas. Todos os aliados já desembarcaram na bela Copenhage, até mesmo os chefes de estado há três dias se movimentam nos bastidores para não deixar naufragar o acordo para controlar o aquecimento global. Neste cenário falta o presidente do país que é considerado o maior poluidor do Planeta! Barack Obama chegará somente para a cerimônia de encerramento da conferência.

Com esta atitude, o ganhador do prêmio Nobel da Paz mostra a importância que seu país deu para a mesma. Isto começa a nos revelar uma outra face do mocinho que se tornou um herói mundial ao derrotar malfeitor George Bush! Obama mandou seus fieis escudeiros para negociar que não haja comprometimento de metas de redução de Gases do Efeito Estufa (GEE) e valores de financiamento para países pobres, que mais serão afetados com as mudanças climáticas.

Até quarta-feira (16), ao invés de números, o chefe da negociação americana, Todd Stern, queria que nos textos finais aparecesse a letra “xix”. Isto mesmo, um grande e cruzado “X”! O X aqui é até irônico, já que Obama admite que um dos seus grandes ídolos foi Malcolm X (ou El Hajj Malik El Shabazz), líder negro americano, também muçulmano, que defendia maiores direitos para sua raça e foi brutalmente assassinado em 1965. Mas voltando ao xis da questão, o fato é que há mais interesses econômicos e políticos na COP 15, do que deixar o Planeta derreter.

Os Estados Unidos já chegou a causar mal estar entre os negociadores quando anunciou no início uma ajuda de 1 bilhão de dólares para o fundo destinado a desacelerar o desmatamento. Para um país que em dezembro de 2008, liberou 14 bilhões de dólares para salvar a Chrysler e a GM, montadores de produtos altamente poluentes, isto soava como zombaria! Para limpar a barra, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, chegou quinta-feira (17) com a cavalaria e a corneta anunciando que seu país está disposto a colocar US$ 100 bilhões por ano até 2020, no um fundo destinado a ajudar os países pobres, cobrando participação também dos países emergentes. A questão aqui não somente dinheiro, mas mudança de matriz energética, de redução de consumo, de mobilidade menos poluente e de mudança de modelo carbono-intensivo para uma economia de baixo carbono!

Todos representam no grande teatro que se tornou Copenhage, até mesmo o Brasil garante bilheteria com suas metas, mesmo sendo bastante confusas. A candidata a presidente do PT, Dilma Rousseff e o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não conseguem falar a mesma língua! A matemática da redução de desmatamento ainda não está clara para os especialistas. Anunciam-se valores a serem investidos em energia a partir de hidrelétrica como compensação de emissões, mas ao mesmo tempo há planos para a construção de mais de 100 termelétricas na pasta do Ministro Edison Lobão!

A delegação brasileira, composta por cerca de 700 pessoas é mais numerosa da conferência. Por baixo, num cálculo estimado, a viagem destes delegados oficiais e não oficiais, foram responsáveis pela emissão de cerca de duas mil toneladas de gás carbônico (CO2), o que equivale a emissão diária de uma frota de aproximadamente 600 mil veículos!

A esperança é que antes que outros mil protestantes sejam presos do lado de fora da COP 15, sejam ouvidos os apelos dos países-ilhas do Oceano Pacífico, ameaçados de afundar e dos países africanos ameaçados de virarem grandes desertos. Milhares de vidas podem ser salvas se uma luz de fonte renovável ilumine a cabeça dos líderes mundiais e não deixem que a temperatura do Planeta aumente 2 graus.

Afinal, tudo é possível estando tão próximo do Natal. Em toco caso, acendemos algumas velas para que isto aconteça, sem esquecer (eco)logicamente de apagar as luzes!

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