terça-feira, 20 de julho de 2010

Limites à mulher custam bilhões a asiáticos

Ásia-Pacífico perde US$ 89 bilhões por ano com exclusão feminina no trabalho, estima Relatório de Desenvolvimento Humano da região
Banco Mundial/Curt Carnemark
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da PrimaPagina

Muitas das mulheres da Ásia-Pacífico se beneficiaram do progresso contínuo de seus países nas áreas de educação e saúde, mas continuam enfrentando barreiras que as impedem de ter as mesmas oportunidades que os homens na área econômica, ressalta o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da região. O fato, traz, inclusive, prejuízos financeiros. De acordo com o estudo, essa falta de participação feminina na força de trabalho custa, em estimativa, US$ 89 bilhões por ano ao território.

A Ásia e o Pacífico estão em evidência como potências econômicas mundiais. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em cinco anos, por exemplo, a economia asiática terá duplicado de tamanho. Países do continente serão responsáveis por mais de um terço da produção global, alcançando o patamar de economias como as dos Estados Unidos e de países europeus. Em 2030, o PIB (Produto Interno Bruto) da Ásia deve ultrapassar o do G-7, grupo que reúne as sete principais economias do mundo.

Os enormes ganhos econômicos da região, entretanto, não se refletiram no progresso do desenvolvimento humano, destaca o RDH da Ásia-Pacífico. Isso aconteceu devido às enormes diferenças entre homens e mulheres em grande parte desse território, afirma o estudo realizado pelo PNUD.

Segundo o relatório, alcançar a igualdade de gênero é imprescindível para o aumento do desenvolvimento humano, não apenas para as mulheres, mas para toda a sociedade. É também central para que os países possam atingir os ODMs (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio).

Remuneração inferior

Apesar de leis que garantem pagamento igualitário a homens e mulheres, elas ainda recebem entre 54% e 90% do que eles ganham nos países da Ásia e do Pacífico. Com as poucas oportunidades de trabalho por causa de atitudes discriminatórias, que limitam as escolhas de emprego, as mulheres costumam ocupar posições profissionais com remuneração inferior. Isso tudo as torna mais vulneráveis à pobreza.

Além disso, acrescenta o relatório, a desigualdade de gênero também promove uma maior vulnerabilidade das mulheres ao HIV. A proporção feminina entre os que vivem com o vírus na Ásia cresceu de 19%, em 2000, para 24%, em 2007. No sul da Ásia, por exemplo, mais de 60% dos um milhão de HIV-positivo são mulheres entre 15 e 24 anos.

A maioria foi infectada por seus parceiros. Mas, com a morte dos maridos, elas costumam ser consideradas culpadas da doença pela sociedade e são privadas do direito à casa e à propriedade.

A maior parte dos países da Ásia e do Pacífico não tem leis específicas para a violência doméstica. Onde há, a legislação não é efetivamente implementada. E a baixa representatividade de mulheres nas instituições políticas, econômicas e legais de suas nações contribui com a manutenção da desigualdade de gênero.

“Muitas decisões políticas ainda são tomadas por homens. E essas decisões, provavelmente, não seriam as que muitas mulheres tomariam”, diz o estudo.

Para reverter a situação, conclui o relatório, é preciso que os esforços dos países sejam sérios. As nações devem avançar nos direitos legais femininos, desenvolver políticas que apoiem o empoderamento das mulheres e que promovam a voz delas na política, inclusive com a implementação de um sistema de cotas.

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