terça-feira, 27 de julho de 2010

Pampa perde mais de 50% da área original

Monitoramento inédito mostra que desmate acabou com mais de 2 mil km² (53,96%) da cobertura vegetal nativa do bioma até 2008
Secretaria de Turismo do RS/Divulgação
Conheça o projeto
Saiba mais sobre o projeto Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite, do PNUD, ao qual estão ligados os resultados divulgados sobre o Pampa.
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ADRIANA CHAVES
para a PrimaPagina

Segundo menor bioma brasileiro, o Pampa já perdeu 53,96% de sua área original até 2008. É o que aponta o primeiro monitoramento sobre a supressão da vegetação nativa na região, cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O levantamento também avaliou a devastação no Pampa de 2002 a 2008.

Considerando apenas o intervalo de sete anos pesquisado, a área desmatada no bioma foi bem mais modesta: 2.183 km² (1,23% do total de 177.767 km²). Embora o ritmo de devastação na cobertura vegetal tenha ficado abaixo do registrado em outros biomas analisados na mesma época, essa área corresponde a quase duas vezes à do município do Rio de Janeiro, que é de aproximadamente 1.180 km².

Na média, o desmatamento foi de 364 km² por ano no período. Há dois anos, havia apenas 36,96% de vegetação nativa no Pampa – em 2002, ela respondia por 37,25%.

"Já sabíamos que havia perdas, mas ainda não havia dados consolidados. Agora estamos investigando as causas dessas perdas", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Uma das razões levantadas são os reflorestamentos de espécies exóticas plantadas para a fabricação de papel. A atividade pecuária também ameaça a região.

O MMA propõe, como formas de preservar a área, a criação de novas unidades de conservação no bioma, a adoção de boas práticas na agricultura e pecuária e a observação das orientações do zoneamento econômico-ecológico recentemente formulado pelo Conselho de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul.

A ministra ressaltou que, “pela primeira vez, há um quadro geral sobre os biomas do país”.

Alegrete lidera a lista dos municípios que mais suprimiram a vegetação do Pampa, desmatando 176,23 km² nos sete anos do monitoramento. Depois vêm Dom Pedrito (120,45 km²), Encruzilhada do Sul (87,27 km²), Rosário do Sul (86,60 km²) e Santana do Livramento (84,77 km²).

Também conhecido como Campos do Sul, esse bioma está presente no Rio Grande do Sul e se estende pela Argentina e o Uruguai. A vegetação dominante é de gramíneas, entremeadas por florestas mesófilas, subtropicais (especialmente floresta com araucária) e estacionais.

Projeto

O estudo sobre o Pampa é inédito no país. A iniciativa faz parte do projeto de monitoramento via satélite do desmatamento nos biomas brasileiros, projeto realizado pelo MMA em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o PNUD.

Antes, esse tipo de levantamento era feito apenas na Amazônia. Passou a ser estendido para outros biomas. Além de criar uma base de dados confiável para o governo federal, o monitoramento servirá para direcionar a elaboração de futuros planos de controle do desmatamento.

Com a divulgação dos dados oficiais sobre o Pampa, faltam agora apenas informações da Mata Atlântica entre os seis grandes biomas. Isso deve ser divulgado no próximo mês.

Proporcionalmente, o Cerrado foi o que mais sofreu com o desmatamento, perdendo 4,17% de sua cobertura entre 2002 e 2008. Em seguida aparecem o Pantanal (2,82%), a Amazônia (2,54%) e a Caatinga (2,01%).

Se o critério utilizado for o de área total, a ordem muda e a Amazônia assume o topo do ranking de devastação, com 110.068 km². Na sequência aparecem Cerrado, com 85.074 km², Caatinga, com 16.576 km², e Pantanal, com 4.279 km². O Pampa se mantém na lanterna em ambos os casos.

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