sábado, 3 de setembro de 2011

Dilma já cogita verba nova para a saúde, área federal mais impopular

Presidenta abandona discurso de que gestão solucionaria problemas na saúde e já discute abertamente criação de fonte de recursos extras. Para Dilma Rousseff, quem se nega a debater é 'demagogo'. Antes de se decidir, porém, Planalto vai medir repercussão política. Segundo pesquisas recentes, saúde é reprovada por 69% e a que mais piorou, em 2011, para 47%.

carta maior

BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff começa a deixar para trás o discurso de que melhorias da gestão poderiam resolver problemas na área da saúde e já discute abertamente a possibilidade de reforçar o setor com tributo novo ou aumento de algum já existente.

Um dia depois de o assunto ter sido debatido por ministros e parlamentares governistas em reunião no Palácio do Planalto, Dilma defendeu publicamente, nesta quinta-feira (01/09), a ampliação dos recursos destinados à saúde.

“Se quiser resolver a saúde, vai ter de investir mais nessa questão, e aí nós vamos ter de discutir, de forma séria, como é que se faz um investimento maior”, disse Dilma a rádios mineiras. "Quem falar que resolve isso sem dinheiro, é demagogo", completou.

No início do ano, Dilma havia orientado o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a fazer um esforço de gestão para tentar melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS). O ministério contratou a Fundação Getúluio Vargas (FGV) para fazer um estudo a respeito.

Uma fonte do governo disse à Carta Maior, porém, que gestão tem limite de resultado. Ainda mais naquela que é a área federal de avaliação mais negativa. Segundo pesquisa do Ibope divulgada em agosto por encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a saúde tem desaprovação de 69% dos brasileiros.

Uma outra pesquisa, também de agosto, divulgada pelo instituto Sensus a pedido da Confederação Nacional do Transporte (CNT), aponta a saúde como campeã de reprovação (para 47% dos brasileiros, o setor tinha piorado nos últimos seis meses). E a segunda que provoca as piores expectativas futuras (15% acreditam que a situação vai piorar ainda mais).

Pesquisa internas encomendadas pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência, sobre a aceitação das diversas áreas do governo, também costumam identificar a saúde como ponto fraco do Palácio do Planalto.

Um sinal da prioridade que quer dar à saúde, Dilma emitiu na proposta de orçamento 2012 enviada ao Congresso quarta-feira (31/08). O ministério teve o maior reforço financeiro, em termos de valores, quando se compara com 2011. São R$ 9,3 bilhões a mais – a medalha de ouro em verba extra foi para o pagamento de juros da dívida pública (superávit primário), com R$ 16 bilhões.

O reforço de caixa da saúde e a disposição de discutir o aumento das fontes de financiamento do setor, contudo, não respondem só a um desejo presidencial. Também são resultado de pressão de partidos aliados de Dilma na Câmara dos Deputados, que planejam votar, ainda este ano, projeto que fixa percentuais mínimos gasto em saúde por parte da União, dos estados e das prefeituras.

Este foi o motivo específico da reunião realizada no Palácio do Planalto na quarta-feira (31/08). Uma série de ideias surgiu no encontro de ministros e parlamentares, como taxação maior de bebidas e cigarros ou uma tributação nova sobre legalização de jogos ou mesmo a recriação de algo parecido com a CPMF.

Depois de deflagrar o debate publicamente, o governo vai avaliar a repercussão política das ideias no Congresso e na opinião pública, antes de se inclinar para alguma solução específica.

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