terça-feira, 2 de março de 2010

Governo está contra capitalização do FGTS

Programa do PT em 2002 previa fortalecimento do mercado de capitais como critério para aplicações do FGTS.

Em 17 de outubro de 2002, o grupo de trabalho composto por representantes da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e representantes das entidades subscritoras do "Plano Diretor do Mercado de Capitais", tornaram público o documento de consenso "O Mercado de Capitais como Instrumento do Desenvolvimento Econômico" (leia a íntegra), que estabelecia, a respeito dos Fundos FGTS E FAT:
"Embora se deva trabalhar com a perspectiva de que os investimentos privados venham a liderar o financiamento da produção, os fundos criados por contribuições compulsórias e geridos pelo Estado representam ainda parcela extremamente relevante no financiamento da economia. O desafio é promover a alocação eficiente destes recursos, definindo-se prioridades que melhor atendam aos interesses nacionais. Aspectos relevantes devem ser levados em conta na definição destas prioridades, tais como: geração de empregos, responsabilidade social das empresas, sustentabilidade do projeto, democratização de acesso a estes recursos, necessidade de aumentar exportações e substituir importações, aumento da competitividade, etc. A forma de alocação destes recursos deve favorecer inclusive o desenvolvimento do mercado de capitais - sem ferir o cumprimento das destinações prioritárias destes fundos, buscando-se instrumentos que melhorem o padrão de segurança, liquidez e retorno dos projetos apoiados com estes recursos."
Na ocasião, a campanha do candidato Lula recebeu elogios abertos, inclusive da imprensa especializada - ver, por exemplo, o artigo "O PT e o mercado de capitais", assinado pelo jornalista econômico Luiz Nassif -, pela capacidade de ouvir a sociedade e ousar incorporar novas ideias e soluções, sem se deixar levar pela "arrogância intelectual" frequentemente mencionada como característica do então governo FHC.

Muito bem. Agora, em 2009, durante a discussão do projeto de capitalização da Petrobras na Comissão Especial da Câmara, as mesmas entidades subscritoras do "Plano Diretor do Mercado de Capitais" foram unânimes em ressaltar a importância da autorização do uso do FGTS na capitalização da Petrobras para o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, não como medida isolada mas como parte do princípio que dá segurança, inclusive institucional, quanto à capacidade do mercado servir como instrumento de capitalização das empresas e de participação dos investidores nos resultados do desenvolvimento econômico.

Mas o Governo Lula está contra!

Ideias de que o mercado de capitais brasileiro já cresceu o suficiente e não precisa ser fortalecido e de que o trabalhador que tem FGTS em ações é um privilegiado se sustentam na presunção de que o Governo, sem ouvir a sociedade, pode arbitrar sozinho - e a despeito das outras instituições - o que é justo e o que não é. Se isso não é produto de arrogância é o que então?

O Governo Lula não está mais mostrando a mesma capacidade de ouvir e de ousar que o candidato Lula mostrou antes de ser eleito pela primeira vez.

4 comentários:

  1. Secretário Geral3.3.10

    O Lula vai continuar a seguir a maré dos altos índices de aprovação enquanto verdadeiros projetos de interesse da classe trabalhadora ficam em segundo plano.

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  2. Carvalho3.3.10

    O FGTS financia o governo, por isso para o PT ele é intocável. Vergonha!

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  3. Paulo Silveira-CTBA3.3.10

    Essa Petezada aprendeu e sofisticou a arte de manipular. Quem diria...

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  4. Lindinha/CTBA3.3.10

    Trabalho na CEF há muitos anos... Sei o qto já manobraram com o FGTS, mas do tal do PT esperava outra postura. Dá nojo.

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