sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Em crise, PSDB discute refundação e DEM fala em fusão de partidos

Sócios em crise depois de três insucessos seguidos na disputa à Presidência da República, o PSDB e o DEM lutam para se reposicionar e ter mais força na arena política. Os incontáveis erros de campanha nas eleições 2010 — associados à derrota para uma candidata que eles insistiram em ver sempre como “um poste” — deflagraram o processo de autoflagelação.

Não é à toa que Fernando Henrique Cardoso e Sérgio Guerra, presidente de honra e presidente executivo do partido, desejam antecipar a escolha do nome do próximo presidenciável tucano. Em vez de aguardar até 2014, o candidato seria lançado em 2012, com dois anos de antecedência.

O ex-governador de Minas Gerais e senador eleito Aécio Neves, principal interessado na vaga, é mais radical. Para ele, há outra prioridade mais urgente. “Antes de ter um nome, temos que ter um projeto. Não podemos deixar novamente para o início do processo eleitoral a difusão das nossas ideias e propostas".

Sob esse ponto, o jornalista Josias de Souza tira onda. “Um observador incauto poderia perguntar: ‘Quer dizer que, se José Serra houvesse prevalecido sobre Dilma Rousseff, o PSDB iria ao governo sem projeto?’. Eis uma das muitas razões que produziram a derrota de Serra: o tucanato não conseguiu pôr de pé uma proposta alternativa de país. Foi às urnas sem discurso. Não se diga, contudo, que a campanha presidencial do PSDB foi inútil. Hoje, todo mundo sabe que Serra acredita em Deus e é contra o aborto”.

Aécio é também favorável ao que chama de “refundação do PSDB”. “Vou sugerir um grupo de três notáveis do partido para coordenar essa refundação do PSDB, conduzir conversas com setores da sociedade, instituições organizadas, para que nesse período possamos construir um novo programa partidário”, declara Aécio à Folha de S.Paulo.

DEM
Já entre os “demos”, a principal preocupação pós-eleitoral é romper o isolamento da sigla, herdeira decadente da Arena e do PFL. A avaliação é que, nacionalmente, o partido virou um satélite do PSDB e prejudicou seus projetos nos estados. Lideranças do DEM já discutem a fusão da legenda com um partido de porte médio, que permita acomodar seus líderes regionais.

Uma fusão com o PMDB tem poucas chances, pois os eleitores poderiam enxergar nesse movimento uma adesão ao governo de Dilma Rousseff. Nas palavras de um líder “demo”, a questão seria “se o partido entra como cabeça ou como rabo”. Se a fusão for com o PMDB ou o PSDB, entraria como rabo. Com um partido menor, entra como cabeça e ganha musculatura.

O maior entusiasta da fusão com o PMDB é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab — mas os interesses variam de acordo com a realidade em cada estado. O presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), é contra qualquer tipo de fusão. Ao fazer um balanço das eleições, os “demos” dizem que o casamento com o PSDB aconteceu dedo demais e deixou o partido sem instrumentos de negociação.

Da Redação, com agências

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