quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fidel expõe convergência com reforma proposta por Raúl

O líder cubano Fidel Castro fez discurso, nesta quarta (14), no qual deixou visível seu apoio às reformas propostas por seu irmão, o presidente Raúl Castro, para recuperar a economia do país. Em evento no qual celebrava o Dia Internacional do Estudante, Fidel evocou pronunciamento de 2005, no qual alertava para a necessidade de corrigir erros em Cuba para fazer avançar a revolução, mas advertia que sua nação "não será jamais uma sociedade de consumo". "Fiquei surpreso com a atualidade das ideias expostas que, cinco anos depois, são mais atuais do que naquela época, já que muitas se relacionavam com o futuro e os fatos têm se comportado tal como previsto", disse, ratificando as palavras que proferiu na Aula Magna da Universidade de Havana, em 17 de novembro de 2005, nas quais chamava à discussão sobre as mudanças que o país requeria.

do vermelho

Embora não tenha se referido diretamente à reforma econômica que está em debate na ilha, Fidel pinçou de seu antigo discurso, de 115 páginas, parágrafos que deixam clara a convergência com o que agora está sendo proposto por Raúl.

"Aquele discurso levantou pedras, devido ao momento que estávamos vivendo frente a um inimigo poderoso que nos ameaçava cada vez mais, bloqueava duramente nossa economia e se esforçava por semear o descontentamento", disse a centenas de estudantes de nível médio e universitários.

Na época, o líder cubano alertava para a necessidade de o país lutar contra a corrupção, o excesso de subsídios e a ineficiência. "Estamos envolvidos em uma batalha contra vícios, contra desvio de recursos, contra roubo", declarou o ex-presidnete, repetindo as palavras de 2005. "Precisamos aplicar o máximo de racionalidade nos salários, nos preços, nas aposentadorias e pensões. Zero desperdício (...). Não somos um país capitalista, no qual tudo é deixado ao azar".

Ele considerou que "um dos nossos maiores erros, no início e muitas vezes ao longo da revolução, foi acreditar que alguém sabia como se construía o socialismo". "Somos idiotas se acreditamos, por exemplo, que a economia é uma ciência exata e eterna. Perde-se todo o sentido dialético quando alguém acredita que esta mesma economia de hoje é igual à de 50 anos atrás, ou 100 anos atrás, ou 150 anos, ou que é igual à da época de Lênin, ou à da época de Marx", defendeu o líder revolucionário.

Fidel fez questão de sublinhar que presta "verdadeiro culto a Marx, a Engels e a Lênin" e de afirmar que seu pensamento está "a mil léguas do revisionismo". "O país terá muito mais, mas jamais será uma sociedade de consumo. Será sim uma sociedade de conhecimentos, de cultura, do mais extraordinário desenvolvimento humano que se possa conceber", destacou Fidel

"Neste mundo real, que deve ser mudado, todo o estrategista e tático revolucionário tem o dever de conceber uma estratégia e uma tática que conduzam ao objetivo fundamental de transformar o mundo", repetiu. "O mundo está desesperadamente necessitado de unidade e se não conseguirmos um mínimo dessa unidade não chegaremos a parte nenhuma", afirmou em outro trecho.

"Este país pode se autodestruir, esta revolução pode até se autodestruir e seria culpa nossa. Os que não podem destruí-la são eles (os Estados Unidos)", declarou o cubano que, há cinco anos, previu o perigo de uma guerra nuclear, afirmando: "ninguém tem direito de fabricar armas nucleares”. Fidel também antecipou os planos agressivos dos Estados Unidos contra o Irã. “Agora mesmo, o império ameaça atacar o Irã se ele produzir combustível nuclear”.

No final de semana, Raúl se reuniu com a direção do Partido Comunista cubano para elaborar um plano de ação econômica que será discutida no próximo Congresso do Partido, em abril, e afirmou que "as ideias de Fidel estão presentes" nestas políticas.

O anteprojeto prevê estímulo a cooperativas, substituição de importações, descentralização administrativa, eficiência, aumento da produtividade, eliminação de subsídios, combate à corrupção, o corte de cerca de 500 mil empregos públicos e estímulo à abertura de pequenos negócios. A ideia é modernizar a economia cubana, como forma de aperfeiçoar o socialismo da ilha.

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