quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O GOLPE DO BAÚ

Em 1960, Tancredo Neves ia ser o candidato do PSD ao governo de Minas contra Magalhães Pinto, da UDN. Já se sabia que Tancredo estava com a maioria do partido, tinha o apoio do presidente Juscelino Kubitscheck, mas a convenção ainda não tinha sido realizada.

Foi chamada uma agência de publicidade do Rio para preparar, no maior sigilo, o lançamento espetacular do nome de Tancredo Neves.

Certa manhã, Belo Horizonte amanheceu coberta de grandes cartazes coloridos. Um punho fechado com o dedão para cima, escrito apenas: TN. Nos muros, calçadas, jornais, rádios, TVs, era TN, TN, TN, o dia todo, a noite toda.

THIBAU
No dia seguinte, a cidade amanheceu pregada de imensas faixas nos postes, nas árvores, no alto dos edifícios. E as rádios, as TVs, os jornais, também todos, unânimes, com letras exatamente do mesmo tipo das dos cartazes da véspera: TN - THIBAU NOVAMENTE. E grifados o T e o N.

Era Nelson Thibau que pela segunda vez saía candidato a prefeito de Belo Horizonte, prometendo pôr um navio na lagoa da Pampulha (“Thibau Eleito, o Povo Satisfeito”), depois deputado federal por Minas, dando um golpe no baú de votos da campanha de Tancredo. A agência ficou uma fera.

Tancredo, à mineira, não disse nada. Thibau gargalhava pelas esquinas.

BANCO CENTRAL
Bons tempos aqueles em que golpes do baú se davam em baús de votos. Hoje, o Banco PanAmericano, do Silvio Santos, dá um golpe de 2,5 bilhões de reais no pais, no povo, na Caixa Econômica Federal, e o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, afina a voz e rebola a culpa. Vera Batista e Gabriel Caprioli, do “Correio Braziliense, contam:

- “O Banco Central jogou para cima das empresas de auditoria a culpa pela demora na identificação das irregularidades contábeis do Banco Panamericano, do empresário Silvio Santos. Na visão dos analistas do mercado financeiro, foi justamente com base nessas consultorias especializadas, que agora mostram-se frágeis, que a Caixa Econômica Federal decidiu adquirir, em dezembro de 2009, o equivalente a 49% do capital votante e 36,6% do controle da instituição por R$ 739,2 milhões. O BC apressou-se em livrar-se de críticas. Argumentou que sua função é analisar balanços e não conferir se eles foram adulterados” (sic).

MEIRELLES
- “Essas operações podem estar acontecendo há três ou quatro anos. Nenhum Banco Central do mundo pode assumir responsabilidade futura, garantir que todas as instituições do sistema não têm problema algum. O governo federal estaria assumindo um passivo contingente de proporções incomensuráveis, na medida em que dá garantias de gestão e de patrimônio a todas as instituições financeiras- defendeu Meirelles”(Patricia Duarte,GL)

Perguntar não ofende : - Para que serve o Banco Central (alem de aumentar juros obscenos para os banqueiros e especuladores)? Quanto custa ao pais o Banco Central? Quanto ganham o Meirelles, o punhado de diretores e os montes de assessores, pesquisadores, analistas do nada?

E lá vem mais um buraco de 720 milhões na Caixa Econômica e 2,5 bilhões que o Tesouro Nacional vai acabar pagando.

SILVIO SANTOS
Nas vésperas das eleições, Silvio Santos foi visto, uma noite, saindo “à sorrelfa”, como diziam os clássicos, do palacio da Alvorada.

Imediatamente depois, o SBT forjou e pôs no ar a “Novelinha da Bolinha” : uma matéria para tentar dizer que o objeto jogado pela matilha do PT do Rio na cabeça de José Serra tinha sido apenas uma “bolinha de papel” e não um rolo de fita adesiva, como a TV Globo mostrou à noite.

A “Folha de S. Paulo” denunciou em manchete de primeira pagina:- “Governo Sabia de Fraude em Banco Antes da Eleição”. E Silvio chora :

- “Da TV, recebo só 40 milhões por ano. Do banco, recebia 120”.

“Lula-Silvio Santos, o Palco no Poder” : uma bela chapa para 2014.

OMBUDSMAN
No Globo, o sempre bem informado Ilimar Franco conta e relembra :

- “O presidente do PPS, Roberto Freire, fez uma proeza ao eleger-se deputado federal por São Paulo. Ele volta à Câmara tendo mudado seu domicílio eleitoral, que antes era Pernambuco. Poucos são os políticos que fizeram a mesma façanha: Nelson Carneiro, que trocou seu domicílio da Bahia para o Rio; Leonel Brizola, que se transferiu do Rio Grande do Sul para o Rio; José Sarney, que trocou o Maranhão pelo Amapá; e Juscelino Kubitschek, que mudou de Minas para Goiás”.

CAMPEÕES
Ilimar podia ter lembrado outros eleitos em mais de um Estado :

1. - Flores da Cunha: deputado federal pelo Ceará (1912-1914) e pelo Rio Grande do Sul (1918-1928 e 1946-1950).

2. - Aliomar Baleeiro, constituinte e deputado federal pela Bahia (1946-1959- UDN) e pela Guanabara (1963-1965 UDN).

3. - O campeão era Getulio Vargas, 7 Estados : senador e federal pelo Rio Grande do Sul (1946-1951- PSD), senador e federal por São Paulo (1946-1951 - PTB), federal pelo Rio, Minas Gerais, Bahia e Paraná (1946-1951.Tendo que optar por um mandato,foi senador pelo Rio Grande do Sul.

Mas Getulio já morreu. Hoje, o campeão sou eu, 3 Estados: eleito vereador em Belo Horizonte em 1954, deputado estadual na Bahia em 1962 e federal pelo Rio em 1982. Como dizia o Ibrahim Sued, “sorry, periferia”.

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