terça-feira, 14 de junho de 2011

MALEITA MOBILIZA CIENTISTAS NA AMAZÔNIA EM BUSCA DE RESPOSTAS PARA O ENIGMA DO MOSQUITO TRANSMISSOR

Da Unesp Ciência que conta como cientistas brasileiros, peruanos e norte-americanos estão literalmente dando o próprio sangue para compôr um quadro detalhado de como a malária se propaga pela região da Amazônia, onde se localizam a maioria dos casos da doença que, inclusive, já se tornou endêmica em muitas áreas.

O objetivo do grupo é descobrir formas mais eficientes de controle e até de erradicação da doença e é a própria pele que os cientistas observam para ver se a fêmea do mosquito de gênero Anopheles (vetor do parasita que transmite a maleita) não deixou, sorrateira e silenciosamente, as suas marcas. E assim eles vão… Perscrutando as pistas de uma presa que ainda desafia a ciência!

Decifra-me ou te devoro
Por Giovana Girardi

São seis da tarde quando três pesquisadores paulistas sentamse nas cadeiras da varanda de uma casa na zona rural de Acrelândia (AC), tiram os tênis e as meias, arregaçam as calças até os joelhos e esperam. De quando em quando, iluminam as próprias pernas com lanternas para checar se as demais convidadas para o encontro não chegaram sorrateiras. Finas, escuras e com inconfundíveis “botinhas” brancas, elas têm o hábito de se aproximar na perpendicular junto à pele exposta, como um prego.

Mas tão logo o fazem, são interpeladas pela equipe e conduzidas ao local reservado para elas – pequenos potes de plástico cobertos com uma redinha. A rapidez da ação é fundamental para que o resultado do encontro não seja muito doloroso. Afinal, a expectativa daqueles cientistas, numa literal doação de sangue pela ciência, era atrair naquela noite de abril, e nas muitas outras que vão se seguir periodicamente pelos próximos anos, fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, vetores do parasita causador da malária.

O trabalho visa capturar especificamente os insetos que chegam até as casas dos moradores de áreas onde a doença
é endêmica. E é uma das etapas de um amplo projeto que pretende compor um quadro detalhado de como a malária se
propaga na Amazônia. A iniciativa reúne um time multidisciplinar de pesquisadores brasileiros (de universidades como USP, Unesp e Federal do Acre), peruanos e americanos, sob coordenação geral do patologista Joseph Vinetz, da Universidade da Califórnia, em San Diego.

É um esforço para fornecer subsídios para a elaboração de mecanismos mais eficientes de controle da doença. E, quem sabe, sua erradicação. No Brasil, a partir do início da década de 1990, a malária se estabilizou em cerca de 500 mil casos por ano – a maciça maioria na Amazônia Legal –, experimentando uma queda para pouco mais de 300 mil em 2008 e 2009 (último ano com dados fechados), de acordo com o Ministério da Saúde. Também houve redução na mortalidade: de 3 em 10 mil habitantes, em 1999, para 1,5 em 10 mil, em 2008, ainda segundo o ministério. O órgão credita esses resultados à ampliação da rede de diagnóstico e tratamento na região amazônica.(Texto completo)

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