quarta-feira, 8 de junho de 2011

O QUE ESPERAR DA GLEISI NA CASA CIVIL

Por Cláudio Fajardo

Pela coletiva não se pode saber o que realmente pensa a senadora Gleisi Hoffmann, hoje ministra da Casa Civil do governo federal.

Gleisi parecia estar um pouco nervosa na primeira coletiva que deu à imprensa, talvez por começar a dimensionar o tamanho da responsabilidade que está assumindo. Colocou-se com humildade na função, deixando claro que quem deve mandar é a presidenta.

Essa postura é bem diferente daquela assumida por José Dirceu, que no auge de seu poder deixou sua arrogância se referir ao governo como “meu governo” (tendo que corrigir o ato falho: no governo Lula).

Dilma, enquanto chefe da Casa Civil, era subordinada politicamente a Lula, mas parecia dar as cartas nas questões programáticas e técnicas para as políticas públicas de âmbito interno para o País.

Palocci não se expunha muito, mas parecia querer mandar mais que a presidenta. O problema político mais significativo, no entanto, estava em que os membros do governo Dilma oriundos do PT formavam um núcleo extremamente conservador e neoliberal.

Refiro-me a Paulo Bernardo, ministro das comunicações; Alexandre Tombini, presidente do Banco Central; Antonio de Aguiar Patriota, ministro das relações exteriores; Guido Mantega, ministro da fazenda; dentre outros ministros que são ministros por indicação da base aliada.

Isso tudo dá uma acentuada tendência neoliberal ao governo. Senão vejamos: Paulo Bernardo, fez que fez e conseguiu a demissão do presidente da Telebrás, Rogério Santanna. Rogério Santanna era o“padrinho” da banda larga pública. Paulo Bernarndo atrasava de todo modo possível a implementação do projeto. Fez que fez até conseguir a demissão de Rogério e colocar em seu lugar Caio Bonilha.

Caio Bonilha, segundo suas próprias palavras, assumiu a presidência da Telebrás com uma missão do ministro Paulo Bernardo (Comunicações): transformá-la em um balcão de aluguel de infraestrutura para massificar a internet. Ou seja, para fazer a vontade dos interesses privados.

Quanto a Tombini, nada parece ter mudado no Banco Central. Adicionaram na verborragia as tais das “medidas macro prudenciais” ao invés do unissíssimo viés da visão anti-inflacionária. A taxa de juros continua, no entanto, a maior do mundo e o câmbio extremamente defasado. Atitudes claramente ajustada aos ditames do fundamentalismo neoliberal.

Guido Mantega segue pela mesma linha: corte orçamentário, queda nos investimentos...

O ministro das relações exteriores corrigiu o rumo da política externa, que era inovadora e independente, para uma política de alinhamento ao império norte-americano. Notem que esses ministros são todos da cota petista. Pode-se afirmar sem medo de errar que esse núcleo é um entulho neoliberal no governo.

A consequência de manter essa patota na direção do governo federal é levar esse mesmo governo para a linha da traição aos princípios enunciados durante a campanha eleitoral. Na campanha Serra era o neoliberal e Dilma a sucessora e herdeira de Lula. O que acontece então?

A contradição entre as políticas neoliberais e uma política de afirmação nacional, de completar a independência do Brasil, está dentro do próprio governo, mesmo tendo o povo escolhido o caminho da independência. A seguir com essa política, de frear o desenvolvimento, de privatizar atividades do estado, de desindustrializar o Pais etc. etc. etc. não vejo como ter essa frente política senão o mesmo destino de Portugal, Grécia e Espanha.

Naqueles países os socialistas adotaram políticas neoliberais e, por causa disso, perderam o apoio de parte significativa da população. A direita continuou com o mesmo eleitorado de sempre.

Resultado: a direita varreu os socialistas dos governos. É essa contradição que Gleisi irá enfrentar na Casa Civil.

Deus que a proteja.

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