sexta-feira, 10 de junho de 2011

Professor acusado de supostas ligações com as Farc é liberado depois de 2 anos

Adital

A justiça da Colômbia decidiu libertar o professor Miguel Ángel Beltrán, que era acusado de ter ligações com a ala política e ideológica das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Beltrán, identificado como "Jaime Cienfuegos”, foi capturado em maio de 2009 no México, e permaneceu por 747 dias na prisão.

No entanto, o acadêmico sempre negou as acusações e declara ser vítima de uma perseguição de Estado. "São dois anos duros frente ao pensamento crítico, mas ao final triunfou a liberdade”, disse.

Segundo informações da TeleSur da Colômbia, o professor foi recebido por familiares e alunos, e logo seguiu para a Universidade Nacional, onde deverá retomar suas aulas. Ainda de acordo com a TeleSur, Beltrán solicitará medidas de proteção especiais ao governo, "depois das perseguições e da agitação política”, provocadas pela medida judicial.

O processo contra Beltrán se baseava em 159 e-mails que teriam sido encontrados nos computadores apreendidos de Raúl Reyes, mandante número 2 das Farc, morto em março de 2008, durante a Operação Fênix no Equador. No entanto, devido a esta operação ter acontecido em território equatoriano, e as provas terem sido recolhidas no local, sem a participação das autoridades deste país, a Corte colombiana decidiu que estas provas baseadas nos arquivos dos computadores de Reyes são ilegais e não poderiam ser validadas na Colômbia.

A Procuradoria afirmava que o professor era um dos colunistas da revista Resistência e o acusava de estar recrutando estudantes no México, onde foi preso. As autoridades colombianas afirmam que graças a sua atuação, um grupo de universitários mexicanos viajou ao acampamento de Reyes nos dias em que aconteceu a Operação Fênix.

Outras sentenças similares à de Beltrán, em casos de acusações baseadas nas ‘provas’ dos computadores de Reyes, são esperadas para os próximos dias. Na lista está o subdiretor da Agência de Notícias Nueva Colômbia (Anncol), Joaquín Pérez Becerra, que foi capturado e extraditado na Venezuela há dois meses.

Protestos

Desde que o governo da Venezuela, liderado por Hugo Chávez, entregou o comandante das Farc, Julián Conrado, e o diretor da Anncol, Joaquín Pérez Becerra, ao governo da Colômbia, ativistas e intelectuais iniciaram um indignado protesto, acusando o governo venezuelano de ter um tratado de cooperação com as polícias colombianas.

Os ativistas dizem que durante anos Hugo Chávez apelou para o reconhecimento das Farc como força revolucionária de guerra. O movimento Resistir também acusa o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, de ser neofascista e de ter ligações com o narcotráfico, além de praticar o terrorismo de Estado como estratégia de poder.

"Na esperança de que as autoridades venezuelanas libertem imediata e incondicionalmente o comandante Julián Conrado, os abaixo-assinados – solidários com a Revolução Bolivariana – sublinhamos que as opções democráticas e progressistas do governo de Hugo Chávez são incompatíveis com o gesto que motiva o nosso protesto veemente”, afirmam.

Em apoio à libertação de Conrado, o movimento Resistir está coletando assinaturas de simpatizantes com a causa, que podem ser enviadas para o endereço eletrônico: conrado_adesao@resistir.info. Dezenas de pessoas de diversos países já assinaram. Mais informações em: http://resistir.info/

O ex-representante do governo venezuelano na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Freddy Gutiérrez, também se pronunciou sobre os casos. Em carta enviada ao presidente Hugo Chávez, no último dia 26, ele lembrou que o Pacto de San José, de 1969, dispõe que "toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro em caso de perseguição por crimes políticos ou comuns conexos com os políticos”, e que "em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou devolvido a outro país, seja de origem ou não, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação”.

Com informações da TeleSur.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se não tiver conta no Google, opte por "Comentar como: Nome/URL", sendo que o campo URL não precisa ser preenchido.

Não serão tolerados ataques pessoais.