quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Reconstrução precisa ter aval de haitianos

População deve ter papel essencial nas decisões sobre como recursos da ajuda internacional são usados, defende chefe da ONU no Haiti

UN Photo/Sofia Paris
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Duas semanas após o terremoto de 7 graus na escala Richter que devastou o Haiti, a situação ainda é desoladora no país. No entanto, pequenos fachos de esperança começam a surgir.

Um dos principais é o objetivo do PNUD de destacar junto aos haitianos o quanto a participação deles é importante nas decisões sobre as inúmeras ajudas humanitárias que chegam aos locais que ainda se encontram em situação caótica.

“Os haitianos não devem ser simplesmente beneficiários de ajuda. Eles são os participantes principais da decisão sobre como a ajuda é usada. Oferecendo a eles emprego, as pessoas terão seus próprios recursos e poderão começar a comprar alimentos e outras coisas”, explica Kim Bolduc, representante especial adjunta na MINUSTAH e chefe da ONU e do PNUD no Haiti, mesmo cargo ocupado por ela até o ano passado no Brasil.

Bolduc acredita que “dando à população dinheiro e comida, ela pode participar dos esforços de limpeza e reconstrução das cidades. Isso é fundamental porque não há como ser feito somente pela comunidade internacional”.

Segundo a responsável da ONU, além da ajuda humanitária composta por alimentos, água e itens pessoais básicos, o PNUD quer que os haitianos tenham de volta trabalho, autossuficiência e dignidade perdidos com o terremoto. Uma das formas de conseguir isso é por meio de um projeto que substitui o carvão usado como combustível pelo lixo. Antes da tragédia, o plano empregava 400 pessoas.

Kim Bolduc afirma que os desafios enfrentados pela missão da ONU aumentam todos os dias, mas que o principal deles é acelerar a entrega de ajuda à população, algo que tem se mostrado complicado devido à falta de combustível e às pessoas deslocadas que dormem nas ruas.

Outro ponto importante, na opinião da representante especial adjunta na MINUSTAH, é que o governo está tentando se reorganizar. “Eles (haitianos) sofreram perdas tremendas. Este terremoto atingiu a todos. E o fato de sermos todos capazes de atuar hoje tem muito a ver, eu acredito, com a capacidade da população de resistir e com a nossa determinação para resolver os problemas.”

Corredor humanitário

Para acelerar a chegada de ajuda aos haitianos, a missão das Nações Unidas abriu um corredor humanitário que contou com o apoio do presidente da República Dominicana, Leonel Fernandez. Ele instalou um aeroporto na fronteira entre seu país e o Haiti para escoar as doações recebidas. “Isso ajudou a aliviar o terminal aéreo de Porto Príncipe, que já estava operando acima de sua capacidade”, acrescenta Bolduc.

Apesar disso, tem sido cada vez mais difícil encontrar áreas livres em território haitiano. Nestes locais, a MINUSTAH quer erguer centros de acolhimento para deslocados, de forma a aprimorar o serviço oferecido a estas pessoas e garantir que a população afetada esteja recebendo a ajuda com a quantidade e a qualidade necessárias.

Sem esconder a preocupação com as crianças que estão sem aulas, Kim Bolduc afirma que uma das formas de resolver o problema é “estabelecendo escolas dentro destes centros de acolhimento”.

A responsável da ONU acredita ainda que uma decisão acertada foi recorrer aos países vizinhos, como o Panamá, para resolver alguns problemas estruturais, já que a República Dominicana começa a enfrentar escassez de combustível para doar ao Haiti.

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