segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ANIMAL QUE SOBREVIVE SEM ÁGUA

www.horizontegeografico.com.br

Animal que sobrevive sem água pode ajudar na conservação de vacinas e amostras de DNA
Invertebrado é capaz de ficar décadas hibernando sem a presença do líquido
foto: Bob Goldstein e Vicky Madden/UNC Chapel Hill
Hypsibius dujardini, artóprode do filo Tardigrada.Foto: Bob Goldstein e Vicky Madden/UNC Chapel Hill

Não é de hoje que a ciência tenta copiar a natureza para aumentar as chances de obter êxito em seus experimentos. Desta vez, o modelo escolhido foi um pequeno animal invertebrado, capaz de sobreviver sem água por muitos e muitos anos. Foi observando e estudando o tardigrada, nome deste filo de artóprodes, que um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia teve a ideia de adaptar a “técnica” usada por esses seres para prolongar a vida de vacinas, células-tronco e amostras de DNA.

Conhecido no meio científico como “o animal mais resistente do mundo”, o tardigrada, também chamado de “urso d’água”, apesar de seu pequeno tamanho – de 0,3 a 0,5 milímetros – permanece hibernando por décadas sem a presença da água, fenômeno conhecido como anidrobiose. Quando se reidrata, volta a viver normalmente. Apesar da resistência à falta de água, em seu habitat natural ele vive apenas em ambientes úmidos, como o fundo do mar, algas, praias e picos de montanhas.

O estudo

De acordo com a BBC, o biólogo John Crowe, da Universidade da Califórnia, que vem estudando anidrobioses há 40 anos, descobriu na década de 1970 que o que mantém os organismos vivos por tanto tempo é um açúcar chamado trealose. Quando acontece a desidratação, o açúcar ocupa o lugar que antes era ocupado pela água, fazendo com que a membrana celular permaneça estável, sem murchar.

Com a descoberta, Crowe conseguiu apoio financeiro de uma Agência de pesquisas norte-americana chamada Darpa para adaptar o truque para as plaquetas que circulam na corrente sanguínea. Esses fragmentos celulares duram no máximo cinco dias se armazenados em temperatura ambiente, e depois disso é inútil para uma transfusão de sangue, mas com a inserção da trealose, as plaquetas podem ser congeladas e passam a durar até dois anos. As plaquetas estudadas por Crowe ainda estão em fase de estudo; caso passem no teste, poderão ser usadas clinicamente daqui aproximadamente dois anos.

Ao mesmo tempo, equipes de cientistas aproveitaram o trabalho de Crowe para tentar preservar amostras de DNA e vacinas. Os estudos ainda estão em fase inicial, mas caso obtenham sucesso, as substâncias poderiam ser transportadas para qualquer lugar do planeta sem o risco de estragarem, o que significaria um grande passo para a saúde pública em lugares onde o acesso às vacinas ainda é precário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Se não tiver conta no Google, opte por "Comentar como: Nome/URL", sendo que o campo URL não precisa ser preenchido.

Não serão tolerados ataques pessoais.