segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

CONSTRUÇÃO CIVIL - TELHADOS VERDES



A hora das casas verdes: recursos e hábitos sustentáveis podem começar pelos alicerces
Aproveitamento racional da luz, reuso da água de chuva, telhados verdes, painéis solares: a construção civil e a arquitetura entram, finalmente, na era da sustentabilidade
foto: EDU LIOTTI/ECO TELHADO
Telhado verde de residência em Vera Cruz (RS): uma boa alternativa para aliviar a temperatura da casa Foto: Edu Liotti/Ecotelhado

A construção civil representa a décima parte da economia global, movimentando cerca de US$ 3 trilhões por ano. A atividade é a que mais consome os recursos naturais do planeta, utilizando 40% da energia gerada. Além disso, o setor civil é responsável por um terço das emissões de gás carbônico e outros gases de efeito estufa, gerando toneladas de resíduos sólidos.

A fim de reduzir os impactos ambientais dessa pegada ecológica gigantesca, empresas no Brasil e nas grandes economias do mundo procuram, cada vez mais, adotar práticas sustentáveis na arquitetura e na engenharia civil, buscando reduzir o impacto ambiental na obtenção da matéria-prima durante o período de construção e ao longo da vida útil do imóvel. As cidades ocupam apenas 2% do território da Terra e é nelas que se concentram a grande maioria das construções feitas pelo homem. A população urbana mundial saltou de 750 milhões, em 1950, para 3,6 bilhões em 2011. No Brasil, o censo feito em 2000 indicava que 81% da população brasileira se tornara urbana; uma década mais tarde, em 2010, a taxa atingiria 84%.

Em termos de construções verdes, o Brasil já é o quarto país do mundo com o maior número de prédios corporativos com o selo LEED (sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental). Hoje, são 51 nessa lista, além de 525 construções que pleiteiam a certificação. Um volume que perde apenas para os Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e China. “A construção sustentável já não é uma tendência por aqui; tornou-se um padrão construtivo”, afirma Paulo Vinicius Jubilut, da empresa de pisos elevados e jardins suspensos Remaster.

A ideia de atender as necessidades do presente sem comprometer a vida das gerações futuras, que se encontra na base do conceito de sustentabilidade, aos poucos vem se integrando ao dia a dia das pessoas. Muitas passaram a buscar soluções mais sustentáveis também para as suas residências.

Em setembro de 2012, o Green Building Council (GBC) Brasil, organização não governamental responsável por fomentar a construção sustentável, lançou um referencial com critérios de orientação para projetos residenciais, os quais incluem o uso racional de água, a eficiência energética e o impacto ambiental gerado por uma construção, entre outros aspectos. O novo referencial condensou certificações já existentes, como o Selo Casa Azul Caixa, o Processo Aqua, o Procel Edifica (Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações) e o americano LEED for Homes.

Maria Carolina Fujihara, coordenadora técnica do GBC Brasil, salienta que o referencial também diz respeito ao registro formal de trabalhadores: “Queremos fugir das informalidades e assegurar que a obra seja avaliada desde sua eficiência até a qualidade das condições de trabalho, para que possamos elevar o nível do mercado de uma forma geral”.

Contas 50% menores

À primeira vista, adaptar uma casa para torná-la mais sustentável, o chamado retrofit, ou começar uma construção sustentável da fundação, não é a opção mais barata. Mas o custo mais elevado em pouco tempo se reverterá em economia, tanto para o bolso do morador quanto em relação aos recursos do meio ambiente. A coordenadora técnica do GBC Brasil calcula que o custo inicial de uma casa sustentável pode ser até 7% maior que uma construção padrão: “Um projeto sustentável pode ter um valor elevado no início, mas esse valor se dilui ao longo do tempo de uso da casa”, comenta Maria Carolina.

Ela estima que o retorno do investimento deve acontecer em uma média de três anos, principalmente em decorrência da economia de água e energia, cujas contas podem chegar a ser até 50% menores do que nos modelos convencionais de construção.

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