segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

GAZA : UMA ESPINHA ENCRAVADA PARA ISRAEL



Gaza: Uma espinha encravada para Israel


Ainda com fumaças causadas pelos mísseis, bombas e balas de canhão disparadas pelo exército israelense, Gaza apesar das mortes e devastação, continua sendo uma espinha encravada para Tel Aviv.


Uma escalada de ataques por oito dias deixou feridas profundas na faixa litorânea palestina, mas, como de costume, significou a ruptura de um estado de coisas insustentável para os 1,7 milhão de pessoas que vivem no território, um dos mais pobres e superpovoado do planeta.

Tanques israelenses estacionados na fronteira com a Faixa de Gaza realizavam tiroteios esporádicos contra áreas residenciais e aviões não tripulados atacavam membros da infraestrutura do Hamas, a organização islâmica de que governa essa área. 

Mas considerando todas as hipóteses, a ofensiva tinha começado muito antes, no início de setembro, quando o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse aos jornalistas que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava considerando a possibilidade de ocupar Gaza.

O cenário era propício, como o ministro fez formulações depois de dar uma palestra sobre a Operação Chumbo Derretido, os ataques massivos contra Gaza no final de 2008 e começo de 2009, durante os quais 400 mil palestinos foram mortos e milhares foram feridos.

Apesar do número de vítimas e da devastação da infraestrutura do território, Gaza permaneceu de pé e, em outubro passado, recebeu o Emir do Qatar, Hamad Bin Jalifa al Thani, que anunciou a criação de um fundo de 400 milhões de dólares para curar as feridas da operação israelense que deixou a terra arrasada.

Hoje derrubamos o muro da vergonha (israelense) graças a esta visita histórica e bendita, disse o primeiro-ministro de Gaza, Ismail Haniyeh, referindo-se ao cerco de quase seis anos por Israel para sufocar os habitantes do território.

Essa é uma possibilidade que Netanyahu não estava disposto a admitir, muito menos no contexto político interno do seu país, marcado por eleições antecipadas, projetadas para completar o objetivo de eliminar qualquer possível retomada das negociações com os palestinos, suspensas há mais de dois anos.

Além disso, no curso do que tem sido chamado de segunda guerra em Gaza, surgiram revelações sobre a existência na costa do território, de importantes jazidas de gás, cuja exploração libertaria Israel da dependência externa e traria somas substanciais para a sua economia conturbada.

Acima de tudo, é a intenção explícita dos setores mais sionistas de Israel, que representa a coligação Likud e seu novo membro, o partido Yisrael Beiteinu, do Chanceler Avidor Lieberman jogar os palestinos na vizinha Península do Sinai, no Egito, e apoderar-se ilegalmente da Faixa de Gaza, para satisfazer sua necessidade de espaço vital.

O sinal mais evidente estava na preparação no meio do paroxismo dos ataques de uma ofensiva terrestre para a qual foram mobilizados dezenas de milhares de reservistas e veículos blindados que estavam concentrados nas fronteiras de Gaza, esperando apenas a ordem de avançar.

Outro fator importante em todo este cenário todo é a iniciativa da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de pedir à ONU a elevação de seu estatuto de entidade observadora a país não membro, cuja importância é dada pelo grau de oposição que despertou nos Estados Unidos, o principal sustentáculo de Israel.

O apoio manifestado pelo Hamas à proposta, lançada em meio a esforços de conciliação entre as duas organizações, acrescenta um elemento positivo para o argumento de que a unidade palestina só prejudica os seus inimigos.

A solução final ia se impondo, e essa foi à operação que estava sendo preparada há algum tempo e que explodiu em 21 de novembro por um disparo de míssil que matou o líder militar do Ramas, Ahmed Yaabari e seu filho mais novo.

O resto é conhecido: Israel mais uma vez tomou a Faixa de Gaza como um polígono de exercícios militares, uma espécie de caça, tendo os seres humanos indefesos como alvos vivos.

Agora, depois de transcorrido os primeiros dia do acordo de cessar as hostilidades, onde Washington teve uma participação essencial, embora discreta, é óbvio que a operação resultou no clássico tiro pela culatra.

As possíveis pressões de Washington sobre Tel Aviv mostram a apreensão dentro diplomacia dos EUA pela sua imagem entre os países árabes, que foram categóricos ao rejeitar os ataques de Israel e criticar as declarações americanas que colocou a agredidos e agressores no mesmo plano. 

O acordo de trégua provocou críticas na mídia, onde não faltaram observações de que o texto favorece os palestinos e a ofensiva significou um gasto de recursos que não justifica os benefícios.

Dos quatro pontos do acordo, um especifica que o Egito será o responsável pelo cumprimento, dois respondem as demandas palestinas de longa data, ou seja, a cessação de assassinatos seletivos dos líderes do Hamas e flexibilizar o bloqueio a Gaza.

No interesse de Tel Aviv há a cessação de disparos de foguetes palestinos, que na verdade são os efeitos, e não a causa do conflito.
Este é o lugar onde reside a certeza de que os palestinos, apesar do grande número de vítimas e da extensão da destruição, compreensível dada a assimetria de forças, saíram vitoriosos da conflagração.

Prensa Latina
Tradução de Leo Ramirez para o Vermelho

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