O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, manifestou apoio à posição de seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, sobre as novas sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã, e as rejeitou porque "não valem um centavo".

"Disse-o bem, caramba! Não valem um centavo", declarou Chávez, principal aliado de Teerã na América do Sul, após a confirmação das novas sanções impostas à República Islâmica nesta quarta-feira (9).

Em um comunicado, Chávez também condenou energicamente o fato de o Conselho de Segurança ter ignorado "os esforços que países de boa vontade fizeram para alcançar junto a Teerã um acordo sem precedentes em termos de cooperação nuclear", em alusão ao Brasil e à Turquia.

Chávez igualmente rejeitou as críticas a seus governo feitas no Equador pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, segundo as quais algumas políticas de Caracas "simplesmente não estão funcionando" em prol da população.

"Clinton 'quase chora' ao opinar sobre a Venezuela", ironizou Chávez, lendo trechos da entrevista da chanceler americana durante sua visita ao Equador.

"Veja bem, senhora Clinton, nós, sim, é que sentimos pena do que está acontecendo com o povo dos Estados Unidos: existem 40 milhões de pobres nos Estados Unidos", ironizou.

Aprovação

Apesar de Brasil e Turquia votarem contra a resolução que impõe novas sanções ao Irã --acusado de buscar tecnologia nuclear com fins militares-- o documento foi aprovado na quarta-feira (9) pelo Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, com 12 votos a favor.

Na abertura da sessão, que começou com mais de uma hora de atraso, às 12h15 (horário de Brasília), a embaixadora brasileira da ONU, Maria Luiza Viotti, afirmou que, "na nossa visão", a resolução "atrasará, em vez de acelerar, uma solução para a questão".

O Líbano se absteve de votar. Os outros 12 países do Conselho de Segurança foram favoráveis, aprovando a quarta rodada de sanções contra o Irã desde 2006.

Em discurso durante a sessão, que acontece na sede da ONU em Nova York, a embaixadora americana, Susan Rice, voltou a elogiar a iniciativa de brasileiros e turcos de chegarem a um acordo. "O Brasil e a Turquia trabalharam duro", afirmou Rice, "o que reflete as boas intenções de seus líderes".

No entanto, disse, o acordo alcançado com o Irã no dia 17 de maio, na tentativa de evitar as sanções, "não responde às questões fundamentais" que geram desconfiança nos americanos, o que fez com que a resolução fosse necessária.

"Estamos nesse ponto porque o governo do Irã escolheu violar as regras da agência nuclear. Não suspendeu o enriquecimento de urânio e outras atividades nucleares", discursou Rice.

Ela disse ainda que as sanções "não são direcionadas ao povo do Irã", mas que "o governo escolheu um caminho que o levará ao isolamento". "Como todas as nações, o Irã tem direitos. Mas também responsabilidades. [...] Agora, o Irã deve escolher um caminho mais sábio."

A representante disse ainda que os Estados Unidos estão "prontos" para retomar um diálogo com a República Islâmica assim que essas medidas forem implementadas. "Esperamos poder mostrar ao Irã o quanto o país tem a ganhar caso comece a agir de maneira responsável, respeitando as regras internacionais", concluiu.

O Irã desafiou continuamente resoluções do Conselho de Segurança e da AIEA, dando prosseguimento ao seu programa de enriquecimento de urânio e construindo mais instalações nucleares do que o permitido pelas regras internacionais às quais havia se submetido.