terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Eleições presidenciais: resultado do primeiro turno continua sem definição

Adital

O primeiro turno das eleições presidenciais haitianas, que aconteceu em 28 de novembro do ano passado, continua sem resultado definitivo a respeito de quais candidatos seguirão para o segundo turno. De acordo com o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, este resultado será definido pelo Conselho Eleitoral Provisional (CEP). Contudo, até o momento, o organismo liberou apenas recomendações.

Em coletiva de imprensa realizada durante visita ao Haiti, na semana passada, Insulza afirmou que o resultado final do primeiro turno não depende da OEA. O secretário geral esteve presente no país para conversar com as autoridades locais acerca do relatório final sobre as eleições, elaborado por especialistas da OEA.

O chefe da Missão de Observação OEA/Comunidade do Caribe (Caricom), Colin Granderson, também este presente na coletiva e afirmou que "o CEP poderá utilizar todas as recomendações que se encontram no relatório para resolver, por meio de uma fase de impugnações, os problemas que surgiram quando se publicou os resultados preliminares das eleições presidenciais, sejam as irregularidades ou os casos de fraude".

O resultado divulgado como oficial informou que a ex-primeira dama Mirlande Manigat teve 31,37% dos votos, o candidato governista Jude Celestin 22,48% e Michel Martelly 21,84%, apenas sete mil votos a menos que o segundo colocado. Resultados extraoficiais também foram divulgados e mostraram uma diferença com Manigat ainda em primeiro lugar, mas com 31,6% dos votos, Martelly em segundo com 22,2% e Celestin em terceiro com 21,9%.

O segundo turno das eleições presidenciais haitianas estava marcado para o último dia 16, contudo, as incertezas com relação aos resultados do pleito do dia 28 de novembro fizeram com que o CEP adiasse a segunda ida às urnas.

Em dezembro, quando o Conselho Eleitoral Provisional informou o resultado do primeiro turno, foram registrados no país diversos focos de manifestações violentas, em sua maioria encabeçada por partidários de Michel Martelly, que denunciaram um esquema de fraude em favor do governista Jude Célestin.

Neste momento de incertezas que cerca a batalha eleitoral, as manifestações estão sendo convocadas por doze candidatos que concorreram à presidência. Jean Henry Ceant, Josette Bijou, Charles Henry Baker, Garaudy Laguerre, entre outros, pedem a anulação do resultado "fraudulento" do primeiro turno. Em convocatória que circulou na internet e nos meios locais nos últimos dias os candidatos chamaram à realização de uma marcha em rechaço aos resultados dito oficiais.

Um ano depois

Toda a polêmica em torno das eleições presidenciais está acontecendo justamente após um ano do terremoto que matou, feriu, desabrigou e empobreceu ainda mais milhares de pessoas no Haiti. Apesar das promessas públicas e reuniões realizadas no ano passado para pensar estratégias de ajuda, o país continua sofrendo com o descaso. Prova disso foi a recente epidemia de cólera que infectou 170.000 pessoas e retirou a vida de outras 3.700.

De acordo com Gonzalo Basile, Presidente de Médicos do Mundo Argentina/Cone Sul, dos cerca de 100 milhões de dólares prometidos em março de 2010, em Nova York, durante a Conferência Internacional de doadores das Nações Unidas e dos Estados membros, menos de 15% chegou efetivamente à nação devasta.

No dia 12 de janeiro, quando se cumpriu um ano do terremoto, o Serviço Jesuíta a Refugiados e Migrantes (SJRM), entidade que atua juntos aos haitianos e haitianas, lembrou a data não com tristeza, mas com a organização de atividades artísticas e culturais para provocar a renovação da esperança. A oportunidade também serviu para reforçar o chamado de solidariedade com o país e sua população, que permanece em estado de pobreza extrema e dependente de ajuda externa.

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