segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ICMS preocupa o governo

por Ivan Schmidt

O deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), com mandatos sucessivos na Câmara desde o início da década de 90, foi convocado pelo governador Beto Richa para a importante missão de chefiar a área econômica da administração estadual, ao confiar-lhe o posto de secretário da Fazenda.

Hauly é um dos quadros mais qualificados do tucanato local, graças à longa experiência adquirida no trato das questões políticas e econômicas postas sob o crivo do Congresso, onde teve atuação destacada como vice-líder da bancada governista nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e, articulado oposicionista ao governo de Lula. Hauly ocupou esse mesmo cargo no governo Alvaro Dias, tendo sido antes prefeito de Cambé, município vizinho a Londrina.

Em conversa informal com esse repórter na manhã do último domingo, o secretário afirmou que um dos desafios mais urgentes da pasta é a resolução dos problemas relativos ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), não apenas a maior fonte de arrecadação estadual, mas igualmente o setor mais suscetível ao afloramento de preocupações (não poucas e nem pequenas) para o gestor público. Nesse aspecto, a preocupação de Hauly é legítima, pois as sondagens iniciais deram conta de algum percentual alarmante em relação ao peso da folha de pagamentos do funcionalismo no Orçamento estadual.

Naquele exato momento, há uma semana, o secretário ainda carecia dos números consolidados que encomendara à equipe técnica da pasta, a fim de formular um juízo mais aprofundado sobre a real situação econômico-financeira do Estado e, obviamente, apresentar as informações ao chefe do Executivo. Mas de uma coisa o secretário Luiz Carlos Hauly está convencido: o Paraná precisa continuar a se desenvolver com base num projeto agressivo e inteligente de atração de novas empresas, sobretudo de empresas que não sejam do mesmo ramo das que já estão instaladas aqui. Para o secretário, haveria pouco ganho real na atração de uma empresa com as mesmas características de produção de bens ou serviços das já instaladas.

O modelo induzido de crescimento do Paraná, segundo Hauly, deverá priorizar empresas que, ao se instalarem em nosso território, contribuam em níveis elevados com a inovação tecnológica, a abertura de novos mercados e, acima de tudo, com a absorção desejada de grande parte da oferta de mão de obra, especialmente a que está sendo treinada por nossas universidades e escolas técnicas para a ocupação desse espaço. Ainda de acordo com o secretário, tão logo o governador assumiu, deixando claro que o relacionamento do ente administrativo com o setor privado passaria por uma transformação concreta em termos de reciprocidade, houve sinalização favorável de parte de vários grupos importantes quanto ao interesse de se estabelecer no Paraná.

Contudo, o secretário lembrou que a política cambial da União acaba agindo como um forte empecilho à implantação de novos projetos empresariais, enfatizando com a situação vivida pelos setores direcionados para a exportação, por exemplo, que pouca vantagem alcançam nas vendas feitas no mercado exterior. Nesse sentido, o dado mais emblemático vem do agronegócio, cujo volume de vendas aumentou na razão direta da crescente procura por commodities agrícolas, das quais o Paraná é grande produtor, embora isso não traga vantagens expressivas para o setor em função da excessiva desvalorização da moeda norte-americana.

Sobre temas políticos, Hauly comentou as diferenças de estilo entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a sucessora, Dilma Roussef, lembrando que a presidente parece demonstrar alguma dificuldade em termos da conciliação das partes heterogêneas que formam seu governo, terreno no qual Lula deitou e rolou. No ambiente doméstico, assinalou que o único projeto viável e consistente passa, necessariamente, pela liderança do governador Beto Richa. “O governador tem grande futuro”, ponderou.

Ivan Schmidt é jornalista.

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